domingo, 23 de fevereiro de 2014

A ESTÉTICA DA RESISTÊNCIA

A ESTÉTICA DA RESISTÊNCIA
No dia 21 de fevereiro 2014 participei de importante debate na Rádio ABC sobre as causas da violência nas manifestações de rua no país, e, em particular os últimos fatos ocorridos no Rio de Janeiro.
O debate foi coordenado pelo jornalista Leandro Amaral, onde  dividi o tempo com o radialista Hélio  e com o escritor  José Manoel. Confesso que o debate foi muito bom e em alto nível acerca do tema em tela.
Fiz referência histórica sobre as grandes mobilizações de 1968, de 1992 e junho de 2013. Afirmei que o Brasil não é mais o mesmo depois de junho de 2013, onde milhões foram as ruas despertando interesse por mudanças necessárias no campo da educação, da saúde, do trabalho, do transporte e ao mesmo tempo por um novo formato das instituições, ou seja, profundo questionamento   da democracia representativa. As ruas  apontaram  para a democracia  participativa como expressão de novas formas organizacionais.
Contextualizei o debate e as causas da violência a partir do orçamento geral da união em 2012, cujo montante foi de R$1,712 trilhões, onde grande parte, 43,98% vai para o pagamento de juros e amortizações da dívida. Falei também da publicação do censo 2010 onde metade da população recebe renda per capita mensal de menos de R$375,00.
Outro dado também apresentado diz respeito a  riqueza mundial, onde metade dessa riqueza é controlada por apenas 1% da população. Ainda em relação a copa, segundo pesquisa da CNT/MDA, 75% dos brasileiros não concordam com os gastos da copa.  Para os entrevistados, 84% preferem investimentos na saúde, 47,6 % na educação e 35,1 % na segurança.
Com esses dados, afirmei que não tem ninguém por trás nem financiando  os movimentos, existem sim um caos social visível que são os causadores dessas manifestações. Entendemos da mesma forma que o jornalista da bandeirante foi mais uma vítima do aumento da passagem de ônibus pelo governo  do Rio de Janeiro.
Sobre os mascarados, afirmei que não sou favorável a criminalização dos movimentos e lutadores sociais como vem ocorrendo com o Psol no Rio e no Brasil.
         Podemos até discutir a estética da resistência, mas isso é secundário diante da exclusão social em curso. Podemos dizer que os índios estavam errados quando se preparavam para guerrear contra  a ofensiva e matança dos invasores?Acertadamente, a juventude pintou a cara pelo Fora Collor e isso também ocorre nos dias atuais.Na medida em que os governantes não respondem com atos concretos a pauta  em pauta, a tendência é radicalizar  ainda mais as manifestações.
Só existe movimento social  e revolta popular nas ruas por que os índices sociais apontam nessa direção e algo precisa ser  feito do ponto de vista das instituições, senão, podemos entrar num período de desobediência  civil, de convulsões e revoluções como vem acontecendo em várias partes do mundo.
Finalmente, defendi que era preciso redefinir o conceito de “segurança e insegurança”, a começar pelo debate e implementação da desmilitarização da policia militar já.
 Foi um bom debate com dados e afirmações esclarecedoras.
Durante o debate inúmeros telefonemas e manifestações de ouvintes contribuíram para elevar o nível racional das falas, bem como a livre manifestação dos participantes ao debate.

Organizar resistir e transformar é preciso!


ALDO SANTOS- EX-VEREADOR, COORDENADOR DA APEOESP-SBC, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES DE FILOSOFIA DE FILÓSOFOS DO ESTADO DE SÃO PAULO, PRESIDENTE DO PSOL EM SBCAMPO.

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