sexta-feira, 2 de março de 2012

Estado abandona escola Célio Luiz Negrini,no Riacho Grande-ABC

Estado abandona escola no Montanhão
Natalia Fernandjes
do Diário do Grande ABC,
02/03/2012
Vidros, portas e muros quebrados, lixo acumulado, grades enferrujadas e falta de segurança. Esse é o cenário da Escola Estadual Professor Célio Luiz Negrini, no bairro Montanhão, em São Bernardo. A equipe do Diário esteve ontem no local, que é alvo de investigação por parte da Promotoria da Infância e Juventude da cidade, e constatou esses e outros problemas junto aos alunos e pais.
Qualquer pessoa pode adentrar o prédio sem ao menos ser questionada. Segundo alunos, há apenas uma inspetora para cuidar da unidade escolar. Além disso, os portões estavam abertos e há buraco em um muro, que dá acesso a um banheiro desativado. Nesse pátio externo foi possível observar um jovem pilotando motocicleta entre os amigos.
Lá dentro, há mesa quebrada e os alunos detalham a existência de ratos, livros empoeirados e jogados nos corredores, sala de computação sem equipamento e goteiras nas salas de aula. "A gente passa frio porque não tem vidro nas janelas e sede, já que não há bebedouros", diz a aluna do 1º ano do supletivo Raquel Pereira Faustino, 28 anos.
A principal reclamação dos estudantes é a falta de merenda. Na semana passada, não havia merendeira e, por isso, o lanche tinha de ser levado de casa. A situação só foi resolvida ontem. "A gente fica com fome ou é obrigado a trazer alguma coisa para comer", comenta Suelen Souza, 17, que estuda na EE Professor Célio Luiz Negrini há dois.
Para usar o banheiro, as meninas recorrem à técnica de levar uma amiga junto para vigiar. No entanto, a maior parte das alunas revela evitar o local, onde não há sequer papel higiênico, de acordo com elas. "A gente torce para não sentir vontade de fazer xixi", comenta Raquel Gama Formiga, 15, estudante do 2º ano do Ensino Médio.
A aluna do 7º ano Mariana Silva, 13, inclusive, pediu para que a mãe, a oficial de serviço Fernanda Soares, 33, fosse reclamar sobre a falta de portas no banheiro. "No fim do ano pedi que a direção tomasse alguma providência, mas até agora nada", critica.
Direito
A reivindicação da Apeoesp, o sindicato dos professores do Estado, segundo o coordenador da regional São Bernardo, Aldo Santos, é que os alunos tenham sua privacidade respeitada. Por isso, a entidade encaminhou o problema à Promotoria da Infância e Juventude do município. O promotor esteve na unidade na quarta-feira.
A Secretaria Estadual da Educação informou que serão realizadas melhorias, como reforma geral da cozinha e de sanitários de alunos, revisão da iluminação, troca de equipamentos e pintura geral na unidade de ensino. As obras devem ter início no próximo mês e devem durar 180 dias. O investimento previsto é de R$ 493 mil.

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