domingo, 17 de março de 2019

Nota de pesar pela morte trágica coordenadora da E. E. Raul Brasil e também Professora de Filosofia Marilena Ferreira V. Umezo



ASSOCIAÇÃO DE PROFESSORES/AS  DE FILOSOFIA E FILÓSOFOS/AS  DO ESTADO DE SÃO PAULO
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          A APROFFESP já publicou uma nota de apoio e pesar pelos acontecimentos trágicos na E. E. Raul Brasil, em Suzano – SP, ocorrido no último dia 13/03, mas não poderia deixar novamente vir a público reiterar nosso mais profundo pesar ao tomar conhecimento de que Marilena Ferreira V. Umezo era também professora de Filosofia.
          O seu assassinato absurdo nos entristece muito, todavia, nos enche de orgulho ao saber que uma companheira nossa, filósofa, estava presente  no trágico momento em que seus assassinos, ex-alunos, adentraram-se na escola e, recebidos com o seu habitual e franco sorriso, teve como resposta apenas tiros que a mataram! Como ela poderia imaginar que um ex-aluno pudesse cometer tamanho desatino?
          Para deixar registrado aqui o pensamento e a prática da professora Marilena, vários depoimentos de alunos dão conta de que ela, além do sorriso e atenção para com todos, também era muito interessada no aprendizado dos mesmos, principalmente o seu amor aos livros, à importância da leitura, sendo a biblioteca escolar um de seus locais prediletos. Ela, respondendo à onda dos que defendem a liberação dar armas e a militarização das escolas, postou recentemente em sua página nas redes sociais:
"Os livros são a melhor arma para salvar o cidadão"!
          Esta frase sintetiza o pensamento pedagógico de Marilena, cujo nome é o mesmo de uma das maiores filósofas brasileiras, a também professora Marilena Chauí. São essas mulheres que nos orgulham e nos animam a continuar a luta por uma educação pública melhor, de qualidade e que reconheça de fato o valor de nossos professores/as de todas as disciplinas.  

          Aliás, a grande mídia, ao cobrir a tragédia de Suzano, pouco ou quase nada falou dos professores da escola Raul Brasil. Manifestaram-se policiais, comandantes, secretários, governadores, alunos, porém não escutamos a voz dos educadores! Por que esse silêncio? Todos palpitam sobre educação, nos jornais, TVs e rádios, mas pouco se ouve o que os educadores reais e concretos têm a dizer sobre, por exemplo, o problema da violência nas escolas, que é um reflexo da violência que se espalha pela sociedade.       E por que silenciam os educadores? Não só isso, muitos estão culpando os professores/as pela má qualidade da educação pública, querendo inclusive aprovar leis para nos amordaçar no exercício de nossa profissão, como quer o movimento “escola sem partido”. É lamentável que isso ocorra e até mesmo com a bênção do atual ministro da educação.

          Tristes com a morte de Marilena, mas revigorados com o seu exemplo de vida, nós professores de Filosofia do Estado de São Paulo prestamos nossas condolências aos familiares e aos colegas da E. E. Raul Brasil pela tragédia e nos unimos a todos os educadores do Brasil que enfrentam no dia a dia a violência que vem das ruas e a violência que vem de um Estado muitas vezes omisso e opressor!

          Os filósofos e filósofas não se calarão: Marilenas, Marielles, Marias: presente!



São Paulo, 15 de março de 2019.

DIRETORIA DA APROFFESP

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