segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Reintegração de posse de famílias na Lulaldo foi adiada.



Segundo áudios que  recebi, os mesmos afirmam que  graças a mobilização dos moradores  a reintegração foi suspensa, sendo os moradores notificados para um novo prazo de 15 dias.

Para  o companheiro Ivo Macedo, Vice-presidente da Associação dos Moradores da Vila Lulaldo, ”Os caras  vieram  com um aparato para tirar, para derrubar mesmo. O Dr. Epaminondas  foi pra cima, notificaram as famílias  e agora temos 15 dias para correr atrás e resolver a situação dos moradores. Tem que correr atrás de uma alternativa, pois eles vão voltar”.

A  Rosangela  Marques  informou: “Olá pessoal, acabei de chegar agora da Vila Lulaldo, a reintegração foi adiada, tá bom. Não houve o ato,  e todas as 23 famílias foram notificadas e estão sendo orientadas pelo movimento social  e pelo Advogado do movimento, Dr Epaminondas que  estava lá desde cedo, acompanhou tudo e fui informada que ele entrou com agravo de instrumento contra essa liminar e conseguimos assim  um folego para essas famílias  verificarem como recorrer. Eu falei que estaria informando a comissão e fui como ativista do movimento, pois conheço a maioria dos moradores que moram lá. Mas eles pediram o acompanhamento da Comissão de Direitos Humanos da OAB de São Bernardo do Campo. Qualquer novidade  eu informo.”

Recebi inúmeras manifestações de solidariedade e de encorajamento para os moradores em luta. Outra manifestação que recebi e transcrevo, foi da Jornalista  Ana Valim:  “ Incrível, em vésperas do Natal, o prefeito Orlando Morando, católico, frequentador assíduo da missa de domingo no cemitério da Vila Euclides, mandando desalojar famílias. Imagine se ele fosse proprietário do estábulo onde Jesus nasceu, a pobre família de Nazaré certamente seria colocada na estrada. A luta pelo direito à moradia continua!!!!!! “.

No dia 03 de dezembro de 2020, a ocupação da Vila Lulaldo   completou  31 anos de existência, com  lutas e  resistência. Uma comunidade experiente e forjada na luta ao lado dos moradores e da população pobre em geral.

Mesmo impossibilitado de estar fisicamente presente, quero saudar a  diretoria  desta entidade  e as famílias em luta, que não medem esforços na organização, mobilização e articulação de efetivos apoios a luta da nossa classe.

Lutar, Resistir e Vencer é Preciso! 


Aldo Santos- Militante sindical,  do movimento social e da  luta Partidária

sábado, 5 de dezembro de 2020

É natural!



Sou campesino
Quando fora menino.
Vivo no mundo urbano
Num ritual des(humano).
Na solidão do ser
Do ter
Do sim e do não,O cosmo sempre em ação.
A reminiscência me leva
Ao altar do quintal
Me rendo a exuberância da natureza
O organismo vivo que é a terra
Que sem razão ou espírito
Tudo nutre, transforma e conserva.
Como parte da cosmologia
Harmonicamente, entoam uma universal sinfonia.
Encanta-me sobremaneira
A oferenda dos pés de flores
Que desabrocham na vida
Nas alegrias incontidas
Na poesia sentida
E na sublime emoção ou nas feridas
das dores.
Simboliza o nascimento,
A juventude
Que brilha
A maturidade das pétalas
E a volta a terra guia
Na vida contida
Contudo, convém
destacar e indagar
Flores vêm
Flores têm o espinho e perfume de si
Mesmo que murchem suas pétalas
Ou, injustificadamente
Cortem suas flores.
Sinta que a terra-vida
Como uma mãe combalida
Torna suas criaturas felizes
Perceba que apesar dos pesares
Vivemos a renovar
Porque também somos raízes.
Que viva a natureza universal
Onde tudo e todos somos raízes
E terra em potencial
Aldo Santos-Professor de filosofia, militante dos movimentos sociais e do Psol

sábado, 17 de outubro de 2020

Como a elite cabal manipula a opinião pública...

Por: Heba Ayyad


  Reuters Telegram é a primeira grande organização de notícias do mundo.  FundadFundadaةa por Paul Reuter (nascida Israel Bere Josaphat), a Reuter  ganhou reputação na Europa como a primeira a reportar "manchetes" do exterior, como o assassinato de Abraham Lincoln. 


 Hoje, quase todas as principais agências de notícias do mundo assinam a Reuters, que opera em mais de 200 cidades em 94 países em cerca de 20 idiomas.  


A criação do império da mídia Reuters marca um momento crítico na história, quando magnatas judeus começam a dominar a imprensa na Europa e nos Estados Unidos.  


Embora os fundadores e herdeiros da família Reuters já tenham falecido, a empresa pública hoje continua a vomitar propaganda pró-globalista e pró-sionista.  


O domínio judaico na imprensa portanto, na mente do público começou com a Reuters.


 Uma das marcas do totalitarismo é a conformidade em massa com uma narrativa oficial psicótica.  Não é uma narrativa oficial regular, como as narrativas da “Guerra Fria” ou da “Guerra ao Terror”.  Uma narrativa oficial totalmente delirante que tem pouca ou nenhuma conexão com a realidade e que é contrariada por uma preponderância de fatos.  Nazismo e Estalinismo eram exemplos do Culto Covidiano...


 Portanto, parece que a Guerra ao Populacho está se aproximando de um clímax emocionante.  Todas as peças adequadas estão no lugar para uma revolução de cores GloboCap Classe A, e talvez até uma guerra civil..vejam a situação do Paraguai, Colombia e Bolívia...


Você tem seu presidente trump-Nazista não autorizado, sua pandemia apocalíptica imaginária, sua violenta agitação civil identitária, sua população politicamente polarizada fortemente armada, seus rumores ameaçadores dos militares ... A Guerra contra o Populacho .. A Ata Final...


 Em 21 de março de 1933, o Reichstag controlado pelos nazistas aprovou uma lei tornando crime falar contra o governo.  


Os “Regulamentos do Presidente do Reich para a Defesa de Ataques Traiçoeiros contra o Governo da Revolta Nacional” tornavam até a mais leve expressão de dissidência da ideologia nazista uma ofensa criminal.  Esta nova lei, era a New Normal Gleichschaltung, ou: A invasão do edifício do Reichstag em 29 de agosto de 2020


 As mentes das pessoas estão sendo dominadas por uma força muito mais destrutiva e menos sobrenatural ... uma força que as transforma da noite para o dia em agressivamente ... A dissonância cognitiva coletiva.... 


 Assim, a Revolução da Cor Nacionalista Negra Branca (“possibilitada em parte pela GloboCap”) parece estar indo extremamente bem.  De acordo com a revista Foreign Policy, o regime de Trump está se agarrando ao poder, mas é apenas uma questão de tempo até que os rebeldes moderados identitários tirem os fascistas (apoiados por um gado alienado)  do cargo e restaurem a pseudo democracia... democracia para americano significa mudança de regimes para assaltar países com recursos naturais....


 Então, como você está gostando do “Novo Normal” até agora?  É paranóico e totalitário o suficiente para você?  Se não ... bem, espere, porque está apenas começando.  Ainda há muito mais totalitarismo e paranóia por vir.  Eu sei, já parece uma eternidade, mas, na verdade, foram apenas alguns… 

 O Novo Totalitarismo (Patologizado)


 Sempre chegaria a este ... multidões de camisas-marrons histéricas e bêbadas de ódio caçando pessoas que não usavam máscaras e tentando fazer com que fossem despedidas de seus empregos, placas de "sem máscara, sem serviço" fora das lojas, equipe de segurança parando a máscara- pessoas paranóicas apontando e gritando ao ver compradores sem máscara ...


 O pior Hitler literal de todos os tempos

 Portanto, o golpe de Minneapolis da GloboCap-Resistance parece não ter saído exatamente como planejado.  Mais uma vez, Trump falhou em se tornar um Hitler completo, apesar de seus melhores esforços para incitá-lo a fazê-lo.  Eles deram uma boa chance, no entanto.  Foi mais ou menos um manual de operação de mudança de regime, ou "revolução de cor", ou como quer que você chame. ... O pior Hitler literal de todos os tempos


 Bem, parece que a tão esperada "Segunda Guerra Civil" da Resistência finalmente começou ... mais ou menos exatamente na hora.  Motins estouraram em todo o EUA .  


As pessoas estão pilhando e queimando lojas e atacando umas às outras nas ruas dos EUA... Robocops estão espancando, usando gás lacrimogêneo e atirando em pessoas com projéteis não letais.


  Os Guardas Nacionais Estaduais são o 

 Brave New Normal (Parte 2)

 Histeria em massa McCartismo Manipulação de mídia Nazificação Neonacionalismo Terrorismo Normalismo Terrorismo Neo-nacionalismo Neoliberalismo Neo-nacionalismo Paralismo Normalismo Paralisia  Propaganda-Nazis Red-Brown Infiltrators Resistance  Russiagate Simulacra Simulação de Democracia Smear Tactics Redes sociais e seus logaritmos de varredura de críticos do  Terrorismo Internet... The Unz Review A  Guerra contra a morte, A guerra contra a dissidência, A guerra contra o populacho, A guerra contra o fale terrorismo, Crime do pensamento, Reforma do pensamento Totalitarismo Traição Trumpismo, Supremacia branca, Terrorismo via mercenários pagos pela própria elite cabal....e o desembocar da  III Guerra Mundial...o mundo capitalista é enfim: uma grande Rinha.

Heba Ayyad.
Escritora e poeta e jornalista Palestina. 

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

O CHOQUE DE MORTE DO CAPITALISMO

Texto: Heba Ayyad. 



 Os centros de controle nessas nações estão sobrecarregados por sinais erráticos que geram uma resposta impotente de adrenalina.


 Ao mesmo tempo, o fluxo sanguíneo da renda reduz e a saída de energia verde migra em direção a uma fraqueza cada vez maior.


 O edifício do capitalismo permanece ou cai em crescimento.  Quando não cresce, começa a morrer.  Agora ele se move inexoravelmente em direção ao seu leito de morte à espera.  Seus atuais ataques de pânico anunciam os estertores da morte à medida que as forças terminais da doença aumentam dentro dele.


 Sem o combustível necessário via impostos, ele enfraquece.  Ao drenar enormemente seu tesouro e exigir caras transfusões de sangue, ele se torna cada vez mais anêmico.


 Todo o seu corpo é afetado com áreas ficando brancas, onde a vida está recuando à medida que as regiões se fecham cada vez mais.  A paralisia está emergindo como uma grande ameaça e com ela o perigo de acessos de emoção que podem prejudicar ainda mais suas chances de vida.  A descida para um ciclo vicioso interconectado de patógenos cada vez maiores e altamente prejudiciais alimentando-se uns dos outros é garantida enquanto o colapso interno continuar.


 O cérebro está funcionando mal.  O corpo não está mais recebendo sinais apropriados dizendo como reagir a um ataque.  Cada parte do corpo doente está assumindo o controle usando diversas “soluções” para os ataques misteriosos e insidiosos que eles não podem compreender ou se defender adequadamente. 

 O pânico está aumentando enquanto nenhuma voz calmante ameniza seu aumento.  A reação exagerada devido à ignorância só piora a situação.  A doença está profundamente arraigada e amplamente distribuída para qualquer cura óbvia.  O isolamento cria seus próprios patógenos, inúmeras áreas de danos insidiosos geram aflições secundárias e terciárias em sistemas já em rápido enfraquecimento e falha.


 Cada vez mais faltando o sustento para alimentar suas extremidades, o sistema começa a falhar de sua periferia para dentro.  Os elementos mais vulneráveis, sem acesso a recursos de energia facilmente disponíveis, tornam-se constantemente radicais violentamente incontroláveis, dilacerando o tecido social que os cerca.


 O núcleo interno onde o sangue flui mais sobrevive.  Eles estão no centro da energia que antes pulsava, bloqueada em seus paraísos de recursos de elite.


 Enquanto isso, a matriz esquelética da sociedade decai continuamente em suas bordas, a anemia se instalando à medida que o fluxo de recursos falha, o excesso de adrenalina gerado cria uma dinâmica destrutiva não relacionada à sobrevivência, exceto em um nível completamente individuado.  As células humanas guerreiam entre si pela continuidade pessoal em face da urgência do pânico.


  As mensagens das funções centrais não são ouvidas, nem percebidas no redemoinho de emoções que explodem violentamente.


 O organismo começa a comer a si mesmo, um elemento dilacerando os outros, alimentando-se aleatoriamente de qualquer fonte relativamente rica em energia.  

Cada vez mais essas fontes não conseguem se renovar, ficam pretas e morrem.


 A coesão falha, a anarquia explode, uma reação em cadeia frenética começa.


 Os sinais do centro de controle são abafados na cacofonia que se segue e finalmente cessam quando a descida final começa.


 À medida que as horas finais se aproximam, um gemido é ouvido de todos os lados.  O colapso terminal é considerado iminente e toda luta contra ele cessa.


 É então que um som estranho se eleva por todo o que resta do corpo com doença terminal, agora totalmente horizontal em seu leito de morte.


 O som inglório da derrota final e da morbidez iminente, o agora acovardado e amedrontado lamento de reconhecimento funesto de seu próprio fracasso total nascido em sua infância, no fundo de seu coração.  Por fim, dentro do silêncio repentino que se segue, chega o quadro final inevitável.


 Patético e derrotado por suas próprias contradições e falha em responder ao desafio final de sua fraqueza inerente, chega o fim ignominioso para este sistema cronicamente doente, destinado desde o início ao fracasso.  

Finalmente ouvimos, a sentença de morte final ... o estertor de morte sufocado e auto-infligido do capitalismo.


Heba Ayyad, escritora e poeta e  jornalista Palestina.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

FANON E A LUTA REVOLUCIONÁRIA

 


 

  FRANTZ OMAR FANON - Nasceu em 20 de julho de 1925 em Martinica (Fort-de-France), filho de uma família da classe média, formou-se em medicina (psiquiatria), teve destacada atividade no campo da filosofia política e da militância revolucionária, além de escrever importantes obras de repercussão internacional. Foi acometido de Leucemia, vindo a morrer precocemente aos 36 anos de idade, sepultado na Argélia em 06 de Dezembro de 1961.

As obras de  Obras de Fanon    são leituras obrigatórias nos dias atuais.

-Pele negra, máscaras brancas. Rio de Janeiro (1952)   

-Os condenados da terra. Rio de Janeiro:  1961

-Em defesa da Revolução Africana (1964)

Além de centenas de textos, vídeos e documentários. Recentemente no Brasil foi lançado, em 2018, importante livro: Frantz Fanon Um Revolucionário Particularmente Negro, de autoria do escritor e militante Deivison Mendes Faustino, além de outras contribuições em revistas e dissertações nas academias.

 “Envolvido na luta pela independência da Argélia, Fanon se engajou nos processos mais amplos sobre o pan-africanismo, ou seja, em movimentos de libertação na África. O pensamento fanoniano era vinculado à práxis (teoria e prática juntas), já que, enquanto ele era um ativo militante do movimento da negritude, também registrava esses processos políticos em seus textos.

 

Há mais de cinco décadas do falecimento de Fanon, Nkosi destaca também a forte influência que o martinicano exerceu em autores brasileiros renomados. "A discussão do Paulo Freire sobre opressor e oprimido - e toda a idéia da libertação - é inspirada em Fanon, como o próprio Paulo Freire reconhecia. Se pensarmos um autor como Glauber Rocha, por exemplo, que discute como o cinema pode contribuir para a emancipação, ele traz o Fanon na hora de pensar uma estética da violência, uma estética engajada".

https://www.brasildefato.com.br/2018/05/15/obra-de-frantz-fanon-traca-paralelo-entre-colonialismo-e-intervencao-militar-no-rio

Fanon  foi também  influente pensador do século XX sobre os temas da descolonização e da psicopatologia da colonização. É um dos fundadores do pensamento terceiro-mundista.

 Em dezembro de 1960, depois de circular por várias partes do continente africano fomentando a necessidade de expandir a guerra de libertação à  outros países, no auge de sua atuação política, Fanon inicia a escrita de um livro que problematizaria a relação da revolução Argelina com outros povos do Continente. No entanto, para a sua surpresa é diagnosticado com leucemia, e percebe, mediante aos estágios que a medicina se encontrava nesta época, que lhe restara pouco tempo de vida.

 

Enquanto escrevia o livro OS CONDENADOS DA TERRA, e revisava os trechos, chegou a voar para Itália, a fim de encontrar Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir, para encomendar a Sartre o Prefácio do seu livro.

Para a compreensão  mais  detalhada da vida e  obra,  se faz necessário o contato com os apontamentos publicados no artigo de Immanuel Wallerstein, publicado originalmente em inglês na revista New Left Review, de Maio de 2009. A tradução é de Douglas Rodrigues Barros, publicada por Lavra Palavra, 22-07-2019.

 Freud havia argumentado sobre a necessidade de avançar, saindo de uma explicação filogenética para uma explicação ontogenética, mas Fanon diz que, na verdade, o que se requer para a questão do negro é uma explicação sociogenética. Reconhecendo, entretanto, as limitações deste tipo de explicação, recorda ao leitor: “Eu pertenço irredutivelmente a minha época”.

              A desgraça do homem de cor é ter sido escravizado. A desgraça e a inumanidade do branco foi ter assassinado o Homem em algum lugar e atualmente organizar racionalmente esta desumanização - Frantz Fanon

Eu, homem de cor, só quero uma coisa: que nunca o instrumento domine o homem. Que cesse para sempre a submissão do homem pelo homem. Quer dizer, do Eu pelo Outro. O negro não-é. Não mais que o branco – Fanon

Na França, onde vivia naquele momento, na década dos anos cinquenta estava dominada pela guerra e independência argelina, que se iniciou em 1954 e terminou em 1962, um ano depois da morte de Fanon. Em 1953, ele foi nomeado diretor de psiquiatria no hospital de Blida, na Argélia. Na sequência, ficou escandalizado pelas histórias de torturas que relatavam seus pacientes argelinos – já era simpatizante da luta argelina, mas com esses fatos viu-se obrigado a se demitir do cargo e embarcou para Túnis, para trabalhar em tempo integral para o Governo Provisório da Revolução Argelina.

 Fanon era qualquer coisa, no entanto, menos um pós-moderno! Uma das melhores caracterizações de seu pensamento talvez fosse a afirmação de que ele era um marxista-freudiano e em parte um freudiano-marxista; alguém completamente comprometido com os movimentos revolucionários de libertação.

 

A última frase de Pele negra, máscaras brancas é: "Oh, meu corpo faz de mim um homem que sempre interroga!”. Nesse espirito de questionamento ofereço doravante minhas reflexões sobre a necessidade do pensamento de Fanon para o século XXI.

Ao reler seus livros me surpreendem muitas coisas: a primeira, é o grau de suas estonteantes declarações – declarações sobre as quais Fanon parece estar muito seguro – especialmente, eu diria, quando critica os outros; a segunda, é que estas declarações são seguidas, às vezes, muitas páginas depois, pela explicitação de suas dúvidas sobre como proceder melhor; sobre como se pode alcançar o que se deve alcançar.

Três dilemas dos quais minhas opiniões giram em torno:

 

1. O uso da violência;

 

2. A afirmação da identidade e

 

3. A luta de classes.

 

1.1 A ideia de que a transformação social fundamental nunca ocorresse sem violência não era uma ideia nova, faz parte de todas as tradições emancipatórias radicais do século XIX que acreditavam que os privilegiados nunca cederiam o verdadeiro poder voluntariamente e de boa vontade: o poder sempre se toma! Esta crença constitui em grande parte o que definiria a suposta diferença entre uma via “revolucionária” e uma via “reformista” até a mudança social.

 “A luta armada mobiliza o povo, quer dizer, o coloca em uma só direção num sentido único.”

 

 

 

2. A afirmação da identidade

 

Sua conclusão é exatamente o contrário das políticas de identidade: “se o homem é o que faz, então diremos que hoje a tarefa mais urgente do intelectual africano é a construção de sua nação.

 

3. A luta de classes

E isso nos leva ao terceiro tema; a luta de classes. Em nenhuma parte dos escritos de Fanon se discute a luta de classes, como tal, de maneira central. E, entretanto, sim é central em sua visão de mundo e em sua análise. Porque, naturalmente, Fanon foi educado em uma cultura marxista, na Martinica, na França e na Argélia. A linguagem que conhecia, e de todos aqueles com quem trabalhava, estava impregnada das premissas do vocabulário marxista.

 

Todavia, Fanon e aqueles com os quais trabalhou haviam se rebelado, e se rebelado com vigor, contra o marxismo ossificado dos movimentos comunistas de sua época. O livro de Aimé Césaire, Discurso sobre o colonialismo, segue sendo a expressão clássica do porquê os intelectuais do mundo colonial (e não somente eles, naturalmente) abdicaram de seu compromisso com os partidos comunistas e afirmaram uma versão revisada da luta de classes.

 

O tema chave nos debates sobre a luta de classes é a questão: “quais são as classes que estão lutando?” durante muito tempo esse debate estava dominado pelas categorias do marxismo dos partidos: o Partido Socialdemocrata Alemão e o Partido Comunista da União Soviética. O argumento básico era que, em um mundo capitalista moderno, as classes que mantinham uma luta fundamental e que dominavam o cenário eram a burguesia industrial urbana e o proletariado industrial urbano. Todos os demais grupos eram remanescentes de estruturas mortas ou moribundas que estavam destinadas ao desaparecimento. À medida que todo o mundo se globalizasse, elas se definiriam a si mesmas como burguesas ou proletárias.

 Ao fazer recorte de  algumas contribuições  sobre a vida e obra de Fanon, procurei sintetizar para uma reunião virtual com o objetivo de  extrair questões fundamentais na obra de Fanon e de parte de escritos sobre o mesmo. Na verdade, o fundamental é partir da leitura dos livros do mesmo, pois é de grande profundidade e extensão intelectual e  de tomada de partido na história, ao lado dos colonizados e vítimas do sistema opressor  ainda presente nos dias atuais. A universalidade de seu pensamento  aponta para  grande parte da militância, particularmente dos movimentos negro, está relacionada ao fato de que, para além da teoria e da necessária atividade acadêmica, é fundamental  viabilizar na prática  ações revolucionárias como o mesmo fez junto ao seu povo. No livro (Os condenados da terra, da editora UFJF-3ª reimpressão), o autor vai tratar de inúmeras temáticas que vale a pena ler na sua inteireza.

  “A colonização ou a descolonização são simplesmente uma relação de forças. O explorado percebe  que a sua libertação pressupõe todos os meios e primeiro a força.

Quando, em 1956, depois da capitulação de Guy Mollet, diante dos colonos da Argélia, a Frente  de Libertação Nacional, num panfleto célebre, constatou que o colonialismo só desiste com a faca na garganta, nenhum argelino achou esses termos violentos demais. O panfleto só fazia expressar o que todos os argelinos sentiam no mais profundo de si mesmos: o colonialismo não é uma máquina de pensar,  não é um corpo dotado de razão. Ele é a violência em estado natural, e só pode  se inclinar diante de uma violência maior”.(paginas 78/79)

Além das inúmeras citações sobre a resistência do colonizado, ele vai afirmar que: ” A mobilização das massas, quando se realiza por ocasião da guerra de libertação, introduz em cada consciência a noção de causa de causa comum, de destino nacional, de história coletiva.

Assim, a segunda fase, a da construção da nação, é facilitada pela existência dessa argamassa, trabalhada com sangue e cólera. Compreende-se melhor então a originalidade do vocabulário usado nos países subdesenvolvidos. Durante o período colonial, convidava-se o povo a lutar contra a opressão. Depois da libertação nacional, convidam-no a lutar contra a miséria, o analfabetismo, o subdesenvolvimento.

A luta, afirma-se continua. O povo verifica que a vida é um combate interminável”.(pg 111)

Na página 229 do referido livro, ele vai dizer que: “O combate coletivo supõe uma mesma responsabilidade coletiva na base e uma responsabilidade colegiada na cúpula. Sim, é preciso comprometer todos no combate, para a salvação comum”.

Mais a frente ele vai dizer que “politizar as massas é tornar a nação global presente para cada cidadão. É fazer da experiência da nação a experiência  de cada cidadão”.

O livro é riquíssimo em detalhes e  em conceitos ainda pouco dominado  pelas novas gerações de lutadores. Vai falar das patologias decorrentes das sequelas dos  opressores levando-os a loucuras, além de sua significativa contribuição sobre o conceito de loucura e novas formas de tratar as pessoas diante dos quadros psiquiátricos encontrados”.

No capítulo “SOBREA IMPULSIVIDADE CRIMINAL DO NORTE-AFRICANO NA GUERRA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL”,  ele vai iniciar o mesmo com a seguinte afirmativa: “Não é preciso apenas combater pela liberdade do povo. Também é preciso, ao longo de toda duração do combate, ensinar novamente a esse povo, e  primeiro a si mesmo, a dimensão do homem. É preciso remontar os caminhos da história, da história do homem condenado pelos homens, e provocar, tornar possível o encontro do seu povo e dos outros homens. Na  verdade, o  militante que está empenhado num combate armado, numa luta nacional, tem a intenção de medir, dia a dia, as degradações infligidas ao homem pela opressão colonial. Algumas vezes, o militante tem a impressão exaustiva de que ele deve reconduzir todo  o seu povo, tirá-lo do poço, da caverna. O militante percebe que deve não apenas perseguir suas  forças inimigas. Mas também os núcleos de desespero cristalizados no corpo do colonizado. O período de opressão é doloroso, mas o combate, ao reabilitar o homem oprimido, desenvolve um processo de reintegração que é extremamente fecundo e decisivo”.(Pg 339)

Portanto, com as palavras finais de Fanon, na página 229, “ Estamos todos  sujando as mãos nos pântanos do solo e no vazio pavoroso dos nossos cérebros.TODO ESPECTADOR É UM COVARDE  OU UM TRAIDOR”; tomar partido é preciso!

 

Aldo Santos- Militante sindical, Popular e do Psol

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

CHAPA COLETIVA DO PSOL, PREFEITURA/SBC

 



O Partido Socialismo e Liberdade – PSOL de São Bernardo do Campo, homologou em convenção municipal virtual, com a participação de quase cem pessoas - entre filiados e convidados, a chapa majoritária e proporcional para as eleições no próximo dia 15 de novembro. A chapa majoritária será composta por cinco membros e, para efeito de formalização junto à justiça eleitoral, será encabeçada pela Dra Lourdes Souza e a Professora Sônia Almeida (Soninha)  e contará ainda com Aldo Santos, Prof Paulo Neves e Dianilton Gomes (Nilton DG). Para o legislativo municipal, foram homologadas, por enquanto, 11 pré-candidatos/as.

Conheça os integrantes da chapa coletiva:

Dra Lourdes: nasceu em Floresta, Pernambuco. É advogada há 30 anos, formada pela Faculdade de Direito de São Bernardo e é também professora da rede estadual e militante da APEOESP SBC.Filha de ex-metalúrgico e dona de casa,  já morou  em São Caetano, Santo André e reside em São Bernardo há mais de 40 anos.

Contato: (11) 99537-0995


Sônia Maria de Almeida (Profª Soninha): nasceu na cidade de Governador Valadares, Minas Gerais. Filha de Antônio Beatriz, trabalhador da construção civil e de Iraci Gonçalves, dona de casa, é moradora de São Bernardo há 48 anos e reside na região do Alvarenga. Mulher negra e periférica, orgulhosa das conquistas obtidas, é oriunda da escola pública e é a primeira da família a ter uma profissão expressa em diploma e também a primeira a ter um diploma universitário.

É graduada em letras, possui curso de extensão cultural em africanidades e complementação pedagógica em gestão escolar. Professora da rede estadual de São Paulo, onde atuou de 1988 à 2017. Militante da APEOESP SBC e membro da diretoria da APROFFESP (Associação de Professores/as de Filosofia  e Filósofos/as do Estado de São Paulo)

Contato: (11) 97258-3159


Aldo Santos: nasceu em Brejo Santo – Ceará. Filho de Josias Raimundo dos Santos e Maria Bevenuta de Jesus, é formado em filosofia, estudos sociais, bacharel em teologia e mestre em história e cultura.Escritor, militante da APEOESP SBC,  ativista histórico das entidades de Filosofia (Aproffesp/Aproffib) e leciona filosofia no Cursinho Popular Passo a Frente. Foi  vereador por 16 anos e autor de vários projetos importantes, como o passe livre estudantil, instituição do dia da consciência negra e do feriado no dia 20 de novembro, dentre dezenas de outros. Além da participação do movimento estudantil, da educação, movimento negro e outros movimentos, teve destacada atuação na luta por moradia, apoiando os Sem Teto, os Sem Terra e várias ocupações na cidade, como  Vila  Lulaldo, Vila Natanael, Vila Zilda e outras ações. Foi condenado injustamente pela justiça burguesa, por apoiar a ocupação de 2003 do Acampamento Santo Dias, em SBC. Foi candidato a prefeito e a vice governador, em 2010, pelo Psol-SP.Atualmente coordena a Subsede da APEOESP SBC e é presidente do Psol na cidade.

  Contato: (11)98250-538


 Prof Paulo Neves: Formado em Ciências Sociais e em Geografia, trabalha na rede estadual de ensino há mais de 20 anos, dando aulas de Sociologia e Geografia. Lecionou nas escolas: Palmira, Pedra de Carvalho, João Batista, Maria Auxiliadora, Kennedy, Maria Iracema, Célio L. Negrini, Carlos Pezzolo e atualmente é professor da EE Nail, na Vila Esperança. Natural da Paraíba, casado  e pai de três filhos, chegou em SBC na metade da década de 1980. É apaixonado pela cidade, da qual obteve o título de cidadão são-bernardense outorgado pela Câmara Municipal em dezembro de 2004, por propositura do então vereador ALDO SANTOS. Morou no Jd. Independência, na Vila Comunitária e atualmente mora no Novo Horizonte, Região do Bairro Ferrazópolis. É diretor da APEOESP - Sindicato Estadual dos Professores da rede pública estadual e membro da Executiva Regional da Subsede de SBC.

Contato: (11) 95612-6525


Dianilton Gomes (Nilton DG):  Nasceu na cidade de Mundo Novo, Bahia. Aos 5 anos de idade chegou em São Bernardo do Campo, logo começou a estudar,  passando por diversas escolas (Maria Rosa Barbosa, Santa Olímpia, Maria Luíza Ferrari e Maria Auxiliadora). Por enfrentar a dura realidade do aluguel, morou em vários bairros, como  Parque Havaí, Baeta Neves, Vila Marlene, Independência e atualmente reside no Taboão. Aos 15 anos, por motivos de força maior, teve que retornar à Bahia, onde enfrentou o duro e pesado trabalho da roça, além da triste realidade do trabalho escravo da carvoaria. Mesmo assim, continuou estudando e aos 18 anos retornou para São Bernardo, onde começou a trabalhar como marreteiro nos trens de São Paulo e lavador de carros, ainda foi frentista no bairro Santo Ignácio. Atualmente, trabalha no ramo da construção civil, fez técnico em edificações na Uninove, soldador e desenho mecânico no Senai e trabalha como construtor. Fez parte da coordenação da Ocupação Povo Sem Medo  de SBC em 2017 e é militante do MEL (Movimento Estudantil Livre).

Contato: (11) 98707-4280


Com a chapa coletiva para o executivo municipal, o PSOL de São Bernardo do Campo está fazendo história, no sentido de questionar o individualismo, o personalismo e a concentração do poder em uma única pessoa - pilares de dogmas do liberalismo, além de indicar duas mulheres negras para formalizar o registro junto à justiça eleitoral,  uma resposta ao machismo, ao racismo e a todo tipo de preconceito que envolvem o tradicionalismo dos poderes institucionais em todas as suas esferas.

Participe desse sonho e das mudanças necessárias no campo da política, rumo a uma sociedade socialista.

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Não chegarei a terra prometida?


Ouço o pisado da marcha dos famélicos  seguindo e seguida, sentida e incontida.
Não alcançarei a terra que corre lei e mel, trigo, soja, arroz, milho, feijão e todos os alimentos  saudáveis partilhado,  desenvenenados.
Mas ela é o farol da noite amanhecida.
Não desista nem se preocupe que darei a minha contribuição em vida ou não, resistindo e organizando, ou  regando e adubando a terra para fomentar a sementeira na Pátria viva da vida.
Afinal, era a terra, a riqueza e os bens produzidos  que querias  ver dividida.
Será uma pátria grande e para todos, de bom tamanho,
Todos viventes  irmanados, em plena vida, liberdade, partilha, emprego, equidade e o farto pão nosso de cada dia.
Construiremos ombro a ombro num ritual de eterna saudação a quem tem coragem!

ENFRENTESEMPRE!

ALDO SANTOS. PROFESSOR DE FILOSOFIA E MILITANTE DOS MOVIMENTOS SOCIAIS E DO PSOL.

TOCANDO NA FERIDA: MARX E NIETZSCHE

 TOCANDO NA FERIDA: MARX E NIETZSCHE: ponto em comum⁉️

Há profundas diferenças entre Marx e Nietzsche no que se refere às questões da injustiça social e de como superá-las. Mas para ambos está claro que a religião pode alienar, pode tornar os homens escravos e fracos, pode nos nivelar por baixo e nos fazer viver (sobreviver) no consolo de um "reino" que não é deste mundo! 

Muito da solidariedade e caridade cristãs e outras, caso sejam mero assistencialismo, mais escraviza os necessitados do que liberta! Eles acabam aceitando e se acostumando à miséria a que são submetidos pelo sistema injusto e explorador. 

 O caridoso solidário acaba amenizando a dor das feridas, mas não resolve suas causas ou quem as provoca. Assim também os "bolsa-família" ou renda-Brasil"...e a religião, como ideologia e negócio de padres e pastores inescrupulosos, é usada para iludir, enganar e ser o consolo dos sofredores, necessitados, excluídos,  converte-se em fuga da luta pela vida no sentido de mudar as situações que provocam as injustiças!

 O assistencialismo e o paternalismo reproduzem a escravidão! Miseráveis não fazem revoluções! 

São Paulo,  30/08/2020 

 Prof. Chico Gretter - Filósofo, mestre em Filosofia e História da Educação

sábado, 29 de agosto de 2020

Psol terá uma chapa coletiva majoritária em São Bernardo do Campo.

NOTA DO DIRETÓRIO MUNICIPAL DO PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE DE SÃO BERNARDO DO CAMPO, SOBRE AS ELEIÇÕES 2020. 




Em reunião do diretório municipal do partido Socialismo e Liberdade de São Bernardo do Campo, realizada nesta sexta feira dia 28/08/2020, as 19 horas, com a presença da totalidade dos seus membros, após ampla discussão, foram aprovadas as seguintes resoluções sobre os encaminhamentos para as eleições municipais a se realizarem no dia 15 de novembro próximo:
1 – A Convenção será realizada no dia 05/09/2020 (sábado), às 16 horas, virtualmente, com objetivo de homologar a chapa de candidatos aos cargos proporcionais e majoritários (Prefeitas/Prefeitos e Vice – Prefeita/Vice - Prefeito),cujo formato e composição foi definido por esta reunião do Diretório;
2 - Teremos uma chapa coletiva majoritária composta de até 7 (sete) membros, além do companheiro ALDO SANTOS que foi aprovado como Co - candidato por unanimidade;
3 – A maioria dos presentes aprovou que para fins de registro cartorial e formalização da Chapa majoritária, foram aprovados as pre-candidaturas  da Professora Maria de Lourdes de Souza, professora e advogada para Co - candidata a Prefeita e Sonia Maria de Almeida Professora e militante da sindical como nome para formalizar a Co – candidatura a Vice – Prefeita/Vice – Prefeito.
Esta composição será concluída até a próxima reunião da executiva para  composição da chapa majoritária.
Foi informado que estamos construindo e que teremos uma significativa bancada de pré-candidatos/as a vereadores/as para representar o partido na cidade.

Diretório do Partido de São Bernardo do Campo.
28/08/2020

Aldo Santos
Presidente

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Estive internado no Hospital do Servidor.

EM DEFESA DOS SERVIÇOS E SERVIDORES PÚBLICOS: Estive internado no HSPE, desde quinta-feira,  vitimado por uma trombose. Pago o IAMSP há mais de 30 anos e estou sendo bem atendido, mesmo com falhas...Todavia, muitos professores/as já não têm mais esse benefício  graças às subcategorias criadas no governo José Serra: subcategorias O, F, etc. 
Um escárnio.Aqui no Hospital do Servidor sinto no ar e nos comentários dos funcionários, enfermeiros e médicos o cheiro das terceirizações e a ameaça da privatização que vem sendo imposta pelo tucanato há décadas e que agora se agrava com o governo ultraliberal de João Dória. 
 O Estado entrega nosso patrimônio, adquirido com a contribuição dos funcionários públicos há muitos anos. Alegam déficit para privatizar a saúde, a educação, a Previdência e a segurança. 

Nem a pandemia consegue mudar a lógica perversa do lucro acima de tudo (embora falem de Deus...), pois a cabeça desses governantes e de seus comparsas no empresariado, no judiciário e na grande mídia é corroída pela pretensa lógica do capitalismo neoliberal do Estado mínimo. Eles só veem um cifrão à sua frente, eles só conseguem ver números, estatísticas, um falso progresso que concentra renda e exclui a maioria da população dos benefícios das riquezas produzidas.  Mas quem produz as riquezas? São os trabalhadores! Ou não? Todavia, nos tratam como gado, como mais uma mercadoria e, com apoio de uma grande mídia neoliberalóide e massacrante, enganam a muitos e os tornam realmente gado em direção ao matadouro. Precisamos urgentemente reagir a essa sanha privatista irracional de João Dória & Guedes/Bolsonaro que adoram o bezerro de ouro do "deus-mercado". 
Os serviços públicos e os servidores não são privilegiados como repetem todos os dias, como Paulo Guedes não se cansa de dizer em cima de seus cascos de energúmeno ultraliberalóide. Que moral tem o senhor Paulo Guedes para atacar os/as servidores/as? O funcionalismo público e os trabalhadores em geral exigem respeito! Tirem a mão do que é nosso, abutres do capitalismo necrófilo! Em defesa dos serviços públicos e dos servidores/as, em defesa do IAMSPE, em defesa da Vida! Vamos à luta! 

São Paulo,  24/08/2020 - 

Prof. Chico Gretter - Filósofo - Diretor da APROFFESP

sábado, 22 de agosto de 2020

ÁGORA DA MATRIX



Toda terça feira por volta das 19 horas, centenas de jovens das mais variadas regiões empobrecidas da cidade se encontram na praça da matriz em São Bernardo do Campo. Um espaço de liberdade e empoderamento do espaço físico urbano, embora, frequentemente reprimidos pelos agentes da repressão institucional. Rola todo tipo de troca e cultura das mais variadas camadas sociais e faixa etária cidade e região. É nesse contexto que procuro denominar de Ágora da Matriz. O conceito de ágora vem do mundo grego "ágora (ἀγορά; "assembleia", "lugar de reunião", derivada de ἀγείρω,"reunir") é um termo grego que significa a reunião de qualquer natureza, geralmente empregada por Homero como uma reunião geral de pessoas”.( https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gora)
Nas Ágoras Gregas também existiam as mais variadas trocas culturais, comerciais e profundas reflexões filosóficas, ainda pressentes nos dias atuais. A diferença é que naquele momento as praças públicas eram ocupadas pela Aristocracia Grega, sustentada pela imposição escravagista, e hoje, a garotada periférica, pobre, negra e excluída exigem o direito a cidade, tomando livremente a Ágora da Matriz para filosofarem nas batalhas culturais, como expressão da repulsa opressora do cotidiano capitalista. Todos tem o direito à cidade e o poder público e religioso deveria expressar um sentimento acolhedor e protagonista de uma juventude que desafia os opressores, lutando pelo direito aos bens culturais produzidos, material e imaterialmente. Destacamos ainda a inovadora prática de distribuição e socialização de livros a juventude que tem sede e fome de conhecimento alternativo. Essa troca é fundamental no processo de formação e interação cultural de todos e todas. É preciso resistir, pois se na Grécia Antiga o filósofo Sócrates foi morto pela defesa de seu método de respeito aos escravos, as mulheres e a juventude, nos dias atuais a juventude constrói seu mundo de liberdade, igualdade ao arrepio das leis ditadas pelos históricos opressores da classe. Todos e todas a Ágora e a Batalha da Matrix!!!

São Bernardo do Campo, 29/09/2015.
Aldo Santos- Ex-vereador em SBC, Presidente da Associação dos Professores de Filosofia e Filósofos do Brasil e da Executiva da Intersindical-Central da Classe Trabalhadora.

De: Neusa Maria Pereira Borges
Enviada em: quinta-feira, 1 de outubro de 2015 14:57
Para: Aldo Santos
Assunto: Re: Todos a Ágora da Batalha da Matrix !!!

Caro Aldo,
Amei o seu texto e, ao término da leitura, fiquei pensando o quanto seria legal se ele fosse publicado no blog O Lugar Escrito. Trata-se de um blog criado a partir das nossas reflexões nos encontros do Fórum Permanente de Debates Culturais do ABC, que acontecessem mensalmente nas dependências da Livraria Alpharrábio, em Santo André.
Tempos atrás, debatemos sobre os encontros semanais da Praça da Matriz, os quais, aliás, considero o que há de mais interessante que a nossa juventude da cidade vem realizando.
Abaixo, segue o link do nosso blog. Somos um grupo que se reveza em escrever artigos e comentários sobre os mais diversos temas voltados ao universo da cultura, mas gostamos de postar assuntos interessantes escritos por quem não é membro do fórum.
Se você concordar com a postagem, favor me dar o ok, que eu o envio a Dalila, a coordenadora do fórum.

Grata.Bj
Neusa Borges agente cultural Seção de Patrimônio de SBC

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

A luta pela vida é permanente!

Para maiores esclarecimentos acerca deste problema relacionado à crise das pandemias e à saúde pública, passamos a descrição etimológica sobre essas manifestações no cenário local, nacional e mundial. A tipificação é muito importante para fins didáticos e assertivas acadêmica e populacional.
O SURTO de uma enfermidade é considerado a partir de certo aumento de casos de doenças em uma determinada região, como por exemplo, a dengue.
A EPIDEMIA se caracteriza quando um surto aparece em várias regiões de uma cidade, ou de um estado. Exemplo, a dengue teve destaque em 20 cidades.
A PANDEMIA é quando aparece em várias regiões do planeta, como a gripe suína, a AIDS, Coronavírus19, dente outras.
A ENDEMIA significa um acometimento típico de uma região, podendo ser sazonais, como a febre amarela.
Na história, vamos ter vários registros de grandes manifestações infecciosas e seu estudo significa importantes caminhos para a compreensão da realidade atual.
Como exemplo, podemos reproduzir historicamente aqui várias manifestações efetivas de doenças que acometeram a humanidade, destroçando vidas e colocando a economia em frangalhos.
A Febre Tifoide, em 430 d.C., no Egito, foi devastadora, matando grande parte das tropas atenienses e cerca de um quarto da população, durante a guerra do Peloponeso.
Ocorreram ainda: “Peste Antonina (165–180) - possivelmente causada pela varíola trazida próximo ao Leste; matou um quarto dos infectados. Cinco milhões no total”.
Peste de Cipriano (250–271) - possivelmente causada por varíola ou sarampo, iniciou-se nas províncias orientais e espalhou-se pelo Império Romano inteiro. Segundo relatado, em seu auge, chegou a matar 5 000 pessoas, por dia, em Roma.
Peste de Justiniano (541-x). A primeira contaminação registrada de Peste Bubônica. Começou no Egito e chegou à Constantinopla na primavera seguinte, enquanto matava (de acordo com o cronista bizantino, Procópio de Cesareia) 10 000 pessoas por dia, atingindo 40% dos habitantes da cidade. Foi eliminada até um quarto da população do oriente médio.
Peste Negra (1300) - oitocentos anos depois do último aparecimento, a peste bubônica tinha voltado à Europa. Começando a contaminação na Ásia, a doença chegou à Europa mediterrânea e ocidental em 1348 (possivelmente de comerciantes fugindo de italianos lutando na Crimeia), e matou vinte milhões de europeus em seis anos, um quarto da população total e até metade nas áreas urbanas mais afetadas.” ( https://pt.wikipedia.org/wiki/Pandemia)
Principais pandemias
Em 1850 na Ásia, o vírus da gripe se espalhou pela Europa, África, América da Norte, Reino Unido, eliminando cerca de 10% da população infectada pelo vírus. Veio atacar novamente em 1732, matando em torno de 500 mil pessoas.
Outras pandemias acorreram na China, em 1781, infectando cerca de 25% da população.
Em 1889, a Gripe Russa ataca a Europa e chega até o Rio de janeiro.
Em 1918, aparece a Gripe Espanhola, se espalhando por todo planeta, contaminado cerca de 50% da população mundial, matando cerca de 40 milhões de pessoas.
A Gripe Asiática surgiu na china em 1957 e, em torno de 10 meses, atingiu praticamente o mundo todo.
Em 1968, a Gripe de Hon Kong infectou em torno de 500 mil pessoas, vindo a se espalhar por grande parte do mundo.
 Em 2019, na cidade de Wuhan, na China, o coronavírus se espalhou pelo mundo e estamos em plena pandemia, com um vírus letal deixando um rastro de milhares de mortos e possíveis sequelas comprometedoras.
“Além da gripe, outras doenças originaram grandes pandemias como a Cólera, que acarretou em oito grandes pandemias que tomaram o mundo inteiro.
Teve início na Índia, em 1816, onde se alastrou para China e chegaram à República do Azerbaijão, Cazaquistão, Turcomenistão e Rússia, através do Mar Cáspio.
De início na Europa, a Cólera infectou os Estados Unidos, Canadá e Inglaterra, em 1832.
Afetou gravemente a Rússia, a partir de 1852, causando mais de um milhão de óbitos.
Alastrou-se, rapidamente, entre a população Europeia e Africana entre 1863 e 1875.
Grande contaminação da América do Norte no ano de 1866.
Infectou principalmente a Alemanha, causando mais de 8 mil mortes no país em 1892.
Atingiu a Rússia em 1899, mas com o avanço da Saúde pública, a Europa foi pouco afetada.
Iniciou-se na Indonésia em 1961 se alastrou para Bangladesh, Índia, e chegou à União Soviética em 1966.
No século XVIII, na baixa idade média, por falta de saneamento, a Peste Negra assolou a Europa, dizimando entre um terço (25 milhões) a metade da população (75 milhões).
Em decorrência da colonização, doenças novas foram introduzidas em certas áreas, onde evoluíram para grandes pandemias como a da Varíola e o Sarampo, que ocorreu entre 1500 a 1530, no México e Peru, causando mais de 2 milhões de mortes.
Atualmente, o vírus HIV causa uma grande pandemia global de AIDS, desde seu descobrimento em 1982, o vírus já infectou mais de 60 milhões de pessoas, resultando em 20 milhões de óbitos. Hoje, mais de 34 milhões de pessoas estão infectadas. Outras doenças como o Ebola, Zika, Dengue e Chikungunya estão sendo estudadas profundamente pela comunidade científica, pela facilidade de contaminação mundial, podendo resultar em grandes pandemias. (https://www.infoescola.com/doencas/principais-pandemias/)

Além das pandemias acima citadas, temos outras tragédias que devastaram parte significativa da humanidade e ainda hoje acometem milhares de pessoas pelo mundo.
A Tuberculose é uma delas com uma grande duração, e ainda faz vítimas pelo mundo afora, embora tenha cura, mas, no período de 1850 a 1950, acredita-se que tenha matado mais de 1 bilhão de pessoas pelo mundo.
Foi graças a descoberta da penicilina por Alexander Fleming, em 1928, que o bacilo de Koch passou a ser tratado.
Outra grande tragédia sanitária foi a Lepra, com a construção de grandes leprosários, o confinamento dessas pessoas que eram esquecidos pelos parentes, uma vez que a tuberculose e a lepra eram muito estigmatizadas pela sociedade. Mesmo trocando o nome de lepra para hanseníase, com a descoberta de medicamentos, hoje os pacientes vivem no meio social, porém ainda vítimas do ataque dessas bactérias.
A Gripe Suína (H1N1), que hoje já dispõe de vacina, ainda é muito presente pelo seu vírus influenza.
Também registro neste levantamento de dados a epidemia de Meningite. Faço este registro por conta dos acontecimentos e da ingerência política da ditadura militar que tentava esconder os dados para evitar desgastes político, pois a mesma teve esta marcada aberta da ação dos militares no poder.
Conheci de perto esta epidemia, pois, por necessidade de trabalho, iniciei na enfermagem em 1974, com a publicação no Estado da lei 500/74, um grande contingente de funcionários foi contratado para trabalhar nessa crise sanitária. Como atendente de enfermagem e depois como auxiliar de enfermagem, vivi de perto as amarguras dos seres humanos que morriam rapidamente, uma vez contaminados. Com o surgimento de medicação e vacina o quadro foi controlado, embora ainda ocorram casos isolados.
A relação das pandemias, e em particular a que estamos vivenciando, com a epidemia de meningite existe alguma semelhança, uma vez que os casos, mesmo com uma vasta rede social existente hoje, estima–se que os dados estão subnotificados. Foi preciso que os órgãos da imprensa criassem seu próprio canal de aferimento dos casos infectados e de mortes para a devida transparência dos acontecimentos. Já que o governo colocou no ministério da saúde um ministro estranho à área e cargos de mando militar e tentou manipular os dados para distorcer os números, a partir dos posicionamentos negacionistas da gravidade e letalidade, levando à matança generalizada em massa que significou e significa os mais de  100 mil mortos no Brasil pelo COVID 19.
Na década de 70, presenciamos este momento histórico e de segregação dos dados da meningite e, sem coincidência, estes fatos tentam se repetir, uma vez que com a tragédia existente, sequer temos um ministro da saúde e sim um militar despreparado, interinamente respondendo pelo ministério, desgaste este que vem recaindo inclusive ao conjunto das forças armadas que, em grande número, estão lotados na máquina administrativa federal.
É relevante, neste como em outros momentos, a existência do sistema Único de Saúde, que de forma capilarizada e mesmo com boicote dos órgãos governamentais ainda socorre a grande maioria da população brasileira que não tem emprego e sequer um plano de saúde.
Isso posto, estamos diante de governantes genocidas, que levarão a uma hecatombe e uma “faxina sanitária” de milhares de idosos/as, negros, indígenas, prisioneiros de um sistema falido, moradores de rua e, assim como em outras grandes pandemias e epidemias, como a tuberculose e meningite, a periferia e a pobreza são empurrados ao matadouro do capital.
Dentro do capitalismo não há esperança nem saída para a classe trabalhadora.

Resistir e revolucionar é preciso!

Aldo Santo -Militante do movimento sindical, popular e do Psol.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Obrigado pelas centenas de mensagens de feliz aniversário!

Meu profundo agradecimento pelas centenas de mensagens de felicitações de aniversário. Reflexões profundas que calam fundo dentro da gente, e eterna gratidão pelos elogios e deferimentos à nossa ação e luta.
Eu nasci no dia 03 de agosto de 1953, mas segundo minha mãe, meu nascimento foi em 1955. Bondade materna. Todavia, meu professor de Francês disse que o que vale é a palavra da mãe. 

Naquela época não tinha cartório por perto e quando nascia um filho/a, a mãe colocava uma pétala de rosa no breviário, até o registro definitivo, para não esquecer o dia em que o filho/a nascera.

Segundo minha mãe, eu nasci fora do tempo, foram três dias num sofrível trabalho de parto à espera da parteira. Minha amada mãe contava ainda, que ao nascer já estava roxo.

Com 4 meses de idade a família migrou para São Paulo num pau de arara, fugindo das dificuldades, da seca e do sofrimento. Foram 18 dias de viagem num caminhão coberto com uma lona, junto à dezenas de famílias que revezavam-se para descansar numa rede, dia e noite, com sonhos distantes, mas determinados a fugir da miséria em busca de um mundo melhor.

 A mãe, o Pai e quatro crianças pequenas testemunharam essa tragédia que é a pobreza  e a migração humana.

 Nasci no sítio Pau Ferrado em Brejo Santo, Estado do Ceará.

Essa geração de migrantes, identificam-se com o hino dos nordestinos, cuja letra é de autoria do competente Patativa do Assaré e cantada com o coração, pelo rei do baião, Luiz Gonzaga.


Procure escutar e meditar sobre esta música: a triste partida - toda vez que a escuto choro revivendo a dor dos nossos conterrâneos e familiares, sinto e fico como descreve o poeta:

“A dor da gente é dor de menino acanhado,
Menino-bezerro pisado no curral do mundo a penar, que salta aos olhos igual a um gemido calado, a sombra do mal-assombrado é a dor de nem poder chorar,
a dor da gente é dor de menino acanhado,
Menino-bezerro pisado no curral do mundo a penar, que salta aos olhos igual a um gemido calado a sombra do mal-assombrado é a dor de nem poder chorar,
Moinho de homens que nem girimuns amassados
Mansos meninos domados, massa de medos iguais
Amassando a massa a mão que amassa a comida
Esculpe, modela e castiga a massa dos homens normais”.
(Compositores: Antonio Jorge Portugal / Raimundo Sodré)


A dor do abandono, da fome, da humilhação, da escravidão, da discriminação, da pobreza, do desprezo e da opressão de classe, como na caixa de pandora, males lançados ao mundo e sem encontrar sequer a esperança contida na mesma, como descreve a mitologia.


Esse sentimento e dor que levou e leva o pobre a romper com seu eixo existencial, carregamos pra sempre, de geração em geração.


Fico a pensar como tenho vivido bastante, pois o que não faltaram foram as pedras no caminho, e hoje, não ter como abraçar os filhos, netas e amigos/as, é tão doído como os que nunca mais abraçarão seus entes queridos, vitimados pela fatídica pandemia.

De qualquer forma, obrigado pelas mensagens nesses tempos de profunda e necessária reflexão.
Aldo Santos-com muito orgulho das minhas amizades, minha família e da nossa ancestralidade, que será carregada pelos que são e virão nesta longa jornada da vida.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Denúncia contra a ação dos Fascistas!

Vimos através desta denunciar a ameaça que o nosso  companheiro da Subsede da Lapa, Chico Gretter sofreu no início da Carreata da APEOESP, da qual participava, rumo ao Palácio dos Bandeirantes, cuja concentração se deu em frente ao Estádio do Morumbi no dia 29/07/2020. 
A carreata, que por acaso foi impedida pela PM, assim como também a passeata posterior, tinha como objetivo chamar a atenção do governador do Estado, João Dória - PSDB, bem como a população para a gravidade do retorno às aulas no início de setembro, como querem os governos municipal de Bruno Covas - PSDB e estadual, dado que ainda estamos em plena pandemia com números altíssimos de casos e mortes pelo coronavírus que ocorrem todos os dias. Somos contra esse retorno precipitado! Reivindicamos também que o governo aprove um auxílio emergencial para os professores Categoria “O” e outros que ficaram sem salário com a pandemia. Da mesma forma repudiamos veementemente a taxação absurda de 12, 14 de 16% sobre os salários dos aposentados/as que o mesmo governo João Dória decretou com base na sua “reforma da Previdência” aprovada em março passado.
Mas, sobre a denúncia, vamos ao relato do professor Chico Gretter, que é Conselheiro Estadual da APEOESP pela Subsede Oeste-Lapa:
“Quando nos preparávamos para a carreata da APEOESP rumo ao Palácio dos Bandeirantes, dois homens mal encarados passaram num Gol, Av. Jorge João Saad, em frente ao Estádio do Morumbi, no qual estava escrito EMBRAVI, e um deles gritou "vagabundos"! O trânsito parou próximo e quando tentei explicar os motivos do movimento, o homem que estava ao lado do motorista mostrou uma pistola tipo 380 que empunhava e me ameaçou; depois disse: ‘Faz o que Bolsonaro diz, vai trabalhar....quer falar? Então fala – mostrando a pistola - professor de merda’! Bem, depois desse ‘argumento’, me afastei assustado, mas calmo, sem dar as costas e voltei para o carro; o homem continuou a me encarar com ar ameaçador até seguir no trânsito. Foi um clima de terror, mas conseguiu manter a calma, evitando o pior; por um momento temi que seria alvejado com um tiro, pois o olhar do sujeito era de ódio!”.
Registramos aqui o nosso repúdio a essa atitude violenta contra alguém que se manifestava democraticamente e chamamos a atenção de todos os militantes que, com o incentivo ao porte de armas pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, com as polícias matando cada vez mais e o surgimento de milícias armadas, devemos tomar muito cuidado durante as nossas manifestações, evitando enfrentamentos isolados. O fascismo aumenta e nossa ação deve ser conjunta, coletiva e organizada! 

São Paulo, 30 de julho de 2020.

E N F R E N T E!

Redes dos sentimentos


Lamento informar que um dirigente do partido acabou de morrer....
Meus sentimentos!
Que triste, mais um sindicalista  que se foi...
Meus sentimentos!
Dezenas de indígenas contaminados estão morrendo...
Meus sentimentos!
É com tristeza que...
Meus sentimentos!
Não esperava que ele/a morresse...
Meus sentimentos!
Milhares de mortes e...
Meus sentimentos!
Meu avô não resistiu...
Meus sentimentos!
Minha avó acabou de morrer...
Meus sentimentos!
Meu pai acabou morrendo sem ar...
Meus sentimentos!
Minha mãe acabou de morrer...
Meus sentimentos!
Meu filho, tão jovem...
Meus sentimentos!
Minha filha, tão bonita...
Meus sentimentos!
Não conseguimos fazer um enterro digno...
Meus sentimentos!
Não choramos o morto...
Meus sentimentos!
Nem se despediu de mim...
Meus sentimentos!
Milhares de idosos já morreram...
Meus sentimentos!
Enterraram na vala comum, pretos, presos, moradores de rua e periféricos...
Meus sentimentos!
Os presidentes, governadores e prefeitos necropolitiqueiros não morreram...
Eu sinto
Tu sentes
 Ele sente
 Nós sentimos
 Vós sentis
Eles não sentem.
Aldo Santos -militante sindical, popular e partidário.

domingo, 26 de julho de 2020

Da época do descaso ao FUNDEB como Política Pública Permanente de Estado




Dona Maria, minha mãe, nasceu em 1938, e começou a estudar em Garanhuns-PE, na década de 1940. Cursou os anos iniciais do Ensino Fundamental, naqueles tempos chamado de Primário, em  Colégio Público. Da série de admissão até a 6a. série estudou em Colégio Particular.

Isso tá registrado em sua memória e no seu Histórico Escolar...

Ela lembra que as crianças eram, em quase sua totalidade brancas. Só havia duas "negrinhas".

Filha do que hoje chamamos de Classe Média Baixa (a tal da "C"), teve que parar os estudos pra casar, entre os 15 pra 16 anos, o que era, na época,  praticamente um "Contrato Social":  A mulher, ao casar, tinha a função de cuidar da casa, ter e criar filhos (ele teve 15)  e obedecer ao marido.

A escola dos tempos de Dona Maria era pública, mas não universal. Deixava de fora um número imenso de pobres e negros. 

Em 1960, mais de 3/4 da população brasileira tinham até três anos de estudo; só 20% dos jovens dos 12 aos 15 concluíam o quarto ano. Foi nisso que deu o duradouro descaso das elites pela educação do povo.

O ensino fundamental se universalizou somente na última década do século passado- anos 90-  E, embora tivessem diminuído muito, em 2010 ainda persistiam no ensino médio diferenças importantes entre as taxas de escolarização de brancos, de um lado, e de pretos e pardos, de outro. Na Educação indígena, o poço era e é ainda muito profundo.

Fatores estruturais —como a intensa urbanização de fins dos anos 70 em diante- influíram naquele resultado positivo. 

Mas não teriam bastado sem o empenho das forças que lutaram pela democracia e, no governo, adotaram políticas ativas de reforma da educação. Das muitas, três merecem destaque;

A primeira, aprovada pelos constituintes em 1988,  foi a vinculação de receitas - entre 25% a 30% - que varia,   conforme luta, força e pressão dos Sindicatos de Professores e demais setores organizados  em defesa da aplicação de, no mínimo 30% da arrecadação da Federação, Estados e Municípios, os três níveis de governo com gastos em educação. 

A segunda teve dois momentos:

Um, a criação do Fundef (Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental), tendo o Sociólogo e Deputado Federal Florestan Fernandes à  frente e defesa, na gestão do Ministro do MEC, Paulo Renato Souza, no governo Fernando Henrique Cardoso - 1995 a 2002.

O outro momento, a  transformação do FUNDEF  no FUNDEB (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica) por iniciativa de Fernando Haddad, Ministro da Educação de Lula. Que a Câmara dos Deputados transformou, na última terça- feira - 21/07/2020 em Política de Estado, passando a integrar a Constituição Federal e, praticamente dobrou o seu. Percentual, que  nesse ano será de 12%, mas, em 2023 será de 23% da arrecadação federal, sendo que, no mínimo 70% do valor, deve ser para pagamento de salários de Professores e Professoras, o que, se aplicado corretamente, deverá haver uma boa  valorização do "Ofício de Educar".

A terceira política, momento, foi a da criação de um sistema de avaliação dos diferentes níveis de ensino por meio de provas aplicadas aos estudantes.

A vinculação constitucional reservou recursos que permitiram a expansão e manutenção dos sistemas públicos de ensino, hoje atendendo a oito em dez estudantes.

O Fundef/Fundeb procurou diminuir as desigualdades regionais, garantindo um gasto mínimo por aluno e reservando uma parte substancial (70%, no mínimo) para remunerar professores.

Esses momentos/políticas públicas da Educação, não se explicam por algum viés estatista de seus idealizadores, mas pelo realismo de quem conhecia bem nossa experiência de descompromisso com a educação pública. O Brasil paga por ele até hoje, na qualidade —baixíssima— do ensino oferecido a milhões de jovens. 

A vinculação de receitas e o FUNDEF e FUNDEB e o sistema de avaliação não são, nem de longe, responsáveis por essa tragédia.

A Dona Maria, nos fins dos anos 70, concluiu o Ensino Fundamental e o Ensino Médio através do Ensino Supletivo, o que permitiu ser concursada como Técnica de Enfermagem e assim se aposentou aos 60 anos. Na condição de aposentada, voltou à sala de aula, agora na faculdade, onde se formou Pedagoga, Psico-Pedagogia e Especiação em "Psico-Pedagogia e  Dependência Química". Foi membro do Conselho Tutelar por três mandatos -,9 anos-. Hoje, aos 81 anos está no segundo mandato do Conselho Municipal de Hortolândia-SP, tendo ingressado nesses Conselhos pelo voto popular e universal. 

Ruilan dos Santos, Professor Aposentado, Cientista Social, Historiador, Pedagogo com Administração  e Supervisão Escolar.
23/07/2020