29/08/2013
14:17
Publicado no diário regional
Mais uma
vez a Câmara de São Bernardo foi palco de manifestação que reivindicou o passe
livre no transporte municipal para estudantes e desempregados. O protesto da
Assembleia Nacional de Estudantes Livres (Anel), na manhã de ontem (28), levou
cerca de 60 estudantes ao Plenário Tereza Delta.
Os
estudantes se concentraram na frente da Escola Técnica Estadual (Etec) Lauro
Gomes. Depois o grupo deu a volta no Paço, antes de se dirigir ao prédio na
Câmara, onde foi recebido pelo presidente do Legislativo, Tião Mateus (PT).
Os
manifestantes levaram aos parlamentares uma cópia de projeto, de iniciativa
popular, que visa instituir o passe livre para estudantes e trabalhadores
desempregados. Segundo a proposta, o dinheiro necessário para pagar a
gratuidade sairia do lucro das empresas. Porém, não poderia haver aumento da
tarifa, nem isenção dos impostos para as empresas.
Segundo
um dos organizadores do protesto, Rafael Nascimento, a intenção do grupo era
fazer com que o projeto entrasse na pauta da Câmara e que fosse votado na
sessão de ontem.
Porém, os
vereadores alegaram que, como a matéria propõe mudanças tributárias, o projeto
seria inconstitucional, pois a iniciativa nesse caso deve ser do Executivo.
Então os vereadores se reuniram e chegaram ao acordo de fazer uma indicação ao
prefeito Luiz Marinho (PT), para que faça um estudo de viabilidade sobre a
gratuidade.
A decisão
foi criticada pelo ex-vereador Aldo Santos (Psol). O socialista lembrou que, em
1989, quando integrava o PT, conseguiu que fosse aprovado o projeto do passe
escolar gratuito, mas o texto foi vetado pelo então prefeito Mauricio Soares
(na época pelo PT, atualmente PSB). A Casa derrubou o veto, mas Soares entrou
na Justiça, que deu ganho de causa ao prefeito em 2003.
Para Aldo
Santos, qualquer vereador poderia apresentar o projeto. Questionado sobre se o
texto seria inconstitucional, o ex-parlamentar negou. “Tudo isso é problema
político. Pode ser inconstitucional? Pode, mas é prerrogativa do vereador apresentar
sim”, explicou o socialista, que questionou o fato de a cidade ter dinheiro
para a construção do novo prédio do Legislativo e não ter recursos para a
gratuidade na tarifa de ônibus.
Vendo que
o projeto não seria votado, os manifestantes propuseram que fosse realizada uma
audiência pública para debater o tema, no dia 11 de setembro, mas a proposta
foi rejeitada pelos vereadores. Segundo Mateus, “não houve consenso” sobre a
plenária.
Entre um
debate e outro, alguns estudantes tentaram entrar no plenário, mas foram
impedidos por seguranças. Manifestantes disseram que foram agredidos por
guardas civis municipais, o que foi negado por integrantes da corporação. Tião
Mateus teve de interromper a sessão para acalmar os ânimos.
Demagogia
Logo
depois da sessão, o petista comentou a confusão. “Uma coisa é a audiência, para
a qual é importante chamar os movimentos sociais e as entidades de classe.
Porém, não houve consenso. O que podemos produzir? Uma indicação feita pelos 28
vereadores, encaminhando ao prefeito o pedido para que faça um estudo de
viabilidade. Acho que demos uma resposta aos manifestantes. É aquilo que o
movimento quer? Não, pois o que querem é o passe livre, mas demagogia eu não
vou fazer nunca, nem para ganhar voto eu faço”, disse.
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