quinta-feira, 25 de abril de 2019

Guerras Híbridas, das revoluções coloridas aos golpes.


 Aldo  Mundo

O livro Guerras Híbridas, das revoluções coloridas aos  golpes, do autor ANDREW KORYBKO, foi publicado pela expressão popular, em 2018 e trás significativa contribuição para a compreensão das novas estratégias de guerras que vem sendo implementadas em várias partes do mundo, fundamentalmente pelos Estados Unidos.

“A partir do final de 2010, uma onda de protestos emergiu no mundo Árabe, partindo da Tunísia e espalhando-se para a Argélia, Jordânia, Egito e Iêmen, o que ficou conhecido como primaveras Árabes”. Todos presenciaram entusiasmados estes movimentos, uma vez que  além do mundo Árabe, também chegou a América latina, inclusive no Brasil.

Por várias vezes nos deparávamos com destemidas pessoas e grupos de pessoas saudando a inexistência dos partidos políticos, de centrais sindicais e condenando o uso da cor vermelha nas vestimentas.

Este novo conceito de Guerra Híbrida foi elaborado pelo jornalista, analista político Andrew Korybko, onde definia que “ A guerra Híbrida é a combinação entre revoluções coloridas e guerras não convencionais. Neste novo modelo de guerra, as revoluções coloridas-largamente planejadas anteriormente e utilizando ferramentas de propagandas  e estudos psicológicos combinados  com o uso de redes sociais - consistem em desestabilizar governos  por meio de manifestações  de massas em nome de reivindicações abstratas como democracia, liberdade etc, e elas são fagulhas que incendeiam uma situação de conflito interno. A revolução colorida é um golpe brando”. (página 8)

Embora perpetrado pelos EUA, este método vai ser observado oficialmente pela Rússia conforme conferência de Moscou sobre segurança internacional de maio de 2014 que introduzem o conceito de abordagem adaptativa para  as operações  militares. “Com isso, ele quer dizer que meios não militares (identificados como revoluções coloridas) são reforçados pelo uso encoberto de forças e de interferência militar aberta”.(página 13)
“O livro visa expor e analisar o novo modelo em desenvolvimento dos EUA para a troca de regime e o método de guerra descrito pela primeira vez na Conferência de Moscou sobre segurança Internacional de 2014, bem como demonstrar que a combinação de revoluções coloridas e guerra não convencional representa uma nova teoria de desestabilização de Estados, que está pronta para a implantação estratégica em todo mundo”. (página 15)

Tipificada como guerras de quarta geração, Willian Lind, em artigo já em 1989 vai dentre outras coisa afirmar:” As operações psicológicas podem se tornar a arma operacional e estratégica dominante assumindo a forma de intervenção midiática/informativa [...] o principal alvo a atacar será o apoiada população do inimigo ao próprio governo e à guerra. As notícias  televisionadas se tornarão uma arma operacional mais poderosa do que as divisões armadas”.(página 26)

Com mecanismos sofisticados de dominação, os autores desta teoria recorrem aos vários campos do conhecimento como a guerra neocortical (Richard Szafranski) que consiste em  “usar técnicas de disseminação da informação para moldar indiretamente o ‘Cérebro coletivo’ da liderança do inimigo (isto é, o alvo) a fim de influenciá-lo a não lutar (isto é, mudar seu comportamento de conflito),(página 49)
Avança nos estudos em relação  a centralidade das guerras através das redes sociais e vão utilizar o conceito de mente de colmeia onde ficou demonstrado que  “as mentes de colmeia podem ser fabricadas por organizações de inteligência estrangeiras através de plataformas de mídia social e princípios da guerra em rede”. (página 58)

No anexo do livro os conceitos estão sistematizados ao ponto de afirmarem que “ todas as revoluções coloridas seguem à risca o mesmo modelo, e entender a natureza dessa tática de desestabilização na prática permitirá elaborar contramedidas adequadas para se defender contra ela”. (página 113)
Continua em relação ao modelo da guerra afirmando que “As revoluções coloridas são fabricadas pela complexa interação de vários fatores, que, contudo, podem ser subdivididos em várias categorias de infraestrutura primária: a Ideologia, o financiamento, o social, o treinamento, a  Informação  e a mídia”.(página 113)

Para o autor, a ideologia é a força propulsora que sedimentam as demais variáveis, e afirma que “a ideologia é, portanto, o ponto de partida de todas as revoluções coloridas”.(página 115)
O financeiro é a espinha dorsal, embora o financeiro é diretamente respaldado pela ideologia em curso. O social é o organizativo e a forma de engajamento, através do núcleo (vanguarda), Tenentes (assistentes) e  os civis (simpatizantes).

O treinamento é fundamental, podendo ser presencial ou virtual e é determinante na eficácia do projeto. A informação também tem papel de relevo, pois as mesmas acontecem pelas mídias sociais e propagandas de uma maneira geral, sempre conectados a ideologia  e aos objetivos estabelecidos. A mídia tem papel fundamental e ela pode  ser (blog, sites de noticia alternativos) ou TV, jornais, ou seja os meios de comunicação em geral.

Para contagiar grandes aglomerações e apoiadores a causa, “O apelo à geração jovem é de extrema importância para as revoluções coloridas, uma vez a presença de muitos jovens dá ao movimento um aspecto jovem e enérgico contra um sistema estagnado e decadente (a maior parte dos governantes já  tem certa idade)”.(páginas 1228/129)

O livro finaliza expondo o objetivo central desta nova investida dos EUA. “Os EUA estão decididos a desmantelar a influência da Rússia onde quer que seja, o que é ainda mais  verdade no caso dos Balcãs, Oriente médio, Cáucaso e  Ásia central. Cada um desses cenários contem certas oportunidades e vulnerabilidades para a estratégia mor da Rússia e, portanto, países-chaves dento deles agora estão  na linha de tiro da nova guerra fria dos EUA”.(página 160)

Quando os golpes acontecem e quando as grandes manifestações como a de 2013 surpreendeu a todos e todas, muitas vezes ficamos indagando a serviço de quem estão àqueles objetivos e movimentações.
Anos depois podemos observar as novas estratégias e formatos de ler, detectar e dominar o mundo, com a sutileza dos opressores de sempre, que usam de todo tipo de artifício que as tecnologias modernas dispõem para disputar corações e mentes conforme descrição das propaladas guerras coloridas, que acompanhamos de perto sua eficácia como a  destituição de governos através de golpes e de entrismos das mais variadas formas de dominação.

Um bom estudo nos dia atuais, para explicar as grandes movimentações que culminaram com a primavera Árabe e as grandes manifestações que ocorreram inclusive no Brasil, de forma orquestrada e que teve o desdobramento conhecido de todos, com o golpe político em 2016, prisão e inviabilização da eleição do presidente Lula, e, em decorrência disso, a eleição de um governo que representa em grande parte o conteúdo e submissão  desta nova estratégia de dominação do imperialismo Americano.

Aldo Santos-Ex-vereador, Presidente da aproffib, diretor da aproffesp, militante sindical de do Psol.

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