POR UMA CULTURA DE DIREITOS E POR DIREITO A CULTURA
AFRICANA
A luta contra a escravidão continua!
A Escola da família do Célio Luiz Negrini em São Bernardo
do Campo deu uma grande aula contra o racismo ao reunir dezenas de pessoas para
debater sobre a tragédia da escravidão e o permanente grito por liberdade com
inclusão cultura e social nos dias atuais.
A vice-diretora, professora Maria José agradeceu a
presença de todos e todas, esclareceu a importância das atividades
desenvolvidas pelos participantes da escola da família e destacou a temática e
empenho da comunidade por ocasião do Mês da consciência negra. Agradeceu ainda
o apoio da comunidade organizada e do sindicato dos professores - Apeoesp-SBC.
A atividade começou com o relato da Dona Maria Luiza
Pereira Rufino, com 80 anos de existência, que testemunhou a importância desta
data como representante da quarta geração das filhas de Palmares. Nasceu em
Palmares, veio para São Paulo onde passou por inúmeras dificuldades e relatou
que foi a terceira moradora do Areião onde vive a mais de 40 anos. Disse que ao
final de todos os anos reconta netos e bisnetos. Hoje têm 100 netos, 40
bisnetos e comprometeu-se com esse debate afirmando que próximo ano
estará novamente nesta unidade Escolar.
Conforme previsto na programação, o Professor
Aldo Santos destacou a luta do Quilombo dos Palmares reagindo a
colonização portuguesa e a rica atividade econômica que
representou o tráfico negreiro.Toda nossa Luta nos dias atuais tem como
referência o grande embate e resistência desenvolvida por Zumbi dos Palmares em
1695. Falou de outro importante momento histórico contra a escravidão que foi a
revolta da Chibata, liderada por João Cândido, o Almirante Negro. Um outro
momento nessa cronologia, segundo o ex-vereador Aldo Santos, foi a primeira vez
que se oficializou o dia da consciência negra na cidade de São Bernardo
do Campo, em 20 de novembro de 1989.Disse das dificuldades que encontrou no
parlamento, mas, além de ser o autor da primeira propositura sobre a consciência
negra, apresentou ainda o projeto da capoeira nas escolas que foi rejeitado
pelos vereadores, apresentou o projeto do feriado municipal na cidade, bem como
a indicação pela implantação das cotas na faculdade de Direito São
Bernardo, dentre outras.As dificuldades em reunir os negros
para discutir essa temática continua, pois existe o racismo institucional
introjetado nos espaços oficiais. Chamou atenção para os 514 anos de
invasão do nosso país, dentro os quais, cerca de 400 anos foram de escravidão
econômica e degradação humana. Portanto, a escravidão ainda está presente em
nossa sociedade; disse.
A militante Iara Bento destacou a luta histórica
contra o racismo, relembrou dos atores dessa luta ao longo desses 25 anos em
nossa cidade, citando Adomair, Aldo Santos e outros e outras. Destacou a
presença da mulher nesse debate, pois as mesmas representam 52% da população
brasileira. Questionou a oficialidade da “abolição da escravatura”, onde as
negras continuaram trabalhando na cozinha dos senhores de engenho e os homens
ficaram sem emprego e sem o sustento necessário.
O Debate sobre a consciência negra deve ser
pautado cotidianamente de forma interdisciplinar e não somente no
mês de novembro de cada ano.Disse que o trabalho estafante das negras tem
contribuído para o adoecimento das mesmas, denunciando ainda a matança da
juventude negra da periferia.
A líder comunitária e representante do Educafro Elisângela Marques destacou a presença da Dona Maria Luiza e sua referência
como guerreira da comunidade do Areião. Questionou a falta de mulheres
nas instituições de poder, onde em São Bernardo do Campo não existe
sequer uma vereadora na câmara municipal. Questionou ainda a falta de
empenho de educadores nessa temática que vem sendo tocada pelas organizações
não governamentais.
Para o sindicalista Paulo Neves existe um grande
caminho a ser trilhado e lembrou-se da luta pela incorporação no calendário da
diretoria de ensino da temática sobre a consciência negra. Disse também que a
lei 11.64/2009, ainda está longe de ser uma realidade curricular.
O Professor Rogélio leciona no Célio desde o ano 2000,
destacou a importância da atividade realizada junto a
comunidade e disse que o papel do educador é semear novas ideias de liberdade e
resistência junto a população carente.Lamentou a ausência dos demais colegas na
atividade e agradeceu a presença representativa das lideranças nesse
evento.
O Ex-aluno Everton Martins deu importante depoimento
sobre a necessidade da revisão do conteúdo escolar, pois, afirmou que ficou sabendo da verdadeira história
do país depois que saiu da escola formal. Citou o exemplo da invasão do
nosso país em 1500: “Um ato criminoso que virou um ato heroico”. Criticou fortemente a transferência do feriado do dia 20 de novembro em São
Bernardo do Campo, e, de certa forma, sua fala despertou importante debate
junto a comunidade. Reafirmou que é preciso rever o referencial histórico,
sociológico e filosófico no ensino fundamental, médio e universitário.
Diante da polêmica sobre a mudança do feriado, a Iara
Bento disse que quando foi assinada a lei do feriado do 20 de novembro em sbc
ela estava na mesa. Disse que essa luta pelo feriado começou com o
Vereador Aldo Santos e agora foi aprovada pelo Prefeito Marinho. Ao final, a polêmica
continua e todos concordaram que é necessária a manutenção do feriado no dia 20
de novembro de cada ano.
Falou-se ainda da urgência do feriado Estadual e
Nacional.
Além dos debates,rolaram outras atividades do
ponto e vista da cultura-afro, com musicas, exposições e grafites.
Comissão antirracismo da
apeoespsbc
22/11/2014
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