LIVRO SOBRE A OCUPAÇÃO DE VILA LULALDO É LANÇADO NA APEOESP SBC|
O livro Vila Lulaldo – Da Lei do barbante à Regularização
Fundiária, de autoria do professor Aldo Santos e da jornalista Ana Valim,
foi lançado em encontro na Subsede da APEOESP de São Bernardo do Campo, no dia
12 de abril, com a presença dos autores, lideranças do movimento de moradia do
ABC e professores. Na abertura, Aldo Santos falou sobre a política habitacional
no Brasil, ressaltando que o país tem um déficit de 8,3 milhões de moradias,
sobretudo nas grandes regiões metropolitanas, como consequência da migração
forçada sobretudo nos anos 1970 e 1980. Lembrou da importância da ocupação da
área hoje denominada Vila Lulaldo, em 1989, que embora tenha sido realizada
durante uma administração municipal petista, enfrentou toda sorte de ameaças de
reintegração de posse, sendo tratada como caso de polícia. O que representou a
contraposição do Partido dos Trabalhadores que tinha, até então, a luta pela
moradia, pela terra no campo e na cidade como mola propulsora de suas ações
políticas.
Ana Valim disse da felicidade de participar do resgate histórico
da luta dos moradores de Vila Lulaldo e destacou a ação de um dos moradores,
José de Arimateia, que habilmente coletou e arquivou todo o material referente
à luta, desde artigos de jornais, fotografias, boletins da Associação dos
Moradores, ofícios, vídeos, que possibilitou a elaboração da publicação. A
jornalista destacou também as palavras de um amigo pelo lançamento do livro,
definindo-a como profeta das lutas populares, que anuncia os direitos, denuncia
a violação dos mesmos e dissemina as conquistas sociais.
Para Carlos Wellington, do Movimento Sem Terra,
a questão da moradia é fundamental, tanto no campo como na cidade, lembrando
que o MST apoiou a ocupação do terreno da Volks, denominado acampamento Santo
Dias, em 2003, em São Bernardo do Campo, através do MTST – Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto. O MST entende que é necessária a solidariedade
aos movimentos urbanos para somar forças, “pensar a reforma agrária é pensar
nos movimentos dos centros urbanos, lembrando que boa parte dos assentados de
terras vem das cidades”, assegurou. Carlos disse ainda que o resgate histórico
de lutas é “alimento para o nosso espírito se manter na luta”.
O encontro contou também com a presença de Maria Cristina, do
Movimento dos Sem Casa de Vila Jussara, vizinha da Vila Lulaldo, Riacho Grande,
lembrando que a conquista só é possível com a luta, e informou que graças à
pressão do movimento foram colocados postes no local.
José de Arimateia, um dos líderes da ocupação de Vila Lulaldo,
lembrou a angústia dos moradores que se arrastou por vários anos em cada ação
de reintegração de posse, das marchas até a prefeitura para cobrar uma posição
do prefeito Maurício Soares do PT, por ocasião da ocupação, em 1989. Destacou a
atuação do companheiro Natanael Júlio da Silva, Taná, então assessor do
vereador Aldo Santos, também do PT, da Dona Emília, proprietária do primeiro
barraco construído na área e autora da proposta do nome da vila - “Lulaldo” -,
em alusão ao então presidente do PT e candidato à Presidência, Luiz Ignácio
Lula da Silva e ao vereador Aldo Santos, por seu apoio e defesa dos moradores.
“Dá um orgulho danado ter participado desse processo”, afirmou Arimateia,
destacando o trabalho de alfabetização de adultos desenvolvido pela Associação
dos Moradores da Vila Lulaldo, a presença de serviços de saúde no local, de
atividades de esporte para crianças e adolescentes, entre outras ações.
O atual presidente da Associação dos Moradores, Ivo Alves de
Macedo, lembrou da importância do apoio dos setores organizados, dos
sindicatos, da igreja, das Câmaras Municipais na luta dos moradores da Vila
Lulaldo, e que hoje está em processo de regularização. Mas a luta não para
aqui, assegurou, “ainda há crianças pisando no esgoto, sem ter o que comer,
onde brincar, temos que acabar com a miséria, investir nas crianças”, finalizou.
O professor Diógenes, diretor da APEOESP, destacou a garra dos
moradores da Vila Lulaldo, com os quais teve maior contato em 1998, lembrando
que o sentimento de pertencimento à comunidade é uma marca que os diferencia.
assessoria de imprensa
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