SEPÉ TIARAJU E A RESISTÊNCIA
INDÍGENA
A Editora Expressão popular vem
publicando inúmeras obras como contra ponto a história oficial, exaltando
figuras que estão no anonimato ou circunscrita a memória popular.
Liderança inconteste dos Índios
Guaranis, José Tiaraju foi eleito prefeito de São Miguel e sua resistência se
traduz no celebre declaração: “Essa terra tem dono”. Esse grande movimento tem
como pano de fundo a assinatura do tratado de Madri em 1750, onde os reis de
Portugal e Espanha na prática obrigam cerca de 50 mil "índios" a abandonarem suas
cidades, suas terras e o culto a ancestralidade dos nativos. Esse tratado
aparentemente buscava corrigir as fronteiras na America meridional.
Todos os índios dos sete povos teriam
que abandonar suas cidades rumo a margem direita do rio Uruguai, hoje
território argentino. Os portugueses ficariam com o legado material e simbólico
das conquistas dos guaranis e a Espanha, com a colônia de sacramento.
Contrário a essa negociação, Sepe lidera a resistência e é morto em 7 de
fevereiro de 1756, com mais 1500 mártires de Caiboaté.
Para Alcy José Vargas Cheuiche, autor
do livro “Sepé-Romance dos sete povos das Missões” o educador deve ensinar aos
alunos que “Quando os Portugueses chegaram ao Brasil, não houve nenhum
descobrimento. Juntando Portugal e Espanha, havia menos portugueses e espanhóis
nos seus territórios do que tupis-guaranis e outros índios em território
brasileiro. Os antropólogos discutem, mas viviam entre 5 e 10 milhões de seres
humanos em nosso atual território”.[i]
Embora os invasores possuíssem
maior tecnologia no combate aos nativos, o primeiro canhão feito
pelos irmãos jesuítas e os índios foi determinante na batalha de Mbororé em
1641, onde colocaram pra correr os temidos bandeirantes.
Autores falam numa república guarani
que geograficamente ficava nas terras do Rio Grande do Sul, território
Argentino atual e do Paraguai, totalizando 33 cidades que tentaram implantar
uma espécie de sistema socialista cristão.
Grande parte da nossa verdadeira
história ainda está adormecida,devendo ser recuperada pela história
oral e pelo levantamento de dados ainda marginalizados
pelos detentores e proprietários das empresas reveladoras e mantenedoras
da história oficial em nosso país.A verdadeira história dos
escravizados do período da invasão,da colonização, do império e da
república, deve ser enaltecida por historiadores compromissados com a
história da maioria nesses vários períodos.
É inadmissível que os donos do Brasil
sejam delimitados a comemoração de um dia ao ano, no dia 19 de abril, e o
restante do ano celebrado pelos invasores e dominantes. Portanto, é fundamental
a afirmação de que “essa terra tem dono” e que instituamos o dia 7 de fevereiro
como dia da resistência indígena em homenagem e memória ao dia em que foi
assassinado Sepé Tiaraju. A recuperação da história é fundamental e figura como
Sepé Tiaraju dignifica e demonstra que a dizimação dos índios foi marcada por
grandes lutas e resistências no passado e nos dias atuais. Nosso empenho é para
que de fato essa terra um dia seja devolvida aos verdadeiros donos e que os
saqueadores, estupradores e assassinos prestem contas ao invencível
tribunal da classe trabalhadora.Perseguimos a “pátria mãe”, pois a história e a
luta não tem barreiras nem limites geográficos e que a experiência
“comunista dos Guaranis” continue embalando sonhos de um novo
mundo, livre dos opressores e da opressão do capital.
Reescrever nossa história a partir do
índio, negro e operário é preciso!
Aldo Santos, Presidente da Associação
dos Professores de Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo e do Brasil,
Membro da Executiva Nacional da Intersindical e militante do Psol.
Nenhum comentário:
Postar um comentário