terça-feira, 4 de agosto de 2020

Obrigado pelas centenas de mensagens de feliz aniversário!

Meu profundo agradecimento pelas centenas de mensagens de felicitações de aniversário. Reflexões profundas que calam fundo dentro da gente, e eterna gratidão pelos elogios e deferimentos à nossa ação e luta.
Eu nasci no dia 03 de agosto de 1953, mas segundo minha mãe, meu nascimento foi em 1955. Bondade materna. Todavia, meu professor de Francês disse que o que vale é a palavra da mãe. 

Naquela época não tinha cartório por perto e quando nascia um filho/a, a mãe colocava uma pétala de rosa no breviário, até o registro definitivo, para não esquecer o dia em que o filho/a nascera.

Segundo minha mãe, eu nasci fora do tempo, foram três dias num sofrível trabalho de parto à espera da parteira. Minha amada mãe contava ainda, que ao nascer já estava roxo.

Com 4 meses de idade a família migrou para São Paulo num pau de arara, fugindo das dificuldades, da seca e do sofrimento. Foram 18 dias de viagem num caminhão coberto com uma lona, junto à dezenas de famílias que revezavam-se para descansar numa rede, dia e noite, com sonhos distantes, mas determinados a fugir da miséria em busca de um mundo melhor.

 A mãe, o Pai e quatro crianças pequenas testemunharam essa tragédia que é a pobreza  e a migração humana.

 Nasci no sítio Pau Ferrado em Brejo Santo, Estado do Ceará.

Essa geração de migrantes, identificam-se com o hino dos nordestinos, cuja letra é de autoria do competente Patativa do Assaré e cantada com o coração, pelo rei do baião, Luiz Gonzaga.


Procure escutar e meditar sobre esta música: a triste partida - toda vez que a escuto choro revivendo a dor dos nossos conterrâneos e familiares, sinto e fico como descreve o poeta:

“A dor da gente é dor de menino acanhado,
Menino-bezerro pisado no curral do mundo a penar, que salta aos olhos igual a um gemido calado, a sombra do mal-assombrado é a dor de nem poder chorar,
a dor da gente é dor de menino acanhado,
Menino-bezerro pisado no curral do mundo a penar, que salta aos olhos igual a um gemido calado a sombra do mal-assombrado é a dor de nem poder chorar,
Moinho de homens que nem girimuns amassados
Mansos meninos domados, massa de medos iguais
Amassando a massa a mão que amassa a comida
Esculpe, modela e castiga a massa dos homens normais”.
(Compositores: Antonio Jorge Portugal / Raimundo Sodré)


A dor do abandono, da fome, da humilhação, da escravidão, da discriminação, da pobreza, do desprezo e da opressão de classe, como na caixa de pandora, males lançados ao mundo e sem encontrar sequer a esperança contida na mesma, como descreve a mitologia.


Esse sentimento e dor que levou e leva o pobre a romper com seu eixo existencial, carregamos pra sempre, de geração em geração.


Fico a pensar como tenho vivido bastante, pois o que não faltaram foram as pedras no caminho, e hoje, não ter como abraçar os filhos, netas e amigos/as, é tão doído como os que nunca mais abraçarão seus entes queridos, vitimados pela fatídica pandemia.

De qualquer forma, obrigado pelas mensagens nesses tempos de profunda e necessária reflexão.
Aldo Santos-com muito orgulho das minhas amizades, minha família e da nossa ancestralidade, que será carregada pelos que são e virão nesta longa jornada da vida.

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