terça-feira, 31 de março de 2020

Síndrome de Procusto: a negação da ciência e a relativização de vidas humanas.




Importante artigo que traz elementos da Mitologia Grega para o contexto da atualidade, fundamentalmente, neste momento de crise, onde a banalização do mal e a negação do estatuto da ciência são subordinados aos interesses e caprichos de governantes com postura   neofascista.

 Neste momento em que o mundo acompanha estarrecido  o elevado número de infectados e mortos, alguns “governantes”  conduzem o povo ao matadouro.

Uma importante contribuição ao debate sociológico e  filosófico.

 “Procusto ou Procrustes é um personagem da mitologia grega, que simboliza a negação da ciência e a relativização de vidas humanas.

Procusto ou Procrustes é um personagem da mitologia grega, que simboliza a negação da ciência e a relativização de vidas humanas. Ele vivia na serra de Elêusis, que em sua casa tinha uma cama de ferro, com o seu exato tamanho, para onde convidava os viajantes a se deitarem.

Se os hóspedes fossem altos, ele os decepava para ajustá-los à cama e os de pequena estatura eram esticados até atingirem o tamanho suficiente. O nome Procusto significa “o esticador”, em referência a punição que aplicava às suas vítimas e dizia a elas: “Se você se destacar, cortarei seus pés. Se você demonstrar ser melhor que eu, cortarei sua cabeça.”

O seu reinado de terror terminou quando foi capturado pelo herói ateniense Teseu, que o prendeu em sua própria cama e cortou-lhe a cabeça e os pés, aplicando-lhe a mesma crueldade que infligia aos seus hóspedes. Esse mito deu origem a síndrome de Procusto, que não está em nenhum manual de diagnóstico clínico, contudo, é um comportamento reconhecido pela psicologia e psicanálise, que também inspirou tramas literárias e cinematográficas.

A síndrome de Procusto encontramos no ambiente de trabalho, empresarial, acadêmico, político, familiar, entre outros, que vai além do conceito de “oportunismo”, porque é uma conduta que destrói quem é mais preparado e inteligente, por mera arrogância e estupidez.

A metáfora de Procusto representa o puro egoísmo do ser humano em relação ao seu próximo, que são aqueles que não prosperam nem deixam os outros prosperarem. É claro que em nosso cotidiano ninguém aplica a mesma violência de Procusto, mas é uma agressividade que não hesita em destruir os que são capazes de derrubar os muros da incompetência e da vulgaridade.

Aliás, os indivíduos infectados pela síndrome de Procusto defendem posições extremadas, que ferem o bom senso, que obrigam os que estão sob o seu comando a se adequar aos seus delírios e a sua indiferença com o sofrimento e a morte do outro.



Assim, o espectro de Procusto exerce uma lógica anticiência, que é feita por mentes doentias que negam a liberdade e a ciência, sobretudo, nas redes sociais e na era da covid-19. Em termos idiomáticos é um “espírito de porco”, ou seja, são criaturas cruéis que geram – constrangimentos – para limitar a capacidade de professores, pesquisadores, cientistas, intelectuais, jornalistas, etc.

Além disso, os sujeitos que sofrem dessa síndrome apresentam um humor constantemente irritável, anormal e expansivo, aumento da grandiosidade e da autoestima. Porém, precisamos aprender a lidar com esses traços maníacos, que estão longe da simples competição.

Apesar de existirem Procrustes por aí a fora não significa que devemos nos render a eles, pois temos condições de dar mais um passo à frente e buscar ambientes em que possamos nos desenvolver, de acordo com o nosso potencial.

Enfim, liberte-se dos grilhões de Procrustes, ampliando o seu conhecimento, valorizando a natureza, os animais, as crianças, os idosos e acrescente atitudes positivas com si mesmo, com o seu trabalho, que são coisas que os Procrustes desprezam.”


Neste momento de intensa  pandemia, é fundamental a leitura, a reflexão e a ação contra os mandatários  que implementam  a necropolítica, subordinando  a vida do povo  aos interesses da agiotagem das bolsas de valores e do grande capital.

Lutar, resistir e viver é preciso!

Aldo Santos – Militante sindical  e do Psol.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Essa metáfora é bem apropriada a este momento.
    O país está infectado por "esticadores".

    ResponderExcluir