quarta-feira, 28 de junho de 2017

QUEREMOS COTAS ÉTNICO-RACIAIS E SOCIAIS NA USP!

QUEREMOS COTAS ÉTNICO-RACIAIS E SOCIAIS NA USP!

Hoje o Conselho de Graduação da USP votou sobre o vestibular de 2018.  Há muito tempo que o movimento negro denuncia o racismo estrutural da USP, uma das últimas universidades do país a adotar cotas. Nesse conselho a universidade optou por adotar um projeto unicamente de cotas sociais, de maneira progressiva, sem nenhum recorte racial e de renda, contemplando apenas estudantes de escola pública. Assim, a universidade fecha os olhos para a dívida histórica desse país e se conforma com a realidade da população negra no qual somos mão de obra barata e ínfimos nos espaços de poder. A USP com essa decisão reafirma o pé de café e de cana que estão postos na entrada principal da universidade a serviço da elite paulistana.
A discussão e votação foi conduzida de uma maneira extremamente autoritária por parte do pró-reitor Prof. Hernades que somente hoje liberou a minuta de resolução para a mudança do vestibular. Além disso, o projeto protocolado, legitimado pelo regimento de graduação, encabeçado pelo movimento estudantil, negro e indígena não foi nem ao menos discutido. Ou seja, o projeto que passou minimante por discussão dentro da universidade não foi sequer colocado em pauta enquanto um projeto sem nenhum respaldo na comunidade universitária foi levado adiante.
Somos favoráveis a implementação de cotas sociais e sabemos da sua importância combinada com o debate de raça, pois a população mais pobre do país é o povo negro. No entanto, essa medida por si só não coloca com centralidade a dívida histórica com o povo negro e indígena reconhecendo o racismo da sociedade brasileira. Para além disso o projeto da reitoria não tornará a USP menos elitista dado que as escolas públicas possuem desigualdades entre si. Haja vista as escolas técnicas e institutos federais nos quais o ensino além de ser de melhor qualidade aglutina estudantes com maior renda familiar.
A USP não superará o seu elitismo com cotas sociais apenas, pois para se democratizar e promover uma ampla mudança em seu perfil social e racial somente as cotas étnico raciais trarão resultados. Não podemos nos dar por vencidos. Esse debate para além do próximo conselho universitário que vai debater e referendar a resolução do CoG se expande para os próximos períodos, nos quais sabemos que o debate racial vai perpassar toda a estrutura universitária. Pois a USP somente será uma universidade verdadeiramente pública quando ela for enegrecida.

Assinam:
DCE Livre da USP
Núcleo de Consciência Negra

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