E DEPOIS DA PANDEMIA?

Surgem análises de todos os tipos sobre que acontecerá depois da pandemia; com economias em colapso, umas mais, outras menos, em todo o mundo.

Tem gente dizendo que tudo será diferente. Fala-se até mesmo no fim do capitalismo.

Outros, nem tanto: afirmam que o Estado estará presente como nunca para que a economia volte a funcionar, ao lado de políticas sociais, de melhora salarial dos trabalhadores e trabalhadoras, instituindo um capitalismo mais humano , suportável pelas suas vítimas.. Tese de reformistas ou sociais- democratas. Vislumbram o capitalismo suas contradições, sem sua essência.

Dizem eles que esta foi a saída para a Europa do pós - Segunda Guerra Mundial.

Afirmam, assim, que pactos sociais ocorrerão, principalmente nos países mais desenvolvidos, algo semelhante ao que se deu no Velho Mundo, a partir de 1945, que recentemente entrou em crise, com a chegada do neoliberalismo .

Tem de tudo no imaginário de muita gente. Conheço pessoas a acharem que o Coronavírus tem o seu lado bom, um mal capaz de milagre, obrigando todos os humanos a se amarem, a transcenderem ao seu individualismo, tornando solidários até mesmo indivíduos loucos pelas suas fortunas, sempre tementes alucinados de qualquer ameaça a elas. Acham ainda que, com a tragédia do Coronavirus, pode acontecer o fim de todo tipo preconceito, até mesmo na cabeça de seguidores de Bolsonaro, com fascistas arrependidos de seus crimes. Veem um momento mágico, com burgueses de consciência e coração invertidos, parando de explorar o trabalho alheio, matando-se como classe.

A tragédia viral provoca uma catarse universal!

Claro, como estão as coisas não continuarão.

Países quebrados. Contudo, quem deve pagar a quebradeira? De quem tirar dinheiro para pagar dívidas públicas que dispararam ? De quem sai dinheiro para o próprio Estado-socorro, obrigado a investir para que a economia volte a funcionar?

Os capitalistas, sempre conscientes de seus interesse de classe, irão logo bradar: estamos no poder, o Estado é nosso, estamos protegidos por nossas leis, logo, não somos obrigados a mexer com nossos cofres para salvar a pele de quem não manda nada; que se "modernize " a sociedade, com mais e mais retiradas de direitos trabalhistas e tantos outros, dando plena liberdade para que o capital não pare de crescer. E o que tem de mais fascista no seu campo ideológico, com o seu discurso de genocida: morra quem não pode viver, a morte de milhões é de suma importância para salvar a economia.

Aí a classe trabalhadora, com boa parte dela não achando mais que sua situação adveio de sua falta de sorte, ou por não merecer o apoio de Deus, vai para seu grito: quem tem que assumir o ônus desta situação de desordem econômico não sou eu; que se comprometa a minoria do capital - bando de parasitas de todo o Planeta, que vivem e se enriquecem cada vez mais às custas de nosso sangue e alma - a devolver, ao menos, boa parte do que me roubou , ficando com os gastos publicos feitos durante a pandemia e depois dela".

É a luta de classe em seu novo momento.

É o ódio de classe, aparentemente suspenso pelos confinamentos, voltando ao seu lugar de sempre enquanto houver capitalismo.

Não foi uma tragédia que mudou mentes e o sistema feudal. Foi uma revolução.

Não é a tragédia atual que vai derrotar a burguesia e seu sistema. Sua derrota será obra de quem precisa derrotá-los para não ser mais explorado e livre.

Alberto Souza, Professor, Ex-vereador/sbc e Sindicalista.