Uma
modesta dica de filmes para amenizar (um pouco) este angustiante confinamento.
A
Batalha de Argel
Filme assinado pelo grande
diretor Gillo Pontecorvo que também dirigiu Queimada, outra obra-prima do
cinema.
Considerado, por muitos, como um
dos maiores filmes políticos de todos os tempos, “A Batalha de Argel” narra a
luta do exército francês, entre 1954 e 1957, no combate a FLN - Frente de
Libertação Nacional- organização política que lutava contra a dominação
francesa, pela independência da Argélia.
No Brasil, por mostrar ações
desenvolvidas pelos militantes da FLN face aos colonizadores franceses, a cópia
do filme- até então proibido - foi requisitada pela Escola Superior de Guerra
para ser utilizada nos cursos antiguerrilhas promovidos pelos militares.
O roteiro foi baseado em relatos
de um ex-dirigente da FLN que, inclusive, participa do filme como ator. O filme
didaticamente apresenta a Teoria das Pirâmides, a comparação do movimento- no caso
a FLN - a uma tênia; cortar a cabeça senão voltará a germinar.
O filme é exemplar ao mostrar a
intensa participação das mulheres argelinas na luta pela independência da
Argélia e, ao mesmo tempo, os métodos de torturas empregados pelo exército francês.
A
Batalha do Chile
Premiado documentário em três
DVDs que mostra a agonia e morte do governo de Salvador Allende e a instauração
de uma ditadura militar no Chile, em 1973.
O documentário suscita um debate
apaixonante; é possível chegar ao socialismo, pela via pacífica, por reformas
no capitalismo? Os trabalhadores devem confiar em um governo de Frente Popular?
A respeito destas questões vale a
pena ler o livro “Dialética de uma Derrota”, de Carlos Altamirano dirigente do
Partido Socialista Chileno que integrou a UP - Unidade Popular- que governou o
Chile naqueles trágicos anos. A classe operária chilena tinha tudo e nada
diante de si.
O
Leopardo
Filme de 1963 dirigido pelo
consagrado diretor italiano Luchino Visconti. Trata-se de uma adaptação do romance
"o Leopardo" de Giuseppe Tomasi de Lampedusa, escrito em 1956.
A abordagem é a unificação da
Itália em meados do século XIX e ascensão da burguesia como classe dominante.
Consciente da inevitável
decadência da aristocracia e para se adaptar aos novos que se avizinhavam, para
manter-se próximo ao poder e usufruir dos privilégios que isto proporciona, um
membro da decadente nobreza dirá a uma frase que se tornou célebre nos meios
políticos:
"É
preciso mudar, para que tudo fique como está".
Queimada
Outra obra prima dirigida por Gillo Pontecorvo.
Com atuação magistral de Marlon Brando no papel de William Walker agente da
Coroa Britânica.
Willian Walker é enviado a uma fictícia
Ilha do Caribe chamada Queimada, grande produtora de açúcar- dominada pelos portugueses-
com o objetivo de praticar um golpe de Estado, via insurreição de escravos, expulsar
os portugueses e colocar um governo fantoche a serviço da Coroa Britânica.
O objetivo era quebrar o monopólio da
produção e comercialização do açúcar exercido pelos portugueses que ocupavam Queimada,
acabar com a escravidão e instaurar o “trabalho livre” na Ilha. Abrindo assim caminho
para a Coroa Britânica apossar-se da Ilha e de sua produção de açúcar e
negociá-lo livremente no mercado europeu.
Temas como colonialismo, golpe de Estado,
insurreição de escravos, trabalho livre verso trabalho escravo, estão presentes
neste belo filme. Há também uma didática explicação sobre a vantagem do
trabalho livre em relação ao trabalho escravo, dada por William Walker aos
escravocratas senhores de engenho de Queimada que eram radicalmente contra o
fim da escravidão. Esta explicação é um dos pontos altos do filme.
O filma Queimada é uma verdadeira aula
de História. Imperdível.
Obs. Os portugueses não possuíam
colônias no Caribe. Trata-se de um artifício utilizado por Gillo Pontecorvo. O
importante são os temas abordados no filme, que sempre estiveram presentes na
exploração das colônias pelo imperialismo europeu.
Prof. Antonio Lucas Maciel – professor
de História e Sociologia.
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