sexta-feira, 2 de novembro de 2012

MORREU AOS 51 ANOS A COMPANHEIRA ALCINDA SARAIVA FILHA.(corrigido)


MORREU AOS  51  ANOS    A COMPANHEIRA ALCINDA SARAIVA FILHA.

Convivi com a Alcinda Saraiva Filha, popularmente chamada de Pivídia por muitos  anos.

Eu a conheci através de sua mais importante amiga, Ana Valin que á época  fazíamos teologia e concomitantemente participamos de inúmeras atividades nas mais variadas regiões do Estado, falando de Fé e política. Ela sempre falava de Fé e eu falava de Política. Com a efervescência das comunidades Eclesiais de base e a formação dos núcleos partidários do PT, esse movimento tomou  fôlego, projetando inúmeras lideranças no Brasil,  além de cumprir IMPORTANTE  papel pedagógico na formação de quadros, na politização sindical, partidária e popular.

Com a nossa eleição a vereador em 1988 e a posse em 1° de janeiro de 1989, grande parte dessas lideranças fizeram parte da nossa assessoria, potencializando ainda mais a organização  e  participação popular .

A Pividia trabalhou por vários anos como assessora em nosso gabinete, sempre com garra, determinação, além de  uma boa dose de humor, oriundo da sua cultura nativa. Gostava de uma boa conversa e muitas vezes ganhava no grito AQUILO QUE ACREDITAVA. Era uma pessoa solidaria e fiel à luta dos trabalhadores e suas amizades. Ela também se tornou dirigente da AFUSE, liderando São Bernardo  do Campo e  grande parte do abcd, sempre coerente com seu propósito de não se distanciar da Base, assim com eu fiz quando era vereador,pois nunca me afastei da sala de aula.

Quando perdemos o mandato de vereador, ela ficou profundamente  chocada  e um pouco adoentada. Nós últimos anos ficou enferma vindo a falecer no dia 30 de outubro de 2012 em sua casa.

Antes de morrer seu sofrimento foi muito grande, pois sentia dores horrendas. Durante a última campanha, num determinado dia ela compareceu a minha casa  acompanhada de sua sobrinha.

Ela  estava com dificuldades para andar e disse que queria um adesivo da campanha do candidato a prefeito para o seu carro, pois iria votar no candidato a prefeito do Psol. Conversamos bastante, senti sua agonia e medo da morte. Finalmente tiramos uma foto que foi postada no Face,pois mesmo fraca era  resistente e tinha enorme vontade de viver.

Mais recentemente fui visitá-la no Pronto Socorro Central e fiquei  abalado  com   a precarização da atual administração com   a saúde pública,com a quantidade de gente internada; um  grande  amontoados de enfermos numa sala sem  o direito a  individualidade e a um  atendimento decente e de qualidade. Ela estava com muitas dores e gemendo, falando sempre  que não queria morrer.  Fiquei desesperado, mesmo tendo trabalhado por onze anos no complexo hospitalar do Mandaqui como auxiliar de enfermagem. Fiquei doente por uns dias.

Frequentemente conversava com a jornalista  Ana  Valin que me passava o quadro e   o desânimo entre nós era grande em relação a sua recuperação.

No dia 30 pela manha recebi um telefonema da Valim que me informou da morte de “nossa companheira”. Fiquei atordoado, fui até ao Sindicato dos professores e posteriormente fui até a sua casa, mas o corpo não tinha chegado.  Aproveitei para conversar e tentar confortar sua mãe, irmãs e irmãos, com quem sempre tive uma boa convivência, respeito e  consideração política.

 

Com a Chegada do seu corpo, o desespero foi total, e, entre os choros, fiquei tentando ajudar e refletindo sobre o sentido do apego a vida.

Perdi uma pessoa amiga, com quem sorri, brinquei, lutamos, vencemos, perdemos, mas, nunca desistimos de lutar por um mundo novo com  justiça Social  e direitos para todos .

Felizmente nesses momentos reencontramos velhos companheiros e camaradas que coletivamente buscamos justificativas e forças para continuarmos vivendo, sempre com a certeza de que com essas perdas ficamos menores e mais fragilizados perante aos outros, aos nossos e a nós mesmos.

Sei que dor dos familiares é imensa, assim como para todos e todas que a conheceu e conviveu cotidianamente. Concordando ou não fomos e somos companheiros (as) de uma caminhada pelo deserto dos pobres rumo a terra prometida que é o Socialismo Cientifico. NO SEU ENTERRO ESTAVAM LIDERANÇAS POPULARES, PARTIDÀRIAS, SINDICAIS E UMA GRANDE QUANTIDADE DE PESSOAS DE FÉ QUE CANTAVAM E REZAVAM, NUMA DESPEDIDA SEM FIM.

ALCINDA SARAIVA FILHA-PIVIDIA; SEMPRE PRESENTE!

 

CONTINUAR A VIDA É PRECISO!

 

ALDO SANTOS, Ex-vereador, Coordenador da  apeoesp-sbc,Presidente da aproffesp e militante do Psol

 

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