Sáb, 21 de Julho de 2012 00:12
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* Aldo
Santos - No programa Globo Rural do dia 03 de maio de
2012, uma reportagem sobre a seca no nordeste, principalmente na Bahia,
denunciou e revelou cenas de verdadeira tragédia social em nosso país. É
incabível admitir a existência de pessoas vivendo no abandono e miséria
total, como a reportagem denunciou.
O atual
governo propagandeia em alto e bom tom que estão acabando com a miséria e o
sofrimento do nosso povo. Com tanta tecnologia, investimentos disponíveis no
cenário mundial, o Brasil ainda convive com esse atraso, representado na
falta de água a várias décadas registradas por historiadores, cuja imagem
mais contundente dessa realidade foi retratada no quadro os retirantes de
Portinari, que dá conteúdo e retoma o sentimento de tristeza e dor expressa
nas musicas clássicas, nos livros e cordéis, dentre outros, ao longo de
séculos.
O
dramático é ver o país com necessidades sociais gritantes, massacres dos
povos nativos, escravidão negra e opressão de classe nos dias atuais, e ainda
as elites burguesa promovem verdadeiro escárnio com o dinheiro publico, como
se observa nos escândalos do mensalão e o atual banho de cachoeira, a mais
recente quadrilha palaciana, assim como a lei da ficha limpa, que criminaliza
dos os justos e absolve os criminosos que dilapidam o erário publico,
enquanto falta o básico nas comunidades pobres no meio rural e urbano do
nosso país.
A cena de
uma menina de nove anos cuidando de outros irmãos foi chocante, pois os pais
são obrigados a migrarem para outras regiões em busca da sobrevivência
familiar, arriscando e sacrificando os próprios filhos. São crianças
largadas, abandonadas a própria sorte naqueles confins de mundo e o Estado
brasileiro nada faz para amenizar aquele estado de profunda miséria social e
humana.
É o gado
morrendo, gente definhando e quando chega um caminhão pipa, o liquido
precioso é disputado como as vitimas de determinados países em caso de
hecatombes que disputam um pedaço de pão como uma disputa de vida ou morte.
Com os novos decretos cearenses subiu para 1.016 o número de municípios em
situação de emergência pela seca no Nordeste, o que representa 56% dos 1.794
municípios nordestinos.
O Estado
com mais pessoas afetadas é a Bahia, onde 2,3 milhões de pessoas sofrem com a
prolongada estiagem. O número de decretos de situação de emergência chega a
244 e, segundo a Defesa Civil Estadual, ainda há municípios do semiárido que
não encaminharam documentação, mas ainda podem entregar os decretos.
Em
Pernambuco, onde 108 municípios decretaram emergência, mais de um milhão de
pessoas são atingidas pela falta de água. Na Paraíba, Piauí e Rio Grande do
Norte –outros três Estados que têm mais de 100 decretos reconhecidos-.
Estima-se
que cerca de 2 milhões de pessoas estejam sendo diretamente afetadas pela
seca. Alagoas, Sergipe e Maranhão também apresentam problemas por conta da
falta de chuvas”.(Seca leva Ceará a decretar emergência em 168 municípios; NE
já tem mais de mil cidades afetadas 29/05/201209h55 Carlos Madeiro Do UOL, em
Maceió )
A dimensão
continental de nosso país expõe as contradições relacionadas aos fenômenos
climáticos com o excesso de chuva numa determinada região e seca castigante
em outras, porém, alguns problemas previsíveis como a constante seca não
deveria mais existir, pois representa a omissão injustificável do poder
público em níveis distintos de poder.
Essa é uma
típica manifestação dos conflitos de classe, que não se encontra localizada
nas regiões distantes tão somente. Há alguns anos Eu e o vereador Rodrigues de
Diadema, fomos presos em frente ao fórum de Diadema, por apoiar uma
manifestação dos moradores do sitio Joaninha, (divisa de SBC com diadema) que
estavam há 27 dias sem água. Portanto lá como aqui, a miséria campeia como se
fosse natural.
Esses
bolsões de miséria alimentam muitos políticos malfeitores e propicia níveis
condenáveis de corrupção e aliciamento doutrinário ao longo da historia
brasileira.
Esses
fatos retratam um mundo cantado em versos e prosas, que povoa a imaginário
das pessoas que ainda se sensibilizam com a dor do outro, principalmente em
se tratando de um pais que alcança patamares de destaque no cenário econômico
mundial. Para os migrantes, essa dor parece ser mais profunda e sempre
presente, uma espécie de memória genética, pois é na tragédia do outro que
identificamos como parte de nossa tragédia que vivenciamos em tempos
distantes e presentes. Essa reminiscência do passado, por exemplo, foi
expressa no trecho da musica cantada e lamuriada por Luiz Gonzaga.
Se arguma notícia das banda do Norte
Tem ele por sorte O gosto de uvi, Lhe bate no peito sodade de móio, E as água dos óio Começa a caí.
Do mundo afastado, sofrendo desprezo,
Ali veve preso, Devendo ao patrão. O tempo rolando, vai dia vem dia, E aquela famia Não vorta mais não!
Distante da terra tão seca mas boa,
Exposto à garoa, À lama e ao paú, Faz pena o nortista, tão forte, tão bravo, Vivê como escravo Nas terra do su.
(Triste
Partida, Música de Luiz Gonzaga e Poema de Patativa do Assaré)
Longe de
se enfrentar essa tragédia social pelo viés da piedade, essa realidade
representa a face cruel do capitalismo, que nesses quinhentos anos de
dominação, tem vitimado índios, negros e operários. A nossa reação deve ser
materializada nas lutas sociais e de comum acordo com os movimentos sociais
que repudiam e lutam contra esse estado de morte precoce.
Lutar, resistir e destruir essa miséria social é
Preciso!
* Aldo Santos é
ex-vereador em São Bernardo, presidente da Associação dos Professores de
Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo, membro do Coletivo Nacional dos
Professores de Filosofia, militante do Psol
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domingo, 22 de julho de 2012
Seca, fome e miséria!
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