domingo, 7 de dezembro de 2014

VILA LULALDO 25 ANOS DEPOIS.

VILA LULALDO 25 ANOS DEPOIS.

 Lançamento do livro na sede da Lulaldo (Ivo, Arimateia, Ana Valim e Aldo Santos)
No dia 3 de dezembro de 2014, completou 25 anos a ocupação dos moradores da Vila Lulaldo em São Bernardo do Campo. Transcrevo abaixo  relato publicado no livro:Vila Lulaldo: Da lei do barbante a regularização fundiária.
“No dia 3 de dezembro de 1989, pela manha, 215 famílias desceram o morro da favela Jurubeba, rumo a Área ociosa, próxima ao Km 28 da Rodovia Anchieta, a mil metros da represa Billings. Os lotes de 100 metros quadrados foram demarcados com barbantes, primeiro a dona Emilia, depois da Dilma, o Barba, o Geraldo, as Marias e Josés...até as 22 horas, cinco barracos foram construídos, apesar da tentativa da policia de impedir a construção durante o dia.
A medição feita com barbante se transformou num momento emblemático para a ocupação dos moradores da Vila Lulaldo. O uso do barbante na demarcação dos lotes passou a ser um símbolo da organização, união e igualdade dos ocupantes da nova área.A nossa preocupação desde o inicio foi constituir uma Vila, onde cada um teria um terreno medido e o suficiente para acolher a família.
Cada morador cuidava de uma coisa, uns ficavam vigiando o movimento de estranhos no local, outros mediam os terrenos, enquanto a comissão ia assentando os moradores que estavam no  Jurubeba. Assim, a ocupação contou com a ativa participação dos moradores e movimento organizado, em eu pese a violenta reação por parte do prefeito do PT, Mauricio Soares, e vereadores da bancada de sustentação.
Além do mandato do vereador Aldo Santos, a ocupação contou  com o apoio direto do subprefeito do Riacho, Francisco Raimundo dos Santos e de sua mulher Angélica  que juntamente com o companheiro Natanael Júlio da Silva, o Taná, fizeram a medição dos terrenos com um barbante.Também foi importante  a atuação dos assessores do Vereador Aldo Santos, que de forma incansável participaram diretamente na remoção de famílias, na infraestrutura e no enfrentamento direto com os interesses dos moradores.
Foi marcante a atuação da companheira Emilia, que já doente animava a todos, fazia um cafezinho e, às vezes, oferecia um gole de pinga para os que estavam no trabalho pesado de construção das moradias. Assim como, a atuação destemida do Barba, que era  uma liderança fantástica. Depois que a Vila demonstrou condições de efetiva permanência, vários parlamentares também ajudaram no processo de enfrentamento, dentre eles o deputado Wagner Lino e outros que deram contribuição para a consolidação dessa importante ocupação.
Nas assembleias, os discursos eram politizados e sempre falávamos que a história da classe trabalhadora deve ser escrita pela própria classe trabalhadora. E foi com esse espírito de construção e participação na História que a Emília surpreendeu a todos ao propor o nome de Vila Lulaldo, pois a justificativa dela, na assembleia, foi de que: ’O Aldo todo dia diz que devemos construir a nossa história a partir dos pobres e lutadores do povo. Nesse sentido, um grande lutador do povo é o Lula e o outro é o nosso vereador Aldo Santos, que está com a gente desde o inicio, dia e noite. Vamos juntar o nome os dois nomes e dar nome a vila de LULALDO’. Surpreendeu a todos e propôs que houvesse votação e assim foi feito e sua proposta foi vitoriosa. É claro que nessa indicação existia uma espécie de esperteza, pois ficaria mais difícil para o prefeito do PT, se insurgir contra o Lula e um vereador do seu partido. Foi também uma forma fina de resistência de defesa e manutenção dos moradores na área, Isso ela afirmou, em conversas posteriores, sobre a aprovação do nome.
 Foi uma luta encarniçada e a policia militar sabia que a resistência era pra valer e certamente na reintegração poderia ocorrer de tudo.Foi uma grande vitória dos moradores que lutaram e acreditaram na força de suas próprias ações.Para quem luta a conquista é certa, como foi em vários  movimentos nesse  país. Essa vitória só foi possível com muita união e organização dos moradores e moradoras, ao longo dessas décadas.
 Essa Vila foi e continua sendo um desafio à ordem Burguesa, pois a força do movimento é capaz de impor derrotas aos algozes dos trabalhadores. Essa ocupação é um grande exemplo, pois, quando o poder público não apresenta soluções o povo organizado sabe por onde começar e aonde pode chegar.
Que esse exemplo continue animando outras pessoas na busca de uma saída para a falta de moradia popular, rumo a reforma urbana e agrária tão necessária e socializadora, para melhorar a vida da classe trabalhadora. Esperamos que os dirigentes desse movimento possam continuar na defesa dos que residem e de outros que ainda não conseguiram uma solução para os problemas habitacionais. É urgente a luta por mais moradia. Lutar e vencer é preciso. ” (SANTOS,Aldo:VALIM,Ana.Vila Lulaldo: Da lei do Barbante à Regularização fundiária,Dialógica Ed,213, pag.15/16)
Os governantes precisam estabelecer efetivamente que a moradia deve ser uma ação prioritário de governo, pois na lógica capitalista e da especulação imobiliária os pobres sempre serão excluídos da moradia popular. Falta de moradia é um problema social e não policial.

Aldo Santos- Movimento Sem Casa e da executiva Nacional da INTERSINDICAL.





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