O descaso com a
saúde pública na região.
“A saúde que temos
e a saúde que queremos”.
Síntese da atividade realizada no
dia 16 de Fevereiro de 2012.
O evento contou com a presença dos diretores do Sindicomunitário (área de
abrangência da região metropolitana de São Paulo - Sindi 2), Ronaldo César
Barbosa dos Santos, Agnaldo Pinheiro e Rodrigo Vital e também com a
contribuição de Cristiane Alves Tibúrcio, enfermeira e representante do
Sindicato dos Servidores Municipais de Diadema e com a plenária com dezenas de
pessoas.
Os trabalhos
tiveram inicio com o Ronaldo discorrendo sobre o SUS (Sistema Único de Saúde),
lembrando que em setembro fará 23 anos que foi instituído no Brasil (a exemplo
do Canadá e Cuba) e, que anteriormente tínhamos o INAMPS atendendo apenas os
trabalhadores com carteira assinada. O Brasil aplica em saúde 381 dólares por
habitante, ou seja, menos do que os demais países da América Latina como
Argentina, Chile e Uruguai. O governo federal investe apenas 3,7% do PIB na
saúde, num universo em que de cada 100 pessoas 75 dependem do SUS. Na década de
1980 o governo federal aplicava 75% desse montante e, na atualidade não ultrapassa
46% (no Brasil atualmente 428 municípios não possuem um único médico) seguindo
uma lógica invertida em gastar com o doente ao invés de priorizar o
investimento em prevenção. Essa política vai ao encontro dos interesses da
saúde privada e, ressaltou ainda que a partir do governo de Fernando Henrique
Cardoso, através de lei, permite-se convênio com autarquias, fundações e OSs
(Organização Social). Nesse cenário, além da nossa população nacional, não é
diferente na região do ABCDMRR, sofrer com a longa espera de consultas e exames
complementares, observamos o desvio do dinheiro público para o setor privado
através dos convênios com a Fundação ABC de Santo André e lembrado
posteriormente por Cristiane a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento
da Medicina) de Diadema.
No caso de São Bernardo do Campo, que segundo a imprensa “concentra maior fatia
da saúde do ABC”, ou seja, a “cidade recebeu quase o dobro do que Santo André e
São Caetano para custear atenção básica nos últimos quatro anos”, dos 700
milhões do orçamento reservados a saúde em 2012, 400 milhões foram destinados
ao convênio com a Fundação ABC. No entanto, nesse município ainda faltam
médicos, equipamentos e teria que ter 2000 agentes de saúde, contando com
apenas 1000, o que não é diferente com os agentes de endemias. Os agentes
comunitários, que estão na linha de frente do atendimento da população, recebem
um salário de R$ 800,00 mais 20% de insalubridade e tiveram seu direito negado
ao fazer um curso de capacitação que deveria ter duração de quatro meses em uma
semana, além de não receber os uniformes. Em relação aos agentes comunitários,
foi questionado pelos presentes quais os critérios para a respectiva
contratação, pois temos relatos dos próprios agentes, em regiões do município
que conseguimos mapear, que alegam ter trabalhado na campanha eleitoral e
tiveram seus nomes indicados, além de que nas reuniões dos conselhos de saúde
ao invés de se propor que votem a favor, por exemplo, da contratação de
médicos, votam a favor da reforma das unidades, mesmo tendo sido reformada
recentemente.
Na mesma linha da lógica de mercado encontra-se Diadema, segundo Cristiane
desde o ano de 2000 possui um convênio com a Organização Social SPDM ligada a
UNIFESP e a partir de 2006 tornou-se responsável pelo processo seletivo até a
contratação do pessoal da área de saúde. As características são semelhantes das
demais cidades em questão em relação à precarização dos profissionais e do
atendimento na saúde, não tem plano de carreira, não tem infraestrutura,
persiste uma grande rotatividade de médicos, pois o salário base representa 50%
do seu rendimento mensal, a enfermagem está operando com 50% do seu quadro de
funcionários.
Nas falas considerou-se o debate da saúde vital, pois este significa apontar
para a preservação da vida, portanto é inadmissível que se crie artifícios para
desviar dinheiro público para a iniciativa privada, como é o caso dos convênios
através de terceirizações, que nada mais é do que a farra das privatizações.
Infelizmente essa é a prática dos governos atuais comprometidos com as
corporações nacionais alinhados com a política neoliberal e que no momento
atual foram capazes de cooptar os movimentos sociais.
Ao final foi
decidido pelos presentes somar-se aos demais espaços que discutem a questão da
saúde marcando um novo encontro para o dia 02 de Março de 2013, às 17 horas, na
subsede da APEOESP de São Bernardo e produziremos um documento para levar essas
informações à população. Esse documento será assinado pela APEOESP, pelo
PSOL/SBC e demais entidades a confirmar.
Demais deliberações:
Apoiar
a luta para que os agentes comunitários (de saúde e de endemias) possam ser
inseridos no regime estatutário;
Apoiar
a abertura de concurso público para contratação dos profissionais da saúde;
Pela
revogação imediata dos convênios com as OSs e Fundação ABC;
Por melhoria no atendimento com ampliação da
contratação dos profissionais da saúde.
Síntese elaborada pela Professora Nayara Navarro, Presidenta do Psol de sbc
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