quarta-feira, 20 de junho de 2018

MÉTODO DE MELHORIA E RESULTADOS – MMR É A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL!


SUBSEDE DA APEOESP DE SÃO BERNARDO DO CAMPO
 GESTÃO OPOSIÇÃO UNIFICADA 2017 – 2020
Boletim Especial
MÉTODO DE MELHORIA E RESULTADOS – MMR É A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL!
Vamos analisar atentamente o que está por trás de mais um engodo para a educação pública estadual, que tem como objetivo aprofundar a pressão sobre os professores cumprindo tarefas fora do seu horário de trabalho sem ganhar nada para isso. Cobrança em relação ao fluxo escolar, para ir atrás de alunos desistentes e alterar notas para aprovar alunos que não aprenderam; são algumas das exigências que poderão ocorrer.
Reproduzimos a seguir com autorização; texto elaborado pelos companheiros da Subsede da Apeoesp de Santo André sobre os principais pontos desse “programa”.

1) O QUE É O MMR?
O Método de Melhoria de Resultados (MMR) é uma metodologia desenvolvida pelo Instituto Falconi (empresa privada de consultoria e gestão em educação), contratado pela “Parceiros da Educação” (entidade formada por empresas do setor privado, voltada à prestação de serviços na educação) a qual apresentou o projeto para a Secretaria Estadual da Educação.
O MMR visa, segundo o governo, elevar as notas do IDESP de todas as escolas do estado; porém, tem como base para o cumprimento das metas estabelecidas apenas fazer com que as escolas apliquem uma nova metodologia. Ou seja, o MMR parte da premissa de que o grande problema do sistema público de educação é meramente um problema de gestão – desconsiderando os grandes problemas estruturais e sociais.
Além disso, o MMR apresenta como saída para as escolas públicas uma sistemática típica dos métodos de administração de empresas privadas – em outras palavras, estudos voltados para aumentar o nível de exploração e de lucro. Isso significa que, além de abrir margem para a privatização de serviços no ensino público (tais como o Contrato de Impacto Social [CIS], em consonância com as medidas privatizantes da BNCC e da Reforma do Ensino Médio), o governo também abre as portas para que cada vez mais uma mentalidade típica da administração privada das empresas tome conta da gestão escolar no setor público. Ou seja, para o governo não basta privatizar, é preciso que todos os envolvidos com a educação pública passem a pensar como gestores privados direcionados somente a elevar os lucros!
Sem contar que o MMR mira todo o seu foco às metas estabelecidas para o IDESP, engessando as práticas pedagógicas àquela estrutura de “habilidades e competências” pré-estabelecidas (cuja eficiência é extremamente discutível), prejudicando qualquer proposta inovadora que desenvolvam outras capacidades dos alunos.
Na prática, o MMR destaca uma comissão que vai mapear os problemas da escola (para alcançar as metas do IDESP, que fique claro) e apresentar formas de aumentar o aproveitamento nas chamadas “habilidades e competências” (que são à base das avaliações do IDESP). Essas informações deverão constar num cartaz a ser fixado em um espaço de acesso a toda comunidade escolar (alunos, pais, funcionários, etc.).

2) COMO O MMR IMPACTA NA VIDA ESCOLAR?
Tendo o IDESP como o foco principal, as escolas, gestões e, principalmente, os professores, serão arduamente COBRADOS para alcançar as metas estabelecidas.
O MMR tem como principal base de dados a plataforma online “Foco e Aprendizagem”, que compila dados das Avaliações de Aprendizagem (APs). Assim, além de ter que moldar todas suas aulas à lógica dessas avaliações meritocráticas e quantitativas (como é o IDESP, SARESP, etc.), os professores serão ainda mais pressionados a aplicar, corrigir e preencher os dados online desse tipo de avaliação. Sem receber nem um centavo a mais por isso!!!!!
Esse tipo de avaliação e abordagem concede um peso maior às disciplinas de matemática e língua portuguesa. Sem desmerecer aqui a real importância desses componentes, com a lógica que o MMR segue, as outras áreas acabam “perdendo espaço”. E, vejamos bem, exatamente em um momento em que vem à tona a BNCC e a reforma do ensino médio (com conteúdos e discussões retrógrados), definindo basicamente apenas português e matemática como disciplinas obrigatórias, transformando as demais em “áreas do conhecimento”.
Uma crítica não menos importante é sobre o painel que o MMR cobra de cada escola, o qual apresenta somente dados relativos às metas do IDESP. Não há informações, por exemplo: dos recursos que a escola dispõe; ou dos recursos de que necessita; ou da satisfação dos alunos, etc. Ao contrário do discurso de transparência do governo, não haverá espaço para as responsabilidades ou a falta de ações do governo para o ensino público. Não há a preocupação em apresentar e problematizar a estrutura e o perfil dos alunos. Não há espaço para explicar à comunidade porque tais dados do IDESP devem ser alcançados. Há basicamente só um tratamento quantitativo dos dados. Isso pode levar a um quadro em que as informações prestadas à comunidade escolar mais confundam do que esclareçam, podendo estigmatizar escolas com resultados negativos e responsabilizando ainda mais os professores por eventuais resultados não alcançados.

3) COM O MMR, HAVERÁ MELHORIA NAS ESTRUTURAS DAS ESCOLAS?
Não. Como dito, o MMR não discute nenhuma vírgula sobre o problema estrutural das escolas. Nem propõe melhorias nesse sentido (como cobrar investimentos do poder público). A perspectiva básica do MMR é que o problema do ensino público é um problema de gestão – e por tabela, da competência dos trabalhadores da educação. Não há a menor preocupação em problematizar os elementos políticos, econômicos, sociais e estruturais da educação pública. A única solução apresentada seria trazer a lógica empresarial privada para dentro das escolas.
Ademais, sequer houve um orçamento aprovado para a aplicação do MMR. Na verdade, sua elaboração foi totalmente custeada pela “organização social” “Parceiros da Educação”, numa espécie de investimento de alto risco – adianta-se (sem qualquer consulta pública) um custeio para elaboração e implementação do projeto para o governo, depois cobra-se uma alta taxa de retorno pelos resultados quantitativos adquiridos. Em outras palavras, uma larga forma de especulação na educação pública!

4) O MMR AMPLIA A GESTÃO DEMOCRÁTICA NAS ESCOLAS?
Além de não informar devidamente a comunidade escolar, o MMR, ao contrário do que é divulgado pelo governo, tem uma estrutura verticalizada.
As etapas de implantação do MMR partem de um comitê formado por supervisores de ensino, diretores de escola e professores coordenadores. Em outras palavras, partem de formulações tiradas pelas Diretorias de Ensino e a equipe gestora das escolas. Professores e alunos contribuem de forma secundária e, basicamente, de forma consultiva.
Aqui cabe considerar qual é essa participação de alunos e professores. Estes irão compor um outro comitê, subordinado ao comitê dos supervisores/equipe gestora. Não fica clara a maneira com que será escolhida a representação dos docentes. Já os alunos, ficam representados pelos membros do grêmio estudantil. Percebe-se porque, desde 2016 (exatamente após o vitorioso movimento estudantil de 2015, encabeçado principalmente pelos grêmios) a SEE tenta cooptar os grêmios, estimulando a gestão de cada escola de formular uma chapa branca, alinhada com a diretoria, para disputar a presidência do grêmio.

5) QUANDO SE PRETENDE IMPLEMENTAR O MMR?
Na realidade, o MMR já está em vigor. Seu projeto piloto se deu em 2016 na capital paulista, principalmente em escolas das zonas Leste e Sul. Ao longo do segundo semestre de 2017 o MMR se estendeu a 1.082 escolas na capital. De acordo com seu planejamento, o MMR será implantado em 2018, nas escolas das cidades da Grande São Paulo, e em 2019 nas cidades do Litoral e Interior. O objetivo, portanto, é fazer chegar a todas as escolas do estado até o começo de 2020.
6)É POSSÍVEL REVERTER O MMR?
Somente a luta coletiva muda à vida! Apesar de blindado pela grande mídia e consolidado no poder do estado há mais de 20 anos, o governo tucano em São Paulo não é imbatível – já foi obrigado a recuar diante de amplos movimentos.
Lembremo-nos do ano de 2015 em que a tática das Ocupações levada adiante pelos estudantes fez o governo anunciar publicamente a suspensão do projeto de reorganização escolar. Ao longo de 2017 e início de 2018, a mobilização coletiva dos professores também fez o governo recuar na implantação do CIS. É importante também enfatizar que uma série de avanços pontuais da luta sindical, garantiram conquistas fundamentais que vão desde emprego a professores contratados, até abertura de classes em muitas escolas.
Mais uma vez, o governo tenta avançar no aprofundamento da agenda neoliberal afetando diretamente o ensino público, tentando “preparar terreno” para privatizações e medidas retrógradas como a Reforma do Ensino Médio. Não podemos permitir o aprofundamento da precarização e do sucateamento do ensino público. Somente com a mobilização coletiva dos professores e da comunidade escolar é possível barrar mais esse duro ataque a educação. Somente com a luta podemos fazer retroceder essa cruel agenda neoliberal e rumar no sentido de uma escola pública, gratuita, livre e de qualidade.

7) QUAIS AS PROVIDÊNCIAS QUE ESTAMOS ADOTANDO?
Esse “programa” foi debatido na última reunião do Conselho Estadual de Representantes – CER. Além da luta política que a entidade está fazendo contra esse projeto, foi esclarecido que a entidade já encaminhou uma série de esclarecimento junto a SEE para obter informações e dependendo dos desdobramentos adotar as medidas jurídicas cabíveis.

A Subsede da APEOESP de São Bernardo do Campo vai dar início a uma campanha contra o MMR. Para isso vai protocolar um ofício na DE cobrando esclarecimentos sobre as etapas de implementação desse projeto, qual é a “organização social – OS” que está por trás do mesmo, qual é o aporte de investimento destinado a este recurso, como foi feita a licitação de contratação da mesma, por que não está ocorrendo uma ampla discussão nas escolas como determina os princípios gestão democrática e o Conselho de Escola,  dentre outros questionamentos.

Os professores precisam se preparar para fazer o enfrentamento coletivo a esse projeto, pois todas as bases apontam para o aprofundamento da prática de assédio moral por parte das gestões escolares, prática essa, que só pode ser enfrentada coletivamente.

SUBSEDE DA APEOESP DE SÃO BERNARDO DO CAMPO

Rua Dom Paulo Mariano, Nº 40, Nova Petrópolis – SBC
Fones: 4125-6558, 4332-39-13
e-mail: sindicatodosprofessores.sbc@gmail.com

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