VILA LULALDO, 23 ANOS DE LUTA, RESISTÊNCIA E CONQUISTA.
Nessa manha
(08/12/2012) quando estava me preparando para cumprir uma agenda partidária,
recebi o telefonema do companheiro José Arimatéia da Vila Lulaldo, Riacho Grande,
convidando-me para o aniversário de 23 anos da Vila, na sede social, a partir das 12 horas.
Ao chegar ao local, fui recebido
por antigos e recentes moradores, com muita alegria e acolhimento por parte dos
diretores da SAB da Vila.
Tinha vários
grupos de Forro tocando: (Gabriel do Acordeom, Nego do Acordeom, Miro do Bandolim,
Dedé Acordeom, e Lagoa do Acordeom), tinha churrasco, arroz doce, melancia,
pirão acompanhado de bebidas e
refrigerantes. Conversei bastante com os moradores e numa mesa tinha várias brochuras
preparadas pelo companheiro José Arimatéia sobre o histórico de toda caminhada
realizada nesses 23 anos de ocupação, resistência e moradia definitiva no
local. Dentre as lideranças, destaco o Zé Arimatéia, o IVO e atual Presidente,
a professora Mariazinha.
Conversei com
os diretores da entidade sobre as
melhorias na Vila e fui informado que está em processo de
regularização fundiária e está previsto a colocação de iluminação pública,
guias, sarjetas e pavimentação asfáltica.
Tiramos bastantes
fotos e por um bom tempo fiquei refletindo e olhando as fotos e os documentos disponibilizados
para a consulta pública. Fiquei pensando sobre os inúmeros fatos ocorridos
durante todo esse tempo, o enfrentamento, as reuniões, as passeatas, a
organização da resistência, o recuo do aparato policial, e das inúmeras
lideranças que já morreram como a Emilia, Agenor, Dilma, Taná, João do DAE, Barba.
O que é confortante é que a luta continua, assim como a preservação da memória
e da história de um movimento que balançou a estrutura de poder da
administração do PT na ocasião.
Recebi das
mãos da Mariazinha duas brochuras com o resumo da história e DVDs com depoimentos
das lideranças contando a história por quem de fato participou e ousou
enfrentar e contestar a ordem estabelecida.
Conversamos sobre a possibilidade de
transformarmos esse material num livro por ocasião da comemoração dos 25 anos
de existência em 2014. Todos gostaram da
ideia e vamos trabalhar essa possibilidade concreta de registro da história e
preservação da memória dos moradores que desafiaram as leis e garantiram na prática o direito a moradia acima do interesse do capital.Todos os anos
tenho acompanhado e participado do aniversário da Vila Lulaldo, pois significou
um marco de luta e resistência contra a especulação imobiliária e a propriedade
privada.
A Lulaldo é
um bom exemplo que deve ser seguido como forma de resolver o grave problema
humano que é o direito a moradia, uma vez que com o aluguel de aproximadamente
300 reais oferecido pelo poder público como complemento a situação de risco,
não dá para pagar aluguel, e os programas dos governos não resolvem
definitivamente a falta de moradia dos empobrecidos do Capitalismo. A ocupação
ainda é uma importante ferramenta de luta na solução de problemas habitacionais,
visto que o Estado em tese não dá atenção nem tem preocupação com as agonias
sociais.
Relembrar a
História e viver novamente.
Aldo Santos. Ex-vereador em SBC,
coordenador da APEOESP-SBC, Presidente da Associação dos Professores de
Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo-aproffesp, Militante do Psol.
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