terça-feira, 9 de julho de 2019

Condenação do companheiro Aldo: a falsa neutralidade da justiça


Da violência
Do rio que tudo arrasta se diz violento
Mas não dizem violentas
As margens que o comprimem.
               Bertolt Brecht

Penso que não há saída para a humanidade nos marcos do capitalismo.
 Nos dizeres do sociólogo húngaro - recentemente falecido- Istvám Mésaros "a tendência devastadora ao desemprego crônico afeta até os países capitalistas mais adiantados. Ao mesmo tempo, também as pessoas  ainda empregadas naqueles países têm de suportar a piora de suas condições materiais de existência".
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"as contradições do sistema do capital só se podem agravar, trazendo consigo um perigo maior para a própria sobrevivência da humanidade". Do livro "O século XXI, socialismo ou barbárie".
Além disso, o sistema capitalista mantém uma relação com a natureza de profunda destruição ambiental, jamais vista na História da Humanidade.
Nestas circunstâncias como combater o capitalismo até a sua destruição e a construção de uma sociedade socialista?
Os ideólogos da burguesia procuram incutir na cabeça dos trabalhadores que as eleições - somente elas - mudarão suas vidas, desde que se votem com consciência e fiscalizem seus candidatos. A ideologia subjacente neste discurso é de que o voto consciente é capaz de operar grandes mudanças na vida das pessoas.
Os partidos reformistas de esquerda acreditam que as transformações se darão por dentro do capitalismo via eleições. Nesta perspectiva, se faz necessário eleger parlamentares comprometidos com os trabalhadores, com as lutas sociais, comprometidos com um combate sem trégua - fazendo reformas por dentro do parlamento - contra o capitalismo. Aí está o caminho das transformações, até chegarmos a uma sociedade socialista.
Penso que a tarefa de um partido socialista e revolucionário de fato é a mobilização permanente dos trabalhadores rumo a uma revolução socialista.
Participar das eleições para denunciar as mazelas do capitalismo, eleger parlamentares para colocar seus mandatos, seus gabinetes a serviço da mobilização permanente e das lutas dos trabalhadores. De nada adianta um parlamentar de esquerda se ele ficar trancado em seus gabinetes fazendo conchavos, longe das lutas dos trabalhadores.
O companheiro Aldo enquanto vereador fez o que um parlamentar de fato comprometido com os movimentos sociais tem a obrigação de fazer; colocar seu mandato, seu gabinete a serviço das lutas dos setores oprimidos e explorados da nossa sociedade.
O companheiro Aldo enquanto vereador esteve ao lado dos estudantes na luta pelo passe livre; esteve presente nas ocupações apoiando a luta dos sem tetos por moradia; participou ativamente das greves de todas as categorias que ocorriam na cidade; usou seu mandato para denunciar o machismo, a homofobia, o racismo etc.
Como vereador não se afastou da sala de aula. Sempre foi um militante ativo da APEOESP - Sindicato dos professores. Como militante da APEOESP participou de todas as greves em defesa de uma escola pública, laica, de qualidade para os filhos da classe trabalhadora. Participou inclusive da histórica ocupação da Assembleia Legislativa na grave de 1993.
Não usou seus mandatos em beneficio próprio, um meio de ganhar dinheiro, não se prevaricou, não se locupletou.
Não cedeu às benesses do cargo, manteve firme em seus princípios.
Portanto, a condenação do companheiro do Aldo tem cunho político.
O grande medo da burguesia é o despertar da consciência dos trabalhadores, as massas ocupando as ruas, as praças, as avenidas, lutando pelos seus direitos, contra a exploração e a dominação capitalista.
O companheiro Aldo fez justamente o que a burguesia mais teme; colocar seu mandato a serviço das lutas daqueles que são explorados, dominados, oprimidos. Este foi o "crime" que o Aldo cometeu. Para a burguesia é um "crime" que tem que  ser punido. Daí a sua condenação política.
Faço este depoimento sem medo de errar. Militei com o companheiro Aldo nos efervescentes anos 80 do século passado- luta contra a ditadura militar, reorganização do movimento operário com a criação da CUT e do PT, grandes greves dos operários do grande ABC.
Mas também travamos duros debates a respeito da conjuntura nacional e internacional, da melhor tática para se conduzir uma greve, o papel de um sindicato, a revolução socialista brasileira e por aí vai.
Sendo assim, sou testemunha da sua coerência política, do seu compromisso com "os de baixo" que vivem à margem da nossa sociedade.
TODA SOLIDARIEDADE AO COMPANHEIRO ALDO!
NÃO À SUA CONDENAÇÃO POLÍTICA!
Antonio Lucas Maciel - professor de História e Sociologia

Um comentário:

  1. Muito elucidativo o depoimento do companheiro combativo Antônio Lucas, concordo plenamente, a burguesia não perdoa aqueles que se atrevem a se lutar, a defender, a ficar do lado dos oprimidos, estes pagarão um preço elevado, haja visto o que está acontecendo com o ex presidente LULA da Silva, o Aldo merece respeito e toda solidariedade dos companheiros e lutadores

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