sexta-feira, 29 de junho de 2018

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST ABC

Redação junho 23, 2018
MTST ABC – É a organização regional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto na Região do ABC.
 O que é MTST ABC?
Como vimos na matéria, “O que é MTST?”, o movimento conta com diversas formas de organização. Uma das formas de Organização é a regional e é sobre a Regional MTST – ABC que trataremos hoje.
O MTST começou a se organizar a 20 anos como principal bandeira de Luta, a Moradia. Porém a primeira atuação na região do ABC se deu somente em 2003, na cidade de São Bernardo do Campo.
Essa primeira ocupação não trouxe uma “vitória” prática para o Movimento. Porém abriu as portas para uma organização do Movimento na região. Nessa primeira tentativa houve muita tensão, veja: uma reintegração de posse conflituosa, veja:
Já naquela época a imprensa tratava os Movimentos como Invasores. Vejam, existe uma diferença gritante entre Invasão e Ocupação.
Após 2003, o MTST ABC promoveu algumas outras ocupações e várias ações na região do ABC.
MTST ABC
Atualmente conta com 4 ocupações ativas, Confira:
 Ocupação Novo Pinheirinho – Iniciado em 2011 em Santo André; Conheça:
Ocupação Oziel Alves – Iniciado em 2015 em Mauá; Conheça:
Ocupação Rosa de Luxemburgo – Iniciado em 2016 em Santo André: Conheça:
Ocupação Povo Sem Medo – Iniciado em 2017 em São Bernardo do Campo; Conheça:
Além das ações políticas, o movimento conta com apoio de vários setores da Sociedade, onde destacamos o Apoio de Caetano Veloso. Caetano faria um Show que estava programado para ocorrer em São Bernardo. Porém Caetano foi impedido de se apresentar por ordem do judiciário à pedido da PMSBC, como resultado ele teve que suspender a atividade. Veja:
Além de apoio de intelectuais, O MTST ABC conta com diversos apoios, passando pela Mídia Alternativa, onde a Aliança Informa se soma.
Não é só as atividades das ocupações que o MTST ABC atua, também é parte de um projeto de construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Para isso utiliza vários recursos, onde destaco a atividade que vai ocorrer no próximo 21 de Julho.
Nossas conquistas sendo realizadas. Nesses 20 anos do mtst também teremos entregas de chaves no Abc e início de obras na Zona Leste ocupação Dandara. Temos muitos motivos para comemorar.
Cada ato feito na rua nos fortalece mais. Vemos os resultados aparecerem com nossas atitudes de união, fé e força.
Convidamos você a estar junto comemorando com muita alegria. E fortalecendo nossa luta com as vendas nas barracas e nosso bingo que está super  premiado. Essa festa unifica fortalece mais a nossa região. Venha e compartilhe de alegrias conosco.
E a Aliança Informa encerra com a frase de Mauro de Mesquita:
“Juntos somos mais fortes, Misturados somos Imbatíveis”

              Acampamento de sem-teto vive tensão após morte de fotógrafo

19h32 - 24/07/2003

Por Eduardo Acquarone

SÃO BERNARDO DO CAMPO (Reuters) - A disputa pela posse de um terreno às margens da rodovia Anchieta, no ABC paulista, tomou contornos trágicos esta semana, com a morte de um fotógrafo na entrada do acampamento montado para abrigar milhares de sem-terra.

Na quinta-feira, dia seguinte ao crime, centenas de barracas cobertas por plásticos negros pontilhavam a área que há poucos dias era apenas um terreno vazio. O clima de tensão era palpável entre os integrantes do jovem movimento.

As cerca de 5 mil pessoas -- homens, mulheres e muitas crianças -- que ocupam o terreno, numa avaliação da liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), estão tensas. Elas temem a possibilidade de confronto com a polícia e também estão receosas que sejam usadas como bode expiatório por causa da morte do fotógrafo Luis Antonio da Costa, de 36 anos.

No dia seguinte ao crime, uma faixa colocada pela direção do MTST informava: "Nós, famílias acampadas, apresentamos nossos sentimentos aos familiares deste jornalista que teve seu sangue derramado nesta terra onde lutamos para que brote mais um alicerce na construção da paz, da inclusão e da justiça social."

La Costa, como era conhecido, foi baleado na entrada da área ocupada após um assalto a um posto de gasolina a poucos metros dali. A polícia investiga a possibilidade que um dos assaltantes tenha dado um tiro à queima-roupa no jornalista que fazia uma reportagem para a revista Época. Nenhuma ligação formal entre o crime e os invasores do terreno foi estabelecida.

Na quinta-feira, dois homens que haviam sido detidos na noite anterior em conexão com o assassinato foram liberados, após não terem sido identificados por três testemunhas.

"Não atrelem a violência aí de fora com a violência aqui de dentro", gritava um líder do movimento através dos alto-falante de um caminhão de som. "Quem mora aqui é gente de Deus, é brasileiro sem teto", diz.

PROFECIA

A justificativa para a invasão é simples, segundo palavras de outra líder do movimento. "Não é só multinacional que pode ocupar terra. Essa terra é muito mais nossa do que deles", disse ela. Até 1990 a Volkswagen tinha uma fábrica de caminhões no local. Há dois anos os prédios foram destruídos, e restou apenas o terreno de terra batida.

Quando as palavras de ordem se calam no alto-falante, Chico Buarque surge cantando, quase profético: "Pode ser a gota d'água."

O terreno foi invadido na noite de sábado, por cerca de 2.000 pessoas do movimento. O número aumentou com moradores de favelas vizinhas, que preferem trocar o barraco onde moram pela chance de ganhar um terreno próprio.

Antonio (que como a maioria dos invasores preferiu não fornecer o sobrenome), de 23 anos, trouxe a mulher e seus dois filhos para o terreno. O ajudante de pedreiro desempregado há um ano. "No momento estou parado, tá tudo muito difícil" -- pode ver de sua nova barraca o local onde mora, a favela de Ferrazópolis.

"Mas lá é muito ruim, quando chove o barraco cai. Quem mora em área de risco veio pra cá", explica ele. "Pelo menos temos comida", diz, referindo-se ao almoço que é fornecido pelo MTST. "Macarrão, arroz e feijão. Não tem jantar, mas não dá pra reclamar, cada um faz o que pode", diz, resignado.

Os amigos Marcos, 18, Leonardo, 18, e Rodolfo, 17, chamam a atenção pelos óculos espelhados no topo da cabeça e pelo sorriso aberto. As histórias são muito parecidas. Todos moram em favelas da região com parentes e pagam de 240 a 500 reais por mês de aluguel. "Eu entregava pizza, mas a polícia me parou e tomou minha moto, que estava irregular, e agora não tenho como ajudar no aluguel", conta Rodolfo.

Os três balançam a cabeça e concordam com Maria Alves, costureira de 35 anos, que também está em busca de um pedaço de terra para morar.

"Ao menos eu ganho um dinheiro, mas quem não ganha, como fica? Todo mundo tem que lutar", diz ela, que mora ao lado do terreno invadido e resolveu se juntar ao grupo assim que a invasão aconteceu.

LIMINAR E NEGOCIAÇÃO

O futuro do grupo é incerto. No acampamento, decorado com bandeiras verde-amarela do Brasil e vermelhas do PTST, não há luz elétrica nem água encanada. Algumas famílias têm colchões e colchonetes para tornar a tarefa de dormir sobre o terreno pedregoso mais tolerável, mas o frio das últimas noites obrigou os invasores a fazerem fogueiras para se manterem aquecidos.

Na terça-feira a Justiça concedeu à Volkswagen uma liminar para conseguir a reintegração de posse do terreno. Mas os acampados esperam ganhar tempo, e enviaram uma comissão para negociar com o prefeito de São Bernardo.

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto surgiu no final dos anos 1990 com o compromisso de lutar contra a falta de moradia nos grandes centros urbanos. Atualmente cerca de 2.000 famílias sem-teto ocupam um terreno invadido em Guarulhos -- o acampamento Anita Garibaldi. No início da semana, o Movimento dos Sem Teto do Centro também ocupou quatro prédios abandonados no centro de São Paulo.
 https://noticias.uol.com.br/inter/reuters/2003/07/24/ult27u37147.jhtm

Sem-teto deixam terreno da Volks em São Bernardo

07 de agosto de 2003 • 12h37 • atualizado às 16h31

Os invasores tiveram 30 minutos para tirar suas coisas do terreno. Foto: Reinaldo Marques/Terra
Os invasores tiveram 30 minutos para tirar suas coisas do terreno
Foto: Reinaldo Marques/Terra
Os cerca de 7 mil sem-teto acampados no terreno da Volkswagen em São Bernardo do Campo deixaram pacificamente, hoje, o local, após a Polícia Militar cercar a área a fim de cumprir uma ordem judicial para reintegração de posse.
De acordo com o comandante da ação, coronel Tomaz Alves Cangerana, a operação contou com 800 policiais militares - 500 da tropa de choque e 300 do policiamento local. A polícia teve ainda o apoio de dois helicópteros e disponibilizou cães, cavalos e canhões de água para caso de conflito.
"O povo pobre não tem direito a nada", disse um dos ocupantes que se identificou apenas como "Snipes" e segurava uma faixa onde se lia "Os renegados pelo sistema". Os sem-teto, alguns chorando, deixaram o local carregando colchões, sacolas com roupas e até móveis nas mãos ou em carrinhos de supermercado. Muitos saíram em um dos ônibus e caminhões enviados pela Volks, por determinação da Justiça, para auxiliar a retirada.
O momento de maior tensão ocorreu por volta das 8h30, quando a polícia chegou ao local. Os sem-teto prometiam resistir e fizeram um cordão humano na entrada do acampamento. Quando a polícia deu um prazo de 30 minutos para que fossem retiradas os objetos, foi feita uma assembleia, na qual os sem-teto optaram pela saída pacífica do local.
À tarde, policiais das tropas de choque entraram no terreno acompanhados por oficiais de Justiça para se certificar de que todos os sem-teto haviam saído.
Conforme o líder da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), João Batista Costa, os acampados iriam marchar para uma comunidade da Igreja Católica Jesus de Nazaré, em São Bernardo, para decidir sobre o que fazer. "Isso é uma prova de que a Justiça, a lei que defende os nossos direitos, é muito mais rigorosa ao defender o interesse de uma multinacional", afirmou Batista Costa ainda no terreno da Volks.

Para o coordenador, o governo federal fez o que pôde para defendê-los, o que não aconteceu com os governos do Estado e do município.
Barracas em chamas
Algumas barracas no acampamento estavam em chamas pela manhã. De acordo com a polícia, o fogo teria sido provocado pelos próprios acampados. Aconteceu ao menos uma explosão, de um botijão de gás, causado pelo fogo. Não houve, contudo, registro de feridos.

Aldo Santos, vereador do PT que passou a noite no local, disse que os ocupantes resistiram até por volta das 9h. Antes de deixar o terreno de 225 mil metros quadrados, os sem-teto cantaram o hino nacional. "Esta ação desmoraliza o prefeito, que ignorou a situação. As pessoas estão impressionadas com o grau de miséria dessas famílias", declarou o vereador de São Bernardo.
De acordo com Santos, a noite foi bastante tensa. A partir da meia-noite, a polícia fechou as ruas ao redor e posicionou homens em um prédio vizinho. O coronel Cangerana contou que houve então "uma negociação eficiente e o pessoal achou por bem sair".
Das cerca de 7 mil pessoas no local, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) cadastrou 3,2 mil durante a madrugada.
A desempregada Francisca de Souza, 20 anos, estava no acampamento desde o início da invasão, em 19 de julho, com a irmã e dois sobrinhos. "Eu morava de aluguel, fiquei sabendo (do assentamento) e a gente entregou a casa e veio para cá. Agora não tenho para onde ir", lamentou. Apesar de ter várias sacolas na mão, ela deixou no barraco um colchão e cobertores por medo de uma ação da polícia.
No carro de som na frente do terreno, uma mulher em um alto-falante recomendava calma a todos e dizia que "o acampamento continua", mesmo que em outro lugar. "Vamos resistir, mas não enfrentar", prometeu um ocupante de 19 anos.
Conforme a assessoria de imprensa da Volkswagen, o terreno está sendo negociado para ser vendido. A empresa não se pronunciou sobre a desocupação.
De acordo com informações do telejornal Bom Dia Brasil, a advogada do movimento, Camila Alves, afirmou que não recebeu nenhuma notificação da Justiça informando sobre a reintegração. A decisão é do 1º Tribunal de Alçada Civil.
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI128826-EI306,00-Semteto+deixam+terreno+da+Volks+em+Sao+Bernardo.html

sintese publicada ://aliancainforma.com.br/mtst-abc/

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