quarta-feira, 29 de abril de 2020

EU AVISEI.




5.017 óbitos e 71. 886 casos.
Não esqueçamos dos subscritos. 
É uma tristeza enlouquecedora.
Ao perguntar hoje para o BOLSONARO sobre esse aumento absurdo de 474 óbitos de ontem para hoje ele respondeu " SOU Messias, mas não faço milagres. O querem que eu faça?"

A minha indignação com o BOLSONARO passou do meu limite. A tristeza se faz presente em mim. Como pode um ser humano, que atualmente está presidente se pronunciar de forma tão desumana!

ELE É RUIM.
Não se pronuncia às famílias que perderam seus entes queridos, nem elogia as nossas heroínas e heróis da saúde que estão na linha de frente, enfrentando corajosamente a morte.

EU AVISEI.

#FORABOLSONARO
#DIRETASJA

Rio Grande, 28 de Abril de 2020.

Luane Afonso. Estudante de Socilogia e Ativista.

terça-feira, 28 de abril de 2020

Necropolítica em tempos de Pandemia.



Em debates no campo da filosofia, tomei contato com o filosofo Achille Mbembe, que publicou dentre outras obras, o livro “Necropolítica”, pela  Editora N-1 Edições.

Achille Mbembe é um renomado professor de História e Ciências Políticas na África do Sul e nos Estados Unidos, nas respectivas universidades Witwatersrand e Duke University.

Na resenha publicada por Rômulo de Andrade Moreira, que é Procurador de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia e Professor de Direito Processual Penal da Universidade Salvador – UNIFACS, são destacadas importantes citações do livro que estão intimamente sintonizadas com o contexto político que estamos vivenciando.

Para o procurador Rômulo de Andrade Moreira, “Neste ensaio, o autor parte do pressuposto “que a expressão máxima da soberania reside em grande medida, no poder e na capacidade de ditar quem pode viver e quem deve morrer”, razão pela qual “matar ou deixar viver constituem os limites da soberania, seus atributos fundamentais.”

Assim, ao final e ao cabo, “ser soberano é exercer controle sobre a mortalidade e definir a vida como a implantação e manifestação de poder.” Logo, neste sentido, “a soberania é a capacidade de definir quem importa e quem não importa, quem é ‘descartável’ e quem não é.”

Rejeitando a crença “romântica” da soberania como algo em “que o sujeito é o principal autor controlador do seu próprio significado”, Mbembe preocupa-se, sob uma ótica inteiramente diversa, “com aquelas formas de soberania cujo projeto central não é a luta pela autonomia, mas ‘a instrumentalização generalizada da existência humana e a destruição material de corpos humanos e populações’.” (Aqui ele revela a influência de Foucault em sua obra, desde a ideia de “biopoder”, desenvolvida pelo filósofo francês).”
 Observa o professor que: Nada obstante a influência de Foucalt, Mbembe procura demonstrar “que a noção de biopoder é insuficiente para dar conta das formas contemporâneas de submissão da vida ao poder da morte.”
“Neste sentido, criticando o que ele chama de um “discurso filosófico da modernidade”, demonstra muito afirmativamente que das “experiências contemporâneas de destruição humana” pode muito bem ser extraída “uma leitura da política, da soberania e do sujeito”, a partir da consideração de “outras categorias fundadoras menos abstratas e mais palpáveis, tais como a vida e a morte.”
Relacionando a noção de biopoder (Foucault) com dois outros conceitos – estado de exceção e estado de sítio (Agamben) -, Mbembe mostra de forma bastante clara como “o estado de exceção e a relação de inimizade tornaram-se a base normativa do direito de matar”, e como o poder “apela à exceção, à emergência e a uma noção ficcional do inimigo” para justificar o extermínio de outrem.

Desde este ponto de vista, o ensaísta africano considera que a escravidão “pode ser considerada uma das primeiras manifestações da experimentação biopolítica”, razão pela qual “qualquer relato histórico do surgimento do terror moderno precisa tratar da escravidão.”
Para ele, “a condição de escravo resulta de uma tripla perda: perda de um ‘lar’, perda de direitos sobre seu corpo e perda de estatuto político”, ocasionando “uma dominação absoluta, uma alienação de nascença e uma morte social (que é expulsão fora da humanidade).” Assim, ele “é mantido vivo, mas em ‘estado de injúria’, em um mundo espectral de horrores, crueldade e profanidade intensos.” A sua vida, portanto, “é uma forma de morte-em-vida” e “propriedade de seu senhor” (Susan Buck-Morss).

Nada obstante a sua situação de quase-morto (a expressão é minha), o escravo “é capaz de extrair de quase qualquer objeto, instrumento, linguagem ou gesto uma representação, e estilizá-la”, sendo “capaz de demonstrar as capacidades polimorfas das relações humanas por meio da música e do próprio corpo, que supostamente pertencia a um outro.” O caso brasileiro confirma esta afirmação.
Voltando os olhos para o fenômeno da colonização, Mbembe entende – e concordo com ele – que “as colônias são semelhantes às fronteiras, habitadas por ´selvagens`, não organizadas de forma estatal e não criaram um mundo humano; são o local por excelência em que os controles e as garantias de ordem judicial podem ser suspensos – a zona em que a violência do estado de exceção supostamente opera a serviço da ‘civilização’.”

Por conseguinte, “aos olhos do conquistador, ‘vida selvagem’ é apenas outra forma de ‘vida animal’, carecendo os selvagens do caráter específico humano, da realidade especificamente humana, de tal forma que, ‘quando os europeus os massacravam, de certa forma não tinham consciência de cometerem um crime’.” (Arendt).

Talvez para ilustrar, Mbembe cita o caso palestino como “a forma mais bem-sucedida de necropoder”, quando “populações inteiras são o alvo do soberano, vilas e cidades sitiadas são cercadas e isoladas do mundo, a vida cotidiana é militarizada e é outorgada liberdade aos comandantes militares locais para usar seus próprios critérios sobre quando e em quem atirar.” Esta população sitiada experimenta “uma condição permanente de ‘viver na dor’: estruturas fortificadas, postos militares e bloqueios de estradas em todo lugar.” A desastrosa – sob todos os aspectos – intervenção militar no Rio de Janeiro talvez sirva para ilustrar esta afirmação.

O livro também trata das guerras contemporâneas, as guerras da era da globalização, que “visam forçar o inimigo à submissão, independentemente de consequências imediatas, efeitos secundários e ‘danos colaterais’ das ações militares.” Nestes conflitos, citando Bauman (“Wars of the Globalization Era”), “os pilotos convertidos em computadores quase nunca têm a chance de olhar suas vítimas no rosto e avaliar a miséria humana que têm semeado. Militares profissionais do nosso tempo não veem cadáveres nem ferimentos. Talvez eles durmam bem; nenhuma pontada em suas consciências os manterá acordados.”

A obra também faz referência ao surgimento das Máquinas de Guerra, “surgidas na África durante o último quarto do século XX”, com “características de uma organização política e de uma empresa comercial, podendo operar mediante capturas e depredações e até mesmo cunhar seu próprio dinheiro”, tornando-se “rapidamente mecanismos predadores extremamente organizados.”

Mbembe também estuda o caso do “homem-bomba”, questionando “qual seria a diferença fundamental entre matar usando um helicóptero de mísseis, um tanque ou o próprio corpo?” Neste caso, “minha morte anda de mãos dadas com a morte do outro, logo homicídio e suicídio são realizados no mesmo ato.”

O homem-bomba “transforma seu corpo em máscara que esconde a arma que logo será detonada e, ao contrário do tanque ou míssil, que é claramente visível, a arma contida na forma do corpo é invisível, dissimulada, fazendo parte do próprio corpo”, de uma tal maneira “que, no momento da detonação, aniquila seu portador e leva consigo outros corpos, quando não os reduz a pedaços. O corpo não esconde apenas uma arma, ele é transformado em arma, não em sentido metafórico, mas no sentido verdadeiramente balístico.”

Ao contrário das guerras convencionais, quando a lógica “consiste em querer impor a morte aos demais, preservando a própria vida”, aqui, na lógica do “mártir”, “a vontade de morrer se funde com a vontade de levar o inimigo consigo, ou seja, eliminar a possibilidade de vida para todos”, certamente a partir “de um processo de abstração com base no desejo de eternidade.” Neste sentido, “o corpo sitiado é transformado em mera coisa, matéria maleável, e depois, a maneira como é conduzido à morte – suicídio – lhe proporciona seu significado final.” Este corpo converte-se “em uma peça de metal cuja função é, pelo sacrifício, trazer a vida eterna ao ser.”

Enfim, trata-se de um livro de atualidade impressionante, e serve para refletirmos sobre o caso brasileiro – de ontem e de hoje. Lembremos, por exemplo, que uma das principais propostas do então candidato ao Governo do Rio de Janeiro – hoje eleito – foi instruir as forças de segurança a “abaterem” suspeitos que sejam vistos portando fuzis, mesmo que eles não atirem contra os policiais.

Já em São Paulo, o então candidato – também o escolhido – alertava que “não façam enfrentamento com a Polícia Militar nem a Civil, porque, a partir de 1º. de janeiro, ou se rendem ou vão para o chão. Se fizer o enfrentamento com a polícia e atirar, a polícia atira. E atira para matar.”
Na Bahia, o atual Governador – reeleito -, comentando acerca de uma ação da Polícia Militar durante um confronto no bairro do Cabula, em Salvador – fato ocorrido na madrugada do dia 06 de fevereiro de 2015, que resultou na morte de doze pessoas, episódio que conhecido como “A Chacina do Cabula”, e que foi objeto de um pedido de federalização feito ao Superior Tribunal de Justiça pela Procuradoria Geral da República -, afirmou o Governador, numa comparação estúpida!, que o policial “é como um artilheiro em frente ao gol que tenta decidir, em alguns segundos, como é que ele vai botar a bola dentro do gol, pra fazer o gol. Depois que a jogada termina, se foi um golaço, todos os torcedores da arquibancada irão bater palmas e a cena vai ser repetida várias vezes na televisão. Se o gol for perdido, o artilheiro vai ser condenado, porque se tivesse chutado daquele jeito ou jogado daquele outro, a bola teria entrado.”

O próprio candidato a Presidente da República – que desgraçadamente também venceu – apresentou, como Deputado Federal, um projeto de lei para deixar expresso no Código de Processo Penal e Código de Processo Penal Militar que policiais não poderiam ser presos em flagrante caso matassem civis em supostos confrontos.
Portanto, as noções de “necropolítica” e de “necropoder” desenvolvidas pelo autor ajudam a compreender “as várias maneiras pelas quais, em nosso mundo contemporâneo, as armas de fogo são dispostas com o objetivo de provocar a destruição máxima de pessoas e criar ´mundos de morte`, formas únicas e novas de existência social, nas quais vastas populações são submetidas a condições de vida que lhes conferem o estatuto de ´mortos-vivos”.”(https://www.justificando.com/2019/01/08/a-necropolitica-e-o-brasil-de-ontem-e-de-hoje/)

A arquitetura do texto está bem definida e as concepções se aplicam no contexto em que estamos vivendo, nos confrontando com  esta crise sanitária da pandemia do Covid-19, em que, na tentativa de subordinar a vida à economia, como fazem alguns governantes genocidas, que, ao arrepio das leis e do estatuto da ciência, submetem grandes contingentes populacionais às agruras da morte.

Quanto a crise mundial da pandemia do Covid-19, só sabemos de concreto quando a mesma  teve início, mas não sabemos quando teremos uma trégua ou quando teremos remédios ou vacinas para debelar a referida crise mundial.

No rastro dessa crise de saúde pública e econômica, ainda temos a crise política desencadeada pelas grandes potências, evidenciando inclusive uma disputa pela hegemonia da liderança mundial no campo político e da economia. 

No Brasil, o comportamento do presidente Bolsonaro é idêntico aos  fascistas, dada a sua postura criminosa diante da vida da população e da efetiva aplicação do conceito da  necropolítica, que empurra a passos largos o povo para o matadouro.

É incompatível com a civilidade humana a permanência deste abjeto presidente à frente dos rumos políticos do nosso país.

Defendemos a vida como um primado existencial e não aceitamos quem ouse pensar de outra forma.

Contra a política de morte, defendemos e cuidamos da  vida planetária.

Aldo Santos –Ex-vereador em SBcampo, Coordenador da Subsede da apeoesp, militante das entidades de filosofia (Aproffesp e Aproffib), ativista social e  do Psol.Secretário Geral da Corrente Política-Enfrente!

domingo, 26 de abril de 2020

O Brasil poderá ser um imenso Portugal?



Uma homenagem à Revolução dos Cravos – Portugal – 1974

              Em 25 de abril de 1974 as forças progressistas portuguesas se aliaram às forças armadas e derrubam a ditadura salazarista fascista que tinha imposto seu jogo por mais de 40 anos ao povo português. Portugal era o país mais pobre da Europa ocidental e de lá para cá veio superando seu atraso, a pobreza de seu povo, negando sempre a volta ao autoritarismo, e de lá para cá Portugal evoluiu econômica e socialmente, hoje praticamente não há pobreza por lá, é um dos países mais estáveis da Europa, e seus governos se alternaram entre o socialismo democrático e a socialdemocracia, sem golpes, com liberdade e com distribuição de renda!
              Chico Buarque, na canção composta por ele e Ruy Guerra – Fado tropical - canta a esperança que os brasileiros aprendam com os portugueses e, assim, o BRASIL se torne um IMENSO PORTUGAL. Que assim seja, sem volta ao passado!
              O futuro está à frente e nosso país é um dos mais ricos em recursos naturais e humanos do mundo e somos a oitava economia do mundo (chegamos a ser a sexta há dez anos...). Certamente com o nosso povo lindo, mestiço, multiétnico, nossa cultura rica e multifacetada, plural, maravilhosa, com certeza chegaremos a ser também um "imenso Portugal", que já foi um dos maiores impérios coloniais do mundo nos séculos XVI-XVII, sendo um dos menores países da Europa, o Brasil chegará a ser uma das cinco potências mundiais até a metade do século XXI.
              Mas para isso precisamos resolver alguns probleminhas básicos:
              1) O problema político: não podemos mais aceitar soluções autoritárias, ditatoriais, mas devemos fortalecer a DEMOCRACIA, e isto só se consegue com a participação democrática do povo; não há "salvadores da Pátria", não há os "verde-amarelos" de um lado e os "vermelhos do outro"; somos todos brasileiros e ninguém aqui quer transformar o Brasil em outro país, isto é uma grande "fake news"! Muitos usam isso para continuar mantendo a divisão de classe e a miséria do povo simples, empobrecido, alienado, enganado e explorado! Mas há grupos poderosos, econômicos e da grande mídia, que investem na negação da Política; sabe aquela frase batida e repetida um milhão de vezes: “Todo político é a mesma coisa”; “Sempre foi assim, nunca vai mudar”; “Só a Justiça divina...”??? Os velhos politiqueiros, as elites do atraso e os corruptos, os grandes ladrões como banqueiros e as máfias de grupos econômicos, para todos eles afastar o povo da Política é muito bom...prá eles, né?
              2) O problema da concentração de renda que é escandalosa, sendo o Brasil o segundo país com maior concentração de riquezas do mundo; é isto mesmo: O BRASIL É O SEGUNDO PAÍS COM MAIOR CONCENTRAÇÃO DE RENDA DO MUNDO, por isso mesmo mais de SESSENTA MILHÕES de brasileiros estão na miséria, (sobre) vivendo com menos de R$400,00! É um absurdo, é intolerável essa desigualdade infame! Os 5% mais ricos tem mais do que 50% das riquezas do país. Isso é inaceitável, temos de resolver isso, caso contrário nunca sairemos das sucessivas crises sócio-econômico-políticas!
              Como é possível aceitar que um país com tantas coisas para serem feitas no saneamento, na educação, na tecnologia, na saúde, na segurança, na infraestrutura, etc., possa ter mais de treze milhões de desempregados formais e mais de quarenta milhões no subemprego, no "empreendedorismo" distorcido, uma criminosa farsa? Isso também é inaceitável!
              3) O problema da educação: Ah, a educação, a sempre repetida questão e defendida por todos, inclusive a maioria hipócrita, ou aquelas empresas nacionais e multinacionais que são como abutres ou hienas (desculpem a minhas queridas hienas, pois no clã delas, quem manda é a fêmea Alfa...) sempre à espreita para se banquetear com o grande mercado da educação pública...
              Não me venham com as soluções neoliberais ligada ao "deus-mercado"; preparar para o mundo do trabalho, tudo bem, educação tecnológica, tudo bem! Mas não me venham com esse neotecnicismo barato, com o EAD mal estruturado e explicado, que pretende reduzir a educação à formação de mão de obra aligeirada para as empresas, o que jamais resolverá o problema da formação de profissionais especializados, mas também cidadãos conscientes e participativos que são fundamentais para resolver o problema da participação democrática na vida política.
              Não podemos negar a POLÍTICA e entregá-las aos "técnicos" e às confissões religiosas ou à moral familiar (importantes, mas...), muito menos aos militares; como sempre digo, nosso modelo deve ser Atenas e não Esparta! Olhem a História Antiga: quem ficou na História? A tentação autoritária está sempre presente, pois ela oferece uma solução mágica e irresponsável dos problemas que não se resolvem apenas com passeatas embandeiradas e coloridas, sejam de vermelho ou verde-amarelo. A Democracia não tem uma cor, ela tem TODAS AS CORES, metaforicamente, ela é um arco-íris, mas sem pote de ouro nas suas extremidades.
              Como pode alguém que se diz representante do povo brasileiro estar por aí espalhando o ódio e a desavença, dizendo "eu sou a Constituição" (Luís XIV???), dizendo: "O Brasil acima de tudo e Deus acima de todos", mas não aceita as diferenças, as ideias contrárias, e trata os adversários como inimigos? Um presidente que flerta com a ditadura. Assim nunca chegaremos a lugar nenhum. Poderemos, sim, chegar ao caos e lamentavelmente muita gente aposta nisso.
              Esses problemas graves só poderão ser resolvidos com EDUCAÇÃO DE QUALIDADE PARA TODOS e com VALORIZAÇÃO DOS EDUCADORES! Todo mundo fala nisso há muito tempo, como os “todos pela educação", mas os últimos a serem chamados para discutir os problemas da educação são os próprios educadores, do ensino fundamental, médio e superior! Os professores/as, além de não terem voz, ainda são acusados agora de serem os responsáveis pela péssima qualidade da educação brasileira! Claro que todos temos nossa parte de culpa, mas se os educadores não forem levados em conta, os problemas da educação NUNCA SERÃO RESOLVIDOS e as soluções sempre serão paliativas ou falsas! As equipes técnicas dos governos, suas secretarias da educação e seus ministérios, os especialistas disso e daquilo, os medalhões das universidades NÃO RESOLVERÃO os problemas da educação se os educadores, desde o ensino fundamental, não forem incorporados na busca de soluções, a começar pela formação e o salário! E não escamoteiem o problema com essa tal "escola sem partido", esse negócio de "doutrinação".
              Infelizmente temos um ministro da educação deste governo desastroso que “acredita” nessas coisas e ataca os professores/as, investindo contra uma educação verdadeiramente cidadã, crítica, criativa e competente. Lamentamos e continuaremos a lutar contra esse atraso e obscurantismo fajuto, sem argumentos, a não ser os "argumentos" da mentira, da ameaça, do deboche. Não podemos aceitar esses farsantes que se apossaram do poder.
              Há muitos outros problemas que o nosso país enfrenta há muito tempo, agora acrescido com a pandemia do coronavírus, mas considero esses três que elenquei como os principais. Se começarmos de fato a resolvê-los, no contexto de uma profunda REFORMA POLÍTICA, FISCAL E TRIBUTÁRIA, jamais chegaremos a nos tornar um imenso Portugal, embora os portugueses/as tenham apenas o rio Tejo e nós os rios Amazonas, São Francisco, Paraná...
              Chico Buarque, não precisamos ser um "imenso império colonial" como foi Portugal; que sejamos apenas um Brasil de um coração imenso para o seu povo e para o mundo, para além da exploração colonial e capitalista que suga o nosso sangue desde que Cabral por terras atracou suas três caravelas Santa Maria, Pinta e Nina (e mais dez naus...num total de 13 embarcações!).
              Viva a Revolução dos Cravos em Portugal, viva a Revolução que ainda estamos por fazer na Terra de Santa Cruz - Brasil!

São Paulo, 26/04/2020 - Prof. Chico Gretter - trinta e cinco anos no magistério, mestre em Filosofia e História da Educação, membro da APROFFESP - www.aproffesp.blogspot.com - Colabore com o isolamento social!

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Bolsonaro e Moro são inimigos do povo. Ambos deveriam ir para a cadeia.

Como se não bastasse a maior crise sanitária e existencial do século, com a pandemia do coronavírus, mais uma vez Bolsonaro desvia a atenção do povo com esta crise política. A mesma não deve silenciar nem acobertar o sofrimento dos famélicos, nem ignorar as milhares de mortes que estão destruindo vidas da nossa pobre população brasileira.

Nem Bolsonaro, nem Moro merecem confiança do povo brasileiro. Ambos fazem parte de um jogo palaciano, da confluência de interesses e de disputas permanentes dos que se consideram donos do poder. Na verdade, estamos diante de indignos representantes do poder, que do ponto de vista da classe trabalhadora representam o verdadeiro lixo da história.

Esperamos que o povo não tenha ilusão nem com Mandetta, Moro ou qualquer outro picareta palaciano, da mesma forma que Bolsonaro deve ser condenado por ser um mentiroso costumaz e não reúne mais condições de continuar como presidente da República. Portanto a renúncia da chapa deve ser um dos debates mais significativos a estar na ordem do dia, para que possamos evoluir para novas eleições diretas o mais rápido possível.

Estes imundos vão vomitar ainda mais as fedentinas dos porões do poder que representam, bem como outros da classe e do poder vão expor o estado de putrefação que a burguesia representa no cenário mundial e particularmente no Brasil.

Não confiem na palavra desses criminosos e fiquem em casa!
Todo apoio aos trabalhadores/as da Saúde!

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Continua Campanha do uso das Máscaras caseiras.



Um grupo de professores/as começaram a ajudar na campanha do uso da   máscara  caseira para alguns setores da sociedade e vem avançando o apoio à esta iniciativa.

Num primeiro momento enviamos 50 Máscaras para os trabalhadores/as dos correios, uma vez que esta empresa não vem tendo sequer este simples cuidado com seus funcionários. Enviamos 30 Mascaras para a Mazé, da Sociedade Amigos do Taboão. Hoje enviamos mais 10 máscaras para a apeoesp e a Professora Cátia confeccionou e doou mais 20 máscaras  que estão na subsede da apeoesp/sbc, para uso dos funcionários e professores que lá comparecerem.

Conseguimos mais 30 mascaras para o grupo familiar também se protegerem, e até final desta semana vão chegar mais 100 máscaras,  também para doações.

 Sabemos que as máscaras não substituem as orientações da OMS e da medicina, no sentido do distanciamento, isolamento, higienização e uso de produtos  como álcool gel, mas ela significa uma relativa proteção contra o espalhamento do vírus entre os seus e a comunidade.

 Até o final de semana deve chegar perto de 5 mil mortes por coronavírus no Brasil.

 Fique em casa,  e em extrema necessidade, ao sair use a máscara e exija que as demais pessoas usem também. 

Você também pode ajudar, doando pano, elástico ou confeccionando e enviando para este coletivo, para distribuição organizada nas comunidades que precisam.






 Caso precise de máscaras, entre em contato para que possamos tentar viabilizar coletivamente mais este importante equipamento.

Grupo de apoio  e solidariedade.

Apoio apeoesp/sbc

terça-feira, 21 de abril de 2020

O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos


Neste período de introspecção e de quarentena por conta da pandemia provocada  pelo vírus Covid-19, novas leituras são fundamentais na percepção do mundo, nas releituras e projetos que vem sendo gestados ao longo da história da humanidade.



Tive a oportunidade de ler o Livro “O Bem Viver", de autoria do escritor Alberto Acosta, que logo no prefácio  deste livro, o historiador e escritor Célio Turino, apresenta o autor como: ”um dos principais ideólogos do início da Revolução Cidadã no Equador,  tendo sido um dos responsáveis pelo plano de governo da Alianza País, partido encabeçado por Rafael Correa, cuja ascensão à Presidência da República, em 2007, deu inicio a uma série de transformações nesta hermosa nação localizada no centro do Mundo. O equador tornou-se,  assim, referência para utopistas e lutadores sociais. Acosta também foi ministro de Energia e Minas, além de ter dirigido os trabalhos da primeira Assembleia constituinte do planeta a reconhecer  direitos à Natureza, nossa Pacha Mama, a Mãe Terra.” (página 21)



O livro, em todas as suas 262 paginas, vai explicitar e fundamentar o princípio teórico do  Bem Viver,  definindo que “ O bem Viver é uma filosofia em construção, e universal, que parte da cosmologia e do modo de vida ameríndio, mas que está presente nas mais diversas culturas. Está entre nós, no Brasil, com o teko porã dos graranis. Também está na ética e na filosofia  africana do ubuntu – ’eu sou porque nós  somos’. Está no ecossocialismo, em sua busca por resignificar o socialismo centralista e produtivista do século 20. Está no fazer solidário do povo, nos mutirões em vilas, favelas ou comunidades rurais e na  minga ou mika andina. Está presente na roda de samba, na roda de capoeira, no jongo, nas cirandas e candomblé. Está na Carta Encíclica laudato si’ do Santo Padre Francisco sobre o cuidado da Casa Comum. Seu significado é viver em aprendizado e convivência com a natureza, fazendo-nos reconhecer que somos ‘parte’ dela e que não podemos continuar vivendo  ‘à parte’ dos  demais seres do planeta”.(páginas 22/23)



A ousadia dos apontamentos do autor se manifesta sobejamente em todos argumentos fundamentados a partir de inúmeros autores citados ao longo  da escrita, que  descrevem o Bem Viver como: “Quando  falamos do Bem Viver, propomos, primeiramente, uma reconstrução utópica do futuro a partir da visão andina e amazônica. No entanto, esta aproximação não pode ser excludente ou produzir visões dogmáticas. Deve complementar-se e ampliar-se, necessariamente,  incorporando outros discursos e outras propostas provenientes de diversas regiões do planeta espiritualmente aparentadas em sua luta por uma transformação civilizatória.”(página74)



Acrescenta ainda o autor que “O Bem Viver, assim, se traduz em uma tarefa descolonizadora. Além disso, também deveria ser despatriarcalizadora. Para cumpri-la, será particularmente necessário um processo de descolonização intelectual nos âmbitos políticos, social, econômico e, claro cultural.” (página 80)

Destaca-se o recorte levantado pelo autor na definição do que significa este projeto: ”Aqui há um ponto de encontro com as cosmovisões indígenas, em que os seres humanos não apenas convivem com a Natureza de maneira harmoniosa, mas formam parte dela e, em última instância, são a natureza.”(página 95)



Ao citar Galileu Galilei (1564-1642) e Charles Darwin ( 1809-1882), destaca a importância da  razão científica em detrimento dos dogmas religiosos, “Conhecer as transformações sofridas pela espécie humana desde sua primeira forma de vida, passando pelos macacos, é um resultado da ciência ocidental (em plena era imperialista) que irrita aos fundamentalistas religiosos, mas que  não contradiz – pelo contrário, apoia- o sentimento de reverência e respeito a Natureza.”(página 111)



A ruptura com a cosmovisão dos nativos em nome da dominação, conquistas e acumulação de riquezas, perdura até os dias atuais, levando desta forma o "desenvolvimento" das economias europeias  com seus impérios, gerando destruição e matanças generalizadas.



 “À viagem de Cristóvão Colombo se seguiram a Conquista e a colonização. Com elas, em nome do poder imperial e da fé, tiveram início uma exploração sem misericórdia de recursos naturais e a destruição de muitas culturas e civilizações. O escritor uruguaio Eduardo Galeano diz claramente: “Desde que a espada e a cruz desembarcaram em terras americanas, a Conquista europeia castigou a adoração da Natureza, que era pecado ou idolatria, com penas de açoite, forca ou fogo. A comunhão entre Natureza e a gente, costume pagão, foi abolida em nome de Deus e depois em nome da civilização. Em toda América, e no mundo, seguimos sofrendo as consequências de divorcio civilizatório.” (página113)



Filosoficamente, estamos diante de um dilema que deve ser repensado e reescrito, uma vez que “Escrever esta mudança histórica, ou seja, a transição de uma concepção antropocêntrica para uma sócio-biocêntrica, é o maior desafio da Humanidade, se é que não queremos colocar em risco a existência do próprio ser humano sobre a terra.” (página 129)



Esta temática tem sido objeto de inúmeras conferências mundiais, (Rio de Janeiro em 1992, Joanesburgo em 2002), além de seminários, encontros e palestras, e vem ganhando capilaridade  junto aos setores mais críticos e conscientes da sociedade. 



Muitos países resistem diante de novas possibilidades e revisões históricas, sempre em nome da ordem, do progresso e do  desenvolvimento, mas os avanços são significativos e irreversíveis .



Todos os caminhos e esforços vão no sentido de se reestabelecer o reencontro entre o ser Humano e a Natureza, até por que, dentre várias contribuições, inclusive não indígenas, nos deparamos com  inúmeras elaborações consistentes, a saber: “destacamos o ambientalista inglês James Lovelock,  as biólogas norte-americanas Lynn Margulis e Elizabeth Sahtouris e o filósofo brasileiro  José Lutzenberger. Esses pensadores caracterizam  a Terra – rebatizada  como Gaia – como um superorganismo vivo já nos anos 1970. Nessas visões, como ressalta o teólogo  brasileiro Leonardo Boff, é preciso conhecer o caráter inter-retro-conexões transversais entre todos os seres: tudo tem a ver com tudo, em todos os pontos e em todas  as circunstâncias: é a relacionalidade do mundo indígena.”  (página 144)



 “A Humanidade não é uma comunidade de seres agressivos e brutalmente competitivos. Esses valores foram criados e acentuados por civilizações que favoreceram o individualismo, o consumismo e a  acumulação agressiva de bens materiais -  características que estão no gene da civilização capitalista.” (página 200)



O autor vai ainda falar de outras possibilidades e formas de equidades, destacando a economia solidária, onde “a redistribuição da riqueza-da terra e da agua, por exemplo - e a distribuição da renda, com critérios de equidade, assim como a democratização do acesso aos recursos econômicos, tais como o crédito, estão na base desta economia solidária. As finanças devem cumprir um papel de apoio ao aparato produtivo em vez de ser mais um instrumento de acumulação  e concentração de riqueza, como ocorre com a especulação.” (página 201)



É uma leitura que desperta novas possibilidades e desafios  na percepção de novos paradigmas, buscando na origem, aquilo que tentaram destruir ou negar, mediante o   caráter predatório do capitalismo. 



Ana Esther Ceceña afirma que: “Dentro do capitalismo não há solução para a vida; fora do capitalismo há incertezas, mas tudo é possibilidade. Nada pode ser pior que a certeza da extinção. É tempo de inventar, é tempo de ser livre, é tempo de viver bem”.



Finalizo este importante registro com as sábias palavras de Umbeto Eco:
“Assim, senhor Nicetas, quando eu não era vítima das tentações deste mundo, dedicava minhas noites a imaginar outros mundos. Um pouco com a ajuda do vinho e outro tanto de mel verde. Não há nada melhor do que imaginar outros mundos para esquecer o quanto é doloroso este em que vivemos. Pelo menos eu pensava assim naquele momento. Ainda não compreendera que imaginando outros mundos, acabamos por mudar também este nosso”.



Minha filha me emprestou este livro para eu suportar e passar o tempo neste momento de reclusão e distanciamento dos humanos. Coincidentemente, esta leitura me ajudou entender a busca desta harmonia com a natureza, compreender o limite do desenvolvimento capitalista, e, a persistir no caminho trilhado até agora, a existência humana estará ameaçada concretamente neste planeta.



Por conta de um “super vírus”, estamos mergulhados num conflito existencial, onde o ser humano passa a ser descartável, desumanizado, onde grandes e pequenas potências econômicas estão diante do dilema  de um desenvolvimento ilimitado, ou radical  revisão histórica, para se assegurar os direitos elementares colocando o primado da vida acima dos interesses econômicos, haja vista  que sequer sabemos se estaremos vivos diante do descontrole abrupto (desenvolvimento/Natureza) em relação  ao mundo em que vivemos.



Os poderosos brincam com a vida dos considerados "sucatas humanas", negligenciando com os que produziram as riquezas ao longo da história e nesse momento sentenciam, sem direito a defesa, quem serão os condenados da terra, abandonandos nos corredores da morte, no tribunal da não vida, negando-lhes o direito de respirar e nos tirando o direito de acompanhar e chorar os nossos mortos, que se transformam em números estatísticos, numa desumanização sem precedente.



Viver, lutar e construir um Bem Viver é preciso!

Aldo Santos . Ex-vereador em SBC, militante junto  às entidades de filosofia - Aproffesp/Aproffib, dos movimento sociais e do Psol.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

A luta pela Reforma Agrária e Urbana continua.





A história da luta pela terra no Brasil é longa e remonta ao período da invasão pelos portugueses por volta de 1500. Naquele período existiam cerca de cinco milhões de nativos (índios) que, em contato com o homem europeu e suas pestes contaminaram e dizimaram milhões de habitantes originários desse país. Além dessa agressão bacteriológica, a escravidão  foi outro fator de matança extermínio, bem como, outro grande contingente foi morto impiedosamente para se concretizar o domínio do mercado, da religião e da ideologia, via silêncio ou pela força da matança do poder colonial, imperial e republicano.

Ao destituir os verdadeiros donos das terras brasileiras com as capitanias hereditárias e as sesmarias - “medidas legais na colonização” – o conflito no campo se estabelece com vigor e resistência por parte dos nativos, dos negros e dos campesinos.

Em 1850 a lei de terras, tenta reordenar as relações de propriedade que na prática aprofunda as desigualdades sociais que se estabeleceram desde o período colonial.

Na história do Brasil inúmeros movimentos de aparente apelo religioso revelam a poderosa estrutura agrária existente, como podemos observar nos movimentos abaixo descritos:

“A primeira fase, que iria de 1850 até 1940, é classificada como "messiânica", pois estas lutas estavam associadas à presença de líderes religiosos de origem popular, que pregavam ideologias de cunho milenarista (inclusive com elementos sebastianistas, isto é, associados à mitologia relativa ao retorno de Dom Sebastião) e ligados ao catolicismo popular. Nesse período, um dos mais importantes movimentos foi o da comunidade de Canudos, na Bahia, liderada por Antônio Conselheiro. A comunidade permaneceu entre 1870 e 1897, quando acabou sendo arrasada por tropas federais, durante a chamada Guerra de Canudos: todas as 5.200 casas do arraial foram queimadas e a maior parte da população foi morta.



Outro movimento desta fase é o Contestado, que se desenvolve de 1912 até 1916 em Santa Catarina, liderado pelo monge José Maria.



Inserem-se no mesmo quadro as atividades de Lampião no nordeste brasileiro, no período de 1917 até 1938, na medida em que este possa ser tido como uma forma de banditismo "social", cujas origens estariam na exploração dos pequenos agricultores - como a família de Lampião - e nas estruturas de poder político regional, dominadas pelo latifúndio. Esta posição, defendida pela historiografia marxista brasileira dos anos 1960 - especialmente pelo historiador Rui Facó - e recuperada mais tarde pelo historiador inglês Eric Hobsbawn, tem sido, entretanto, contestada por uma outra vertente que vê o banditismo do cangaço numa relação de comensalidade com o latifúndio, mais do que de oposição”.(Postado por Adelson Elias Vasconcellos, blog comentando a noticia, outubro 2009)

Ainda segundo o documento acima citado, de 1940 até 1955 o rumo do movimento toma caminhos diferentes, com o endurecimento e radicalização dos mesmos, sendo, contudo, vítimas da perseguição, com inúmeros mortos pelas forças repressoras a serviço do Estado burguês.

Um dos movimentos que marcou intensamente a luta pela terra, foi às ligas camponesas que dialogava com grande parcela dos camponeses, sendo também fortemente reprimida pelos governos defensores da propriedade privada e da concentração de terra nas mãos de uma minoria privilegiada.

As leis brasileiras tinham forte componente impeditivo, como é o caso da constituição de 1946, que em relação à reforma agrária estabelecia e limitava as desapropriações, onde as mesmas só poderiam acontecer mediante a indenização paga em dinheiro.

Apesar das contradições políticas, é reconhecido o esforço de João Goulart, contextualizado pelas circunstancias históricas, que ao publicar em 1964 o famoso decreto que buscava impulsionar a reforma agrária no Brasil, na prática, esse decreto como se observou, além de não atender o objetivo proposto ainda foi usado como um dos pretextos para o golpe de 1964 e consequentemente a implantação da famigerada ditadura militar no Brasil.

Os militares fazendo média e tentando controlar e calar os trabalhadores organizados, em 1975 propõe o estatuto da terra, buscando redefinir a “função capitalista da terra”.

A constituição de 1988 avançou e reconheceu de certa forma os direitos sociais, porém, em grande parte dos debates vinculados a defesa da propriedade, a reforma agrária ficou refém da bancada ruralista que é um dos grandes pilares na luta pela reforma agrária no Brasil.

Herdeiro do movimento de resistência organizado, o MST tem produzido as mais belas manifestações de luta pela reforma agrária no Brasil, em que pese o mesmo estar engessado e de certa forma refém das políticas compensatórias e do aliciamento do governo Lula/Dilma.

Uma das tragédias mais marcante dessa caminhada foi o massacre em Eldorado dos Carajás, que ocorreu em 17 de abril de 1996. Uma coluna de trabalhadores sem-terra pretendia chegar pacificamente à Belém do Pará, porém, foram vitimas de uma emboscada pelos policiais militares, que metralharam os campesinos, ficando um saldo de 19 mortos, 69 feridos e dezenas de desaparecidos. Nesse mesmo dia, integrantes da Via campesina que estavam reunidos no México, cidade Tlaxcala declararam o dia 17 de abril como o “Dia Internacional da luta camponesa”. Em 2005 pressionado pelo movimento o até então presidente FHC decreta o dia 17 de abril como o dia Nacional de luta pela reforma agrária.

Quinze anos depois do massacre de Eldorado dos Carajás, os sobreviventes lançam um manifesto onde reafirmaram que:

“Daqui, da Comunidade 17 de Abril, hoje somos quase seis mil pessoas numa das maiores agrovilas de assentamentos de Reforma Agrária do país; nossa residência política, ética, moral e cultural, nos manifestamos;

Pelos nossos mortos e pelos sobreviventes nos manifestamos. Pela reforma agrária, pelo fim do latifúndio e sua força jurídica nos manifestamos e exigimos justiça...

...A memória é subversiva, ninguém a modela, insurge contra os truques midiáticos e os opõe a cada ano, nesta data da classe trabalhadora e das novas gerações nascidas na luta e na resistência do povo brasileiro e amazônida frente a máquina voraz do capital.

Da marcha interrompida pela morte, onde pretendíamos chegar a Belém do Pará para uma negociação por terra, andando a pé quase oitocentos kilômetros, que para os governantes algo injustificável, como o ato insólito e traiçoeiro dos mesmos e, de todos os envolvidos. Chegamos ao mundo em notícias, em páginas de jornais e imagens televisivas numa curva onde hoje está o monumento das castanheiras e o nosso coração, um bosque simbólico.” (Com ternura, Assentamento 17 de Abril, Eldorado do Carajás, Abril, de 2011. Ano de luta e resistência na Amazônia! Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – PA).”

Do ponto de vista metodológico, a melhor maneira de se enfrentar o latifúndio é a implementação de ações concretas, como ocupações de fazendas, de órgãos públicos, que para além do chamar atenção para a concentração de terra nas mãos de poucos, a ação direta se põe como uma realidade e necessidade objetiva da luta pelo enfrentamento revolucionário.

Entendemos que é urgente a aliança campo/cidade, no sentido de se estabelecer novos parâmetros e os devidos enfrentamentos tanto no meio rural, quanto no meio urbano, questionando a concentração de terra, a especulação imobiliária e a concentração de terras existentes nos minifúndios urbanos, cujo valor agregado também conduz para a partilha, a socialização das riquezas hoje pertencente a um pequeno número de burgueses.

No governo de Bolsonaro, existe uma luta aguerrida  contra os Sem Terra, Sem Tetos,  Comunidades Indígenas, dentre outras.

No campo e na cidade a luta e os objetivos estratégicos se combinam e se complementam rumo à construção de um mundo novo, livre, igualitário e liberto da opressão do capital.

Resistir é preciso!!!

Levantado do Chão!



“Do chão sabemos que se levantam as searas e as árvores,

levantam se os animais que correm os campos ou voam por cima deles,

levantam-se os homens e as suas esperanças. Também

do chão pode levantar-se um livro, como uma espiga de trigo

ou uma flor brava. Ou uma ave. Ou uma bandeira.

Enfim, cá estou outra vez a sonhar. Como os homens

a quem me dirijo.”



José Saramago



Aldo Santos: Ex-vereador em SBC, militante Sindical, Popular, Partidário e dirigente da corrente política - Enfrente!

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Descaso com os trabalhadores dos Correios


Professor Aldo Santos, Ferreira e outros/as.
É impossível  não fazer nada neste  momento onde todos estamos na mesma linha de tiros. Entregamos  ao sindicalista Ferreira, dos correios,  50 máscaras para que uma parcela pequena dos funcionários tenham um pouco de proteção nas suas atividades diárias. 

Quem puder ajudar, é só entrar em contato para que possamos aumentar esse número de ofertas a este povo que realiza importante trabalho de casa em casa, a serviço desta grande  empresa . 

Sabemos que as máscaras não substituem o isolamento, mas em caso de absoluta necessidade, é fundamental, além da devida higienização e distanciamento, o uso preventivo das mesmas para evitarmos este terrível e mortal vírus que vem silenciando o mundo,  provocando milhares de mortes em todas faixas etárias.

 Esperamos que os correios tenha a devida responsabilidade em assegurar aos seus funcionários/as condições dignas e segura de trabalho, neste momento de pandemia e no  cotidiano das pessoas.

Agradecemos quem vem contribuindo com este simples gestos  de viabilizar este equipamento e vamos continuar na luta ao lado e solidários com  nossos irmãos e irmãs.

Não dá pra ficar esperando somente pelo governo, pois pelo  comportamento do mesmo, a vida é o que menos   importa.

Não podemos aceitar a des-humanização imposta pela doença e pelas autoridades irresponsáveis.

Comissão de Colegas Solidários.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Agora temos a "velhofobia"

Sempre tivemos a homofobia, racismo, machismo etc. Agora temos a "velhofobia".

 Outro dia tive que driblar a quarentena rapidamente e me deparei com um jovem dizendo que o grande problema estava nos velhinhos que pegavam a doença e transmitiam para os jovens. 

O próprio Bolsonaro defende o confinamento  só para os velhinhos. Ou seja temos agora a velhofobia. 

Somos os párias da sociedade responsáveis por espalhar a doença. Naturalmente, na sociedade de consumo, já somos descartáveis, um peso pra família e para a pró
pria sociedade que necessita de gente que produz dentro da lógica capitalista de acumulação continua de capital. 

Agora somos também vítimas da "velhofobia" que andam espalhando a doença por aí. 

A contradição, inerente ao capitalismo, é que o próprio capitalismo alcansou um alto desenvovimento tecnológico que os trabalhadores poderiam trabalhar poucas horas por dia para satisfazer suas necessidades de alimentação, moradia, saúde, educação, lazer, cultura etc. E os velhinhos poderiam gozar uma velhice digna sem ser um peso para a sociedade, sem ser um mero ente descartável.  Mas não. 

Agora somos vítimas da "velhofobia. É isso camarada Aldo, temos que viver com este novo estigma. 

Grande abraço.

Professor Antonio Lucas, Participante 
 das lutas sindicais e partidárias