segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Escola Filinto Muller pode mudar de nome

08/09/2013 14:32, publicado no Diário regional

A Escola Estadual Senador Filinto Muller, em Diadema, poderá ter seu nome alterado por meio de proposta do deputado estadual Adriano Diogo (PT). A escola, uma das mais tradicionais da região, voltou a ter seu nome alvo de polêmica nos últimos dias, após uma pesquisa divulgada sobre o número de escolas brasileiras que possuem nomes de presidentes e personagens da ditadura militar. Filinto Muller (1900-1973) é conhecido como o “carrasco de Vargas”, por sua atuação como chefe da polícia política, quando ordenou perseguições, prisões arbitrárias e torturas de prisioneiros.
Como político foi senador e presidente da Arena, partido que deu sustentação ao regime militar. Filinto também é lembrado como o responsável por ter enviado a judia comunista Olga Benário, esposa do também comunista Luis Carlos Prestes, para a Alemanha nazista mesmo estando grávida, onde foi assassinada em uma câmara de gás.
“Estou preparando um projeto bem feito, que permita a alteração nos nomes de escolas e logradouros”, destacou Diogo. Segundo o deputado, já havia projeto de lei de autoria do deputado estadual Milton Flávio (PSDB), que visava dar ao Poder Executivo a possibilidade de se alterar a nomenclatura de locais públicos que possuam nomes ligados à ditadura militar. No entanto, a proposta teria entrado em conflito com outro projeto, do deputado Cauê Macris (PSDB), também à respeito da denominação de prédios, rodovias e repartições públicas estaduais, permitindo que esses nomes sejam escolhidos caso cumprissem uma série de exigências. “Isso atrapalhou tudo, mas agora estou empenhado no novo projeto, para que, finalmente, se possa fazer essas alterações”, pontuou.
Homenagens
A escola diademense é um dos dez colégios brasileiros com o nome de Filinto e única no Estado de São Paulo. Além da instituição, a região possui também uma rua com o nome de Muller, que fica no bairro Alvarenga, em São Bernardo. O ABC ainda conta com duas homenagens a Humberto Castello Branco (que governou o país de 1964 a 1967), uma avenida em São Bernardo e uma praça em Diadema. Outras duas para Artur da Costa e Silva (governou de 1967 a 1969), com uma rua em Mauá e outra em Santo André, além de uma homenagem a Ernesto Geisel (governou de 1974 à 1979), com uma rua em São Bernardo.
Segundo o deputado, a alteração dos nomes de escolas, ruas e outros locais públicos está longe de ser algo improdutivo. “A nossa história está marcada pela impunidade e isso se reflete no presente e vai se refletir no futuro”, explicou.
O deputado faz questão de destacar que não se trata de esconder o passado.Pelo contrário, a intenção é relembrar e trazer ao conhecimento das novas gerações a história do país. “As pessoas não imaginam que aquela pessoa que dá nome a uma rua, por exemplo, foi alguém que cometeu atrocidades. Porque todo mundo pensa que estes nomes são dados em homenagem a alguém que fez algo de bom para a sociedade”, reforçou.
História
Diogo ressaltou, ainda, que em escolas como a de Diadema, raramente é contada aos alunos a história real de seu patrono. “Mudar os nomes desses lugares e contar a história aos jovens é uma forma de mudamos a cultura”, concluiu.
Poucos estudantes conhecem a história de Filin Muller. “Só sei que foi um senador porque está no nome da escola”, afirmou Matheus Lisboa, 15 anos, que cursa o segundo ano do ensino médio na escola. Segundo Giovanna Gasparoto, 15, que também estuda no local, a maioria dos alunos não costuma questionar sobre a história do patrono da escola.
“Ninguém comenta isso, acho que por isso ninguém sabe direito quem foi o Filinto”, pontuou a estudante.
A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo foi contatada pela reportagem, mas até o fechamento da edição não respondeu ao questionamento quanto possível mudança do nome da escola.
COMENTÁRIO
No final da década de 80 lecionei nesta  Unidade Escolar em Diadema e naquela ocasião  eu já discutia com os alunos o absurdo de um centro de aprendizado ter o nome de um agente da ditadura militar. Claro que eu corria risco, pois estava em plena transição rumo ao fim ditadura militar. Os professores ficaram indiferentes, a direção me ignorou, porém, alguns alunos concordavam comigo sobre essa lamentável denominação.
Em São Bernardo do campo, quando vereador, também levantei várias polêmicas sobre a necessidade da releitura da história  numa perspectiva crítica-transformadora.Polemizei sobre a medalha João Ramalho, pois o mesmo era um exímio traficante de índio. A medalha João Ramalho era distribuída por vereadores a figuras ilustres da cidade, além de ser  denominação de nome de escolas e outras honrarias. Indiquei mudar o nome da Vila Mussolini, bem com a Avenida 31 de Março. Alguns personagens depõem contra nossa inteligência, e sempre é momento de passar a limpo a nossa história, jogando na lata do lixo aqueles que foram  e ainda são os algozes da classe trabalhadora.

Reescrever uma nova história é preciso!!!


Aldo Santos, Professor de filosofia, coordenador da subsede da apeoesp-sbc,Presidente da Associação dos professores de Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo, APROFFIB e militante do psol.

Um comentário:

  1. Desejo que consigam mudar o nome, na década de 90, quando também fui professora desta escola sugeri a Bia Pardi, então deputada eleita pelos professores e APEOESP que propusesse tal ação (na ocasião um assessor dela me informou que era impossível mudar nome de logradouros e prédios públicos, que uma lei estadual vetava tal tipo de ação), que bom que agora temos quem lute para modificar.

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