SUBSEDE DA APEOESP DE SÃO BERNARDO DO
CAMPO
GESTÃO OPOSIÇÃO UNIFICADA 2017 – 2020
Boletim
Especial
MÉTODO
DE MELHORIA E RESULTADOS – MMR É A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL!
Vamos analisar atentamente o
que está por trás de mais um engodo para a educação pública estadual, que tem
como objetivo aprofundar a pressão sobre os professores cumprindo tarefas fora
do seu horário de trabalho sem ganhar nada para isso. Cobrança em relação ao
fluxo escolar, para ir atrás de alunos desistentes e alterar notas para aprovar
alunos que não aprenderam; são algumas das exigências que poderão ocorrer.
Reproduzimos a seguir com
autorização; texto elaborado pelos companheiros da Subsede da Apeoesp de Santo
André sobre os principais pontos desse “programa”.
1)
O QUE É O MMR?
O Método de Melhoria de
Resultados (MMR) é uma metodologia desenvolvida pelo Instituto Falconi (empresa
privada de consultoria e gestão em educação), contratado pela “Parceiros
da Educação” (entidade formada por empresas do setor privado,
voltada à prestação de serviços na educação) a qual apresentou o projeto para a
Secretaria Estadual da Educação.
O MMR visa, segundo o governo,
elevar as notas do IDESP de todas as escolas do estado; porém, tem como base
para o cumprimento das metas estabelecidas apenas fazer com que as escolas
apliquem uma nova metodologia. Ou seja, o MMR parte da premissa de que o grande
problema do sistema público de educação é meramente um problema de gestão – desconsiderando
os grandes problemas estruturais e sociais.
Além disso, o MMR apresenta
como saída para as escolas públicas uma sistemática típica dos métodos de
administração de empresas privadas – em outras palavras, estudos voltados para
aumentar o nível de exploração e de lucro. Isso significa que, além de abrir
margem para a privatização de serviços no ensino público (tais como o Contrato
de Impacto Social [CIS], em consonância com as medidas privatizantes da BNCC e
da Reforma do Ensino Médio), o governo também abre as portas para que cada vez
mais uma mentalidade típica da administração privada das empresas tome conta da
gestão escolar no setor público. Ou seja, para o governo não basta privatizar,
é preciso que todos os envolvidos com a educação pública passem a pensar como
gestores privados direcionados somente a elevar os lucros!
Sem contar que o MMR mira
todo o seu foco às metas estabelecidas para o IDESP, engessando as práticas
pedagógicas àquela estrutura de “habilidades e competências” pré-estabelecidas
(cuja eficiência é extremamente discutível), prejudicando qualquer proposta
inovadora que desenvolvam outras capacidades dos alunos.
Na prática, o MMR destaca
uma comissão que vai mapear os problemas da escola (para alcançar as metas do
IDESP, que fique claro) e apresentar formas de aumentar o aproveitamento nas chamadas
“habilidades e competências” (que são à base das avaliações do IDESP). Essas
informações deverão constar num cartaz a ser fixado em um espaço de acesso a
toda comunidade escolar (alunos, pais, funcionários, etc.).
2)
COMO O MMR IMPACTA NA VIDA ESCOLAR?
Tendo o IDESP como o foco
principal, as escolas, gestões e, principalmente, os professores, serão
arduamente COBRADOS para alcançar as metas estabelecidas.
O MMR tem como principal
base de dados a plataforma online “Foco e Aprendizagem”, que compila dados das
Avaliações de Aprendizagem (APs). Assim, além de ter que moldar todas suas
aulas à lógica dessas avaliações meritocráticas e quantitativas (como é o
IDESP, SARESP, etc.), os professores serão ainda mais pressionados a aplicar,
corrigir e preencher os dados online desse tipo de avaliação. Sem receber nem
um centavo a mais por isso!!!!!
Esse tipo de avaliação e
abordagem concede um peso maior às disciplinas de matemática e língua
portuguesa. Sem desmerecer aqui a real importância desses componentes, com a
lógica que o MMR segue, as outras áreas acabam “perdendo espaço”. E, vejamos
bem, exatamente em um momento em que vem à tona a BNCC e a reforma do ensino
médio (com conteúdos e discussões retrógrados), definindo basicamente apenas
português e matemática como disciplinas obrigatórias, transformando as demais
em “áreas do conhecimento”.
Uma crítica não menos
importante é sobre o painel que o MMR cobra de cada escola, o qual apresenta
somente dados relativos às metas do IDESP. Não há informações, por exemplo: dos
recursos que a escola dispõe; ou dos recursos de que necessita; ou da
satisfação dos alunos, etc. Ao contrário do discurso de transparência do
governo, não haverá espaço para as responsabilidades ou a falta de ações do
governo para o ensino público. Não há a preocupação em apresentar e
problematizar a estrutura e o perfil dos alunos. Não há espaço para explicar à
comunidade porque tais dados do IDESP devem ser alcançados. Há basicamente só
um tratamento quantitativo dos dados. Isso pode levar a um quadro em que as informações
prestadas à comunidade escolar mais confundam do que esclareçam, podendo
estigmatizar escolas com resultados negativos e responsabilizando ainda mais os
professores por eventuais resultados não alcançados.
3)
COM O MMR, HAVERÁ MELHORIA NAS ESTRUTURAS DAS ESCOLAS?
Não. Como dito, o MMR não
discute nenhuma vírgula sobre o problema estrutural das escolas. Nem propõe
melhorias nesse sentido (como cobrar investimentos do poder público). A
perspectiva básica do MMR é que o problema do ensino público é um problema de
gestão – e por tabela, da competência dos trabalhadores da educação. Não há a
menor preocupação em problematizar os elementos políticos, econômicos, sociais
e estruturais da educação pública. A única solução apresentada seria trazer a
lógica empresarial privada para dentro das escolas.
Ademais, sequer houve um
orçamento aprovado para a aplicação do MMR. Na verdade, sua elaboração foi
totalmente custeada pela “organização social” “Parceiros da Educação”, numa
espécie de investimento de alto risco – adianta-se (sem qualquer consulta
pública) um custeio para elaboração e implementação do projeto para o governo,
depois cobra-se uma alta taxa de retorno pelos resultados quantitativos
adquiridos. Em outras palavras, uma larga forma de especulação na educação
pública!
4)
O MMR AMPLIA A GESTÃO DEMOCRÁTICA NAS ESCOLAS?
Além de não informar
devidamente a comunidade escolar, o MMR, ao contrário do que é divulgado pelo
governo, tem uma estrutura verticalizada.
As etapas de implantação do
MMR partem de um comitê formado por supervisores de ensino, diretores de escola
e professores coordenadores. Em outras palavras, partem de formulações tiradas
pelas Diretorias de Ensino e a equipe gestora das escolas. Professores e alunos
contribuem de forma secundária e, basicamente, de forma consultiva.
Aqui cabe considerar qual é
essa participação de alunos e professores. Estes irão compor um outro comitê,
subordinado ao comitê dos supervisores/equipe gestora. Não fica clara a maneira
com que será escolhida a representação dos docentes. Já os alunos, ficam
representados pelos membros do grêmio estudantil. Percebe-se porque, desde 2016
(exatamente após o vitorioso movimento estudantil de 2015, encabeçado
principalmente pelos grêmios) a SEE tenta cooptar os grêmios, estimulando a
gestão de cada escola de formular uma chapa branca, alinhada com a diretoria,
para disputar a presidência do grêmio.
5)
QUANDO SE PRETENDE IMPLEMENTAR O MMR?
Na realidade, o MMR já está
em vigor. Seu projeto piloto se deu em 2016 na capital paulista, principalmente
em escolas das zonas Leste e Sul. Ao longo do segundo semestre de 2017 o MMR se
estendeu a 1.082 escolas na capital. De acordo com seu planejamento, o MMR será
implantado em 2018, nas escolas das cidades da Grande São Paulo, e em 2019 nas
cidades do Litoral e Interior. O objetivo, portanto, é fazer chegar a todas as
escolas do estado até o começo de 2020.
6)É POSSÍVEL REVERTER O MMR?
Somente a luta coletiva muda
à vida! Apesar de blindado pela grande mídia e consolidado no poder do estado
há mais de 20 anos, o governo tucano em São Paulo não é imbatível – já foi
obrigado a recuar diante de amplos movimentos.
Lembremo-nos do ano de 2015
em que a tática das Ocupações levada adiante pelos estudantes fez o governo
anunciar publicamente a suspensão do projeto de reorganização escolar. Ao longo
de 2017 e início de 2018, a mobilização coletiva dos professores também fez o
governo recuar na implantação do CIS. É importante também enfatizar que uma
série de avanços pontuais da luta sindical, garantiram conquistas fundamentais
que vão desde emprego a professores contratados, até abertura de classes em
muitas escolas.
Mais uma vez, o governo
tenta avançar no aprofundamento da agenda neoliberal afetando diretamente o
ensino público, tentando “preparar terreno” para privatizações e medidas
retrógradas como a Reforma do Ensino Médio. Não podemos permitir o
aprofundamento da precarização e do sucateamento do ensino público. Somente com
a mobilização coletiva dos professores e da comunidade escolar é possível
barrar mais esse duro ataque a educação. Somente com a luta podemos fazer
retroceder essa cruel agenda neoliberal e rumar no sentido de uma escola
pública, gratuita, livre e de qualidade.
7)
QUAIS AS PROVIDÊNCIAS QUE ESTAMOS ADOTANDO?
Esse “programa” foi debatido
na última reunião do Conselho Estadual de Representantes – CER. Além da luta
política que a entidade está fazendo contra esse projeto, foi esclarecido que a
entidade já encaminhou uma série de esclarecimento junto a SEE para obter
informações e dependendo dos desdobramentos adotar as medidas jurídicas
cabíveis.
A Subsede da APEOESP de São
Bernardo do Campo vai dar início a uma campanha contra o MMR. Para isso vai
protocolar um ofício na DE cobrando esclarecimentos sobre as etapas de
implementação desse projeto, qual é a “organização social – OS” que está por
trás do mesmo, qual é o aporte de investimento destinado a este recurso, como
foi feita a licitação de contratação da mesma, por que não está ocorrendo uma ampla
discussão nas escolas como determina os princípios gestão democrática e o
Conselho de Escola, dentre outros
questionamentos.
Os professores precisam se
preparar para fazer o enfrentamento coletivo a esse projeto, pois todas as
bases apontam para o aprofundamento da prática de assédio moral por parte das
gestões escolares, prática essa, que só pode ser enfrentada coletivamente.
SUBSEDE DA APEOESP DE SÃO BERNARDO DO
CAMPO
Rua Dom Paulo Mariano, Nº 40, Nova
Petrópolis – SBC
Fones: 4125-6558, 4332-39-13
e-mail:
sindicatodosprofessores.sbc@gmail.com
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