Os socialistas e o poder local
Um projeto de mudança hoje só pode ser pensado a partir de um horizonte socialista, onde a economia priorize aqueles e aquelas que produzem a riqueza, mas, são alijados de seus benefícios; contra a lógica da acumulação capitalista, concentradora de renda e reprodutora de desigualdades sociais, políticas e culturais. Nosso desafio será de traduzir estas aspirações no debate das eleições municipais, buscando estabelecer as conexões entre os problemas locais, nacionais e globais.
No Brasil da década de 1990, frustrando as expectativas em torno da nova
Constituição Federal, setores da burguesia nacional e posteriormente os
neoliberais organizados nas instituições brasileiras, operaram medidas para
descentralizar a execução das políticas e centralizar os recursos na União.
Segundo os dados do Tesouro Nacional, de tudo que é arrecadado pelo Estado
brasileiro (incluindo os três níveis), em 2006 a União ficou com 72,2%, os
estados ficaram com 18,6% e os municípios com apenas 9,2%. De 2000 a 2006, este
valor oscilou entre 7,9% e 9,2% e a União ficou com parcela correspondente
entre 71,7% a 74,6% no mesmo período; fica evidente a concentração dos
recursos. Apesar disso os municípios assumiram e continuam assumindo, direta ou
indiretamente, cada vez mais a execução das políticas, como é o caso da
segurança pública, sem a contrapartida financeira compatível com as
responsabilidades assumidas.
A Lei de Responsabilidade Fiscal em nada contribuiu para enfrentar a
fragilidade fiscal da economia e nem erradicou a corrupção no Estado
brasileiro. Mas, cumpriu o papel para o qual foi planejada: drenou ainda mais
recursos dos municípios para a União visando garantir o ajuste fiscal e o
pagamento da dívida pública. Com isso se institucionalizou a
“irresponsabilidade social” prejudicando, sobretudo, as populações mais
submetidas à pobreza.
São nas cidades que as contradições desse modelo se manifestam de modo mais
agudo e as políticas públicas vão sendo transformadas em mercadoria ou
sucateadas mediante conceitos da “eficiência” da gestão pública.
Nosso governo em
São Bernardo do Campo priorizará políticas universais de saúde, educação,
cultura e assistência social que combatam a exclusão e as desigualdades
sociais; combaterá a corrupção e a predominância dos interesses privados sobre
o interesse público que prevalece na administração municipal; e promoverá o
protagonismo e a participação popular no planejamento e gestão da cidade. Por
isso será um governo em
permanente construção e que enfrentará tensões, pois, estas propostas exigem
mudanças que confrontam os interesses instalados e o projeto comum às demais
candidaturas.
(Texto do programa de governo eleições 2012, Aldo Santos prefeito 50/ Prof. Diógenes de Freitas vice.)
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