A PÁSCOA E O DIA 31 DE MARÇO.
Com a renúncia de Jânio Quadro em
1961, até hoje marcada por dúvidas e suspeitas, passa a governar o País o seu
vice João Goulart, mesmo contra a vontade dos militares que contavam com o
apoio de setores reacionários do nosso país.
Com seu retorno da China e para
impedir a concentração de poder, natural em um regime presidencialista,
implantaram o parlamentarismo para tentar enfraquecê-lo. O presidencialismo só
volta em 1963 com a aprovação de um plebiscito sobre o tema.
Mesmo diante do cercamento das forças
conservadoras e dos militares, Jango continuou e tentou implementar seu
plano de democratização popular, anunciando medidas de controle financeiro, da
reforma agrária e urbana no BRASIL.
Os militares então tramam e promovem
o golpe militar que levou a derrubada do presidente Jango no dia de 31 de março
de 1964, implantando a ditadura militar ao arrepio do ordenamento jurídico
vigente. Os militares instituíram o período de terror, de 1964 à
1985. Nesse período publicaram vários atos institucionais, instituíram métodos
de tortura sofisticados para arrancar confissão dos presos políticos,prenderam,
torturaram e mataram inúmeros militantes que se opuseram ao regime de opressão.
Com a lei da anistia imaginava-se que
tudo ficaria acobertado, congelado e cairia no esquecimento. Com a pressão
popular mesmo contra a vontade de militares e governantes, a presidenta Dilma é
levada a instalar a tímida comissão da verdade, que está descobrindo o alcance
da tragédia promovida pelos militares no território brasileiro e sua
conexão com outros países.
É preciso passar esse País a limpo
desde a invasão em 1500 pelos Portugueses até os dias atuais, onde falsos
heróis são cultuados e introduzidos como referências positivas no imaginário
popular, como Mem de Sá, João Ramalho, os Bandeirantes e tantos outros
promotores de massacres a povos nativos e escravizados. Em momentos históricos
mais recentes o sistema promove perseguição ao movimento sindical, estudantil,
popular e partidário, com o emprego da força e do aparato repressor da classe
dominante.
O exemplo de preconceito e ódio de
classe pode ser constatado na doutrina militar amplamente
difundida, como vem sendo apurado pela comissão da verdade do Estado de São
Paulo, onde, “A Comissão da
Verdade da Assembleia Legislativa de São Paulo vai propor a revisão do brasão
de armas da Polícia Militar paulista. Desde 1981, o símbolo presta homenagem ao
golpe de Estado de 1964, que implantou a ditadura militar no país.
O brasão contém 18 estrelas que, segundo o
site da PM, representam "marcos históricos da corporação". De acordo
com a página, a 18ª estrela é uma referência à "Revolução de Março".
O termo "revolução" é usado por aqueles que negam ter havido um golpe
militar em 1964.
Em janeiro de 2012, a Folha noticiou
que os sites da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo e da PM tratavam o
golpe como "Revolução de Março". A pasta retirou a expressão no mesmo
dia; a PM a manteve.
"A Comissão da Verdade pretende
sugerir a revisão e análise do significado dessas estrelas", disse o
deputado Adriano Diogo (PT), presidente do colegiado paulista.
Segundo ele, os caminhos formais para sugerir uma revisão no símbolo ainda serão discutidos com os integrantes da comissão.
Segundo ele, os caminhos formais para sugerir uma revisão no símbolo ainda serão discutidos com os integrantes da comissão.
Criado em 1958 pelo então governador Jânio
Quadros, o brasão de armas da PM foi alterado em 1981, na gestão de Paulo
Maluf, que acrescentou a 17ª e a 18ª estrelas.
Além do golpe de 1964, estão representados
no brasão outras ações repressivas realizadas pelas Forças Armadas em episódios
controversos, como a Guerra do Paraguai (1864 a 1870), que devastou o país
vizinho, e a revolta de Canudos (1897) no sertão baiano, que dizimou todos os
participantes do movimento.
Há ainda estrelas em homenagem às
repressões à Revolta da Chibata (1910) e ao levante dos 18 do Forte de
Copacabana (1922).
Procurada, a
assessoria de comunicação da Polícia Militar informou que não comentaria o
assunto por se tratar de um tema "de natureza política". (publicado
pela editora de Arte/folhapress, dia 25/01/2013, subscrito por Patricia Britto”
Os fatos
históricos que eles consideram apatrióticos é motivo de exemplo, orgulho, luta,
bravura, resistência e identidade do povo brasileiro. É a explicitação do
antagonismo de classe, numa histórica queda de braço entre os que defendem a
luta de libertação do nosso povo, espoliado e excluído e os detentores do
capital, representantes do Estado Burguês.
Esse
ano, o dia 31 de março, dia do golpe militar no Brasil será ofuscado pela
comemoração da páscoa que originalmente significa a data em que os judeu comemoram a
libertação e fuga do seu povo escravisado no Egito. Ou seja: a passagem da
escravidão para a liberdade.
Que
nessa páscoa, possamos avançar ainda mais nessa necessária passagem de uma data
que significou o terror e a morte, portanto a escravidão de um povo, para uma
nova sociedade justa, igualitária, fraterna e Socialista.
Há 49 anos, o
golpe militar representou a negação de relativa liberdade para o período de
ditadura, opressão e mortes. Que esse 31 de março de 2013 represente uma nova
passagem de apuração, esclarecimentos, reparos históricos, punição e prisão aos
representantes do estado que prenderam, torturam e assassinaram centenas de
brasileiros, em nome da ordem e do progresso.
Enganam-se os que
acham que conseguem prender, matar, destruir ou ocultar as ideias e
sonhos de justiça e liberdade de um povo.Feliz páscoa aos que aprendem com o
passado, acreditam no presente e constroem com garra e coragem o
Brilhante futuro da humanidade.
Lutar
e acreditar sempre é preciso!
Aldo
Santos- ex-vereador em SBC, Coordenador da apeoespsbc, Presidente da Associação
dos Professores de Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo, membro da
Aproffib e militante do Psol.
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