VEM PRA
LUTA VEM...
Normalmente
não participo de atividades natalinas e destaco apenas a mudança do calendário
a cada ano, que se traduz numa mudança cronológica, embora fortemente influenciada
pela alienação propositalmente construída pelos detentores do poder.
As retrospectivas
que todos os anos eram destacadas fartamente pelos meios de comunicação passaram
“despercebidas” ou tiveram ínfima importância,
exceto alguns fatos , haja vista que o balanço do ano de 2013 não é interessante para a burguesia, e,
nesse contexto, ela não brinca em
serviço.
Considero
o ano de 2013, como um grande ano que passará para história da humanidade como um marco fundamental
na fomentação da rebeldia popular, revelando assim um forte ensaio do potencial revolucionário de nossa
classe.
Foi um ano com aumento da inflação, baixa
produtividade e pouca expressão governamental, com destaque aos grandes embates
ideológicos que a luta social acumulou a partir das revoltas de junho, julho, agosto...,
fortemente reprimida em todos os níveis de governo.
É plausível comparar simbolicamente o governo
em 2013 com a luta do brasileiro Anderson Silva que quase foi nocauteado no
primeiro round, seguido do trágico golpe o levou a derrota. O Governo termina o
ano claudicando e na incerteza se será vitorioso ou não em 2014. Aliás, os neo gladiadores do esporte que Anderson Silva representa, deveria ser proibido e banido do
mundo esportista, pois, além de ser primitivo, cruel e abjeto, é uma escola de
violência, incentivada e aplaudia por
populares e governantes,que fingem não saber por que existem tanta violência na
sociedade.
Destaco abaixo
parte de um texto do companheiro Sidnei que apresenta sempre importantes reflexões
críticas.
“PANEM ET CIRCENCES, frase atribuída ao
Imperador Romano Vespasiano quando da construção do Coliseu, com a intenção de
calar a boca do povo que saia às ruas para demonstrar sua insatisfação, contra
os governantes corruptos da época. Promoviam espetáculos sangrentos, violentos,
combates entre gladiadores que invariavelmente acabavam com as mortes dos
perdedores, ou entre gladiadores e famintos animais selvagens, onde o grotesco
mau gosto sempre prevalecia, com exícios cruentos e sanguinolentos de humanos
desumanos, determinados por imperadores imbecís e pusilânimes, com a aprovação
de uma população dominada e controlada através dessas encenações ridículas, que
aceitava como dádiva a distribuição gratuita de um pedaço de pão.
Povo
enganado e domesticado com essas farsas voltava para suas casas para lutar por
uma sobrevivência indigna, e mal obterem recursos para pagamentos dos impostos
que eram que lhes eram impostos pelos amáveis imperadores que lhes
proporcionavam graciosamente “panem et circenses”.
Hoje nada
mudou, e no mundo inteiro identificamos espetáculos gratuitos, para
manter o povão dominado e gratífico para com seus desgovernos.
Na
passagem do Ano, que na realidade nada mais significa que surgimento de um novo
dia, todos os desgovernos decretam feriado nacional, promovem shows
pirotécnicos, com luzes, sons ensurdecedores, que causam mortandade nos animais
marinhos, nas aves que habitam selvas de concretos, loucuras nos animais
domésticos e muitos contam com apresentações de artistas populares.
Percebemos
que a grande maioria dos seres que se deixam dominar se acham felizes e que
presenciaram um espetáculo inesquecível que marcarão suas vidas para sempre.
Radiantes
voltam para casa com sua estima em alta, e só sentirão o custo de tudo isso
quando se depararem com os carnês de IPTU, IPVA, das Casas Bahias que o
estúpido do Papai Noel incutiu tendenciosamente em suas mentes.
Com gastos
perdulários, obtiveram dívidas impagáveis ou quase, que os manterão reprimidos
pelos seus patrões que os exploram não qualificando suas mãos de obras e por um
desgoverno déspota que já programou copas, olimpíadas que continuarão a
exercerem grandes ascendências sobre todos.
Com a
distribuição de Auxílios Famílias, Auxílios Educação, e exigências legais para
que os patrões distribuam Cestas Básicas, Vales Transportes, manter-se-ão
governos e patrões, numa situação cômoda para que a exploração seja cada vez
mais acentuada e não percebida pelos explorados, que se contentam com migalhas
e engodos.
Com a
ajuda criminosa da telinha e de uma mídia comprometida, quem manda continuará
mandando, e quem é mandado continuará submisso.
Nada mudou
desde a antiga Roma, apenas as pessoas e a sutilidade com que o pão e o circo
são oferecidos.
Nossas
saídas às ruas em Junho e Julho de 2013 já foram assimiladas e digeridas pelos
nossos desgovernantes, quase nada de concreto foi conquistado, e parece até que
já perderam o medo de nossas ameaças e manifestações.
Temos que ganhar às ruas
novamente, afinal 2014 será um ano de eleições, de uma inconveniente Copa, e a
luta tem que continuar”. ( Sidnei Augusto de
Carvalho.Praia Perigosa, Grande e Discriminante, 02 de Janeiro de 2014)
Da janela
do meu quarto, pude observar a passagem de ano, onde, o entusiasmo das comemorações desse ano
foi menor que as comemorações do ano anterior, pois paira no ar um clima de incertezas,
num ano com campanha eleitoral para
cargos majoritários e proporcionais(Presidência da república, senado, governos
estaduais e deputados) além da copa do mundo em junho/julho/2014.
Quando em 2013 a juventude cantava e gritava
em alto e bom tom “Copa o caralho, quero educação, saúde e trabalho”,
certamente vão continuar nas ruas desfilando suas revoltas e indignação
frente às faraônicas obras construídas,em detrimento da falta de investimento no atendimento a saúde, na
educação e ao emprego, além de pautas de natureza ética no mundo da política e das instituições carcomidas pelo descrédito popular.
Entendemos
que no início de janeiro devemos nos
organizar, fazer o devido planejamento, azeitar o discurso e preparar as ações rumo a grandes mudanças que se espera nessa
conjuntura marcada por grandes eventos no mundo e em nosso país. Como expressa
a musica da banda O Rappa:
Vem vamos pra rua
Pode vir que a festa é sua
Que o Brasil vai tá gigante
Grande como nunca se viu
Pode vir que a festa é sua
Que o Brasil vai tá gigante
Grande como nunca se viu
...Sai de casa, vem pra rua
Pra maior arquibancada do Brasil
Pra maior arquibancada do Brasil
Ooooh
Vem pra rua
Porque a rua é a maior arquibancada do Brasil
Vem pra rua
Porque a rua é a maior arquibancada do Brasil
É na rua e
na luta que vamos cantar, enfrentar e organizar: “Trabalhadores do mundo e do Brasil, chegou
a ora de por fogo no pavio!”.
Aldo Santos - Coordenador da subsede da apeoesp-sbc, Presidente da Associação dos Professores de Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo e do Brasil, Presidente do Psol em sbcampo.
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