GOVERNO MARINHO QUER DESMANTELAR EDUCAÇÃO.
Em assembleia, convocada
pelo Sindicato de São Bernardo do Campo, realizada em 8/11, os
trabalhadores da rede municipal de ensino rejeitaram mais uma vez a proposta de
Estatuto dos Profissionais da Educação do governo Marinho. É a sexta vez, desde
2010, que eles reprovam o que chamam de “intenções danosas para os educadores e
para a educação no município”. Os trabalhadores defendem o documento elaborado
pela própria categoria e aprovado no 1º Congresso dos Trabalhadores em
Educação, em março de 2012, que é resultado de um processo de debates que
começou em 2010, envolvendo mais de 6.000 profissionais, lembra um dos coordenadores da oposição .
Apesar das manobras, afirma o professor, a proposta da administração foi rejeitada por 356
votos contra 261. Segundo o professor, houve três tipos diferentes de votação,
na primeira, foi solicitado que os contrários à proposta do governo levantassem
a mão, em seguida, os favoráveis, mas como a direção do sindicato argumentou
ter dúvidas em aferir o contraste visual, “visivelmente desfavorável à proposta
oficial”, passaram para a segunda votação. Os trabalhadores contrários
permaneceram em um extremo da arquibancada e os favoráveis no outro e, ao
centro, ficaram os presentes que não faziam parte da categoria. Novamente, os
contrários foram maioria, quando os favoráveis passaram a gritar palavras de
ordem contra a assembleia. Então, foi realizada uma terceira votação, por
contagem individual dos votos, em que os participantes, com apresentação de
crachás, passaram por portões diferentes – favoráveis e contrários - sob a
fiscalização de um diretor do sindicato, um representante do “Não” e um do
“Sim”. Contabilizados os votos, a proposta do governo foi novamente derrotada.
Não
contentes com o resultado, está sendo
circulado pelo sistema de rede da Secretaria Municipal de Educação,
abaixo-assinado anônimo para deslegitimar a assembleia. “Tenho relato de
colegas, principalmente coordenadores pedagógicos, que receberam ligações de
chefes da Secretaria de Educação perguntando se votaram contra ou a favor do
projeto do governo, e orientando para que passem o abaixo-assinado entre os
profissionais das escolas. O que é uma prática de assédio moral indiscutível”,
assegura. O abaixo-assinado solicita esclarecimentos e revisão dos
procedimentos do sindicato na aferição dos votos da assembleia.
A coordenação
da Subsede da apeoesp-sbc lembra que esta não é a primeira vez que o governo Marinho
através de sua secretária de Educação, Creuza Repulho, desrespeita as decisões
da categoria em relação à proposta de Estatuto. Em dezembro de 2012, por
exemplo, ela promoveu uma consulta, à revelia do sindicato, mas acabou tendo a
rejeição dos profissionais.
Desmantelamento
da educação
De acordo com dirigentes da apeoesp, a proposta de estatuto do governo é uma tentativa de
“desmantelar a educação pública e os profissionais da educação”. Explica
que o documento oficial retira direitos dos trabalhadores, além de piorar as
condições de trabalho, trazer prejuízo à carreira e à aposentadoria e
aprofundar o processo de terceirização e privatização do ensino público.
Entre outras investidas, o governo propõe a extinção de cargos como
diretor de escola, orientador e coordenador pedagógicos, bem como toda a equipe
de orientação técnica e profissionais de educação especial. Com isso, o
professor teria uma função ampla, sem especificação de funções, garantidas pelo
concurso prestado. Com a extinção dos cargos, a Secretaria tem intenção de criar a função
gratificada e cargos comissionados, delegando a seleção dos profissionais a
empresas privadas, com indicação final da secretaria, o que “poderia se configurar
como indicação política”, advertem. “Acreditamos que o concurso
público, como preconiza a Constituição Federal, é o meio legítimo para o acesso
aos cargos”.
Vários professores e
professoras criticam a
atitude do governo de tentar condicionar o cumprimento de promessas anteriores
e concessão de direitos trabalhistas à aprovação do projeto oficial, isso é inadmissível. “Pegaram nossos direitos e agora exigem que aprovemos a
proposta deles para que os tenhamos de volta, como uma moeda de troca.”
Enquanto isso, ele lembra que
o salário do professor da rede municipal de São Bernardo é o pior da região, em
2009, um educador do Fundamental recebia sete salários mínimos por 30 horas de
trabalho, hoje não chega a 2,5 SM. Os professores substitutos que exercem a mesma
função dos efetivos recebem menos, em flagrante desrespeito à isonomia salarial
e o direito à progressão horizontal não vem sendo cumprido, contrariando inclusive o estatuto em vigor.
Comunicação da apeoesp-sbc
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