terça-feira, 30 de julho de 2019

Solidariedade ao companheiro Aldo e dizer que estamos juntos nessa luta.



A gente quer manifestar aqui também a nossa solidariedade ao companheiro Aldo e à outra companheira que também foi condenada nesse processo, a Camila, que está em outra atividade agora. Então, eu quero dizer a vocês que a gente vem lutando nesse processo desde 2004, quando ocorreu o Movimento por Moradia no terreno da Volkswagen, e foi com a direção do MTST, que já vem desde daquela época. Eu era vereador assim como o Aldo, na época, eu era vereador em São Caetano.

O Aldo participou no apoio ao Movimento de Moradia dos trabalhadores e trabalhadoras diretamente como vereador de São Bernardo, nós apoiamos também, como vereador de São Caetano, não nos ligamos diretamente ao Movimento.

E a partir daí surgiu uma série de acusações, a Câmara Municipal daqui isentou o companheiro Aldo de qualquer ato ilegal, mas o Ministério Público da cidade propôs uma ação civil pública contra os líderes do movimento, que eram do MTST, a Camila, inclusive que fazia parte, e contra o Aldo Santos, vereador que estava apoiando o movimento.
 A acusação era de praticar-se atos contra a ordem urbanística, coisas assim, desse nível, e o processo correu os envolvidos, os participantes foram absolvidos aqui em São Bernardo do Campo e o Ministério Público recorreu para São Paulo. Em São Paulo, ocorreu uma dura condenação aos militantes e ao Aldo e nós recorremos para Brasília, onde conseguimos anular esse julgamento, nós apontamos uma falha no julgamento, porque não tinham levado em conta um dos argumentos da nossa defesa, em suma, que o Movimento era legítimo e que a participação do parlamentar era no apoio a esse movimento. Aí o processo voltou para São Paulo para um outro julgamento e nisso corre os anos, e nesse outro julgamento que a gente tinha a expectativa de que ocorreria algo diferente, o Tribunal saneou a falha que tinha sido apontada, a omissão que tinha sido apontada e confirmou a condenação.

E a partir daí nós recorremos novamente ao STF e ao Superior Tribunal de Justiça, mas esgotamos todos os argumentos, e não conseguimos reverter a decisão que transitou em julgado agora recentemente, em 2018. Então, o processo voltou para São Bernardo e está agora em fase de execução, a luta jurídica continua, inclusive com reforço dos companheiros advogados da APEOESP e com o Luiz Eduardo Greenhalgh, que também é advogado da APEOESP, e conhecido dos movimentos sociais.

Nós estamos fazendo resistência à uma execução que está bloqueando as contas do Aldo Santos, e ameaçando penhorar imóveis e assim por diante.

Então, nós achamos que nesse momento cabe levantar duas bandeiras: a bandeira jurídica, que é a resistência à essa execução, nós entramos com recurso feito pelo companheiro da APEOESP; e estamos também fazendo a luta política, como exemplo esse ato, e outras iniciativas que virão.

Então, quero aqui novamente manifestar solidariedade ao companheiro Aldo e dizer que estamos juntos nessa luta, vamos até o fim, porque esse ato na verdade é contra também a criminalização dos movimentos sociais que já vem lá detrás, em 2004, e que hoje está tão na moda falar em criminalização, mas lá atrás já tinha isso. Nós temos que estar juntos nessa luta. 

 Dr. Horácio, Advogado de Defesa do Professor Aldo Santos 

domingo, 21 de julho de 2019

E A SOLIDARIEDADE DE CLASSE?



Um militante do MST acaba de ser assassinado por um fascista de rua, com certeza, seguidor de Bolsonaro. 

São centenas os trabalhadores mortos por assassinos de encomenda ou não. Os latifundiários , na maioria dos casos, são os mandantes destes crimes, há dezenas de anos.

Tem faltado um princípio fundamental entre os grupos de esquerda:  ações de solidariedade de classe, inclusive, com manifestações públicas, como greves e outras.

Infelizmente, foi-se o tempo em que greves de solidariedade entre os trabalhadores organizados funcionavam como verdadeira questão de princípio.

Que avancemos para superar este problema! Assassinato de um trabalhador deve voltar a ser motivo de imediata ação de solidariedade de classe  em todo o país por parte dos trabalhadores (as) organizados. Agora, como nunca, com a eleição de um fascista para o Palácio do Planalto,  isso se faz urgente.

Sem solidariedade de classe  a união da classe trabalhadora, nas suas lutas econômicas, políticas e ideológicas, torna-se, na prática,inviável.

Alberto Souza-Ex-vereador em sbcampo. Militante Sindical

domingo, 14 de julho de 2019

Uma triste semana!



Coincidência a parte, esta semana foi bombardeada por marcantes acontecimentos do ponto de vista cultural, jornalístico, intelectual e político.
Do ponto de vista cultural perdemos o pai da bossa nova, João Gilberto, um ícone da música popular mundial que deixa lacuna impreenchível. Aos 88 anos morre João Gilberto que fora enterrado no dia 08/07/2019, e fãs cantam: “Chega de saudade”.
No campo do jornalismo, morre repentinamente aos 76 anos, Paulo Henrique Amorim, uma voz afiada contra o Bolsonarismo e as mídias reacionárias . Seu corpo foi velado na Associação Brasileira de imprensa. O tom político e jornalístico continua afiado, conforme manifestação e homenagem dos presentes, ao coro de “Fora Bolsonato e Lula Livre”
No mundo acadêmico, morreu o Sociólogo Chico de Oliveira, aos 85 anos de idade. Um dos fundadores do PT, que em 2003 rompeu com o partido vindo para o Partido Socialismo e liberdade (Psol).
No tocante a política, nesta semana foi aprovado no primeiro turno a reforma da Previdência, uma votação viciada e às custa do dinheiro público, através das famosas emendas parlamentares. O balcão de negócio do congresso distribuiu fartamente o dinheiro do erário público para vitimizar ainda mais os contribuintes mais empobrecidos. Aprovado na noite de quarta-feira, dia 10/07/2019, por 379 votos a favor e 131 contrários, o texto-base mantém os privilégios das Forças Armadas, do Legislativo, do Executivo, do judiciário e órgãos auxiliares.
Mais uma vez a máxima de Eduardo Galeano se faz presente: A justiça é como uma serpente, só morde os pés descalços...
Possivelmente na votação do segundo turno prevista para o mês de Agosto, haverá mais um agrado para garantir o resultado do primeiro turno.
Em artigo publicado no dia 23 de abril do corrente ano, a ativista Clara Valverde descreve as politicas neoliberais da seguinte forma: “O neoliberalismo aplica a necropolítica – deixa morrer pessoas que não são rentáveis.”
“Clara Valverde, ativista política e social, além de escritora, apresenta seu novo livro De la necropolítica neoliberal a la empatía radical (Icaria / Más madera): “O poder neoliberal faz com que os incluídos não confiem nos Excluídos, que os vejam como estranhos, diferentes, desagradáveis e não se solidarizem com eles.”
Valverde apresenta seu novo livro com a alusão a um texto pichado em um muro: “Com a ditadura nos matavam. Agora nos deixam morrer.” Em De la necropolítica neoliberal a la empatía radical (‘Icaria/Más madera’), essa ativista e escritora sustenta que o sistema neoliberal é incompatível com a luta contra a desigualdade. Para ela, esse sistema divide a sociedade em excluídos e incluídos: desconsidera os primeiros e atemoriza os segundos para perpetuar e aumentar o poder e a riqueza dos privilegiados.
O que devemos entender por “necropolítica neoliberal”?
Necro é o termo grego para ‘morte’. As políticas neoliberais são políticas de morte. Não tanto porque os governos nos matam com sua polícia, mas porque deixam morrer pessoas com suas políticas de austeridade e exclusão. Deixa morrer os dependentes, os sem-teto, os doentes crônicos, as pessoas nas listas de espera, os refugiados que se afogam no mar, os emigrantes nos CIE[i]…
Os corpos que não são rentáveis para o capitalismo neoliberal, que não produzem nem consomem, são deixados para morrer.
Como você consegue convencer os cidadãos de que essa “necropolítica neoliberal” os beneficia? Por que não ocorre uma rebelião massiva contra ela?
Os que ainda não estão excluídos, os que ainda acreditam no mito de que nesta sociedade somos livres aceitam e endossam o que dizem os poderosos e sua imprensa: que os excluídos não são como eles, que são um povo imundo e sujo, diferente, com má sorte e maus hábitos. O mito interiorizado é que os excluídos procuraram a situação que sofrem.
Não ocorre uma rebelião massiva contra as necropolíticas dos governos, contra a exclusão, porque as pessoas que ainda não estão excluídas não se identificam com os excluídos. Pensam “este não sou eu”, “isso não vai acontecer comigo”. Não se deixam identificar com aquele que sofre, não tem empatia radical. Na realidade, as necropolíticas afetam a todos. Então, essa pessoa incluída na doença será possivelmente excluída sem renda e sem ajuda.
Nesse desenho social, há cidadãos excluídos e cidadãos incluídos. Ninguém defende os excluídos?
Muito poucas pessoas defendem os excluídos. Quantas pessoas se organizam para apoiar os sem-teto? Quantas ajudam os idosos ou doentes crônicos e suas associações? Na PAH [Plataforma de Afetados pela Hipoteca – “associação de pessoas que perderam suas casas para os bancos e foram despejadas”] há apoio mútuo e empatia radical, mas quase todos os que estão ativos na PAH também são afetados pelos despejos.
Os incluídos acreditam que estão a salvo de expulsão do sistema, mas são advertidos a todo o momento de que podem ser excluídos. O temor da exclusão estimula a falta de solidariedade em nossa sociedade?
Os que agora têm sorte de não estar doentes, despejados, desempregados, deveriam pensar que a maioria, a menos que se tenha muito capital econômico, poderia chegar a ser excluída. Vamos dizer que você era motorista de ônibus. Se você adoece, ainda que tivesse contribuído durante anos, é muito possível que o Instituto Catalán de Evaluaciones Médicas (ICAM) te dê alta, mesmo que esteja muito doente para trabalhar. Então, o que você fará? Sem poder trabalhar, sem renda e com as despesas que uma doença implica e que a Seguridade Social não cobre…
O poder neoliberal faz com que os incluídos não confiem nos Excluídos, que os vejam como estranhos, diferentes, desagradáveis e não se solidarizem com eles.” https://resistaorp.blog/…/o-neoliberalismo-aplica-a-necro…/…
É neste contexto que os fatos ocorridos nessa semana ficarão registrados na memória e na história, com a perda de João Gilberto, com a morte repentina de Paulo Amorim, bem como com o passamento do grande Chico de Oliveira.
Nesta semana também carregaremos para sempre a pior reforma da previdência já aprovada neste abjeto parlamento Brasileiro. Ou seja, são propostas e emendas aprovadas que condenam os pobres a miséria econômica e a morte precoce.
A luta contra a reforma da previdência deve continuar, no segundo turno, no Senado e possivelmente nos Estados e Municípios.
Mais uma vez devemos tomar as ruas, organizando outra greve geral através dos comitês de luta para exigir das direções o efetivo compromisso com as bandeiras históricas de luta e resistência da nossa classe.
Lutar, resistir e vencer é preciso!
Aldo Santos-Ex-vereador/sbc, militante sindical, membro da Diretoria da APROFFESP e da APROFFIB.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

A LUTA SÓ ESTÁ COMEÇANDO!


Confesso que errei, pois imaginava uma grande multidão no vão livre do Masp nesta quarta feira, dia 10/07/2019. Mas, de acordo com a sabedoria militante e a do povo em geral, certamente já tinham uma leitura que estava tudo dominado pela via intestinal do Parlamento brasileiro. De qualquer forma, um grupo de aguerridos militantes compareceram, falaram, ouviram e marcharam até um dos templos do capital que é a Fiesp. Apesar do sentimento de derrota que já pairava no ar, mesmo assim, todos saíram convictos que a luta vai continuar, de que a batalha não está perdida e que a guerra de classe ainda vai muito longe e não seremos derrotados. O sentimento era de que as centrais sindicais estavam com as bandeiras arreadas, os partidos progressistas com as pautas obstruídas e sem vivacidade e a constatação da falta de direção politica da nossa classe é um grito estridente e solto no ar. Mas a paciência e persistência histórica não nos dá o direito de desanimar, pois dialeticamente tudo está em movimento e o impossível de hoje será o triunfo do amanha. Voltamos refletindo sobre o que estava acontecendo e de ouvidos e olhos colados no que estavam tramando contra o povo na Câmara Federal .
Mas de uma coisa estávamos convictos e consciência tranquila de que combatemos o bom combate e a sensação de parte do dever cumprido era evidente. Não devemos culpar o povo pelas atrocidades do governo, nem isenta-los simplesmente, mas iniciar um bom balanço de superação dos erros cometidos, transpor as barreiras anacrônicas da "burocracia dirigente" e preparar o próximo combate, uma vez que teremos ainda o segundo semestre para avançar na luta contra a reforma da previdência que se deslocará para o Senado e depois para os Estados e Municípios. O tempo e a luta de classe não param!
Lutar, resistir e vencer é preciso!
Aldo Santos- Coordenador da subsede da apeoesp/sbc, membro da diretoria da aproffesp e aproffib.

terça-feira, 9 de julho de 2019

Condenação do companheiro Aldo: a falsa neutralidade da justiça


Da violência
Do rio que tudo arrasta se diz violento
Mas não dizem violentas
As margens que o comprimem.
               Bertolt Brecht

Penso que não há saída para a humanidade nos marcos do capitalismo.
 Nos dizeres do sociólogo húngaro - recentemente falecido- Istvám Mésaros "a tendência devastadora ao desemprego crônico afeta até os países capitalistas mais adiantados. Ao mesmo tempo, também as pessoas  ainda empregadas naqueles países têm de suportar a piora de suas condições materiais de existência".
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"as contradições do sistema do capital só se podem agravar, trazendo consigo um perigo maior para a própria sobrevivência da humanidade". Do livro "O século XXI, socialismo ou barbárie".
Além disso, o sistema capitalista mantém uma relação com a natureza de profunda destruição ambiental, jamais vista na História da Humanidade.
Nestas circunstâncias como combater o capitalismo até a sua destruição e a construção de uma sociedade socialista?
Os ideólogos da burguesia procuram incutir na cabeça dos trabalhadores que as eleições - somente elas - mudarão suas vidas, desde que se votem com consciência e fiscalizem seus candidatos. A ideologia subjacente neste discurso é de que o voto consciente é capaz de operar grandes mudanças na vida das pessoas.
Os partidos reformistas de esquerda acreditam que as transformações se darão por dentro do capitalismo via eleições. Nesta perspectiva, se faz necessário eleger parlamentares comprometidos com os trabalhadores, com as lutas sociais, comprometidos com um combate sem trégua - fazendo reformas por dentro do parlamento - contra o capitalismo. Aí está o caminho das transformações, até chegarmos a uma sociedade socialista.
Penso que a tarefa de um partido socialista e revolucionário de fato é a mobilização permanente dos trabalhadores rumo a uma revolução socialista.
Participar das eleições para denunciar as mazelas do capitalismo, eleger parlamentares para colocar seus mandatos, seus gabinetes a serviço da mobilização permanente e das lutas dos trabalhadores. De nada adianta um parlamentar de esquerda se ele ficar trancado em seus gabinetes fazendo conchavos, longe das lutas dos trabalhadores.
O companheiro Aldo enquanto vereador fez o que um parlamentar de fato comprometido com os movimentos sociais tem a obrigação de fazer; colocar seu mandato, seu gabinete a serviço das lutas dos setores oprimidos e explorados da nossa sociedade.
O companheiro Aldo enquanto vereador esteve ao lado dos estudantes na luta pelo passe livre; esteve presente nas ocupações apoiando a luta dos sem tetos por moradia; participou ativamente das greves de todas as categorias que ocorriam na cidade; usou seu mandato para denunciar o machismo, a homofobia, o racismo etc.
Como vereador não se afastou da sala de aula. Sempre foi um militante ativo da APEOESP - Sindicato dos professores. Como militante da APEOESP participou de todas as greves em defesa de uma escola pública, laica, de qualidade para os filhos da classe trabalhadora. Participou inclusive da histórica ocupação da Assembleia Legislativa na grave de 1993.
Não usou seus mandatos em beneficio próprio, um meio de ganhar dinheiro, não se prevaricou, não se locupletou.
Não cedeu às benesses do cargo, manteve firme em seus princípios.
Portanto, a condenação do companheiro do Aldo tem cunho político.
O grande medo da burguesia é o despertar da consciência dos trabalhadores, as massas ocupando as ruas, as praças, as avenidas, lutando pelos seus direitos, contra a exploração e a dominação capitalista.
O companheiro Aldo fez justamente o que a burguesia mais teme; colocar seu mandato a serviço das lutas daqueles que são explorados, dominados, oprimidos. Este foi o "crime" que o Aldo cometeu. Para a burguesia é um "crime" que tem que  ser punido. Daí a sua condenação política.
Faço este depoimento sem medo de errar. Militei com o companheiro Aldo nos efervescentes anos 80 do século passado- luta contra a ditadura militar, reorganização do movimento operário com a criação da CUT e do PT, grandes greves dos operários do grande ABC.
Mas também travamos duros debates a respeito da conjuntura nacional e internacional, da melhor tática para se conduzir uma greve, o papel de um sindicato, a revolução socialista brasileira e por aí vai.
Sendo assim, sou testemunha da sua coerência política, do seu compromisso com "os de baixo" que vivem à margem da nossa sociedade.
TODA SOLIDARIEDADE AO COMPANHEIRO ALDO!
NÃO À SUA CONDENAÇÃO POLÍTICA!
Antonio Lucas Maciel - professor de História e Sociologia

sábado, 6 de julho de 2019

Futebol e o Juiz ladrão!


A população mundial vem acompanhando estupefata a desonestidade intelectual e insegurança jurídica praticada pelo atual Ministro da justiça, Sérgio Moro e seus conluiados. Em qualquer país sério este juiz estaria afastado e condenado pelo uso, abuso e partidarização da sua ação junto a sua e outras instituições da “justiça” brasileiras.
Até os meios de comunicação da classe dominante denunciam e não aguentam mais tamanho desgoverno de Bolsonaro, sua visível incompetência, juntamente com sua equipe que mais beira a uma quadrilha da enganação do que um governo com propostas efetivas em consonância com os interesses do povo brasileiro.
O Presidente Bolsonaro, mesmo diante de novas provas de crime de lesa pátria ao invés de mandar apurar, para servir de exemplo e transparência administrativa, simplesmente transforma uma coisa séria num espetáculo ao estilo do período de pão circo Romano, afirmando que vai submeter o juiz Sergio Moro ao veredicto da torcida de futebol que estará no jogo da final da copa América, Rio de janeiro. Contextualizando, é o mesmo juiz que metaforicamente foi chamado de ladrão pelo deputado Glauber Braga do Psol, numa referência simbólica com um juiz de futebol. O orquestrado popular de juiz ladrão poderá ser mais amplo e definitivo na arena não mais tão alienada dos campos de futebol. 
Somente Bolsonaro acredita malandramente que o espaço de entretenimento se torne o espaço apropriado para resolver algo tão significativo como as denúncias gravíssimas que vem ocorrendo quase que diariamente. 
É a política do Pão e circo piorada. Politizar o esporte e tentar transformar torcedores em massa de manobra para manutenção, via popularidade de membros do governo é algo deliberadamente novo na história da política e da cultura popular no Brasil. Que o esporte sempre foi usado ideologicamente não temos dúvida, mas a ingerência anunciada explicitamente de um presidente no final de um campeonato é temerário e inusitado. 
Uma tentativa de populismo desqualificado. A depender do que aconteceu no último jogo, se ousarem, eles serão vaiados publicamente no final da Copa América, no Rio de Janeiro.
“A política do Pão e circo (panem et circenses, no original em Latim) como ficou conhecida, era o modo com o qual os líderes romanos lidavam com a população em geral, para mantê-la fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio. Esta frase tem origem na Sátira X do humorista e poeta romano Juvenal (vivo por volta do ano 100 d.C.) e no seu contexto original, criticava a falta de informação do povo romano, que não tinha qualquer interesse em assuntos políticos, e só se preocupava com o alimento e o divertimento”.(https://www.infoescola.com/historia/politica-do-pao-e-circo/)
Só um governo e parte da população imbecilizada é capaz de transformar uma ação política de Estado, num pretenso espetáculo deprimente e inoportuno para os jogadores, os amantes do futebol e para a política como um todo.
No período Romano predominava a política do pão e circo, hoje, sequer o pão está assegurado, diante de grande parte da população excluída do mercado de trabalho e do consumo, com vasto desemprego, subemprego, fome e miséria campeando por toda parte.
Portanto, em curto prazo o feitiço vai virar contra o feiticeiro.
Campanha pelo Fora Moro Já!
Anulação dos processos viciados, partidarizados e dirigidos pela equipe da lava jato.
Por eleições livre e diretas Já!
Aldo Santos- Coordenador da subsede da APEOESP/SBC.

sexta-feira, 5 de julho de 2019

DEPOIMENTOS NO ATO DE DESAGRAVO EM DEFESA DO PROFESSOR ALDO SANTOS







 Mediadora: PROFESSORA LÚCIA PEIXOTO
Dando início a nossa plenária, eu sou a professora Lúcia, da cidade de Caieiras, sou presidente da APROFFESP, que o nosso querido Aldo fundou, Associação de Professores e Professoras de Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo, sou também da direção da Intersindical e estamos aí junto com o Aldo já há algum tempo fazendo as lutas e somamos aqui neste ato de desagravo diante dessa barbárie que a gente vê avançar nesse país. Então, nós entendemos que o Aldo é uma causa hoje, porque não é só o Aldo que é atacado, não é a pessoa do Aldo Santos que é atacada, mas é o militante Aldo Santos, é o político, é o professor, é o defensor de direitos.
Por isso nós estamos aqui hoje para realizar esse ato de desagravo. Agradecendo a presença de todos. Seria importante que todo mundo pudesse falar, acredito que todos aqui tenham depoimentos para contribuir, para nos lembrar de quão importante é a luta do Aldo Santos.  Como não dá para todo mundo falar, vamos ver se a gente dá conta com as representações dos movimentos aqui presentes. Nós temos o Fernando Tolentino, do PSOL municipal; Walmir que é secretário da APROFFESP; Marcos, hoje eleito presidente da APROFFIB; Serginho Hora, que era também conselheiro tutelar no momento da ocupação que vai motivar essa condenação; Albert, do MEL  Movimento Estudantil; Hélio do MTST; Hélder da Resistência; José Geraldo, vereador de Hortolândia; Ana Valim, jornalista; Joãozinho, APEOESP; Paulo da APEOPESP e da TLS; Chininha da Igreja Católica; Carmelice, diretora de escola; Sueli da Socialismo ou  Barbárie; Eliana, coordenadora da subsede APEOESP de Hortolândia; Ivanildo, da Associação Moradia Oeste e Léo Duarte, do Conselho Tutelar.





DEPOIMENTOS

FERNANDO TOLENTINO- PRESIDENTE DO  PSOL/SBC
O que está acontecendo com o companheiro Aldo, pegando o gancho que a Lúcia disse, não é só a condenação a uma pessoa, a um militante, é a criminalização dos movimentos sociais, como também à militância partidária, como o ativismo sindical de modo geral, que tudo está interligado no que se refere a lutas de classes. E na minha avaliação, isso serve como um exemplo de arbitrariedade, porque hoje há outras arbitrariedades que estão sendo feita, como a própria prisão do Lula, arbitrariedades cometidas contra outras pessoas também que são inconvenientes no momento para toda essa conjuntura.
Além do Aldo, há outros exemplos de tentativas de conter a militância de esquerda, quem defende sem-terra, sem teto, defende os trabalhadores, como historicamente o Aldo defendeu. A conjuntura, muitas vezes, deixa a gente um pouco amedrontado, esse tipo de condenação arbitrária acho que serve para isso. Quando eu estudei direito, eu não cheguei a completar, tinha um professor que dizia "O juiz pode ser pró-réu ou pró-reclamante, mas tem que sempre estar do lado dele mesmo." Quem decidiu por essa arbitrariedade, muitas vezes, dá uma de Pôncio Pilatos, lava as mãos.
E eu, em nome do pessoal, venho aqui prestar a solidariedade e apoio incondicional ao Aldo e a todos que interessem nessa questão de luta de classes. A gente sempre vai estar do lado dos trabalhadores para defender os nossos interesses que são diferentes do interesse do capital, a gente sempre vai estar nesse antagonismo entre capital e trabalho, obrigado pela atenção.

PROFESSOR WALMIR DA APROFFESP
Sou professor Walmir, de São Paulo, região da Lapa, secretário da APROFFESP, companheiro do Aldo na luta na construção da entidade. A gente está aqui hoje dando a solidariedade ao Aldo no contexto que nós sabemos que não é de hoje a luta contra os trabalhadores. Eu milito desde minha juventude, comecei lá no Movimento Sem Terra na região norte, na época em que líderes do movimento eram ceifados a mando de fazendeiros, testemunhei na época, na década de 80 também, em Rondônia, casos de assassinatos. Hoje nós estamos vivendo a partidarização da justiça de certa maneira, a justiça burguesa tomando o lado realmente. Enquanto nós vivemos uma perseguição no âmbito da Educação, tentando tolher a nossa liberdade, nos acusando de partidarizar, mas nós temos, na verdade, uma justiça partidária, uma justiça que tem lado e que está aí a mando de outros interesses, a fim de silenciar as lideranças sociais, as lideranças dos trabalhadores.
Então, mais do que nunca esse momento, essa tarde aqui é para somar a força novamente em apoio ao Aldo. Mas também nessa luta que nós vamos ter que enfrentar, de agora para frente, com relação ao fortalecimento dessa perseguição. Então, mais que nunca, unidos, lutando e apoiando os movimentos sociais, muita força para os movimentos sociais e força aos trabalhadores nesse contexto de luta.

Dr. MARCOS SILVA E SILVA- PRESIDENTE DA APROFFIB
É bom a gente se reunir, às vezes, para falar de uma pessoa que representa a luta dos movimentos sociais, a luta pela democracia, e a gente nunca pensou que aquelas velhas teorias da conspiração de que o sistema inteiro estaria contra ao povo, agora a gente está vendo, o sistema inteiro está contra a gente. A gente tem que ter consciência disso, a mídia, a polícia, o judiciário, o sistema inteiro está contra o povo.
Vou contar uma história aqui do Aldo, que é uma história que representa o momento dele. Lá em Santo André, que é aonde estou, teve uma manifestação, o Aldo estava naquela praça, na Concha acústica de Santo André, do lado da igreja, de repente, o pai de uma mocinha chegou para reclamar com o Aldo porque a menina estava ali conversando com ele sobre política, falando de PSOL, falando de luta. O pai da menina chamou o Aldo de canto para reprimi-lo, porque ele não queria que fizesse aquilo.  Eu vendo aquela situação por inteira, tirei uma foto do Aldo e lembrei de uma história, que eu sou de filosofia, lembrei de Sócrates.
Para quem não conhece, o Sócrates foi um filósofo que foi condenado por corromper a juventude, e rapidamente eu fiz a associação entre o Aldo e o Sócrates, cada um na sua medida. Porque o Sócrates foi condenado à morte, teve que tomar cicuta para negar a verdade que ele manifestava com os meninos ali na democracia e o Aldo foi condenado pelo pai porque estava “corrompendo” aquela menina ali naquela hora. Agora eu vejo do Aldo é um pouco pior que o Sócrates. O Sócrates foi covarde, porque ele tirou a própria vida e não quis lutar pela verdade, ele não negou a verdade, mas não lutou por ela. O Aldo é diferente, sinto que ele não aceita a condenação, e luta pela verdade, ou seja, luta pela justiça. E o que é mais bonito, no momento da morte de Sócrates, praticamente ele estava sozinho, tinha cinco ou seis com ele, no momento dessa injustiça contra o Aldo a gente percebe que ele não está sozinho.
E uma coisa que temos que ter em nossas cabeças, caso isso continue, não é contra o Aldo, mas é contra tudo aquilo que nós acreditamos, é contra o direito da minoria, é contra a moradia, é contra a educação, é contra as pessoas individuais. O Aldo representa aqui o que é o problema da maioria, mas a gente não pode esmorecer porque ainda há luz no fim do horizonte e essa luz é um pouco do raio de sol, PSOL.


 HORÁCIO NETO-ADVOGADO
A gente quer manifestar aqui também a nossa solidariedade ao companheiro Aldo e à outra companheira que também foi condenada nesse processo, a Camila, que está em outra atividade agora. Então, eu quero dizer a vocês que a gente vem lutando nesse processo desde 2004, quando ocorreu o Movimento por Moradia no terreno da Volkswagen, e foi com a direção do MTST, que já vem desde daquela época. Eu era vereador assim como o Aldo, na época, eu era vereador em São Caetano. O Aldo participou no apoio ao Movimento de Moradia dos trabalhadores e trabalhadoras diretamente como vereador de São Bernardo, nós apoiamos também, como vereador de São Caetano, não nos ligamos diretamente ao Movimento.
E a partir daí surgiu uma série de acusações, a Câmara Municipal daqui isentou o companheiro Aldo de qualquer ato ilegal, mas o Ministério Público da cidade propôs uma ação civil pública contra os líderes do movimento, que eram do MTST, a Camila, inclusive que fazia parte, e contra o Aldo Santos, vereador que estava apoiando o movimento. A acusação era de praticar-se atos contra a ordem urbanística, coisas assim, desse nível, e o processo correu os envolvidos, os participantes foram absolvidos aqui em São Bernardo do Campo e o Ministério Público recorreu para São Paulo. Em São Paulo, ocorreu uma dura condenação aos militantes e ao Aldo e nós recorremos para Brasília, onde conseguimos anular esse julgamento, nós apontamos uma falha no julgamento, porque não tinham levado em conta um dos argumentos da nossa defesa, em suma, que o Movimento era legítimo e que a participação do parlamentar era no apoio a esse movimento. Aí o processo voltou para São Paulo para um outro julgamento e nisso corre os anos, e nesse outro julgamento que a gente tinha a expectativa de que ocorreria algo diferente, o Tribunal saneou a falha que tinha sido apontada, a omissão que tinha sido apontada e confirmou a condenação.
E a partir daí nós recorremos novamente ao STF e ao Superior Tribunal de Justiça, mas esgotamos todos os argumentos, e não conseguimos reverter a decisão que transitou em julgado agora recentemente, em 2018. Então, o processo voltou para São Bernardo e está agora em fase de execução, a luta jurídica continua, inclusive com reforço dos companheiros advogados da APEOESP e com o Luiz Eduardo Greenhalgh, que também é advogado da APEOESP, e conhecido dos movimentos sociais.
Nós estamos fazendo resistência à uma execução que está bloqueando as contas do Aldo Santos, e ameaçando penhorar imóveis e assim por diante. Então, nós achamos que nesse momento cabe levantar duas bandeiras: a bandeira jurídica, que é a resistência à essa execução, nós entramos com recurso feito pelo companheiro da APEOESP; e estamos também fazendo a luta política, como exemplo esse ato, e outras iniciativas que virão.
Então, quero aqui novamente manifestar solidariedade ao companheiro Aldo e dizer que estamos juntos nessa luta, vamos até o fim, porque esse ato na verdade é contra também a criminalização dos movimentos sociais que já vem lá detrás, em 2004, e que hoje está tão na moda falar em criminalização, mas lá atrás já tinha isso. Nós temos que estar juntos nessa luta.

SERGINHO HORA - PROFESSOR E CONSELHEIRO TUTELAR, NA ÉPOCA
Eu estava conselheiro tutelar naquele período, o Léo, que é conselheiro hoje, também estava na ocupação, fui todos os dias no terreno, desde do primeiro dia. Um dia antes, o Derinho passou no conselho tutelar, a gente conversou um pouco, e aí no sábado de madrugada ocorreu, de uma hora para outra, o número de pessoas era muito grande, o número de crianças era muito grande. Um processo extremamente complexo, porque de onde essas pessoas vinham não tinha saneamento básico, elas não tinham condição de pagar aluguel, era um período difícil, de uma conjuntura extremamente difícil do ponto de vista municipal.
O Dib era o prefeito da cidade, nós não tínhamos projetos de moradia popular na cidade, e era o início do governo Lula. O pessoal vai para a ocupação, alguns jovens, naquele momento o companheiro Guilherme Boulos era uma das lideranças, a Camila e outras lideranças, algumas ligadas à USP, eles tinham uma relação muito próxima com o projeto Meninos e Meninas de Rua, o companheiro Marcelo Buzetto, do MST que estava junto com o MTST nesse processo. A ocupação ocorreu porque teve um trabalho muito grande, o projeto estava envolvido, algumas igrejas, o pastor Levi, e outros companheiros que estavam nesse processo.
Eu estive lá todos os dias, participei do dia inclusive que o jornalista levou o tiro, nós estávamos saindo com mil registros de nascimento de crianças lá e o tiro aconteceu na nossa frente. Na verdade, assaltaram um posto de gasolina que tinha ali perto e um dos jornalistas acabou fotografando ou filmando e o pessoal que assaltou veio e pediu a câmera e o cara não deu e deram tiro nele. E aí virou uma tragédia nacional aquele processo, porque se voltou contra a ocupação naqueles primeiros momentos. Aquele terreno era da Volkswagen, que devia muito imposto, estava largado aquilo, nós participamos de todas as negociações, inclusive no comando junto com o Ivan, Horácio, o Guilherme, Aldo, o Wagner, alguns vereadores daqui da região, com muita gente. Um dia o Guilherme Boulos saiu no meio da negociação porque ele se estranhou com um dos comandantes e foi embora porque o que eles queriam de fato é desocupar de uma vez por todas.
O conselho tutelar, nós tivemos uma posição bem interessante, na época, tentamos segurar ao máximo, fizemos uma representação para o juiz, eu e o ILacir fomos chamados pelo juiz para falar, porque o prefeito foi lá e pediu as nossas cabeças.  A gente teve argumento para conversar com o juiz e num determinado momento a conversa foi essa "Se você vai tirar o pessoa de lá, você tem que arrumar um lugar para eles, não pode ser desse jeito." Aí, o doutor Luiz tirou um pouco o pé nesse processo, mas foi extremamente complexo. Eu estive lá no penúltimo dia, na manhã seguinte era a desocupação, nós sabíamos porque o conselho tutelar, sempre que há uma reintegração de posse tem a função de resguardar o direito das crianças que estão lá.
O conselho tutelar é obrigado a acompanhar o processo, tinha uma ordem judicial solicitando isso. Eu fui à noite lá, era uma noite fria, o lugar era bem escuro, e aí encontrei alguns companheiros lá dentro da ocupação, no outro dia seria a reintegração de posse. Eles usaram 800 policiais para fazer a reintegração de posse, fecharam as escolas da região, eles tinham toda a informação. Quando eu chego lá encontro alguns companheiros sentados no chão, entre eles o companheiro Aldo Santos, que foi presente nessa ocupação o tempo inteiro, tentando fazer com que aquelas pessoas não tivessem seus direitos violados mais do que elas já tinham, porque viver numa condição daquela, debaixo de uma lona preta, daquele jeito que estava, não era tranquilo. As noites eram frias, os dias quentes, muito quentes, muitas crianças lá, uma situação extremamente complexa. Quando eu cheguei lá dentro, eu posso até cometer alguma injustiça, mas encontrei a Irene sentada no chão, companheira de Diadema, o companheiro Wagner Lino, companheiro Aldo Santos, eu sei que tinha um advogado que estava acompanhando, eu lembro mais desse pessoal, o Melão esteve lá o tempo inteiro, a Rosa do Fórum Municipal da Criança, estava lá todos os dias, todas as lideranças aqui da região iam para lá para colaborar, para que aquilo não virasse uma tragédia.
Eu vim aqui dizer o seguinte, Aldo, um vereador só tem sentido de ser se for para estar ao lado das pessoas que necessitam, não é fiscalizar, dar o parlamento, aquela chatice que é lá, é ir para rua e defender aqueles que precisam, você teve a posição correta, companheiro, e aqueles companheiros todos que estavam lá tiveram a posição correta. Nós lutamos contra uma justiça entre aspas, que só comete injustiça, principalmente quando é com os pobres, porque eles podiam muito bem - 3 mil pessoas estavam lá, aquelas pessoas não tinham saneamento básico, havia muita criança, era uma situação horrorosa - podiam muito bem ter negociado aquele terreno, as pessoas não queriam de graça, queriam que se fizesse uma negociação.
Então, Aldo, eu vim aqui para falar que estamos solidários, sabemos que é uma questão complexa. É difícil ficar com o salário bloqueado, porque não é nenhum empresário que está com o pagamento trancado lá, é um trabalhador aposentado, professor, que não deve ser 10 mil reais sua aposentadoria. Então, eu entendo e a gente está solidário aqui, inclusive para se juntar a qualquer solidariedade que for feita.

ALBERT - MEL (MOVIMENTO ESTUDANTIL LIVRE)
Eu gostei muito da fala do professor que falou sobre Sócrates, me identifiquei muito, porque o Aldo é uma figura muito importante para a juventude. Mais do que as palavras, mas também como o papel de educador de exemplo, acho que ele é um exemplo para gente de responsabilidade da luta, não só de um período, mas a luta da vida inteira. Como aquele poema, que diz "Pessoas que lutam um dia são boas, que lutam anos são melhores ainda, agora quem luta a vida inteira são imprescindíveis".
Acho que para a gente esse é um exemplo, principalmente essa questão da responsabilidade. E também ser responsável para lutar contra essa condenação, que é uma condenação contra a gente, temos que levar para as pessoas, na faculdade, na escola, no lugar de serviço essa questão, estar divulgando, levando abaixo-assinado, chamando para o próximo ato, acho que é uma responsabilidade inclusive moral, ainda mais nesse momento que a gente está lutando contra o fim da aposentadoria, tem um companheiro nosso que está com a aposentadoria ameaçada. A gente teve a eleição agora que o Guilherme Boulos foi candidato a presidente, a gente tem um companheiro que apoiou a ocupação que está sendo condenado, então, acho que a gente tem o dever moral de estar todo dia falando isso com as pessoas, estar levando esse material, estar divulgando o máximo possível e lutando, porque é a gente que está sendo condenado também.

 

HÉLIO - MILITANTE DO MTST
Referente ao Aldo Santos, essa ocupação em 2004 eu não acompanhei, eu não vou comentar nada sobre isso, mas escutei muito sobre, ele falou muito. Inclusive, eu e o Aldo, a gente anda muito nos movimentos, ele é uma influência para a juventude, não só para mim, mas para todos do movimento principalmente. Sempre estava fortalecendo no momento bom ou difícil, coloca o pé na lama, ajuda lá nos barracos, sempre vimos você lá Aldo na Scania. Acho que é assim como o Lula, onde vai parar esse Brasil? Hoje você ajudar os menos favorecidos, a classe trabalhadora, a classe pobre desse país, você pode ser condenado, seguindo exemplo do Aldo Santos, onde nós vamos parar desse jeito?

HÉLDER - RESISTÊNCIA/PSOL
Eu vim trazer a solidariedade da Resistência, sou o Hélder do PSOL aqui de São Bernardo. E lembrar o que alguns companheiros já disseram, que a gente está num momento de grande ofensiva da burguesia, dos opressores sobre os trabalhadores, e para arrancar nossos direitos eles vão atacar aqueles que lutam pelos direitos, isso foi o que fizeram com o companheiro Aldo Santos. Isso é o que fazem no campo do Brasil, matando os lutadores do campo, na cidade, criminalizando os movimentos dos trabalhadores, dos Sem Teto, o que eles querem fazer é nos esmagar e a gente tem que resistir contra isso.
A gente vê uma ofensiva tentando formalizar com um pacote anticrime do senhor Sérgio Moro, que quer colocar a prisão após 2ª instância e ampliar o conceito de legítima defesa para o policial, que a gente sabe que no Brasil hoje há um verdadeiro genocídio da juventude negra. A gente sabe que nesse país se não enfrentar isso nós seremos esmagados. A gente tem que enfrentar essa condenação ao companheiro Aldo Santos, que é uma condenação muito grave e cassação aos direitos políticos, e também congelamento dos bens, é um ataque a todos nós como já disseram aqui. A gente tem que seguir firme na luta, porque senão eles vão nos derrotar e a gente não vai deixar isso acontecer. Queria trazer essa solidariedade aqui dos companheiros da Resistência e falar para o companheiro Aldo que a gente está na luta, a gente vai ter que denunciar isso cada vez mais e vamos seguir firmes.

JOSÉ GERALDO - VEREADOR DE HORTOLÂNDIA (SP)
O vereador Aldo Santos talvez seja o camarada mais corajoso que eu já conheci até hoje e punir o Aldo Santos hoje é punir a coragem. Mais do que punir a coragem, punir a coragem de um homem extremamente generoso nas suas ações, do homem que sempre me ensinou, e eu quero dizer isso, porque é necessário, a aprender de onde você está, tudo tem que ter um lado. O Aldo sempre disse isso "De que lado você está?" O Aldo nunca ameaçou a estar no outro lado que não fosse a classe trabalhadora, do lado dos oprimidos. Foi com o Aldo que eu aprendi a lutar contra os preconceitos, contra todo tipo de opressão aos trabalhadores. E o Aldo por alguns momentos abandonou São Bernardo e foi pregar essa forma de fazer política com coerência no interior, nós estamos no 4º mandato em Hortolândia, mas felizmente fomos educados na política pelo Aldo. Com grande contribuição do companheiro Chicão, grande militante, lá em Hortolândia, das causas dos que mais precisam, mas se nós atuamos lá no movimento de moradia, no movimento da educação, dos estudantes, foi pelo aprendizado de que vale a pena fazer política quando se tem lado e quando se está do lado daquele que precisa da luta.
Para mim, Aldo, estar aqui, apesar da tristeza, saber que quem luta é punido nesse país, também é uma alegria em saber que, a partir daqueles que te oprimem, aqueles que te tentam calar, nós vamos criar também uma revolta, uma insatisfação vai servir de aprendizado na luta histórica, servir para a gente aqui como motivação para continuar junto com você construindo sonhos mais libertadores, mais emancipadores, e de solidariedade aos movimentos sociais. Não poderia não estar aqui, porque toda a minha vida política você nos educou, nos preparou para enfrentar os momentos difíceis, se você está num momento difícil agora, acho que todos aqueles que você deu a mão, de uma forma ou de outra, o mínimo de coerência é vir aqui e dizer que estamos juntos, se tiver que sofrer sofremos juntos, se tiver que lutar, lutamos juntos. Obrigado pela sua história que tanto nos ensinou.

ANA VALIM - JORNALISTA E ESCRITORA
Falar do Aldo é muito fácil, como jornalista sempre o vi como notícia. Onde está o Aldo tem notícia, porque tem rebeldia, porque tem ousadia, porque tem o lado B dos acontecimentos. Eu conheci o Aldo na igreja católica e ele já era lado B. Eu querendo voar e o Aldo o cara alado, mas que não voa sozinho. Ele tem sempre uma motivação, ele tem sempre uma palavra, ele tem uma cara de taturana, mas não é tão bravo quanto parece. Então, é isso, a gente vai apoiá-lo a vida inteira, porque ele é um mestre, para mim é um mestre.

JOÃOZINHO - APEOESP
Dá até calor falar do Aldo. Sou João Carlos, sou professor de Educação Física, moro na zona leste, estou cada vez mais em São Bernardo, e é boa essa experiência porque eu aprendo com o Aldo. Eu chamo duas pessoas de mestre na militância política, uma é clavada de ironia e outra a clavada de sinceridade, com o Aldo sempre falo "O, mestre, como você está? Vamos tomar um café?" e é clavado de sinceridade. Gostei muito da citação do Marcos, porque eu observo muito o Aldo como esse cara que é cercado pela juventude. E quem é cercado da juventude nesse mundo duro da disputa política, mesmo na esquerda que a gente quer o mundo justo, fraterno, solidário, é um mundo que, às vezes, nos desumaniza, nos rouba sorriso, alegria, porque há embate?
Nós que militamos no mundo sindical, por mais que a gente queira desenhar um mundo mais justo, alegre, é muito pesado, e o Aldo traz essa leveza, mesmo sendo jovem há mais tempo que a gente. Então, essa coisa socrática que o Marcos citou, nosso Sócrates do ABC, guardando as medidas, diferenças históricas e intelectuais, acho que ele é esse exemplo. Todos as lutas justas o Aldo está, as lutas partidárias, as lutas da juventude, do movimento sindical, social, e é legal a gente poder elogiar alguém que não é da nossa corrente, nunca fui da corrente do Aldo, nunca fomos da mesma central, quando o conheci já estava saindo da CUT.
E essa admiração sincera, quando ela não é em troca de nada, é só em troca do exemplo, da generosidade, acho que é a coisa mais cara, mais rica na política, que é esse desprendimento, que está sempre cercado das pessoas mais diversas, das várias idades e das correntes. Eu sempre brigo com os caras e essa disputa toda "Ah, mas cita muito o Aldo, ele nunca estava aqui nesse espaço físico ou ideológico com a gente". Mas eu cito pelo exemplo, pela caminhada pelo histórico. Então, fica aqui a solidariedade da Escola e da Luta, da Intersindical, da APEOESP, nós nunca nos furtamos de fazer a defesa, seja o doutor Cesar Pimentel, seja o Greenhalgh, que foi indicação da própria oposição, o Paulo e de outros valorosos que não estão aqui, Serginho e outros. E o que gente pode fazer para você nesse mundo duro, agressivo, às vezes, espinhoso, é a solidariedade.

PAULO NEVES- APEOESP E TLS
Conheci o Aldo na época do PT, meados dos anos 80, o Aldo, eu, companheiro Chicão, nós travamos várias lutas, o Tonho, Elton, Sampaio, Margarida, Ângela, Angélica também. E na realidade para mim ali foi o jardim da infância das lutas sociais, dos movimentos políticos. Depois Aldo se elegeu vereador, primeiro embate que nós tivemos foi de apoio diretamente contra o PT. O Aldo foi eleito pelo PT em 88, assumiu o mandato em 89, e logo no início do mandato teve uma ocupação no Riacho Grande, e foi o pessoal do Jurubeba que ocupou um local depois passou a chamar Vila Lulaldo. E na época, o pessoal veio até à Câmara tentar falar para que o Maurício desapropriasse a área, mas ele se negou a receber o movimento, o movimento ocupou o paço, e, por conta disso, o Aldo tinha sido ameaçado de expulsão do PT em 89. E naquela oportunidade ele colocou o seguinte "Se o preço que eu tenho a pagar é a expulsão do partido, eu vou pagar o preço, vou ficar do lado no movimento".
O Aldo sempre teve essa concepção de princípio como guia. Depois teve a luta do Passe Livre e nós lotamos essa Câmara com mais de 500 estudantes, através da UMES - União Municipal dos Estudantes Secundaristas, nós aprovamos o projeto do passe livre, que na época o PT dizia que era um projeto demagógico e que muitas décadas depois várias prefeituras implementaram. Mas na época, inclusive o Aldo sofreu e teve que derrubar o veto, o Maurício vetou e a Câmara aprovou, depois o Mauricio vetou o projeto e depois a Câmara derrubou o veto que tinha sido apontado pelo Maurício, que entrou na justiça para não cumprir a lei. Então, vejam que é uma sequência de lutas sociais na área de habitação e defesa dos despossuídos, é uma sequência encabeçando a luta e ajudando nas lutas dos movimentos sociais, ao lado do sindical, ao lado da APOESP.
Eu lembro das batalhas que nós travamos aqui numa greve contra o Fleury, tem até uma foto histórica em que o Aldo está praticamente quase sendo engolido por um cachorro pastor alemão da tropa de choque. Depois teve aquela greve de 2000 quando a tropa de choque nos encurralou na Paulista e jogaram bomba de gás lacrimogênio e bala de borracha nos professores, e depois no dia seguinte teve o episódio com o Covas aqui em São Bernardo, que triste memória. Mas o Aldo sempre esteve do lado, incentivando, e enfrentando os poderosos nesse país.
Essa questão da ocupação Santo Dias foi uma questão pedagógica, porque concretamente foi uma atitude corajosa, correta que o companheiro tomou, e essa punição é uma punição que a burguesia desse país tenta apontar, encaminhando para a conclusão. Ontem eu participei de uma aula magna na Câmara Municipal de São Paulo, que foi proferida pela professora Maria Lucia Fattorelli, onde ela colocava alguns elementos que o Brasil foi sequestrado por uma carta de banqueiros. Só para você ter uma ideia, há no Brasil, hoje, 320 mil empresários que recebem mais de 300 salários mínimos e não pagam nenhum imposto, vocês sabiam disso? No Brasil os banqueiros, as sobras dos empréstimos consignados, quando chega no final do ano, eles depositam no Banco Central e exigem que seja pago o chamado empréstimo remunerado de forma voluntária, e o Banco Central tem que pagar para esses banqueiros.
Nos últimos 10 anos, o Banco Central gostou quase 800 bilhões de reais nessa operação ilegal, que não existe previsão legal para fazer esse tipo de alteração. E é esse tipo de roubalheira total do saqueamento do estado brasileiro que eles querem manter. E é por isso que eles estão punindo os lutadores, companheiros como o Aldo e outras centenas de lutadores desse país têm sido punidos rigorosamente. Exatamente para não questionar esse sistema, que eles querem manter submetendo milhões de brasileiros na miséria, a morar nas piores condições, a amargarem o desemprego que hoje atinge 60 milhões de trabalhadores desempregados ou subempregados e com empregos precários nesse país, que foi uma política deliberada a partir de 2015.
Nós vamos continuar nessa campanha, fazer vários atos, mexeu com o companheiro Aldo, mexeu com todos nós. A juventude uma vez aqui falava o seguinte "O professor é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo". O companheiro Aldo é nosso amigo, mexeu com ele mexeu com todos nós, se precisar vamos fazer vaquinha para garantir o salário do companheiro e não por isso que o companheiro vai passar privação ou vai passar necessidade. Nós vamos à luta e pode contar conosco, companheiro. 

CHININHA - MILITANTE DA IGREJA CATÓLICA
O Aldo conquistou nosso coração em 1974. Lá em 74 que a gente começou a participar junto do movimento e o Aldo sempre foi esse sujeito aí, querendo discutir as coisas e perguntando o porquê das coisas e questionando a razão de ser de certas coisas. Quando ela falou que eu ia falar aqui, lembrei de uma passagem de Dom Hélder, que ele dizia assim "Quando eu dou pão ao pobre, sou um santo, mas quando eu pergunto a razão da pobreza eu sou um comunista." É essa a passagem, quando ele faz essas perguntas, a sociedade o chama de comunista, o isola. Mas, esse é o Aldo, ele passou a vida inteira, desde que conheci o Aldo lá atrás, e toda a família dele, ele é esse questionador, esse que quer ir a fundo nas relações. E quem faz esse caminho, a sociedade cobra um preço, porque esse sistema que a gente vive, esse sistema capitalista, ele transforma tudo em mercadoria. Então, quem vive questionando que a vida não é mercadoria é um confronto a esse sistema maluco que a gente vive, e o Aldo é esse sujeito.


CARMELICE - DIRETORA DE ESCOLA
Gente, eu estou aqui representando a educação, e eu quero dizer, assim, 30 anos na educação, já vivi de tudo, fui perseguida também, eu acho isso uma injustiça muito grande o que está sendo feito. Temos que lutar contra isso mesmo, porque quem está do lado da verdade sempre tem aquele que quer destruir todo um trabalho. Estamos com você Aldo, é um carinho muito grande que todos têm por ele e estamos juntos.

SUELI - SOCIALISMO OU BARBÁRIE
Eu estava falando ali que eu queria uma fala mais política, pensando na questão do Aldo, mas não tem como a gente não falar um pouco da nossa história. Eu comecei a militar há 25 anos, no Movimento Secundarista, num grupo chamado Ação Estudantil e praticamente no gabinete do vereador Aldo Santos. Então, a gente sabe do apoio que o Aldo nos deu naquela luta secundarista, pelo passe livre aqui na cidade, e o quanto o mandato do Aldo era muito importante para nós que estávamos na luta naquele momento. Anos depois eu fui ser funcionária da subsede da APEOESP, acompanhei diariamente durante três anos também a militância do Aldo. Então, acho importante dizer isso, que quando hoje estão atacando o lutador Aldo Santos, atacam também a nossa luta, a nossa história na cidade, a luta de tanta gente que esteve ao lado do Aldo neste período.
Então, agora como militante do Socialismo ou Barbárie, dizer Aldo que nós estamos do seu lado, vamos lutar com você e contra mais esse ataque. Nós sabemos que esse sistema vai continuar atacando os lutadores, nós perdemos a nossa companheira Marielle, nós temos pelo país muitos lutadores que estão sendo atacados e o Aldo é mais um deles. Então, nós estamos juntos, não vamos deixar que isso aconteça, todo o nosso apoio Aldo.

ELIANE - COORDENAÇÃO DA SUBSEDE SUMARÉ
Acho que todo mundo aqui tem uma história com o Aldo, a gente lá não é diferente. Sou professora da rede estadual, diretora da APEOESP também, comecei minha militância na APEOESP em 2001. E o Aldo foi um dos sujeitos mais importantes para nossa subsede, hoje é uma das subsedes de oposição mais atuante do interior. Ele deu vários exemplos, qualificou muito os debates na subsede, elevou o nível da discussão. Conseguiu que a gente mantivesse por esses 18 anos uma atuação que hoje orgulha muitos professores daquela região. Assim, a gente está feliz a certo modo de ter esse número de pessoas hoje aqui por um bem comum, porque quando ataca um lutador, ataca todos os lutadores. Ao mesmo tempo, a gente não pode perder a nossa capacidade de nos indignar diante das barbáries que estão sendo feitas com nossos trabalhadores e trabalhadoras e com todo o povo do Brasil.
Acho que esse é um momento muito duro, momento muito difícil, mas eu sempre digo que são nas lutas que a gente se reconhece e hoje a gente se reconhece aqui numa luta muito importante, de extrema necessidade que a gente está aqui hoje. E dizer ao Aldo que a gente está de novo junto, ombro a ombro, para trazer nossa solidariedade de Sumaré, Hortolândia, todos os professores e lutadores de lá. Aldo, estamos sempre presentes.

IVANILDO - ASSOCIAÇÃO OESTE E APEOESP
Venho como representante da APEOESP Diadema e do Movimento de Moradia Associação Oeste, também somos DE uma organização pela construção do Partido Operário, estamos aí na luta há algum tempo. Venho prestar a solidariedade em nome de meus companheiros ao Aldo, é uma luta reconhecida, que outros lutadores como Tonhão, Toni em Diadema já passaram. Enfim, é um repeteco do que acontece contra os defensores dos oprimidos. A gente encara esse momento da seguinte forma, em primeiro lugar, em virtude de tudo que passamos nunca recuar, acho que o companheiro aqui é um exemplo, a gente vive um momento de contra-ataque da grande burguesia, de contra-ataque do grande capital financeiro, estão como aves de rapina para retirar e retomar os direitos dos trabalhadores que foram conquistados à míngua, por isso a gente não pode recuar.
Trata-se de um governo com fortes tendências fascistas, basta observar os atos do cotidiano, apesar de parecerem idiotas, uma coisa é o lado pessoal do presidente, outra coisa é o caráter de governo, do estado, de como eles querem conduzir o estado. Então, o governo que aplaca os direitos do povo oprimido, mas, ao mesmo tempo, reforça o estado cada vez mais opressor. É um estado que é diminuído, aplacado quanto ao atendimento à população, aos serviços básicos, que terceiriza, privatiza, mas é um estado que vai se armando, que vai se ideologizando material e ideias para oprimir o povo trabalhador. É isso, Aldo, muito obrigado.

LEO - MEMBRO DO CONSELHO TUTELAR
Fui acampado na ocupação Santo Dias, na verdade a gente trabalhou fazendo trabalho de base dois anos antes da ocupação, fiquei lá do primeiro ao último dia. Quando eu convidei meu filho para vir hoje, o João, que hoje tem 17 anos, ele falou "Quem é Aldo Santos, pai?" Eu falei "Aldo Santos foi um dos vereadores que defendeu os direitos de a gente continuar morando no lugar que nós ocupamos, quando você tinha apenas três meses de idade". Hoje ele já está com 17 anos e tem acompanhado algumas lutas que a gente tem travado aqui no município. É até emocionante falar daquele processo de ocupação e do apoio que o Aldo Santos nos deu, porque a ocupação é uma forma de denunciar o déficit em moradia, ninguém quer morar embaixo de uma lona preta, ninguém quer morar numa área de risco, as pessoas lutam para ficarem bem, morarem bem. E o que nós estávamos fazendo e o Aldo reconheceu isso, era exatamente denunciar que a cidade tinha um déficit muito grande de habitação e muitas pessoas estavam morando em situação de risco, isso em 2003.
Acontece a reintegração de posse, sem observar que essas famílias tinham que ser encaminhadas para outro espaço e não aquele terreno, algumas pessoas continuaram, ficaram acampados aqui no paço, depois na praça da matriz, na APEOESP, depois foram para a quadra do Gaviões da Fiel, depois para o Brás, num galpão, enfim. Mas a grande maioria das pessoas voltou para a área de risco, para cima dos morros.
Em 2005, com as fortes chuvas que aconteceram em São Bernardo, essas famílias foram vitimizadas, 12 pessoas foram assassinadas pela justiça quando determinou que aquela área fosse reintegrada e não deu nenhum indicativo que as famílias precisavam ir para um lugar de proteção. Então, a justiça, de forma indireta, acaba por vitimizar e ceifar a vida de 12 pessoas, sendo sete crianças, lá na região do Silvina. Então, a irresponsabilidade que as pessoas têm tratado, por exemplo, o processo de acusação do Aldo, nos motiva a nos mobilizar para lutar contra as injustiças.
E aí, sei muito bem o que o Aldo deve estar sentindo, não nesse momento que ele se sente acolhido, vendo tantas pessoas importantes no processo de luta, se sente gratificado e tal. Mas na maior parte da nossa história a gente se sente meio inconformado, meio indignado com esse tipo de situação, e eu sei exatamente isso, porque nós estamos vivenciando o processo de escolha no conselho tutelar, e estão tentando também me tirar o direito de concorrer. E nós não podemos permitir que esse processo impeça o nosso companheiro Aldo Santos de ser candidato a prefeito e ser eleito a prefeito de São Bernardo do Campo, porque ele foi um bom vereador, um ótimo vereador e com certeza será um grande prefeito em São Bernardo.

MELÃO MONTEIRO - EX-VEREADOR/SBC
Não poderia deixar de estar presente nessa manifestação. Aceitar passivamente esse tipo de condenação é aceitar a condenação de todos nós que participamos dos movimentos sociais, é aceitar a condenação dos próprios movimentos sociais. E o momento em que nós estamos vivendo é momento de grande disputa social também. Então, assim, não podemos soltar a mão de ninguém e ter claro, Aldo, essa condenação não é sua, é de todos nós.
Nesse momento também, Guilherme Boulos, por exemplo, que foi nosso candidato a presidente do PSOL, está lá com trocentos processos judiciais, ou seja, se a gente permitir, tudo quanto é ato vai ser judicializado, não vão ser mais as disputas políticas ideológicas, mas vai ser a judicialização, principalmente das lideranças mais importantes desse país, e o resultado disso com certeza nós já sabemos qual será. Que será a nossa condenação, vide as regras que estão sendo impostas nesse Brasil, é só olhar o projeto de justiça que o nosso Ministro da Justiça está apresentando, as vítimas nós já sabemos quem serão.
Não podemos permitir que esse tipo de coisa aconteça. Então, nossa solidariedade é do núcleo PSOL de São Bernardo, mas também da nossa corrente, que em breve terá nova nomenclatura Ação Popular e Socialista, gostaria que a Rosa que apresentou essa monção no nosso encontro estadual pudesse estar trazendo aqui. E o nosso lema é esse mesmo "Ninguém solta a mão de ninguém" e vamos para cima deles, dia 14 de julho greve geral, não vamos dar mole não, está certo? E vamos lutar para tirar essas amarras que estão bloqueando suas contas, teu direito de cidadania às duras penas conquistadas. Queria chamar a Rosa aqui, que é a nossa coordenadora do grupo, coordenadora da corrente.

ROSA - AÇÃO POPULAR E SOCIALISTA
Teria muita coisa para falar da nossa história, da própria ocupação, de quanto a gente acompanhou, mas vou me restringir a apresentar a moção feita pela APS, moção de apoio ao companheiro Aldo Santos de repúdio à sua condenação injusta: “Nós militantes da APS São Paulo e companheiros e companheiras que participam do processo de construção da nova tendência do PSOL, vimos manifestar total apoio ao Aldo Santos, importante militante do PSOL e incansável lutador contra as injustiças sociais.
Aldo Santos é professor aposentado da rede pública e ex-vereador de São Bernardo do Campo. Durante toda sua trajetória política posicionou-se sempre, sem medir esforços, ao lado dos trabalhadores e trabalhadoras, em 2003, mais uma vez do lado certo da história colocou seu mandato de vereador a serviço das mulheres e homens que lutavam por direito constitucional à moradia durante a ocupação Santo Dias, realizada pelo MTST em São Bernardo. Por isso, tem sido dura e injustamente perseguido, sua condenação além de injusta é uma grande demonstração de perseguição política aos movimentos sociais e aos lutadores e lutadoras que se colocam ao lado do povo e contra as mazelas do grande capital. Por esses motivos, manifestamos também nosso repúdio à condenação do companheiro Aldo Santos”. Então, em nome da APS São Paulo, trago aqui a nossa moção e apoio total.

ANDRÉ RODRIGUES - INTERSINDICAL GUARULHOS
Não dá nem para explicar o sentimento que a gente presencia aqui, porque a gente tem um enfrentamento, que já é habitual com os governos, mas de tempos para cá esse enfrentamento nos colocou novos desafios. A perseguição aos movimentos, que é uma constante nesse país se intensificou, esse novo governo, o governo Bolsonaro tem intensificado esses ataques, essa perseguição, o governo Dória, enfim. A gente se vê num limite que, por mais que a gente apresente e identifique diferenças, nos coloca o único exercício, que é da unidade, da solidariedade, das mãos dadas como foi dito, ninguém vai soltar a mão de ninguém. Sou muito sensível a esse debate porque naquele momento do acampamento aqui em São Bernardo, nós nos enfrentávamos em Guarulhos também como uma das maiores ocupações que o MTST teve na sua história, na sua construção, que foi o da Anita Garibaldi.
Queria registrar aqui que somos solidários ao companheiro Aldo, mas somos solidários também à companheira Camila, que responde o mesmo processo, que enfrenta a mesma dificuldade, uma companheira que participou ativamente na direção do MTST, e claro, o companheiro Aldo que cumpriu uma tarefa naquele momento de parlamentar, que colocou o seu mandato, que tem isso na sua história. Esse é motivo de orgulho para qualquer lutador, de colocar seu mandato à disposição da luta, de colocar seu mandato à disposição dos lutadores e das lutadoras. E a gente tem esse desafio de enfrentar a justiça burguesa nos perseguindo, condenando companheiro, condenando a companheira, com uma única intenção que é nos calar, e isso, dessa trajetória toda por mais difícil que seja, o companheiro nos deixou um belo exemplo aqui que é de nunca ter se calado, que é de nunca ter se acuado.
O companheiro perdeu seu mandato, as urnas não foram tão generosas com a esquerda nos últimos anos, mas a gente está aqui se organizando, sem nos calar, ao lado ombro a ombro, de mãos dadas indo para cima dessa lógica burguesa que tenta nos oprimir, que tenta nos calar. Lá em Guarulhos nesse momento está tendo uma plenária da Povo Sem Medo, a gente está pautando isso lá também, foi colocado na coordenação, a gente quer ampliar essa campanha que tem que ser em defesa de cada lutador, em defesa de cada revolucionário, em defesa de cada um, de cada indivíduo que luta por aquilo que foi dito aqui, do direito mais básico que é a moradia. O companheiro nos disse aqui, ninguém quer morar em lona preta, a gente que ter moradia digna, a gente quer um teto, a gente quer dormir, a gente quer ficar sossegado, criar família, levantar de manhã cedo e trabalhar, e o estado a cada dia nos tira esse direito mais elementar, nós não vamos aceitar isso.
Vamos estar aqui todo mundo junto, quero saudar aqui o companheiro Aldo, a companheira Lúcia, que está cumprindo uma tarefa junto com a gente, os companheiros de outras correntes que estão aqui. Porque um detalhe importante eu gostaria de destacar é que naquele momento em 2003, início do governo Lula, a luta nos colocava em posições distintas, cada um aqui militava em uma corrente, e o mais interessante dessa história é que a luta nos trouxe para o mesmo lugar, a luta nos mostrou que a gente tem que estar do mesmo lado, independente das correntes ou das siglas partidárias.
Cada lutador, cada indivíduo que tem um sentimento progressista, que tem o seu ideal de sociedade justa, tem que estar aqui junto com a gente. Fico feliz de estar aqui participando dessa luta, mas muito triste e solidário também aos ataques que está sendo feito aos companheiros. Nós não vamos recuar nenhum milímetro, vamos juntos, boa sorte, Aldo, estamos juntos e daqui para frente não vamos recuar. Vamos para cima e o que a gente puder ajudar as nossas estruturas, as nossas subsedes a gente vai colocar à disposição dessa luta.

ALDO SANTOS
Primeiro quero agradecer a presença de todos aqui, agradecer a presença das figuras importantes, todos são importantes, mas a figura que nesse movimento estivemos ombro a ombro, que foi o Melão. Melão foi uma figura fantástica nessa ocupação e também sabe muito bem do que acontecia nos bastidores, do que acontecia na macro política geral. Muitas vezes, trocamos figurinhas, conversamos e sofremos muito, na ocasião, por conta do partido que estávamos. Por conta da possibilidade de se resolver um problema, mas que não tiveram vontade política para resolver, isso foi uma amargura para a gente na ocasião. Agradecer à Lúcia e à Soninha, que, assim como demais pessoas, têm tido papel fundamental na divulgação, na visibilidade dessas nossas atividades aqui. São duas companheiras que estão na APROFFESP, além do Chico Gretter, não vou falar nome para não incorrer no erro de não incluir pessoas, porque nossa política é de inclusão, não exclusão.
Mas, essas pessoas têm contribuído fortemente nesse compromisso. Às vezes, a gente vê um ato como esse, mas não sabe a dificuldade que dá para poder convencer pessoas, dialogar com as pessoas para estarem aqui presentes nessa atividade. Quero agradecer também, o Chicão, que é meu irmão, o Cleonaldo, que é também meu irmão, quero agradecer a meus filhos, agradecer minha filha, as duas netas lindas, a Lis é a mais recente, que chegou aí no campo da família e está aqui nos dando a honra da presença dela também. Ela vai tirar uma foto histórica, para dizer daqui 20, 30 ou 40 anos, para dizer "Estava lá na atividade do meu avô". É história, a história é assim. A Gi, assim, está todo mundo aqui presente. Agradecer aos amigos, aos companheiros que, na ocasião, trabalharam comigo na assessoria, não foi uma luta só do vereador, mas luta coletiva.
Quero registrar também o papel importante da companheira Angélica e da companheira Ângela, que tiveram junto aos movimentos sociais e às ocupações daquele momento. A Angélica, quem pegar aquele livro da Lulaldo vê lá a Angélica junto com os moradores, medindo o terreno, não sei se ela gosta daquela foto hoje, mas tenho orgulho daquela foto porque registrou um momento histórico e que ela estava lá, foi medido terreno por terreno. A Angélica que é a companheira do Chicão, que na época era subprefeito do Riacho Grande. Ele perdeu o cargo de subprefeito, porque entre ficar do lado dos moradores da ocupação da Lulaldo ou ficar com o cargo que ganhava muito bem, ele não teve dúvida de tomar partido e depois ficar desempregado. Então, eu acho que é um pouco do DNA da família essa luta aguerrida. Antes de continuar, quero pedir para o Chicão, que hoje mora em Hortolândia, é um empresário, tem uma vida, digamos assim, de certa forma, resolvida do ponto de vista econômico, mas tem uma solidariedade de classe, um compromisso, continua filiado ao PSOL, e é um companheiro que também fez história na cidade nessa ocupação da Lulaldo e na luta do Passe Livre. Então, queria que o Chicão, em nome da família e dos companheiros que estão aqui, pudesse também fazer uma saudação.


CHICÃO
Primeiro, quero dizer que esses atos são, pedindo licença à juventude, muito bons porque a gente encontra uns velhos aqui, pessoas que faz tempo que a gente não se vê. Gente da velha guarda, que também tem uma história interessante. Nós tivemos experiências enormes com o movimento e aqui tem gente que foi testemunha disso. A nossa experiência é interessante e o que eu mais gosto é porque ela conseguiu atrair camaradas, ela conseguiu atrair gente da igreja, é muito gratificante encontrar um velho companheiro como o Chininha, com quem atuamos há 40 anos.
Claro que os tempos mudaram e hoje nós estamos numa situação muito adversa, eu vejo companheiros aqui como o Uelton que já está com barba branca, gente que era jovem, e já fazíamos esse embate muito duro aqui. Me orgulha muito vir aqui, quero dizer uma coisa muito importante para vocês, aqui não tem sacanagem não, aqui nessa cidade tem alguns nomes que precisam ser respeitados, que passaram aqui, há centenas e centenas aqui nessa cidade, mas tem alguns que deveras precisam ser respeitados com toda a força. Gente como Alberto Souza, gente como Melão, gente como o companheiro Wagner Lino que faleceu, o companheiro Aldo, que não tem um dia de luta, que não tem uma luta no movimento, tem uma vida inteira, que abdicou de ver seus filhos crescerem, como eu. A nossa solidariedade não é qualquer uma, não é por puxa-saco, a gente vem aqui porque são gente séria, que tem compromisso com uma história mais limpa e pura, que é um compromisso com os despossuídos, com os que menos têm, com aqueles que precisam se organizar para fazer a mudança transformadora que nós precisamos.

ALDO SANTOS
Agradeço ao Chicão, que continua sendo uma pessoa com uma consciência política absolutamente limpa. E quero também agradecer às notas dos companheiros que nos têm chegado: a nota da APS; uma saudação do companheiro Vicentinho pelo WhatsApp; os companheiros do PSTU, que fizeram uma moção e foi entregue para gente, foi lida no último RE; os companheiros do Socialismo ou Barbárie, que também fizeram uma moção e foi distribuída; os companheiros da corrente que eu faço parte, a TLS, que também fizeram importante manifestação; os companheiros da Intersindical Nacional fizeram uma importante manifestação, moção de apoio; os companheiros do MTST Nacional que fizeram uma moção de apoio à essa luta; os companheiros do PSOL, tenho recebido vários apoios como o Melão mencionou e de outros partidos aqui do centro, inclusive o nosso presidente, o Tolentino, já tem feito menção a isso; o companheiro Giannazi, que se manifestou publicamente, no plenário da Assembleia Legislativa, quando estivemos lá, em defesa e combatendo e criticando essa situação; os companheiros da APROFFIB e da APROFFESP, que fizeram, através da contribuição do Chico e de outros, uma significativa nota de manifestação de apoio. Portanto, tem chegado apoio de vários lugares e de várias formas, dezenas de subsedes da APEOESP, o RE, o Conselho Estadual de Representantes da APEOESP.
Então, tem vindo manifestação porque é um pouco aquilo que o Melão disse de que não é uma condenação nominal, é uma condenação a um projeto político, que se contrapõe à lógica neoliberal. É um debate muito mais amplo, as pessoas pensam, muitas vezes, que é um debate localizado, é um vitimismo, mas não se trata disso. Nós precisamos reagir à lógica desses governantes que não veem no pobre o elemento central de transformação, de mudança e de condições de igualdade a ser assegurada. Nós vivemos hoje num país onde você tem quase 40 milhões de pessoas entre desempregados, pessoas que desistiram de procurar emprego e que estão à margem da sociedade. E essas pessoas não têm interlocução, não têm voz, muitas vezes porque não estão absolutamente organizadas, no sentido amplo da palavra.
Então, é fundamental que uma atividade como essa não se torne um fim em si mesma, de que cada um aqui, para além do que falou e para além do que escutou, também tenha responsabilidade nesse processo político. Nós estamos falando para nós mesmos? Estamos falando para nós mesmos, estamos falando para não desistirmos, não declinar da luta. Porque quando eles punem alguém, eles querem, com isso, gerar um tipo de medo nas pessoas, de preocupação nas pessoas. Eles prenderam o Lula, imagina o que vão fazer comigo, prenderam não sei mais quem, imagina o que vai acontecer comigo. Estava conversando com a Maria Irene, a possibilidade inclusive que pode chegar à prisão o nosso caso, pois tem elemento jurídico para isso.
Então, imagine um militante que está começando agora, companheiro do Movimento Estudantil Livre fala "Poxa, você está doido, você acha que eu vou entrar num trem desse. Você acha que vou me aproximar desse cara, desse grupo, que vou me aproximar dessa luta, desse partido?". Não vai. Mas aí nós estamos dizendo a vocês o seguinte, é um pouco que o Chicão disse, aqui não tem recuo, aqui não tem passo atrás, e não é de hoje não. Quando tiraram meu salário na época em que eu trabalhava no Mandaqui, na zona Norte, ganhava um salário mínimo por mês, eu fui brigar para que tivesse comida para os funcionários, o administrador me chamou "Aldo, vem cá, vamos conversar. Vamos combinar o seguinte, você chega do serviço vem aqui, vai comer com a gente lá na cozinha, cara." Eu falei "Cara, você é generoso, mas não é isso que estou pedindo. Eu estou pedindo que tem que ter comida para todo mundo." Aí os caras já viraram a cara.
Denunciei que estava chovendo na cama dos pacientes, era hospital de tuberculose, aonde estava a escória da sociedade entre aspas, chovia sobre a cama dos pacientes. Chamei a Folha de São Paulo na ocasião, em plena ditadura militar, vai lá um jornalista fantástico e faz uma puta reportagem, no outro dia sai na Folha de São Paulo escancarado, aí eu me lasquei todinho. Aí estava surgindo o PT, o PT manda o Luiz Eduardo Greenhalgh para me ajudar. Há poucos dias, a Maria Irene falou para mim "Pai, será que tudo será no início. Como no início será o fim?" Eu falei "Não tem fim ainda não."  Não tem fim, por enquanto não, porque o Greenhalgh me defende no começo e agora o Greenhalgh é colocado à disposição também nessa luta. Ou seja, 30 dias afastado, sem salário, numa miséria desgraçada, recém casado, com filho pequeno, Jardel tinha nascido, mas também não arredemos o pé, porque nossa luta era justa. Não é justo chover sobre a cama de pessoas que estão internadas, doentes, não é justo. Aí, estava em casa, a companheira na época e a família falavam "Esse cara é louco". Aí no dia do pagamento, chegaram lá uns companheiros que eu tive a honra de essa semana encontrar, o Jurandir na zona Norte (nós vamos fazer o encontro dos ex- trabalhadores do Mandaqui, 80% já morreu, mas os vivos vão se encontrar, vamos nos encontrar). Então, chegou o pessoal lá com o envelopezinho "Está aqui seu salário, que nós fizemos uma vaquinha no Mandaqui e eles não vão deixar você passar fome."
Você quer coisa mais gratificante do que essa, um reconhecimento desse, isso não é apenas um reconhecimento, isso é um oxigênio, estímulo para a luta, porque eles reconheceram naquele ato que não foi fácil. Eu me lembro da Silvani, a professora aqui de São Bernardo, que nós fomos protestar, em plena ditadura militar, na Secretaria Estadual de Saúde, ao lado do Hospital Emílio Ribas, lotando aquilo lá. Porque os caras estavam me perseguindo, me deram outro gancho, aí voltei e me afastaram do Mandaqui e fui trabalhar no Centro de Saúde com seis pessoas, o Mandaqui tinha mil pessoas e me transferiram compulsoriamente sem pedir. Ou seja, "Esse cara não pode ficar no meio do povo porque ele vai dar trabalho." Mas, mesmo assim, com seis pessoas fizemos agito lá com o pessoal, faltou vacina e eu chamei as mães e conversamos "Vamos lutar, que tal?".
Por que eu estou dizendo isso? Eu não quero cansar muito vocês, porque fazer discurso grande a gente sabe, mas não é o necessário. Mas eu sou um cara realizado, mesmo cearense que foi expulso da sua terra natal, que veio no pau-de-arara para cá com a família grande. Eu sou um cara realizado porque eu não negociei, não deixei de lado aquilo que aprendi com minha mãe e meu pai: que é ser honesto e lutar pela vida. Aprendi com eles, não aprendi com Karl Marx, o Karl Marx me aperfeiçoou, os outros me aperfeiçoaram, eu aprendi com eles que a vida vai modelando a gente, mas a gente não pode perder a origem da nossa vida. E minha vida inteira foi assim, a vida da minha família inteira foi assim, na base da labuta, sem ficar com medo do que vai acontecer. Com a devida responsabilidade, a gente tem sempre feito o que tem que ser feito.
O velho Plínio, uma vez eu tive um encontro com o PSOL, ele começou conversar e disse para todo mundo "Olha, não tem nada pior do que a pneumonia sem febre." E eu fiquei pensando, eu trabalhei 11 anos em hospital, eu sou auxiliar de enfermagem, fiquei pensando, de fato a pneumonia sem febre é porque o anticorpo não reage, não resiste e você vai definhando. O que eles querem é definhar a gente e não há sentimento mais difícil do que choro sem lágrima, tanto a pneumonia sem febre e o choro sem lágrima.
Às vezes, eu tenho chorado e não tem nem lágrima, porque praticamente secaram, mas aí choro sozinho porque a condição da vida é assim, não tenho solidão porque eu procuro nos meus amigos, nos meus companheiros militantes eu procuro sair da solidão, sair desse processo. Porque a depressão é quando você não tem com quem compartilhar as coisas, aí você tem que amargurar sozinho. Mas não é fácil, não é fácil você ser punido por uma coisa que você tem certeza que é sacanagem, justiça desses mandatários do poder, não é fácil.
Eu tenho passado por esses momentos difíceis, não é fácil, eu não compartilho com as pessoas, eu estou um pouco igual aquele elefante velho que chega a uma certa idade e vai se afastando da manada para poder ir organizando sua vida, poder ir aceitando as regras que a vida nos impõe, aceitando a regra da finitude. Mas, eu entendo que a nossa vida, sem o caráter necessariamente espiritual, está para além desse processo que é finitude mas está nesse processo histórico que eu acredito.
Não está sendo fácil, mas eu tenho convicção de que nós estamos certos, nós não estamos cometendo nenhuma ilicitude. Se alguém perguntar "Aldo, se você tivesse que fazer, repetir seu mandato, sua história de vida, as lutas na saúde, as lutas do Passe Livre em São Bernardo do Campo, se chocando com o Maurício e com o próprio PT, se você tivesse que voltar na luta do movimento negro para que a gente tivesse na cidade o feriado municipal, para que a gente tivesse na cidade não mais a comemoração da princesa Isabel, como era até então... Se você tivesse que continuar na luta sindical lá dos trabalhadores, muito mais apanhando do que batendo, na luta da habitação?" Eu diria a vocês, eu continuaria tudo de novo, começaria tudo de novo.
E vocês que estão aqui façam a parte de vocês, estou fazendo a minha parte, o coletivo nosso faz a nossa parte, o Melão fez a parte dele, o Chicão faz a parte dele, o Jorge faz a parte dele, o Joãozinho faz, o André faz, a Lúcia está fazendo, todos, o Serginho, todos os companheiros aqui, a juventude. Mas, nós temos, companheiros, o mundo a construir pela frente, porque enquanto existir trabalhador de cabeça baixa, que não tem muitas vezes o que cozinhar, e o dinheiro para procurar emprego... Enquanto existir uma sociedade opressora, aonde as pessoas não têm liberdade de se expressar como querem e como devem, uma sociedade aonde o feminicídio ataca covardemente as companheiras, matam as companheiras, nós não temos nenhum motivo para silenciar.
Muito pelo contrário, eu sonho com a destruição desse sistema capitalista, eu sonho de que um dia nós vamos conseguir, mesmo que eu não alcance, ou mesmo que não alcancemos, mas nós vamos um dia conseguir uma sociedade livre, uma sociedade justa, uma sociedade igualitária, aonde todos terão as condições e a oportunidade de ser o que são, mas nós não teremos a defasagem e o abismo social que nós vivemos na sociedade capitalista. É um sonho, um sonho que nós temos que sonhar, mas sonhar andando, não é sonhar parado, sonhar de mão estendida como nós fazemos com a juventude.
A juventude aqui vem estudar gratuitamente graças aos professores, vem estudar e alguns companheiros ainda não podem pagar passagem e nós estamos organizando uma feijoada para sábado que vem, porque esse dinheiro vai ser para ajudar a pagar a passagem daquele aluno que não tem condição para ele não parar de estudar. Porque não existe socialismo de mão retida, só existe socialismo de mão estendida. Porque eu sei da minha juventude, como era duro você pedir uma oportunidade e não ter muitas vezes uma mão estendida para te ajudar, eu sei que não é fácil.
E é esse o nosso projeto de construir o nosso país, de formar nesse país não só militantes que pensem em eleição de quatro em quatro anos, ou de dois em dois. Estou condenado a cinco anos a não participar das eleições, mas vou ajudar todos companheiros que tiverem se candidatando para poder, de fato, eles se candidatarem. Porque não é um projeto pessoal.
E se os governantes, o Supremo Tribunal acham que vão me calar porque me condenou a cinco anos, não vão me calar. Se acham que vão me calar tirando o meu salário, não vão me calar, porque sei que tenho pessoas solidárias e se eu falar "Gente, eu estou sem dinheiro para comprar ração para a cachorra." Eu sei que tem gente que vai chegar com a ração e vai me ajudar. O próprio sindicato que eu participo, sendo majoritariamente da articulação, é bem certo que se confiscarem o salário, vai repor meu salário para que eu não passe necessidade.
E se eles acham que vão me calar porque vão levar meu carro velho, que vale 5 ou 6 mil reais, mas foi comprado com dignidade, sem maracutaia, sem Lava Jato, foi comprado com dignidade. Não vão me calar, vou arrumar um jeito de andar, mesmo que eu tenha que reaprender o patins, bicicleta, vai ser difícil, mas não vão me impedir de andar. Se eles acham que vão me calar porque dizem que vão colocar a casa a leilão, quando eu morrer, não vou levar nenhuma casa para o enterro, muito menos para a gaveta, nenhuma casa, nenhuma. Se eles acham que vão me calar por conta de uma multa de 650 mil reais, que mesmo que eu tivesse outra vida, eu não conseguiria pagar, também não vão me calar.
Não vão me calar e não vão nos calar. Porque todos nós aqui temos consciência de classe, mas também nós temos muito ódio de classe, porque é inconcebível uma pessoa ter tudo, é inconcebível mil famílias terem tudo e a grande maioria viver na miséria absoluta. As pessoas não têm o que comer, a criança não tem leite para tomar, as pessoas não têm escola, até o SUS querem acabar.
Então, gente, quero agradecer vocês, dizer que isso daqui é um momento importante, mas não é único, dia 18 nós teremos um outro ato lá na Assembleia Legislativa de São Paulo, e no dia 29 nós vamos ter outro ato, outra atividade para pensar os próximos passos. Porque se essa revolta serviu para reunir essas pessoas, então nós vamos usar essa revolta para organizar ainda mais as pessoas, ainda mais o partido, ainda mais os sem teto, ainda mais os estudantes, ainda mais os filósofos, ainda mais os sem terra. Semana passada me chamaram para participar da nova categoria dos sem salário.
Então, eu quero dizer para vocês, que estou muito contente, viu Valim, muito contente, sua fala foi brilhante "O Aldo é alado, mas não voa sozinho." Isso é poético, isso é a fala de uma grande intelectual como a Valim e como as outras pessoas que falaram aqui, uma jornalista compromissada, não uma jornalista vendida, e além da fala de todo mundo que esteve aqui. Quero agradecer a presença de todos. Um grande abraço a todos e não tem recuo, não tem desânimo e vamos para frente. Nós temos um grande projeto para construir nesse país que é uma sociedade absolutamente antagônica com os valores da sociedade capitalista, que humilha, esmaga a classe trabalhadora. Nós temos que um dia colocar no patamar da civilização um novo projeto social e para isso é fundamental a participação do PSOL, a organização do partido político, para que a gente aponte os horizontes e lute conta esse governo, que além de incapaz não representa sequer mais aqueles que, equivocadamente, o elegeram na eleição passada. Grande abraço, até a vitória.
Transcrição das falas no primeiro ato de desagravo:  


Câmara Municipal de São Bernardo do Campo (SP.08 de junho de 2019