O Discurso Esquizofrênico da Direita
Em sua catequese diária no Jornal Folha de São Paulo, o filosofante Luiz
Felipe Pondé vocifera toda a sua incompreensão e ódio em relação ao socialismo
e à todos que se situam à esquerda da trincheira política.
O artigo inicia atribuindo à esquerda o "sucesso" macabro dos
genocídios situados no século 20. Será que os arquitetos do holocausto possuíam
como objetivo mudanças sociais ou se pautavam nos ideais socialistas? Ao citar
a complexidade do governo venezuelano afirma não proporcionar liberdade sendo
desta forma totalitário. Ora, o totalitarismo deve ser execrado uma vez
manifestado tanto na direita como na esquerda já que não se trata de
propriedade exclusiva desta última. Quanto ao país sulamericano mencionado cabe
esclarecer que a esquerda não se resume apenas a um estilo de governo. Prova
disto é a atuação de José Mujica.
O filósofo liberalista de carteirinha chega a conclusão que a esquerda não
gosta de gente inteligente, porém no mesmo artigo explora sua inteligência
profunda afirmando que a sociedade pode ser menos terrível se as coisas
funcionarem corretamente. Que genial. O que diria Bertolt Brecht desta
magnífica proposição?
Por conseguinte o nosso pensador acusa a esquerda de censurar os indivíduos e
torná-los dependentes. Deixando a pré-história de lado e nos detendo na
história, sobretudo brasileira, podemos questionar ao longo do autoritarismo
varguista e da ditadura militarista, qual destes regimes possuíam orientação
esquerdista?
No auge da sua análise confiante ratifica que o socialismo não deu certo, o que
nos leva a supor, conhecendo seu pensamento, que o liberalismo, o
neoliberalismo assim como o capitalismo estão dando certo. Será que os cidadãos
de Portugal, Espanha, Grécia e afins concordam com este tipo de análise? Urge
estudar as causas e efeitos da atual recessão...
Por fim conclui com um absurdo. Afirma que a esquerda não detém mais o
monopólio do pensamento público no Brasil. Quando que na história houve este
monopólio uma vez que desde a proclamação da República até os dias atuais, a
política sempre foi um misto de oligarquia, conservadorismo flertando por vezes
com o autoritarismo?
Portanto, o sr. Pondé no seu manifesto direitista desconsidera propositalmente,
senão por ignorância, diversos elementos que compõem e embasam uma política de
viés esquerdista, bem como as diversas vertentes e possibilidades da esquerda.
A proposta do esclarecimento estimulada por Kant ainda continua atual, ao passo
que os ignorantes de plantão agradecem a veiculação do imperativo categórico
neoliberalista trazendo em seu bojo o obscurantismo gritante de nosso tempo.
Porém a luta continua... (Wellington Cruz)
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