A condição feminina é tema
de debates nas escolas
O Dia Internacional da Mulher – em 8 de março - não é uma
data comemorativa e sim um dia de mobilização dedicado aos ideais de liberdade,
igualdade e combate à violência de gênero. A afirmação é da vice-coordenadora
da Subsede de SBC da APEOESP e estudiosa nos
assuntos relacionados à questão de gênero, professora Nayara Alves Navarro.
Segundo ela, “apesar das mulheres serem
51,3% da população brasileira, terem conquistado o mercado de trabalho, estar
ocupando assento nas universidades e terem implementado uma lei que pune a
violência doméstica, ainda não alcançaram a igualdade de gêneros”.
“Temos que desnaturalizar as relações de poder entre os
sexos, entender que a desigualdade entre homens e mulheres, historicamente, foi
dada por questões culturais, e não naturais, e que a levaram a ser considerada
propriedade do homem e passível de dominação, opressão de classe e violência”,
lembra. Ela aponta a educação como um dos poucos instrumentos capaz de inverter
essa lógica de dominação e “avançar
substancialmente numa perspectiva de conquistar a igualdade em todos os níveis,
seja no mundo externo e ou no âmbito doméstico”.
Por isso a professora defende a inclusão da temática de
gêneros como obrigatória no currículo oficial da Rede de Ensino do Estado de
São Paulo, a exemplo do que ocorreu em Brasília. Solicitamos ao Deputado a apresentação de um projeto de lei sobre essa temática. Dentro das prerrogativas institucionais o deputado de imediato apresentou proposta que norteou a Indicação (nº 3369/09/2013)
encaminhada à Assembleia Legislativa de São Paulo pelo deputado estadual,
Carlos Giannazi, do Psol. No entanto, em resposta da Secretaria de Educação do
Estado, o governo argumentou que a questão de gênero já está contemplada nas
diversas disciplinas do currículo oficial e que por isso, a indicação “não deve
prosperar”.
Mas, para
Nayara, “não basta a temática de gênero perpassar por todas as disciplinas e
programas na proposta curricular ou ser tratada como temas transversais”. “É
imprescindível criar uma lei que a inclua como obrigatoriedade no currículo
oficial da Rede de Ensino do Estado de São Paulo, a exemplo do que ocorreu com
a História e Cultura Afro-Brasileira,
para que a sociedade, ao reconhecer que a desigualdade de gênero existe, possa
desconstruí-la e avançar na construção de uma nova sociedade, combatendo toda
forma de opressão e violência contra a mulher”, argumenta.
Segundo ela, a sociedade não
está de fato sensibilizada com as questões relativas à desigualdade de gênero. “São
comuns os casos de violência em outros âmbitos, sobretudo na sala de aula. Pesquisas
apontam que práticas sexistas são muito frequentes no espaço educacional,
manifestadas, inúmeras vezes, nas brincadeiras, na conduta dos profissionais da
educação, os quais reforçam tais diferenças e contribuem para os preconceitos
de gênero”, enfatiza.
Conquistas existem, lembra a professora.
“É bom lembrar que a lei 11.340/2006, criada 20 anos depois da denúncia feita
por Maria da Penha Maia Fernandes, sobre as agressões sofridas, à Corte
Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos),
representa aos movimentos feministas, a partir da promulgação da lei, uma
vitória histórica bastante significativa às suas reivindicações e manifestações
de luta contra a violência doméstica”.
Além da violência, Nayara chama a atenção também para outros pontos que são poucos discutidos pela sociedade no que se refere às questões de gênero “como a saúde da mulher, a divisão sexual do trabalho (dupla ou tripla jornada), emprego, desigualdade salarial, moradia, escolarização, analfabetismo e a discriminação da mulher no modo de produção capitalista que por essência nega a igualdade”, conclui.
Além da violência, Nayara chama a atenção também para outros pontos que são poucos discutidos pela sociedade no que se refere às questões de gênero “como a saúde da mulher, a divisão sexual do trabalho (dupla ou tripla jornada), emprego, desigualdade salarial, moradia, escolarização, analfabetismo e a discriminação da mulher no modo de produção capitalista que por essência nega a igualdade”, conclui.
“Semana da Mulher nas escolas e nas lutas”
Com esse lema, a APEOESP SBC promoverá uma semana de discussões
sobre a temática de gêneros nas escolas. O
evento de abertura acontecerá no dia 8 de março, sábado, às 15 horas, com
debate seguido de confraternização, na Subsede, à Avenida Prestes Maia, nº 233,
Centro, SBC.
A partir desta data, a Subsede estará à disposição
para organizar o debate nas escolas.
“Ao abordar o desenvolvimento da condição feminina
através dos tempos, considera-se que a mulher, ou seja, metade da humanidade se
viu milenarmente excluída nas diferentes sociedades por um sistema
hierarquizado patriarcal e machista. Não se trata apenas de resgatar a sua
contribuição histórica na construção social, mas, sobretudo de admitir que essa
ideologia continua negando ao sexo feminino a igualdade de direitos e o seu
desenvolvimento pleno”, destaca a professora Nayara Navarro, uma das
organizadoras da semana.
Também no dia 8/3, sairá um ônibus da Subsede,
por volta das 7h30, para levar as pessoas ao ato unificado com vários
movimentos de mulheres que será realizado na Avenida Paulista, marcado para as
9 horas.
COMUNICAÇÃO APEOESP-SBC
03/03/2014
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