Aos companheiros/as do Partido e eleitores.
Queremos expor nossa posição quanto à realização das eleições municipais nas atuais condições que o país se encontra. Acreditamos que a realização das eleições municipais este ano pode ser um tremendo erro político; primeiro, porque reforçará a contrapropaganda dos governos de Bolsonaro e Dória que buscam minimizar os efeitos humanitários da pandemia e inviabilizar qualquer medida de combate real ao problema. Em segundo, porque em nossa leitura constitui um grave erro tático e objetivo, e que pode vir a aprofundar a atual e perversa conjuntura política, reforçando as dificuldades na luta contra o conjunto das direitas.
Acreditamos ser prudente salientar que, a nós que integramos o chamado campo progressista, em especial àqueles que pertencem a partidos genuinamente socialistas, que rejeitam alianças nefastas com setores golpistas e reacionários em troca de favores parlamentares, as dificuldades que se colocam para realizarmos uma campanha digna do nome, com condições concretas de se fazer ouvir nosso programa e de dar visibilidade a nossos candidatos, está absolutamente comprometida com a situação presente.
A conjuntura política a nível nacional é extremamente desfavorável às esquerdas em geral, e para piorar, no Estado de São Paulo, na capital e em toda a região do grande ABC estamos sob as asas dos tucanos. Fora isso, a crise geral que se alastrou pelo país reforçou a utilização dos velhos instrumentos de coerção pelas forças reacionárias, com destaque para o aparato judicial e a polícia militar, que sob a sombra do fascismo, se aproveitam do agravante da pandemia para cercearem cada vez mais a mobilização popular.
Não compactuamos em nenhuma hipótese com isto a que chama de “retorno à normalidade”, a abertura dos comércios, praças e de estabelecimentos em geral é um tremendo absurdo; será ainda mais se a decisão de Dória de reabrir as escolas a partir de setembro for vitoriosa. É de responsabilidade de toda a esquerda lutar para que as medidas de isolamento voltem a ser colocadas na ordem do dia, que as escolas continuem fechadas enquanto for necessário evitar aglomerações, e que o Estado forneça condições materiais para que a população possa respeitar as medidas de isolamento durante, reforçando mais uma vez a necessidade do retorno da quarentena.
É também necessário que essas considerações sejam estendidas à disputa eleitoral! A não ser que se negligencie por completo a gravidade da situação, não há condições para se fazer uma campanha digna do nome, sem recursos, sem segurança, e ainda por cima com toda a máquina pública aparelhada pela direita, fazendo disso instrumento político para impor a hegemonia política do capital à nação.
Entendemos, portanto, que o adiamento das eleições aprovado pela Câmara dos Deputados, com o 1º e 2º turno vindo a ser realizados respectivamente em 15 e 29 de novembro, e podendo ser adiados em municípios com muitos casos de Covid-19 até no máximo 27 de dezembro é insuficiente. As eleições municipais deste ano devem ser realizadas apenas quando a pandemia deixar de ser um risco à vida de nossa população, que só no Estado de São Paulo já vitimou aproximadamente 20 mil pessoas, e em todo o Brasil avança para mais de 100 mil mortes. Devem, sobretudo ocorrer somente quando condições justas estiverem ao alcance de toda oposição, para que a população trabalhadora, empobrecida e violentada pelo atual estado das coisas, tenha condições de se mobilizar devidamente e ocupar as ruas, podendo combater devidamente a tragédia que é o neoliberalismo fascista que comanda nosso país.
Se somos contra a volta às aulas, falamos em suspender as festas de final de ano e até mesmo o carnaval, nada justifica manter uma campanha em que os candidatos e eleitores, no afã de ganhar as eleições possam vir a contaminar ou se contaminarem, ficando expostos em filas e aglomerações antes, durante e no dia das eleições.
Nenhum projeto ou conteúdo educacional é mais importante do que a vida. Eleições ou qualquer outra atividade somente em condições sanitárias confiáveis!
Direção da Enfrente
Julho de 2020
Perfeito! Apesar de necessitarmos de mudanças, é prudente sim o adiamento.
ResponderExcluirCompactuo!!!Avante!!!
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