Rio +
20 será mais um palco de grandes embates
e debates sobre os rumos do planeta.
Entre os dias,15 a 23 de junho de 2012, o Rio de Janeiro
sediará um grande evento internacional, que de um lado reunirá as
representações governamentais de dezenas de países das mais variadas
partes do mundo. De outro lado, os movimentos sociais, ambientais, sindicais,
partidários, militantes étnicos e de gênero, farão o contraponto as
elaborações, as avaliações e as deliberações efetuadas pelos representantes do
capital.
O contexto da reunião Eco-92 resguardada as devidas proporções,
tinha um clima político marcado pela corrupção de Fernando Collor, que foi
nocauteado pela ampla manifestação popular dos caras pintadas, enquanto nos
dias atuais, o banho de Cachoeira é generalizado e ainda conta com o
lamaçal do julgamento do mensalão que está na pauta para apreciação
no STF.
O agravamento do momento político em que acontece a Rio+20
desnuda o atual governo, haja vista que a presidenta Dilma nada tem a contribuir
e ou acrescentar do ponto de vista ambiental nesse importante acontecimento
mundial. A presidenta Dilma sancionou o projeto do código florestal, enquanto a
população exigia nas ruas e praças públicas e até alimentou a esperança através
da campanha “veta Dilma” que houvesse sensibilidade por parte do seu
governo. Concomitantemente, ela dá continuidade a construção da usina de Belo
monte, uma das maiores tragédias para com a população nativa e para com o meio
ambiente.
Como resultado desse debate a partir da Eco-92, em 1997
com o protocolo de Kyoto, foi um momento de checagem do compromisso
dos países predadores com um acordo internacional que
estabelecia metas de redução dos gases e do agravamento do efeito
estufa.
Em 2002 em Johanesburgo, na África do Sul, a Rio +10, reavaliou
e apontou “questionáveis avanços” em relação a Eco- 92.
Mesmo pressionado pelos demais países proponentes e assinantes,
em 2005 o protocolo passa a ter efeito legal, entrando em vigor, mesmo sem o
apoio efetivo do EUA, o país mais poluidor do planeta.
Em 1992, o planeta contava com uma população de 5.5 bilhões de
pessoas e hoje estamos acima de 7 bilhões de habitantes, impondo novos
desafios, bem como estamos diante de perspectivas também desafiadoras.
O produto interno bruto planetário passou de USS$36 trilhões em
1992, para US$63 trilhões em 2010. Mesmo aumentando a riqueza expressa nos
dados do PIB, a favelização teve um aumento também de 656 milhões em 1992 para
827 milhões em 2012. (dados publicado no encarte da folha de São Paulo, 5 de
junho de 2012, sobre rio +20)
Várias teorias estão colocadas na ordem do dia, como a densidade
humana do planeta, com o crescimento sempre na ótica do consumo predatório e
outras. Entendemos que outro mundo é possível com base no consumo consciente,
respeitando todas as formas de vida, subordinando o consumo e o mercado a
compatibilidade da existência humana e de todas as formas de vida no planeta.
A realização do contraponto com a realização da cúpula dos povos
presta importante contribuição ao debate contra a oficialidade e as
deliberações palacianas que analisa o planeta na ótica do crescimento
predatório inerente ao modo de produção capitalista, que acumula riqueza, em
detrimento do aumento da miséria e da pobreza em nível mundial.
Em esclarecedora contribuição filosófica, Leonardo Boff divulga
em inúmeros veículos de comunicação, importante questionamento ao texto
básico da ONU para a Rio+20, afirmando que: “A nossa atual é a narrativa ou
a cosmologia da conquista do mundo em vista do progresso e do crescimento
ilimitado. Caracteriza-se por ser mecanicista, determinística, atomística e
reducionista. Por força desta narrativa, 20% da população mundial controla e
consome 80% de todos os recursos naturais; metade das grandes florestas foram
destruídas, 65% das terras agricultáveis perdidas, cerca de 27 a cem mil
espécies de seres vivos desaparecem por ano (Wilson) e mais de mil agentes
químicos sintéticos, a maioria tóxicos, são lançados na natureza. Construímos
armas de destruição em massa, capazes de eliminar toda vida humana. O efeito
final é o desequilíbrio do sistema-Terra que se expressa pelo aquecimento
global. Com os gases já acumulados, até 2035 fatalmente se chegará a 3-4 graus
Celsius, o que tornará a vida, assim como a conhecemos, praticamente
impossível”
Resta então as avaliações e deliberações dos movimentos sociais
que tencionarão de dentro pra fora e de fora para dentro os rumos dessa
conferência, tendo como norte a urgente e popular insígnia de que “um
outro mundo é possível”.
Lutar contra o capitalismo é preciso!!!
Aldo Santos:Ex-vereador em sbc, Coordenador da
APEOESP-SBC, Presidente da Associação dos Professores de Filosofia e Filósofos
do Estado de São Paulo, membro do Coletivo Nacional dos Professores de
Filosofia, Coordenador da corrente Política TLS, militante do Psol.
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