Para analistas, baixa qualidade do ensino e taxa de reprovação "expulsam" jovem da escola |
Caiu o número de jovens na escola a partir dos 15 anos de idade. O dado da Pnad 2011 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), explicita um problema que preocupa há algum tempo pesquisadores da educação: a escola não consegue reter o adolescente.
Cristiane Capuchinho
Cristiane Capuchinho
Uma pesquisa realizada pelo Ibope, em parceria com o Instituto Unibanco, em 2011 mostra que os estudantes do ensino médio perdem entre 17% e 40% dos dias de aulas, na maioria dos casos, por falta de professor.
Desinteresse
"O jovem diz que não tem interesse, não tem saco, não gosta da escola", afirma Haroldo Torres, diretor de análise e disseminação de informações da Fundação Seade. Segundo ele, até existe um reconhecimento de que estudar "é importante para o futuro", mas isso não se traduz em esforço para se manter na escola."O jovem tem dificuldades para chegar até a escola, pois é longe e o transporte é caro. Quando ele chega, não tem professor e a escola sequer tem uma biblioteca para manter o aluno ali estudando", critica Marcia.
Retenção
A probabilidade de evasão do jovem aumenta conforme o número de repetências no histórico escolar. "O nosso sistema é muito reprovador, sobretudo em algumas regiões. No Nordeste, por exemplo, é muito comum as pessoas ficarem retidas no ensino fundamental", explica Torres.Não dá para dizer que o jovem está saindo da escola para ir trabalhar, pois caiu a taxa de ocupação até os 29 anos. Existe uma parte da população aí que não estuda nem trabalha
MARIA LUCIA VIEIRA, gerente de pesquisa do IBGE
A avaliação de que os altos índices de retenção desestimulam o aluno ecoa na fala do pesquisador Simon Schwartzman, do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade).
"A educação pública brasileira é em geral muito mal gerenciada, com níveis absurdos de reprovação e dependência. Basta "arrumar a casa", garantir que os professores venham e dar aulas de reforço para os alunos que ficam para trás para que os indicadores comecem a melhorar", diagnostica.
Estrutura
Apesar do aumento no investimento no ensino médio, com a criação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) que atende toda a educação básica, os números do ensino médio não melhoraram. Uma das hipóteses é de que o currículo não agrade a esse jovem."É importante deixar de obrigar todos a seguirem os mesmos currículos, abrir espaço para escolhas, e ampliar de maneira muito significativa a alternativa de formaçao profissional sem mantê-la atrelada ao ensino médio regular", argumenta Schwartzman.
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Estudantes protestam na avenida Paulista, em São Paulo, por melhorias na educação pública. Manifestações em vários Estados foram marcadas para hoje (6), por meio do Facebook. Os organizadores do evento afirmam que são "apartidários e não estão vinculados a nenhuma instituição política ou estudantil". Eles pedem o investimento de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para educação, incentivo ao estudo - desde o ensino de base, até o término da graduação - e o atendimento às reivindicações dos professores em greve
Assunto | Visualizações | Data - Hora | Nº do texto | Postagem | ||||
Educação | 59 | 11/10/2012 - 18h | 13766 | Ricardo Alvarez |
http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/10/02/baixa-qualidade-do-ensino-e-politica-de-retencao-expulsa-jovem-da-escola-analisam-especialistas.htm
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