Breve caracterização do
Município de São Bernardo do Campo.
Com uma área de 408,45km e uma população de
acordo com o senso do IBGE de 2010(756.203 habitantes), tem no seu bojo
contradições visíveis.
São Bernardo do Campo e seu crescimento
concentrou-se entre as décadas de 50 e 70, período no qual passou de 29.295
habitantes para 201.662. A base fundamental deste crescimento foi devida
a migração, mas a partir da década de 80 o crescimento já se dá mais vegetativamente
do que pela migração. Entre 1991 e 1996 a taxa de crescimento por migração era
de 92,7%, caindo para apenas 7,3% no período de 1996-2000, ao mesmo tempo em
que o crescimento vegetativo passou de 48% para 51% no mesmo período.
O município de São Bernardo abriga 4,3% da
população da grande São Paulo, 31% do ABC e 1,9% da população do Estado de São
Paulo e é composto de 48,8 % de homens e 51,3 % de mulheres.
São Bernardo faz parte de uma região
relativamente rica do Estado de São Paulo, mas que concentra grandes bolsões de
miséria. Com um PIB que passou de 11.130 bilhões em 1993 para 14.585 bilhões em
2003 e em 2005 atingiu a quantia de 19.448 bilhões, a cidade é a 1ª colocada
segundo o volume do PIB na região do ABC, a 5ª do Estado e a 11ª no Brasil.
Entretanto, a pobreza absoluta (considerando o critério do IBGE de até meio
salário mínimo por mês) cresceu na cidade de 7,8% da população em 1991 para
12,25% em 2000.
Considerando o Índice de Vulnerabilidade
Social (IBGE-SEADE) a população de São Bernardo assim se divide:
Nenhuma-
6.1
Muito- 29.2
Baixa-
26.4
Média- 25.7
Alta- 3.4
Muito Alta- 9.2
Média- 25.7
Alta- 3.4
Muito Alta- 9.2
Considerando as porcentagens agregadas teríamos que 55.6%
encontram-se em uma situação de baixa vulnerabilidade, enquanto que 12.6% estariam
em situação de pobreza acentuada. Falamos, portanto, de uma região rica com uma
concentração de pobreza, como demonstra o alto PIB per capta e contradição como
a situação de empregos e salários. O PIB per capta passou de R$ 481,64 para R$
505,45 entre 1991 e 2000, o que corresponde à segunda colocação no ABC e 78º no
Estado.
O crescimento da
economia em São Bernardo foi questionado nos anos 90 devido ao impacto da
reestruturação produtiva. Em verdade operou-se uma chantagem, ou seja, sob o
pretexto do chamado “Custo ABC” relativo aos direitos trabalhistas, poder de
negociação sindical, níveis salariais e outros; o Capital argumentou que a
reestruturação produtiva tornaria muito reduzida a necessidade do trabalho
produtivo direto e, no limite, virtualmente desnecessário. Começou-se a falar
de “desindustrialização”, fuga de empresas e cortes massivos de postos de
trabalho.
Como conclusão se afirmava uma mudança de
perfil da cidade que teria deixado de ser uma cidade industrial para tornar-se
um polo de prestação de serviços. Os postos cortados nas indústrias não
voltariam como de costume nos ciclos anteriores, mas formariam um chamado
“desemprego estrutural”, reforçando as teses em voga na ofensiva ideológica no
mundo acadêmico a respeito do fim da centralidade do trabalho, fim da classe
trabalhadora, etc.
Na verdade não foi bem o que ocorreu. O
número de indústrias em São Bernardo não caiu, assim como não caiu a
produtividade e a geração de valor neste setor estratégico. Em 1993 existiam
1.251 indústrias em SBC e em 2003 eram 1.529. Não houve, portanto,
desindustrialização. No conjunto do ABC o número de indústrias em 1998 era de
9.489 e em 2005 era de 9.955.
É verdade que houve um processo acentuado
de desenvolvimento do setor de serviços que no conjunto do Grande ABC eram em
1998, 61.949 estabelecimentos e em 2005 passaram a 74.493 (20,2% de
crescimento). Entretanto esse crescimento deve ser compreendido no interior do
processo de reestruturação produtiva que descentralizou algumas atividades e
terceirizou setores inteiros. Setores como o de limpeza (formalmente incluído
nos serviços) foi terceirizado tornando-se uma atividade produtiva que vende o
serviço de limpeza como mercadoria.
Além disso, a proporção entre os setores da
indústria, comércio e serviços nunca favoreceram a indústria. Comparativamente
a atividade industrial em São Bernardo passou de 1.709 estabelecimentos em 1996
para 1.711 em 2004 (segundo o Censo Estatístico da Prefeitura), o comércio
passou de 11.793 para 14.700 estabelecimentos e os estabelecimentos de serviços
saltaram de 30.635 para 58.761 no mesmo período. Isso significa que a indústria
passou de 7.74% em 1980 para 2.28% em 2004, enquanto que o comércio passou de
15,7% para 19,55% e os serviços de 76,5% para 78,1%.
Podemos dizer que houve uma desconcentração
da atividade econômica que se caracteriza por um crescimento maior do número de
empresas no setor de serviços (12,9%) se comparado com o comércio (3,4%) e a
indústria que praticamente estabilizou seu número.
Tal processo se reflete igualmente no
emprego. Considerando o número de empregos industriais em 1993 que era de
86.621 e o número de empregos no mesmo setor em 2003 que era de 86.542, podemos
concluir que houve uma estabilidade no número de empregos.
No
conjunto dos setores econômicos a relação entre emprego e desemprego não
apresenta um quadro distinto que justificasse a tese do desemprego estrutural.
Vemos, portanto, que a taxa de desemprego se manteve e a de ocupação chegou mesmo a crescer. A receita vinda do IPI também não caiu, passou de R$ 4.188.727.000,00 para R$ 4.621.688.000,00 entre 1996 e 2004.
Podemos concluir que São Bernardo do Campo é um município rico,
com intensa atividade econômica, parte dela centrada na grande economia
monopolista industrial de caráter transnacional, que passou por uma
reestruturação produtiva que descentralizou a atividade produtiva impulsionando
um grande setor de serviços e de comércio, sem que com isso tenha perdido a
centralidade nem do setor produtivo, nem do trabalho. Produziu-se importantes
transformações no perfil da classe trabalhadora, principalmente em sua
desconcentração espacial, fragmentação de categorias e espaços de organização
política e de formação de identidade, mas que continua sendo uma classe
trabalhadora assalariada e subjugada à formas capitalistas de
trabalho.(texto do progrmama de governo 2012, aldo santos prefeito 50/Prof. Diógenes de freitas vice.)
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