ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES DE FILOSOFIA E FILÓSOFOS DO ESTADO DE SÃO PAULO.DEBATE EDUCACIONAL
Os
grandes meios de comunicação reproduzem reportagens, expondo as mazelas
da educação, de forma sensacionalista e até depreciativa, em
relação aos educadores brasileiros. Se, de um lado ajuda na
denúncia e na exigência de medidas urgentes sobre a temática educacional,
por outro, pode ser uma estratégia dos governantes no sentido de
naturalizar o caos hoje existente, justificando, portanto, perante à
opinião pública, a privatização da educação pública, como solução ao problema
apresentado.
De qualquer forma, cabe aos educadores, comprometidos com a educação pública de qualidade, tomar partido nesse debate, fazendo suas críticas e apontando soluções. Nesse sentido, o texto abaixo contextualiza e contribui na compreensão global das inúmeras tentativas de sucateamento da educação:
“Com
a crise do petróleo na década de 1970, inaugurou-se um processo mundial de
adequação da economia, política e sociedade as novas exigências estruturais de
acumulação do capital. Devido ao esgotamento do fordismo, a introdução de novas
tecnologias no processo de produção passou a exigir um trabalhador com um nível
maior de conhecimentos e habilidades. Nesse sentido, a escola proveniente da
educação de massas que preparou os operários para o modelo industrial fordista
se tornou obsoleta, pois as exigências do mercado na era da informação precisam
de um tipo de trabalhador que supere a mera execução padronizada das tarefas.
Sendo assim, a educação sofreu diretamente os reflexos desse novo contexto
estrutural econômico que comumente é denominado como neoliberalismo.
Os
princípios neoliberais procuram resolver a crise de acumulação do capital
através da redução de investimentos na área social, principalmente na saúde,
educação e previdência social. Além da diminuição dos custos sociais, o estado
também diminui sua participação nos rumos da economia e sua intervenção no
mercado de trabalho. Como consequência da mínima participação do estado na
economia ocorre a política de privatizações das empresas estatais. No Brasil,
podemos classificar como governos neoliberais os mandatos exercidos por
Fernando Collor de Mello (1990-1992) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). E
é justamente a partir da década de 1990 que começam a se desenvolver as
políticas públicas neoliberais na esfera da educação no Brasil. As metas das
reformas educacionais foram estabelecidas pelos organismos internacionais como:
Organização dos Estados Americanos (OEA), Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), Banco Mundial (BM), Comunidade Europeia (CE),
Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Programa de Reformas Educacionais
da América Latina e Caribe (PREAL). O envolvimento e interesse de tantos órgãos
internacionais nas reformas educacionais evidenciam de modo enfático a
utilização da educação como mecanismo essencial na constituição do modelo ideal
de trabalhador e, consequentemente, na criação de condições necessárias para
manter a acumulação de capital.
De acordo com os princípios neoliberais,
as reformas educacionais devem ser subordinadas as necessidades da produção e
do mercado. Assim, diversos autores tratam do processo de mercantilização da
educação a partir dos pressupostos estabelecidos pela economia capitalista. À
medida que o estado diminui sua responsabilidade nesta área social, a
iniciativa privada vem aumentando seus investimentos neste setor imenso. O
enorme interesse da iniciativa privada na educação, manifestado no crescente
número de cursos oferecidos pela internet e por outros meios informatizados em
nível técnico e superior, evidencia a relação entre o capital privado e a
educação. As consequências da mercantilização da educação para a qualidade do
ensino e produção de conhecimento são o aligeiramento dos cursos, a
precarização da profissão docente priorizando metas e resultados e a adaptação
das concepções metodológicas e pedagógicas às necessidades do mercado”.http://jornalismoatodahora.com.br/parte-ia-globalizacao-e-a-precarizacao-do-trabalho-docente-no-estado-de-sao-paulo (um texto de Alexandre
Juliani, publicado
em 27 de setembro de 2013 por admin)
Um dos grandes pontos de
estrangulamento da educação é a falta de investimento, a falta de
valorização do magistério, a superlotação das salas de aulas, a
desagregação funcional da rede,a falta de carreira e de um novo estatuto do
magistério para o Estado de São Paulo.
Os professores da rede e
os ingressantes estão constatando na prática a desestruturação em
que se encontra a educação estadual, com o baixo salário, a precarização como
regra, e a divisão da categoria em várias sub-categorias , como elemento
desestruturaste e desnorteadores do fazer pedagógico.
Nesse contexto
precisamos compreender e detalhar os questionamentos cotidianos:
1º O que fazer e como mudar a educação
brasileira?
2- Como melhorar a educação estadual,
através do pleno funcionamento da rede de ensino no Estado de São Paulo?
3-Qual política alternativa podemos
implementar em relação a política atual ?
4-Quais os principais problemas que
nos deparamos no chão da escola e no cotidiano escolar?
5-Do ponto de vista do conteúdo, como
mudar pra valer essa realidade?
6-Como globalizar a luta por melhorais
educacionais?
Esse debate
comporta outras questões de interesse dos professores (as) de
filosofia numa perspectiva de “ver e diagnosticar” a realidade
educacional, nos posicionarmos com base nos dados estatísticos, formulando e construindo posicionamentos e julgamentos imparciais, buscando sempre um “agir radical”, tendo em vista os objetivos e as práticas
pedagógicas revolucionárias.
Escreva, denuncie,
apresente propostas concretas, a altura de uma educação efetivamente organizadora,
transformadora e libertária.
Contamos com sua
valiosa contribuição nesse debate.
Obs. Texto encaminhado ao debate nas plenárias de Filosofia do Estado de São Paulo (18/03/2014).
Aldo Santos-Coordenador da apeoesp-sbc,Presidente da APROFFESP/ APROFFIB,militante do PSOL.
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