sexta-feira, 8 de maio de 2020

Lá vai passando a procissão.



Nas ruas, transportes em ação
Bancos infectados, cercados  da humilhação
Cabisbaixo, com voz  mascarada,  cantando a disparada
Olhando  triste  pro chão.
O que será dos pobres/velhos,
Das cidades e do sertão?
Que o silêncio a caminho  é sem volta, revolta, sem rumo
E na contramão.
Mas escutamos  os  passos largos da histórica procissão
Sem fé, sem santo sem comunhão.
Não tem como olhar pro céu, embaçado pelo véu
Dos facínoras, hipócritas,  palacianos  cristãos
Sem oráculo, sem  mística  e sem perdão.
A tragédia dos famélicos, uma faisca na combustão.
Impõem-nos o matadouro,
Do tempo presente e vindouro,
Na   cantiga triste do não.
Não ao emprego, não a vida.
Não ao choro de despedida.
Na vala comum carcomida
O corpo vira torrão
Para adubar  as sementes
Da negação da negação.
Lá vem chegando a procissão
Cabeças erguidas e unidas.
Com voz  limpa e destemida,
Com ou sem deuses por perto
De quem  já marchou no  deserto,
Sem a terra prometida.
Agora sou procissão
Não olho mais só pra terra.
Não me importo se com guerra.
As  sementes  com mentes  são
A partilha permanente da nova recriação.









Aldo Santos – Militante das lutas Sociais e do Psol

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