terça-feira, 16 de novembro de 2010

Por que e Para que.



Muito se pergunta por quê e para quê do 20 de novembro. Sabemos que na história da humanidade sempre houve controversas nas interpretações históricas, desde Tucides e Heródoto até os dias atuais.

Mas segundo um grande pensador social , Karl Marx, a história da humanidade é a história das lutas de classe, onde a classe dominante tenta impor sua verdade sobre os fatos.

No caso do 20 de novembro não podia ser diferente, onde por muito tempo prevaleceu a história dos vencedores, contada na concepção factual e heróica das elites.

Ainda dentro da visão histórica de Marx o homem constrói a história dentro das suas circunstâncias por isso que propomos a dialogar com os educadores sobre o dia da consciência negra, 20 de novembro.

Segundo Marina de Mello e Souza, professora, doutora da Universidade de São Paulo, com experiência na área de história, com ênfase em História da África. Atuando principalmente nos temas: Cultura – Afro-brasileira, reis negros, religiosidade Afro-brasileira afirma ela que desde o final do século XIX e começo do XX esses estudiosos, ligados principalmente à área de influência da antropologia e do folclore, se indagavam sobre as relações entre a África e a América, foi somente muito recentemente que essa preocupação chegou ao universo dos historiadores. Reflexo disso é a ausência quase absoluta da disciplina histórica da África em todos os níveis da educação, pelo menos no Brasil, que é o caso que nos diz respeito.

Algumas universidades brasileiras dedicam-se a estudos de aspectos das sociedades africanas, mas esses centros de ensino e pesquisa cabem nos dedos de uma mão. Com as novas políticas públicas que visam dar mais visibilidade ao afro-descendente na sociedade brasileira, e que vão da obrigatoriedade de se abordar as culturas afro-brasileiras no ensino escolar à reserva de vagas nas universidades, o ensino da História da África, que no meu caso se volta para a África pré-colonial, no nível universitário e a partir deste em todos os níveis, torna-se premente. Ao tomarmos conhecimento do teor da contribuição que recebemos daquele continente, das feições das sociedades de onde vieram parte de nossos antepassados – como gosta de dizer Alberto da Costa e Silva, nosso maior conhecedor de história da África - , podemos nos sentir orgulhosos de trazer conosco alguma coisa de certos povos africanos.

O estudo da história da África pré-colonial,principalmente das regiões que estiveram envolvidas com o tráfico de escravos para o Brasil, mas também de todo o continente, de suas articulações internas e com o exterior, amplia a nossa compreensão da sociedade da qual fazemos parte. É uma área na qual quase tudo está por fazer, da ampliação dos grupos de estudo à tradução de livros e artigos, passando inevitavelmente pela implantação do seu ensino em todos os níveis. Que as sementes sejam lançadas ao vento, as palavras disseminadas pelos meios de comunicação disponíveis, que os profissionais em atividade se multipliquem em discípulos e estes passem o aprendido.

Salve Zumbi!

Professor: Aparecido Alexandre
 Membro da executiva de SBCe do Conselho Estadual de representantes da APEOESP.

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