A ESTÉTICA DA RESISTÊNCIA
No dia 21 de fevereiro 2014 participei de importante
debate na Rádio ABC sobre as causas da violência nas manifestações de rua no
país, e, em particular os últimos fatos ocorridos no Rio de Janeiro.
O debate foi coordenado pelo jornalista Leandro Amaral,
onde dividi o tempo com o radialista Hélio e com o escritor José Manoel. Confesso que o debate foi muito
bom e em alto nível acerca do tema em tela.
Fiz referência histórica sobre as grandes mobilizações
de 1968, de 1992 e junho de 2013. Afirmei que o Brasil não é mais o mesmo
depois de junho de 2013, onde milhões foram as ruas despertando interesse por
mudanças necessárias no campo da educação, da saúde, do trabalho, do transporte
e ao mesmo tempo por um novo formato das instituições, ou seja, profundo questionamento
da democracia representativa. As ruas apontaram para a democracia participativa como expressão de novas formas
organizacionais.
Contextualizei o debate e as causas da violência a
partir do orçamento geral da união em 2012, cujo montante foi de R$1,712 trilhões,
onde grande parte, 43,98% vai para o pagamento de juros e amortizações da
dívida. Falei também da publicação do censo 2010 onde metade da população
recebe renda per capita mensal de menos de R$375,00.
Outro dado também apresentado diz respeito a riqueza mundial, onde metade dessa riqueza é
controlada por apenas 1% da população. Ainda em relação a copa, segundo pesquisa
da CNT/MDA, 75% dos brasileiros não concordam com os gastos da copa. Para os entrevistados, 84% preferem investimentos na saúde, 47,6 % na educação e 35,1 % na segurança.
Com esses dados, afirmei que não tem ninguém por trás nem financiando os movimentos, existem sim um caos social visível que são os causadores dessas
manifestações. Entendemos da mesma forma que o jornalista da bandeirante foi mais uma vítima
do aumento da passagem de ônibus pelo governo do Rio de Janeiro.
Sobre os mascarados, afirmei que não sou favorável a
criminalização dos movimentos e lutadores sociais como vem ocorrendo com o Psol
no Rio e no Brasil.
Podemos
até discutir a estética da resistência, mas isso é secundário diante da exclusão
social em curso. Podemos dizer que os índios estavam errados quando se
preparavam para guerrear contra a
ofensiva e matança dos invasores?Acertadamente, a juventude pintou a cara pelo
Fora Collor e isso também ocorre nos dias atuais.Na medida em que os
governantes não respondem com atos concretos a pauta em pauta, a tendência é radicalizar ainda mais as manifestações.
Só existe movimento social e revolta popular nas ruas por que os índices sociais
apontam nessa direção e algo precisa ser
feito do ponto de vista das instituições, senão, podemos entrar num período
de desobediência civil, de convulsões e revoluções
como vem acontecendo em várias partes do mundo.
Finalmente, defendi que era preciso redefinir o
conceito de “segurança e insegurança”, a começar pelo debate e implementação da
desmilitarização da policia militar já.
Foi um bom
debate com dados e afirmações esclarecedoras.
Durante o debate inúmeros telefonemas e manifestações
de ouvintes contribuíram para elevar o nível racional das falas, bem como a livre
manifestação dos participantes ao debate.
Organizar resistir e transformar é preciso!
ALDO SANTOS- EX-VEREADOR, COORDENADOR DA APEOESP-SBC, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO
DOS PROFESSORES DE FILOSOFIA DE FILÓSOFOS DO ESTADO DE SÃO PAULO, PRESIDENTE DO
PSOL EM SBCAMPO.
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