Importante artigo que traz
elementos da Mitologia Grega para o contexto da atualidade, fundamentalmente,
neste momento de crise, onde a banalização do mal e a negação do estatuto da
ciência são subordinados aos interesses e caprichos de governantes com postura neofascista.
Neste momento em que o mundo acompanha
estarrecido o elevado número de
infectados e mortos, alguns “governantes”
conduzem o povo ao matadouro.
Uma importante contribuição ao
debate sociológico e filosófico.
“Procusto ou Procrustes é um personagem da
mitologia grega, que simboliza a negação da ciência e a relativização de vidas
humanas.
Procusto ou Procrustes é um
personagem da mitologia grega, que simboliza a negação da ciência e a
relativização de vidas humanas. Ele vivia na serra de Elêusis, que em sua casa
tinha uma cama de ferro, com o seu exato tamanho, para onde convidava os viajantes
a se deitarem.
Se os hóspedes fossem altos, ele
os decepava para ajustá-los à cama e os de pequena estatura eram esticados até
atingirem o tamanho suficiente. O nome Procusto significa “o esticador”, em
referência a punição que aplicava às suas vítimas e dizia a elas: “Se você se
destacar, cortarei seus pés. Se você demonstrar ser melhor que eu, cortarei sua
cabeça.”
O seu reinado de terror terminou
quando foi capturado pelo herói ateniense Teseu, que o prendeu em sua própria
cama e cortou-lhe a cabeça e os pés, aplicando-lhe a mesma crueldade que
infligia aos seus hóspedes. Esse mito deu origem a síndrome de Procusto, que
não está em nenhum manual de diagnóstico clínico, contudo, é um comportamento
reconhecido pela psicologia e psicanálise, que também inspirou tramas
literárias e cinematográficas.
A síndrome de Procusto
encontramos no ambiente de trabalho, empresarial, acadêmico, político,
familiar, entre outros, que vai além do conceito de “oportunismo”, porque é uma
conduta que destrói quem é mais preparado e inteligente, por mera arrogância e
estupidez.
A metáfora de Procusto representa
o puro egoísmo do ser humano em relação ao seu próximo, que são aqueles que não
prosperam nem deixam os outros prosperarem. É claro que em nosso cotidiano
ninguém aplica a mesma violência de Procusto, mas é uma agressividade que não
hesita em destruir os que são capazes de derrubar os muros da incompetência e
da vulgaridade.
Aliás, os indivíduos infectados
pela síndrome de Procusto defendem posições extremadas, que ferem o bom senso,
que obrigam os que estão sob o seu comando a se adequar aos seus delírios e a
sua indiferença com o sofrimento e a morte do outro.
Assim, o espectro de Procusto
exerce uma lógica anticiência, que é feita por mentes doentias que negam a
liberdade e a ciência, sobretudo, nas redes sociais e na era da covid-19. Em
termos idiomáticos é um “espírito de porco”, ou seja, são criaturas cruéis que
geram – constrangimentos – para limitar a capacidade de professores,
pesquisadores, cientistas, intelectuais, jornalistas, etc.
Além disso, os sujeitos que
sofrem dessa síndrome apresentam um humor constantemente irritável, anormal e
expansivo, aumento da grandiosidade e da autoestima. Porém, precisamos aprender
a lidar com esses traços maníacos, que estão longe da simples competição.
Apesar de existirem Procrustes
por aí a fora não significa que devemos nos render a eles, pois temos condições
de dar mais um passo à frente e buscar ambientes em que possamos nos
desenvolver, de acordo com o nosso potencial.
Enfim, liberte-se dos grilhões de
Procrustes, ampliando o seu conhecimento, valorizando a natureza, os animais,
as crianças, os idosos e acrescente atitudes positivas com si mesmo, com o seu
trabalho, que são coisas que os Procrustes desprezam.”
Jackson César Buonocore é
Sociólogo e Psicanalista (https://www.contioutra.com/sindrome-de-procusto-a-negacao-da-ciencia-e-a-relativizacao-de-vidas-humanas/?fbclid=IwAR1No15oV9Zl3cO-W2djRRx4qLu0Br4oPXb8HPK5kZlR9K5xSGZHFt8xtbI)
Neste momento de intensa pandemia, é fundamental a leitura, a reflexão
e a ação contra os mandatários que implementam
a necropolítica, subordinando a vida do povo aos interesses da agiotagem das bolsas de
valores e do grande capital.
Lutar, resistir e viver é
preciso!
Aldo Santos – Militante sindical e do Psol.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEssa metáfora é bem apropriada a este momento.
ResponderExcluirO país está infectado por "esticadores".