ASSOCIAÇÃO
DE PROFESSORES/AS DE FILOSOFIA E
FILÓSOFOS/AS DO ESTADO DE SÃO PAULO
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A APROFFESP já publicou uma nota de
apoio e pesar pelos acontecimentos trágicos na E. E. Raul Brasil, em Suzano –
SP, ocorrido no último dia 13/03, mas não poderia deixar novamente vir a
público reiterar nosso mais profundo pesar ao tomar conhecimento de que
Marilena Ferreira V. Umezo era também professora de Filosofia.
O seu assassinato absurdo nos
entristece muito, todavia, nos enche de orgulho ao saber que uma companheira
nossa, filósofa, estava presente no
trágico momento em que seus assassinos, ex-alunos, adentraram-se na escola e,
recebidos com o seu habitual e franco sorriso, teve como resposta apenas tiros
que a mataram! Como ela poderia imaginar que um ex-aluno pudesse cometer
tamanho desatino?
Para deixar registrado aqui o pensamento
e a prática da professora Marilena, vários depoimentos de alunos dão conta de
que ela, além do sorriso e atenção para com todos, também era muito interessada
no aprendizado dos mesmos, principalmente o seu amor aos livros, à importância
da leitura, sendo a biblioteca escolar um de seus locais prediletos. Ela,
respondendo à onda dos que defendem a liberação dar armas e a militarização das
escolas, postou recentemente em sua página nas redes sociais:
"Os livros são a melhor arma para salvar o
cidadão"!
Esta frase sintetiza o
pensamento pedagógico de Marilena, cujo nome é o mesmo de uma das maiores
filósofas brasileiras, a também professora Marilena Chauí. São essas mulheres
que nos orgulham e nos animam a continuar a luta por uma educação pública
melhor, de qualidade e que reconheça de fato o valor de nossos professores/as
de todas as disciplinas.
Aliás,
a grande mídia, ao cobrir a tragédia de Suzano, pouco ou quase nada falou dos
professores da escola Raul Brasil. Manifestaram-se policiais, comandantes,
secretários, governadores, alunos, porém não escutamos a voz dos educadores!
Por que esse silêncio? Todos palpitam sobre educação, nos jornais, TVs e
rádios, mas pouco se ouve o que os educadores reais e concretos têm a dizer
sobre, por exemplo, o problema da violência nas escolas, que é um reflexo da
violência que se espalha pela sociedade. E
por que silenciam os educadores? Não só isso, muitos estão culpando os
professores/as pela má qualidade da educação pública, querendo inclusive
aprovar leis para nos amordaçar no exercício de nossa profissão, como quer o
movimento “escola sem partido”. É lamentável que isso ocorra e até mesmo com a
bênção do atual ministro da educação.
Tristes com a morte de
Marilena, mas revigorados com o seu exemplo de vida, nós professores de
Filosofia do Estado de São Paulo prestamos nossas condolências aos familiares e
aos colegas da E. E. Raul Brasil pela tragédia e nos unimos a todos os
educadores do Brasil que enfrentam no dia a dia a violência que vem das ruas e
a violência que vem de um Estado muitas vezes omisso e opressor!
Os filósofos e filósofas
não se calarão: Marilenas, Marielles, Marias: presente!
São Paulo, 15 de março de 2019.
DIRETORIA DA APROFFESP
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