A Escolha de Sofia
"A Escolha de Sofia é um filme estadunidense de 1982, do gênero drama, dirigido e roteirizado por Alan J. Pakula e baseado no romance de 1979 de William Styron.
Sinopse
Trata do drama de "Sofia", uma mãe polaca, filha de pai antissemita, presa num campo de concentração durante a Segunda Guerra e que é forçada por um soldado nazista a fazer uma difícil e dolorosa escolha que lhe afetaria pelo resto de sua vida. Essa história dramática é contada em 1947 ao jovem "Stingo", um aspirante a escritor e que vai morar no Brooklyn, na casa de "Yetta Zimmerman", onde ele acaba tendo Sofia como sua melhor amiga." (https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Escolha_de_Sofia_(filme)
Escolha de Sofia: "No Rio, os mais jovens têm mais chance de obter vaga em UTI.
O Estado já estuda critérios para escolher quais doentes terão direito a uma vaga.
Um dia após o Secretário Estadual de Saúde, Edmar Santos, admitir que, com o número crescente de casos de Covid-19, não haverá respiradores suficientes para todos os pacientes em estado grave, estudam critérios para escolher quais doentes terão direito a uma vaga em UTI.
De acordo com o protocolo técnico que está em análise, e que vai tirar o peso da “escolha de Sofia” dos ombros dos médicos, serão avaliadas as condições dos pacientes e atribuídos pontos, que vão de zero (boa) a 24 (ruim). Quanto menor a nota, mais chances o doente terá de conseguir um leito.
O primeiro item analisado será o funcionamento de seis órgãos, como pulmões, rins e coração. Depois disso, os médicos vão atribuir nota ao paciente que luta pela vida de acordo com a existência, ou não, de doenças preexistentes.
Quem tiver algum problema que pode ser fatal, independentemente da Covid-19, em até um ano, ganhará quatro pontos e ficará atrás, na fila, de quem não tiver nenhum mal (zero ponto) ou de quem tenha alguma comorbidade que permita sobrevida maior do que um ano (dois pontos).
Witzel descarta isolamento total obrigatório
Além disso, o documento, que já foi assinado por Renata Carnevale de Miranda, subsecretária de Regulação e Unidades Próprias, do Estado, e aguarda apenas o aval do secretário Edmar Santos para ser publicado no Diário Oficial, também prevê critérios de desempate, caso haja pontuações idênticas.
O primeiro é se o paciente está em ventilação mecânica, já ligado a um respirador. O segundo é a idade do doente. Quem tiver até 60 anos ganhará uma vaga antes dos que têm entre 61 e 80 anos. Os acima dos 80 ficarão por último na disputa por um leito de UTI.
De acordo com a proposta, profissionais que atuem diretamente no combate ao coronavírus terão prioridade, caso precisem de tratamento intensivo. Por fim, será analisada a ordem de solicitação da vaga.
Solução é ter mais leitos
Para o ex-chefe de cardiologia do Hospital dos Servidores, Luis Maurino Abreu, que trabalha há mais de 35 anos em UTIs, o protocolo pode deixar muitos doentes desassistidos. Ele defende que é melhor criar mais leitos de UTI do que escolher quem tem chances de sobreviver, ou não.
— Com o escore, sempre teremos pacientes com potencial de recuperação que não serão contemplados. Se a situação se agravar, só terão acesso à UTI pacientes dentro de uma pontuação mais favorável. A melhor alternativa é ter mais leitos de UTI — diz.
Abreu diz ainda que que a decisão de escolher quem poderá usar ou não um respirador marcará a vida de todos os médicos que estão na linha de frente do combate ao novo coronavírus:
— Estamos mandando todos para a guerra, até os jovens que não estão tão preparados para enfrentar uma pandemia como essa — afirma.
O documento, desenvolvido pelos integrantes da secretaria em conjunto com outras entidades, como o Conselho Regional de Medicina do Rio e a Academia Nacional de Cuidados Paliativos, diz que a escolha terá que ser feita porque haverá “uma inevitável sobrecarga dos equipamentos de saúde quando alcançado o período de ápice de infecção, havendo a imediata necessidade de se promover soluções que evitem o colapso da rede estadual”.
Segundo o texto, o grupo de trabalho levou em consideração os “Princípios de Triagem em Situações de Catástrofes” da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a resolução do Conselho Federal de Medicina que estabelece os critérios de admissão e alta em unidades de terapia intensiva, além de um protocolo publicado no “Journal of the American Medical Association’’. (https://exame.abril.com.br/brasil/escolha-de-sofia-no-rio-mais-jovens-tem-mais-chance-de-obter-vaga-em-uti/)
Diante desta licença para matar, precisamos fazer uma ampla campanha contra o protocolo de morte que vem sendo instruído no Rio de Janeiro e na prática, em vários estados brasileiros, e que os Estados assegurem a todos e todas o direito a vida, independentemente de seu estado de doença.
Sabemos que isso já ocorre no cotidiano do atendimento público, mas a sociedade precisa reagir contra esta política da velhofobia, da necropolítica, da gerentofobia, de tratar o idoso como uma sucata humana e de implementar os questionamentos sobre a banalidade da vida.
Este debate não deve se limitar aos interesses e conveniências políticas e das entidades médicas responsáveis pela ciência, pois, mais uma vez, vai contra o juramento de Hipócrates e os defensores desse tipo de licença para matar os indefesos, foge a razoabilidade humana e do primado da vida em todos os aspectos.
Somente numa sociedade doente e de orientação Nazi/fascista é que estes pressupostos foram adotados, desrespeitando o debate da bioética e das crenças e valores do nosso povo.
Verificamos na sociedade um “abandono de incapazes” para com os idosos que não estão pedindo favor, uma vez que todos contribuímos com os impostos arrecadados pelo Estado e a devolutiva é dever do mesmo, independente do estado de saúde que o cidadão se encontra.
Este debate nos tempos modernos é um atestado de falência do modo de produção capitalista que está em pleno esgotamento e sua morte é imprescindível.
Precisamos, ao contrário do que querem, avançar no debate sobre a valorização dos "jovens há mais tempo", criando as escolas sapienciais, valorizando os idosos e idosas, uma vez que os mesmos são portadores de profunda sabedoria letrada ou não, adquirida e acumulada pela leitura e vivência do mundo, durante toda sua vida.
O recorte histórico de classe nesta pandemia está escancarado, uma vez que os sacrificados são os da periferia, independentemente de idade, pois ainda nos deparamos com dois mundos, àqueles do mundo do atendimento privado em grandes e ricos hospitais e, àqueles do mundo dos abandonados que são atendidos pelo sucateado Sistema Único de Saúde – SUS, ora morrendo em casa ou nas portas dos hospitais implorando pelo direito de respirar.
Neste sentido devemos repudiar, fazer campanha em favor da vida e não permitir que se aprove este consentimento legal, que é uma espécie de licença para matar ou deixar deliberadamente alguém morrer.
Não podemos naturalizar o que não é natural.
-Por campanhas de valorização salarial e indispensáveis equipamentos de proteção aos trabalhadores da Saúde;
-Taxação das grandes fortunas, estabelecendo renda básica aos trabalhadores desempregados;
-Manutenção do distanciamento - isolamento social;
-Estatizar e direcionar empresas para produção de insumos, remédios e vacinas, para o efetivo atendimento médico humanizado;
-Assegurar aos indígenas o direito a sua existência, impedindo as atuais agressões contra nossos povos primeiros;
- Unificar os trabalhadores do campo e da cidade contra a política genocida do Presidente e seus apoiadores;
- Ampliar a luta pelo Fora Bolsonaro, cassação da chapa e por novas eleições no Brasil;
Neste momento de Barbárie capitalista, optemos pelo socialismo.
Reflita sobre as palavras de Pedro Tierra
“Em nome da vida
A procissão inumerável dos mortos pela pandemia, terá ressurreição? Se eles não passaram sequer pelo portal das estatísticas para indicar a causa mortis? É hora de interpelar a sociedade brasileira que ama se apresentar como uma sociedade cristã: em que baú de lembranças permanecem escondidos os princípios fundadores do cristianismo? Até quando manteremos silêncio sobre tantos crimes?
Erguemos nossa voz para levantar um Movimento em Defesa da Vida e Contra a Barbárie. E interrogamos: para onde nos levará a necropolítica que nos assombra todos os dias com um novo sobressalto? Uma política a serviço da morte? Nessa travessia pela tormenta do Covid-19 o Estado brasileiro está nos lançando ao mar. Um governo cúmplice do contágio nos condena à escravidão ou à morte.
Seremos crucificados entre a fome e a pandemia?
Somos os pobres, as mães chefes de família, os negros, os condenados da terra. Seguimos durante a quarentena amontoados nos morros, nos mocambos, nas favelas, nos barracos e, agora, contra todos os clamores e advertências, compomos o cortejo sinistro a caminho das valas comuns.
Somos “o povo do abismo”, de que falava Jack London, os que não temos casa para onde retornar no fim da tarde, os que só temos o viaduto. E a fome. Seremos a multidão dos que sequer foram registrados pelas estatísticas? Seremos soterrados pelas cinzas do esquecimento? Os filhos malditos de Malthus? Os descartáveis da nação? Que tipo de nação será construída sobre nossos ossos?
Todos sabemos, o mercado só nos enxerga quando somos as mãos que movem os tornos, as linhas de montagem, os arados nos campos, os pivôs que irrigam os vastos desertos verdes envenenados, o transporte do que se produziu. Quando a pandemia bate à nossa porta, o que nos oferece o governo? A morte como política de Estado.
E quando faltar o alento aos pulmões do país? Como falta hoje à ofegante respiração dos contaminados?
É necessário quebrar as correntes dessa lógica neoliberal criminosa que nos leva ao matadouro. É necessário manter um alento de esperança. Recobrar a humanidade que perdemos e reconhecer na voz de quem nos pede mais oxigênio – o ar que respiramos, o derradeiro bem que ainda permanece gratuito –, a voz de um irmão, ainda que seja a voz de alguém que nunca vimos, ou sobretudo por isso, mas traz consigo o impulso poderoso para nos fazer entender que não há salvação solitária. Ou é solidária, ou não será salvação!
Movimento Nacional em Defesa da Vida.” (Pedro Tierra)
Aldo Santos- Associação dos Filósofos/as e do sindicato dos professores, Militante do Psol e da corrente política - Enfrente!
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