ESFRIOU OU ESFRIARAM A DENÚNCIA DE RACISMO NA CÂMARA MUNICIPAL DE SANTO ANDRÉ?
Conforme constatamos na ata da reunião realizada no gabinete da presidência da câmara municipal de Santo André no dia 10 de dezembro de 2013, o presidente da câmara vereador Donizete Pereira, por solicitação dos presentes à reunião, agendou para o dia 11 de fevereiro de 2014 às 10 horas uma nova reunião para dar retorno sobre os pontos de pauta aprovados em comum acordo.
Estranhamente, no dia 11/02/2014 comparecemos conforme agendado e nenhum vereador estava presente a reunião, assim como a grande maioria dos membros da reunião passada .
Apenas dois membros do movimento negro, dois assessores e a diretora legislativa, Márcia Nonato, estavam presentes. Mesmo com pouca presença, conversamos sobre os encaminhamentos da reunião passada.
Lamentamos a ausência de todos e todas, mas mesmo assim solicitamos da diretora esclarecimentos sobre o caso que envolve uma assessora do gabinete do vereador Araújo do PMDB .A mesma informou que foi constituída uma comissão de sindicância, conforme publicação dos atos do legislativo no jornal Diário do Grande ABC(11/02/2014).
Nos extratos de portarias está publicado: “DESIGNA as servidoras BIANCA MELISSA MORENO RIBEIRO, GIULIANA MAZZUCATTO E MÁRCIA GABRIELA TAVARES PETRI para, sob a presidência da primeira, comporem a COMISSÃO DE SINDICÂNCIA a fim de apurar eventual ocorrência de injúria racial contra a servidora Nádia Silva Caldeira - Proc. CM n°3.611/2013”. Essa sindicância terá o prazo de 90 dias, podendo ser prorrogada por mais trinta dias.
Em virtude da grande ausência, os demais pontos dependem de decisão política, e, portanto, da presença dos políticos, pelo menos os da primeira reunião.
Solicitamos ainda o inteiro teor das notas taquigráficas da reunião de dezembro 2013, bem como procuramos o gabinete da presidência para solicitarmos o reagendamento de uma nova reunião para os esclarecimentos pendentes e pertinentes.
Ao sairmos da câmara rumo ao estacionamento do paço municipal, nos deparamos com uma grande estátua de João Ramalho que no período da sangrenta colonização foi um exímio traficante de índios e hoje é um símbolo vivo da cultura e dos poderes dominantes constituídos. Percebemos então que a matança na colonização, o tráfico de índios, o tráfico negreiro, a lucrativa escravidão e o preconceito racial nos dias atuais expressam simbolicamente e na prática os ideais e compromissos dos senhores da Casa Grande.
A reflexão sobre esse episódio permite tirarmos lições sobre o racismo ainda impregnado na sociedade atual, a embrionária e amordaçada organização do movimento social e do movimento negro, além da complacência das autoridades diante de manifestação abjeta de prática de racismo numa instituição denominada “Casa do Povo”.É PRECISO ORGANIZAR E RESISTIR PARA TRANSFORMAR!!!
ALDO SANTOS- EX-VEREADOR EM SBCAMPO, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES DE FILOSOFIA E FILÓSOFOS DO ESTADO DE SÃO PAULO, COORDENADOR DA APEOESP-SBC, MEMBRO DO ESPAÇO CULTURAL LUIZA MAHIN, PRESIDENTE DO PSOL EM SBCAMPO.
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