A LUTA DOS EDUCADORES VAI CONTINUAR.
O descaso do governo com a educação pública no Estado
de São Paulo levou os professores a deflagrarem uma poderosa greve que colocou
mais uma vez o governo na defensiva eleitoral. Além da aprovação na Conferência
estadual da APEOESP em 2012, na assembleia do dia 15 de março foi marcado o
início da greve para o dia 19 de abril de 2013. Tivemos problemas divergentes
desde o inicio do movimento, tanto na situação, quanto em parte da
oposição.
Nós sabemos que toda greve um dia vai acabar, com
vitória ou não, vai depender do grau de convencimento dos dirigentes e da
capacidade de construção e organização do movimento nas regiões. Em várias
escolas a desconfiança com a atual direção sempre estava presente por parte dos
professores que justificavam sua não adesão ao movimento, pois, segundo eles,
“no final da greve a atual Presidenta iria trair os professores”.
Enfrentamos todas as hostilidades possíveis, porém a
greve em São Bernardo do Campo seguiu coerentemente as deliberações das
assembleias, com boa dinâmica no comando de greve, não faltando qualquer apoio
material aos professores grevistas.
Embora a plenária realizada na subsede no dia 9 de
maio de 2013 tenha apontado pela continuidade da greve, também era notório o
refluxo do movimento no Estado, na região e até mesmo em nossa Cidade.
Na assembleia do dia 10 no vão livre do MASP, as
contradições estavam nítidas, pois, significativa parte dos
presentes defendiam a continuidade da greve, mesmo diante das
dificuldades e da insuficiente negociação promovida pelo sindicato com o
Secretário Estadual de Educação. Outros setores defendiam o encerramento da
greve afirmando que o movimento estava esgotado e não tinha como continuar.
Ao colocar em votação as duas propostas, a proposta
vencedora foi pela continuidade da greve, e, numa manobra clássica a presidenta
Maria Izabel anunciou o fim do movimento, desligou o microfone e se enclausurou
dento do poderoso caminhão de som.
Descontentes com a manobra da presidenta, os
professores exigiam a reinstalação da assembleia e os protestos generalizaram-se por contra desse ato vil da presidenta do sindicato. As cenas foram
as mais deploráveis possíveis com o espancamento de professores (as) pela
violenta policia do governador Geraldo Alckmin. Após a dispersão da praça
da guerra (na Avenida Paulista), uma parte do movimento dirigiu-se até a
Praça da República e outros foram até a sede do sindicato na mesma praça, e,
mais uma vez se depararam com a policia em frente ao prédio dos professores.
Já participei de dezenas de greves, porém, manobra
dessa natureza nunca tinha presenciado. A presidenta desmontou sumariamente o
movimento grevista e mais uma vez se confirma os discursos proferidos pelos
professores que afirmavam “no final da greve a presidenta vai trair os
professores”.
O calendário agora além da nossa luta cotidiana por
melhores condições salariais, contra a violência nas escolas e por efetivas condições
de trabalho, deve responder a antecipação da disputa eleitoral do sindicato,
pautado com o posicionamento da atual diretoria nessa greve. Devemos buscar
pontos de unidade programática para derrotar essa diretoria que há anos vem
dirigindo e desconstruindo nossa entidade de classe.
As condições objetivas existiam, as condições
subjetivas também, pelo visto, o que está em debate é a falta de dirigentes
militantes e coerentes, comprometidos pra valer com as reivindicações da
categoria; diferentemente desses que estão mais preocupados com os
aparelhos sindicais,governabilidades e acordos questionáveis.
Numa semana em que o sindicato denunciou a crescente
violência nas escolas, reproduz, com esse feito, uma ação sindical incompatível
com qualquer processo civilizatório, instigando o desrespeito aos educadores,
dando mau exemplo pedagógico, além de expor os professores e alunos em praça
pública à agressão violenta da policia militar do governo do
Estado.
Aldo
Santos-Coordenador da subsede da apeoespsbc, Presidente da Associação dos
Professores de Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo, membro da APROFFIB
e militante do Psol.
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