sexta-feira, 28 de junho de 2013

ALDO E FILÓSOFOS:REUNIÃO DA DIRETORIA DA APROFFESP, DIA 30/06, AS 10 HORAS . REUNIÃO ABERTA

ALDO E FILÓSOFOS:

Confirmo a minha presença na reunião deste domingo, 10 horas, na "Casa da Solidariedade", Rua Gravi, 60 - próximo ao metrô "Praça da Árvore".

Espero que TODOS os que fazem parte da diretoria d APROFFESP façam um esforço para comparecer, pois teremos de encaminhar várias ações e NÃO PODEMOS PERDER O BONDE DA HISTÓRIA.

Para refletir: "Certamente é fácil fazer discurso e passeata, o duro é carregar o piano" ("Filosofia da práxis" de um filósofo caipira)

Até domingo!


PROF. CHICO GRETTER  

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Uma criança morre de fome a cada 5 segundos

Uma criança morre de fome a cada 5 segundos


Existem alimentos para suprir quase o dobro da população mundial com as calorias diárias necessárias, mas o controle de multinacionais e a especulação financeira dificultam o acessoAray Nabuco, Frédi Vasconcelos e Lilian Primi
O sociólogo suíço Jean Ziegler veio ao Brasil para o lançamento da edição de seu livro Destruição em Massa Geopolítica da Fome, da Cortez Editora. Ele, que foi relator especial da ONU sobre direito à alimentação, mostra na obra o absurdo de um mundo que produz alimentos suficientes para alimentar o dobro da população mundial com as calorias diárias necessárias e tem quase 1 bilhão de pessoas passando fome por con­ta da falta de acesso, da especulação finan­ceira com alimentos e do controle da produ­ção mundial de alimentos de base e sementes por seis multinacionais, entre outros motivos.
Nesta entrevista exclusiva a Caros Amigos, Ziegler também falou que a fome vem aumen­tando na maioria dos países, com exceção de Brasil e China, que contam com programas como a reforma agrária promovida no país asiático, mas que é necessário fazer muito mais para evi­tar a destruição em massa de pessoas que des­creve no livro. Veja abaixo os principais trechos.
Caros Amigos- Há dois grandes movimentos em curso na área de produção de alimentos - a trans­ferência de tecnologia da Embrapa de produção no cerrado para a África e a tentativa de diversificar a fonte de fosfato para a fabricação de adubos. Esses movimentos ajudam a acabar com o quadro da fome no mundo?
Jean Ziegler - Ajudam, ajudam. Mas temos o último relatório anual da FAO (agência da ONU para alimentação e agricultura) sobre a situação da fome no mundo. As cifras gerais são terríveis. A fome aumenta mundialmente, com exceção do Brasil e da China. A cada cinco segun­dos, uma criança com menos de 10 anos morre de fome, segundo da­dos do ano passado, 57 mil pes­soas morrem ao dia. E 1 bilhão de pessoas, dos 7 bilhões que somos, está sofrendo de subnutrição grave permanentemente, com mutilações.
Não têm vida de família nem de traba­lho, são destruídas pela subalimentação permanente. 0 mesmo relatório da FAO, que tem muitos detalhes de cada país, diz que a agricultura mundial, no atual estágio de desenvolvimento, poderia alimentar normalmente 12 bi­lhões de pessoas com 2,2 mil calorias por adulto, em média.
Isso significa que hoje, pela primeira vez desde o início do milênio, não há mais falta ob­jetiva de alimentos. Uma criança que morre de fome neste instante em que falamos está sendo assassinada. 0 mundo viveu revoluções formi­dáveis, eletrônica, industrial e tecnológica, de aumento das forças produtivas da humanidade. Pela primeira vez na história, a fome não é mais problema de produção, porque o mundo tem es­toque, mas de falta de acesso.
Há pelo menos vinte anos se fala muito tam­bém sobre desperdício.
E continua. Cerca de 25% da produção mun­dial (de alimentos) se perdem no Hemisfério Sul porque não há silos. Há dois problemas dife­rentes. Nos países industrializados, existe muito desperdício doméstico. Nos supermercados da França as pessoas compram montanhas de ali­mentos a cada sábado e depois jogam metade fora porque perdem a validade. Outro problema é de estocagem. Na Nigéria, no Mali, os depó­sitos de alimentos têm infiltrações de água, há ratos e pragas. Nos países de Terceiro Mundo, 25°/o dos estoques são destruídos dentro dos si­los. É muito importante saber que vivemos uma situação crucial totalmente nova em que há ali­mento demais no mundo, mas a pirâmide das vitimas cresce. E a ordem social e a ordem eco­nômica canibal a causa da fome. Há um massa­cre. Não é um problema de produção, como foi no tempo de Josué de Castro (médico brasileiro que, em 1946, lançou o livro Geografia da Fome, no qual mostrava que a fome não era um pro­blema natural, mas sim das ações dos homens, de suas opções, da condução econômica que da­vam a seus países. NR)
0 senhor fala em destruição em massa no seu livro, o que explica esse massacre?
São 13 milhões de brasileiros que passam fome hoje, metade do que era há vinte anos. E nesses 13 milhões há caboclos, africanos, des­cendentes de portugueses... Não é um grupo es­pecífico, mas todos. Por isso é massacre. Outro número: a humanidade perde 1% da sua popu­lação a cada ano. Isso significa que no ano pas­sado mais ou menos 70 milhões de pessoas par­tiram deste mundo pelas mais variadas causas, sendo que, dessas, 18,2 milhões morreram por causa da fome ou de suas consequências mais diretas, como as horríveis enfermidades vin­das da subalimentação, a kwashiorkor, a noma. A noma é terrí­vel. Corrói a face do doente. Essas doenças e a fome matam 18,2 mi­lhões de pessoas por ano.
Inclusive a fome faz as pessoas morrerem também de AIDS, não é?
Sim, porque a imunidade fica muito baixa. Esses são números oficiais da FAO, da ONU, da Unicef e que ninguém contesta. Nem os neo- liberais nem os marxistas, são totalmente fac­tuais. Então a fome no mundo hoje, quando o planeta transborda de alimentos, é de lon­ge a causa de mortalidade mais importante. E o escândalo de nosso tempo. Há uma dife­rença de interpretação. Os neoliberais - Ban­co Mundial, Organização Mundial do Comér­cio (OMC), Fundo Monetário (FMI), governo dos Estados Unidos - dizem “é terrível essa situação” - e não é um argumento cínico - “mas a causa real é que o mercado mundial não é livre o suficiente”. “Se houvesse a libe­ralização dos movimentos de capitais, merca­dorias, serviços, patentes, se houvesse maior avanço nas privatizações, a fome diminuiria”. E é totalmente o contrário. A União Soviéti­ca implodiu em 1991 - há 20 anos - e naque­le momento uma pessoa em três no planeta vivia sob o regime comunista. A bipolarida- de da sociedade internacional era um fato. E o modo de produção capitalista era regio­nalmente isolado. Quando cai a União Sovié­tica, esse modo de produção capitalista con­quista o mundo rapidamente. Com instância reguladora central, que se concretiza nas bol­sas de valores. E em que o capital financei­ro se constitui em um incrível poder novo. É a ditadura mundial das oligarquias do ca­pital financeiro globalizado. Concretamente são as sociedades trans­continentais privadas.
No ano passado, as 500 maiores socie­dades transcontinen­tais detinham 52,8% do PIB mundial, segun­do o anuário do Banco Mundial. Eles escapam de todo controle social ou de governos, fun­cionam segundo um único princípio de or­ganização, que é a maximização do lucro no menor tempo possível. Essas multinacionais têm um poder no planeta que nenhum papa, imperador ou rei teve antes.
Esse grupo certamente inclui empresas da área de alimentos, como a Monsanto?
Sim, dez grupos controlavam, no ano passado, 85% de todos os alimentos negocia­dos no mercado mundial. Entre eles a Cargill, Bunge, Nestlé, Dreyfus Brothers, Archer (Daniels) Midland. A Cargill, que tem sede em Minnesota, detém 31,2% de todo o trigo comercializado no mundo. Controlar signifi­ca ter os meios de transporte, os silos para armazenar etc. Eles dominam a formação de preço, naturalmente, e decidem concre­tamente, a cada dia, quem vai comer e vi­ver neste planeta e quem vai passar fome. 0 problema é de acesso.
Esses alimentos “comercializados” são aqueles que se tornaram commodities?
Sim. O núcleo são os que chamamos alimen­tos de base: milho, arroz e trigo, que cobrem 65°/o do consumo mundial. A soja também, mas os mais importantes são esses três, que vão di­retamente para o consumo humano. A soja vira ração. Também a Cargill tem posição dominan­te na produção mundial de carne. Há centenas de abatedouros no mundo, ela tem toda a ca­deia. Sempre verticalmente organizada. Essas multinacionais têm uma organização vertical, da plantação de trigo até o consumidor final e controlam tudo.
São essas mesmas empresas que agora estão desenvolvendo os transgênicos...
Naturalmente. 0 relatório do Banco Mundial mostra a ditadura das 500 multinacionais que con­trolam tudo, as 500 mais importantes nas áreas de química, alimentos e bancos. Depois, setorial- mente, há uma monopolização extraordinária na produção de alimentos de base e na produção de sementes e adubos, como a Monsanto. São seis em­presas que dominam praticamente 90% do setor.
0 senhor fala dessas empresas, que formam uma cadeia. Como a gente foge disso? Porque hoje, o que os liberais diriam, é que sem essas empresas não seria possível produzir alimentos para todos.
Isso é a guerra ideológica. Naturalmente é totalmente falso. Vamos discutir mais ampla­mente. Essas sociedades são muito eficientes. Elas dominam a formação dos preços no mer­cado mundial. Existe hoje 1,2 bilhão de pessoas no mundo, um sétimo da população mundial, que é extremamente pobre, que vive com 1,25 dólar por dia. Que vive nas favelas, não pro­duz e precisa comprar sua alimentação diária. Quando, por causa da especulação nas bolsas,
0 milho sobe, - e nos últimos dois anos ele su­biu 63°/o, a tonelada de trigo dobrou e o preço da tonelada de arroz das Filipinas subiu de 100 dólares para 1,2 mil nas favelas do mundo os preços explodem; nas favelas do mundo as mães não podem comprar.
Há alimento, mas as pessoas não têm renda para comprá-lo, é isso?
Não têm renda! E esse número de mais de 1 bilhão de pessoas é estável, não muda. Nos últimos anos, apenas Brasil e a China tiveram um formidável progresso. A fome é calculada de duas maneiras. Em número absoluto de víti­mas e pela porcentagem da população. No Bra­sil, em 20 anos (de 1990/91 a 2010/2012), as vítimas de fome baixaram de 23 milhões para 13 milhões. Em números absolutos, caíram 40,4%, o que é extraordinário e só comparável com a China, onde os famintos diminuíram de 254 milhões para 158 milhões. Uma baixa de 37,6%. Em 1991, no Brasil, ao menos 15% da po­de 4b,Ju/o. tm toüos os demais países a fome aumentou. No mundo, em 1992, 1 bilhão de pes­soas morreu por fome. Hoje, são 867 milhões.
Essa queda ocorre por causa do Brasil e da China?
Sim, mas aumenta novamente, por causa da especulação. Nesses vinte anos houve esse mo­mento novo da especulação, quando países en­tram em crise. Em 2008/2009, houve o que se chama de crise financeira, o banditismo bancá­rio internacional dominou as bolsas de valores. E depois em 2010, 2011 e 2012, os mais podero­sos migram dos mercados financeiros dominados para os mercados de matérias primas. De merca­dorias, energia e, especialmente, alimentos.
Devo dizer claramente que o que eles fazem é totalmente legal. São assassinos, porém agem dentro da lei. Porque utilizam todos os instru­mentos do mercado para realizar lucros incríveis. 0 Goldman Sachs oferece derivativos de açú­car, arroz, verduras. Há um relatório da Unctad (agência da ONU para o comércio e o desenvol­vimento) que diz que, nos dois últimos anos, o aumento dos preços no mercado mundial dos alimentos de base provocado pela espe­culação foi de 37%.
0 senhor cita que o grande problema dos contratos de derivativos é que não precisa neces­sariamente entregar a mercadoria, nem produzi-la.
Sim, basta o papel. Compra um papel. A ins­tituição jurídica é o contrato a termo. Sempre houve isso nas commodities, um elemento espe­culativo. 0 contrato futuro entre um distribui­dor e o produtor é razoável. Se eu sou um pro­dutor de trigo na Argentina e tem o proprietário de uma cadeia imensa de padaria em Nova York precisando comprar, os dois combinam um pre­ço, que só será pago durante a safra. Com isso o produtor garante o valor do seu trigo em ní­veis razoáveis e o distribuidor fica seguro de que terá a matéria prima para trabalhar. Já o especulador não produz nem vende a mercado­ria. Eles fabricam papéis que são vendidos infi­nitamente. A mesma mercadoria pode ser ven­dida mais de 40 vezes.
É o especulador quem fica com o lucro?
Naturalmente. E isso poderia ser cortado. 0 Brasil é uma grande democracia. Todos os países mais importantes da Europa e Améri­ca do Norte são democracias. E numa demo­cracia não há impotência. Todas as bolsas, de Nova York, São Paulo, de Londres fun­cionam sob uma lei, seguem uma normativa. Uma lei nacional. Se os cidadãos se mobili­zam, exigem do Congresso que mude a lei...Basta um único artigo: "fica proibida a especulação com alimentos de base por empresas que não sejam produtores ou consumidores". É plenamente possível.
Só retomando os números, o senhor diz que a fome caiu aqui e na China. No caso do Brasil, a gente pode identificar os programas de transferência de renda como o Bolsa Família ou mesmo o Fome Zero como uma das razões para isso? E na China, qual é a razão?
No Brasil, há duas explicações. A primeira é o crescimento do PIB e, a segunda, o Bolsa Família. Agora esses 13 milhões de seres hu­manos que vivem na pobreza não vão mudar muito. E difícil porque muitas dessas pessoas não têm sequer documentos e, portanto, não podem nem acessar o Bolsa Família. Para es­sas pessoas, em um país poderoso como o Bra­sil, não basta o Bolsa Família. São necessárias reformas estruturais, como a reforma agrá­ria; a promoção da economia de subsistência. Na China o que vem acontecendo é a reforma agrária. Teve uma primeira reforma feita por Mao Tsé-Tung, que criou as imensas fazendas coletivas do Estado. A segunda, que combate a fome, é o desmantelamento dessas gigantes­cas indústrias agríco­las estatais para dar a terra ao produtor. Como faz Cuba ago­ra, que distribuiu 1 milhão de hectares ao produtor. Isso re­solve o problema da fome porque quando você é dono de um sí­tio com a sua família não perde um segun­do, investe e trabalha, não vai destruir o solo, mas cuidar dele. 0 pequeno produtor tem uma grande competência e, quando ele é dono da terra, a produção aumenta.
A produtividade da agricultura familiar é muito mais alta. Não falo apenas do ponto de vista econômico, mas social também. A agri­cultura familiar não produz desemprego, não produz êxodo rural e acumula, a cada geração, competência produtiva. E o investimento pode ser no longo prazo. Há muitos indicadores que provam de forma completa que a agricul­tura familiar em toda parte do mundo é mais produtiva do que a industrial.
0 senhor cita Josué de Castro e é importante porque esse trabalho mostra principalmente que a fome é resultado de uma política.
Antes foi da natureza. Hoje é uma política. Josué de Castro conta, no final de sua vida, du­rante o exílio na França, como começou a se in­teressar pelo problema da fome. Na sua juven­tude, foi médico psiquiatra em Recife, além de pediatra. Os seus pacientes reclamavam de de­pressão, todos eles pobres. E Castro descobriu que o problema não era mental, mas era a fome. Eles não comem e por isso são depressivos, são atacados pela loucura, são egoístas, destroem a família. O problema é a fome.
O que mudou desde então?
Antes de Josué de Castro até a segunda guer­ra mundial o que era dominante era a teoria de (Thomas) Malthus - a fome é uma espécie de seleção natural, necessária para diminuir a po­pulação mundial e que a pobreza é resultado da grande fertilidade das mulheres pobres. Essa ideia foi muito útil às classes dominantes, na­turalmente. Eles vêm a miséria que criam, mas dizem que essa miséria obedece a uma lei na­tural blá-blá-blá. Essa esquizofrenia foi justi­ficada por Malthus.
Mas Hitler acaba se tornando um aliado de Josué de Castro quando utiliza, na Europa, a fome para destruir os eslavos. Há documen­tos em que Hitler e seus seguidores se reúnem e decidem reduzir em 80 milhões as popula­ções eslavas na Europa do Leste para abrir es­paço para os coloni­zadores germânicos.
E, para isso, passa­ram a distribuir ali­mentos suficientes para uma dieta de apenas 800 calorias nos países ocupados, muito abaixo das 2,2 mil calorias necessárias. E uma política de genocídio.
Nos campos de prisioneiros, os mortos pela fome organizada foram muito mais numerosos do que pelo gás. Os europeus subitamente veem que a fome, que era um fenômeno da África, chega a eles e era organizada pela mão do ho­mem, não pela natureza. Nesse momento apare­ce o livro de Castro, A Geopolítica da Fome, que explica que a fome não é um fenômeno natu­ral, mas produzida politicamente pelos homens. Uma coincidência extraordinária, porque mes­mo o livro sendo brilhante, se a consciência co­letiva não recebe a mensagem, nada muda.
Então os governos vitoriosos reagem a essa evidência e se tornam aliados de Josué de Castro (Roosevelt, Churchil, etc.) pelos governos a dizer o que se devia fazer. A sua resposta, junto com outra, que foi convidado pelos governos a dizer o que se devia fazer. A sua resposta, junto com outras pessoas, deu apoio à criação não somente da ONU, mas de uma organização paralela, a FAO, fundada seis meses depois, para promover a produção ali­mentar, ajuda internacional ao pequeno agri­cultor e humanitária urgente. Josué de Castro foi o primeiro presidente da FAO. A primei­ra campanha internacional contra a fome, em 1946, foi iniciativa direta de Castro. Devia ter um monumento a ele em cada cidade do Brasil.
Como o senhor vê a FAO hoje, que está reco­mendando que os pobres se alimentem com in­setos?
É o século 21. 0 planeta transbordando de alimentos! E terrível. E uma confissão de impo­tência diante das multinacionais.
Mas há esperança em mudar a atual si­tuação? Qual é o cami­nho dessa esperança?
O caminho é constatar que nós, povos democráticos, temos todas as armas para democraticamen­te, pacificamente, quebrar essa ordem cani­bal do mundo. Proibir radicalmente a espe­culação mortífera nas bolsas das commodities agrícolas, exigir do FMI que perdoe as dívidas externas dos 50 países mais pobres, que os impede de investir em sua agricultura de sub­sistência. Só 3,8% dos campos africanos são irrigados, não há sementes selecionadas, não há adubos, os animais de tração são poucos, não há crédito agrícola, nada. E verdade que a produtividade em Níger e Mali é muito baixa. Em tempos normais - muito raro - a produti­vidade de trigo é de 600 a 700 kg/hectare. Na França é 10 mil quilos/hectare. Então o Ban­co Mundial vê e diz que é muito mais razoável dar essas terras às sociedades multinacionais.
Isso é roubo de terra puramente, um movi­mento muito forte financiado pelo Banco Mun­dial com essa argumentação. Que é verdade em parte. A produtividade é baixa mesmo, mas a conclusão é falsa. Porque o necessário é acabar com a dívida dos países pobres para que possam investir em agricultura de subsistência. Eles têm grande competência, construída em gerações e gerações, e podem fazer.
Falta dizer algo a respeito do caminho da esperança?
Sim. Os ministros de economia não caíram do céu. Podem ser trocados. Podemos forçar a Assembleia Geral do Fundo Monetário a votar ao menos uma vez não em prol dos bancos e financeiras, mas pelas crianças que morrem de fome nesses países. Não somente acabar com a dívida, mas criar mecanismos muito precisos de como fazer isso sem perder os recursos para a corrupção. Acaba a dívida e se convertem es­ses recursos em moeda interna para projetos de irrigação, escolas agrícolas controlados pela comunidade internacional. E também é preci­so acabar com o dumping agrícola. Em cada mercado africano é possível comprar fran­gos, frutas, verduras de toda parte da Europa por um terço do preço do produto equivalen­te local. Novamente, tecnicamente, democra­ticamente, é muito fácil resolver. A eleição de José Roberto Azevedo na Organização Mun­dial do Comércio, OMC, abre uma nova espe­rança, porque o Brasil, desde Fernando Henri­que, não apenas no governo petista, alavancou a luta contra os subsídios agrícolas de exporta­ção. Foi uma vitória muito importante porque a vitória do brasileiro é a vitória da proposta de acabar com os subsídios. E isso se deu por conta do prestígio moral do Brasil.


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quarta-feira, 26 de junho de 2013

APEOESP CONVIDA OS PROFESSORES (AS) PARA O GRANDE ATO REGIONAL DIA 1° DE JULHO DE 2013, ÀS 17 HORAS NO PAÇO MUNICIPAL EM SBCAMPO

CONVITE PARA O ATO REGIONAL DO DIA 1° DE JULHO, AS 17 HORAS NO PAÇO MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO DO CAMPO.

CONVIDAMOS OS PROFESSORES (AS), ALUNOS E A POPULAÇÃO EM GERAL PARA O GRANDE ATO QUE SERÁ REALIZADO NO PAÇO MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO DO CAMPO, DIA 1° DE JULHO DE 2013, ÀS 17 HORAS.
NÃO SUPORTAMOS MAIS TANTOS DESMANDOS, DESCASOS E DESRESPEITOS COM O CONTRIBUINTE PÚBLICO E A POPULAÇÃO EMPOBRECIDA PELO CAPITALISMO. EXIGIMOS 10% DO PIB PARA A EDUCAÇÃO, SALÁRIO DIGNO PARA OS EDUCADORES, RESPEITO AOS PROFESSORES DA REDE MUNICIPAL, PASSE LIVRE E SALÁRIO ESTUDANTIL , SAÚDE DE QUALIDADE, VALORIZAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS, FIM DO MONOPÓLIO DO TRANSPORTE COLETIVO, POR HABITAÇÃO POPULAR E OUTRAS DEMANDAS DE INTERESSE DA POPULAÇÃO.
PARTICIPE E ESCREVA UMA NOVA HISTÓRIA DA CLASSE TRABALHADORA, RUMO AO SOCIALISMO.

COORDENAÇÃO DA APEOESP-SUBSEDE DE SÃO BERNARDO DO CAMPO.

A Histórica Luta pelo Passe Livre Estudantil.


domingo, 23 de junho de 2013

INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO MARXISTA..

INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO MARXISTA.

Olá companheiros e companheiras, Participem do nosso próximo encontro, sábado, dia  29/6 das 14 às 16 horas. Das 14 às 15 horas, haverá exposição do professor Hugo Allan, da metodista, sobre economia solidária na perspectiva Marxista. Das 15 as 16, continuação do texto sobre o materialismo dialético com o professor Aldo Santos.Convide seus amigos(as) para debater e entender  os movimentos nas ruas.
local: Avenida Prestes Maia,233,1° andar, Centro de SBC.

Com saudações revolucionárias,

COMISSÃO ORGANIZADORA

Texto complementar ao curso: Introdução ao pensamento Marxista.
 Professora Nayara: Texto sobre a importância de Marx e Engels.

Assunto: Introdução ao Pensamento Marxista: Karl Heinrich Marx e Friedrich Engels.

Karl Heinrich Marx
Marx nasceu em 5 de Maio de 1818 em Trier, Renânia, Província da Prússia. Veio de uma família judaica-alemã e foi batizado numa igreja protestante. Ao concluir seus estudos na sua cidade natal entrou para a universidade de Boon, onde participou do movimento estudantil. Em seguida se transferiu para a universidade de Berlim quando manteve contato com as ideias de jovens hegelianos. Marx considerou-se um hegeliano de esquerda durante certo período, mas rompeu com o grupo e efetuou uma revisão com duras críticas sobre esse conceito, no qual, defende que as ideias determinam a matéria. Na concepção de Marx, a ideologia de Hegel era um pensamento derivado de cabeça para baixo sem perceber que “não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência”. Assim, passou a compreender que a origem da realidade social não reside nas ideias, mas sim na ação concreta, portanto no trabalho humano. Concluiu que a existência material precede qualquer pensamento, ou seja, inverteu a dialética hegeliana, porque coloca a materialidade (e não as ideias) na gênese do movimento histórico que constitui o mundo, elaborando a dialética materialista ou o materialismo histórico.
Em geral, cursou Filosofia, História e Direito, mas também atuou como jornalista, teórico político e economista. Em 1841 defendeu sua tese de doutorado apresentando uma análise das diferenças entre os sistemas filosóficos de Demócrito e Epicuro, baseando-se na perspectiva hegeliana. Em 1843 casou-se e mudou-se para Paris da qual foi expulso. Instalou-se em Bruxelas onde conheceu Friedrich Engels e juntos publicaram importantes obras como A sagrada família, A ideologia Alemã e, mais tarde, O Manifesto do Partido Comunista considerado o primeiro esboço da teoria revolucionária que, anos depois, passou a ser denominada marxista. Participou de diversas organizações com operários e após participar do movimento revolucionário de 1848 na Alemanha, mudou-se definitivamente para Londres. Em 1852 publicou O 18 Brumário de Luís Bonaparte em que faz uma análise de todo o golpe de estado de Napoleão III, já em 1859 publicou o livro Contribuição à crítica da economia política e, oito anos depois, foi a vez da publicação do primeiro volume da obra que se tornou a mais importante “O Capital”, na qual, Marx e Engels apresentam embasamentos teóricos que questionam a necessidade da luta contra o modo de produção capitalista para a construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária, sem classe e sem Estado. Como Karl Marx faleceu no dia 14 de março de 1883, o segundo e terceiro volume só foram publicados em 1885 e 1894, respectivamente, por Engels.
Marx foi um dos mais importantes teóricos do socialismo, revolucionário, cientista social que marcou e exerceu enorme influência na história política com suas ideias humanitárias.

“Uma ideia torna-se uma força material quando ganha as massas organizadas”.
Karl Marx.

Friedrich Engels
Engels nasceu em 29 de novembro de 1820. Era filho de um rico industrial de Barmen, na Alemanha, mas cresceu indignado com a miséria em que viviam os trabalhadores das fábricas de sua família. Como resultado dessa ressalva, desenvolveu um estudo detalhado sobre a situação da classe operária na Inglaterra. Em seguida, simpatizou-se com o ideário da esquerda, o que o leva a aproximar-se de Marx e a redigir uma das suas principais obras: “A Situação das Classes Trabalhadoras na Inglaterra”, publicada em 1845. Embora Engels tenha se tornado o principal colaborador de Karl Marx, escreveu sozinho, com grande capacidade crítica e profunda análise social, várias obras importantes do que viria a ser denominada teoria marxista como A Evolução do Socialismo de Utopia a Ciência (1882), A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado (1884), entre outras.
         Foi um importante filósofo e teórico revolucionário alemão que junto com Marx fundou o chamado socialismo científico ou marxismo e ao escreverem o Manifesto do Partido Comunista fazem uma breve apresentação de uma nova concepção de história afirmando que “A história da humanidade é a história da luta de classes”.

“(...) a primeira opressão de classes, ocorre com a opressão do sexo feminino pelo masculino”.
Friedrich Engels.

 Professora Nayara: Texto sobre a importância de Marx e Engels.



sábado, 22 de junho de 2013

AVANÇA A REVOLTA POPULAR NO PAÍS.

AVANÇA A REVOLTA POPULAR NO PAÍS.

ACABEI DE CHEGAR DE  MAIS UMA GRANDE  MANIFESTAÇÃO EM SBCAMPO. A CONCENTRAÇÃO ACONTECEU POR VOLTA DAS 17 HORAS NO PAÇO MUNICIPAL, SEGUIDA DE UMA GRANDE AGLOMERAÇÃO QUE MARCHARAM UNIDOS E ORGANIZADOS  PARA A VIA ANCHIETA. A VIA ANCHIETA FICOU PARALISADA POR VOLTA DE DUAS HORAS, SOB COMANDO DE UMA BELA JUVENTUDE QUE CANTA PALAVRAS DE ORDEM AFIRMANDO QUE A LUTA NÃO É SÓ POR TARIFA, QUEREM SAÚDE, EDUCAÇÃO, SEGURANÇA, APURAÇÃO DA ROUBALHEIRA DA COPA, CRITICAM O ABANDONO DO NORDESTE COM SECA E MORTES, DIVULGANDO AINDA PELOS CARTAZES A NECESSIDADE DE UMA REVOLUÇÃO NO PAÍS.
CONFESSO QUE É UM GRANDE MOVIMENTO QUE VEM DESMORALIZANDO GOVERNOS, OBTENDO  VITÓRIAS COMO A REDUÇÃO DA PASSAGEM, MAIS SONHAM COM UM MUNDO NOVO E LIVRE DA OPRESSÃO  DO SISTEMA CAPITALISTA. 
ESSES ATOS VÃO CONTINUAR, CADA VEZ MAIS DEFININDO SUAS PAUTAS DE FORMA HORIZONTALIZADAS, ONDE A COMUNICAÇÃO VIRTUAL É A GRANDE  NOVIDADE NESSAS MANIFESTAÇÕES.
VAMOS EM FRENTE RUMO A UMA SOCIEDADE SOCIALISTA.
LUTAR SEMPRE É PRECISO!

ALDO SANTOS- COORDENADOR DO SINDICATO DOS PROFESSORES( APEOESPSBC), PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES DE FILOSOFIA E FILÓSOFOS DO ESTADO DE SÃO PAULO, DA APROFFIB E MILITANTE DO PSOL.





quinta-feira, 20 de junho de 2013

COMITÊ VOLTA PEDIR A REVOGAÇÃO DA TARIFA NAS CIDADES DO ABC

COMITÊ VOLTA PEDIR A REVOGAÇÃO DA TARIFA NAS CIDADES DO ABC
Cíntia Alves quarta-feira, 19 de junho de 2013
Bresciani esclareceu que os pontos reivindicados pelo Comitê, em grande parte, não podem ser discutidos pelo Consórcio porque são de competência dos municípios.
O Comitê Regional Unificado Contra os Aumentos das Passagens de Ônibus no ABC compareceu à sede do Consórcio Intermunicipal nesta quarta (19/06), para entregar uma carta de reivindicações relacionadas ao transporte público e à mobilidade urbana. O grupo, que pela terceira vez recorre ao órgão regional, solicitou ao secretário-executivo Luiz Paulo Bresciani, uma reunião com os sete prefeitos, para debater, entre outros pontos, a revogação imediata das tarifas. O Consórcio deve dar uma resposta até a próxima quarta (26).
Na pauta do Comitê ainda constam a criação de uma comissão para analisar a planilha de composição das tarifas na região, com participação de empresários, membros da sociedade civil e das prefeituras, além da realização de audiências públicas para esclarecer o tema. Segundo Marcelo Reina, ex-prefeiturável de Santo André pelo PSOL e um dos coordenadores do Comitê, o movimento defende o debate em torno de uma tarifa mais justa e, futuramente, tarifa zero, a exemplo do que sustenta o Movimento Passe Livre - responsável pelas manifestações que conquistaram, na Capital, a redução da passagem de R$ 3,20 para R$ 3,00.
"O Consórcio faz uma discussão muito técnica sobre o assunto, e nós queremos fazer uma discussão política, porque revogar a passagem é uma decisão política. Além disso, a entidade não acolhe a demanda da população. Os sete prefeitos se trancam numa sala para tomar decisões", criticou Reina. Os professores Aldo Santos, coordenador da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado) de São Bernardo, e Francisco Oliveira, diretor de comunicação do PSOL de Santo André, também compareceram ao Consórcio.
Bresciani esclareceu que os pontos reivindicados pelo Comitê, em grande parte, não podem ser discutidos pelo Consórcio porque são de competência dos municípios. O dirigente lembrou que os sete prefeitos da região reuniram-se em, no último dia 5 de junho, para discutir as ações decorrentes da Medida Provisória 617, editada pelo Governo Federal em 31 de maio de 2013, desonerando totalmente a alíquota do PIS e COFINS para a prestação do serviço de transporte público coletivo. A partir disso, os prefeitos decidiram reajustar as tarifas. Em cinco cidades do ABC, o preço passou de R$ 3,30 para R$ 3,20, com exceção de Diadema, que não repassou a isenção ao usuário. Rio Grande da Serra também não fez o reajuste e manteve a cobrança em R$ 3,00.

Segundo pesquisa de Origem/Destino da Região Metropolitana de São Paulo, realizada em 2007 pela Companhia Metropolitana de São Paulo, o ABC responde por quase 15% das 38 milhões de viagens realizadas diariamente na metrópole. São Bernardo e Santo André têm maior participação, com quase 30% delas, seguidas de Mauá e Diadema, que totalizam 15% das viagens.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Nota da APEOESP em apoio à luta pela redução da passagem e por mudanças sociais.



Nota da APEOESP em apoio à luta pela redução da passagem e por mudanças sociais.
A APEOESP Subsede de São Bernardo do Campo, vem a público, através de sua executiva reunida no dia 15/06/2013, externar total apoio e se somar às manifestações que vem ocorrendo em todo o Brasil e, em especial na cidade de São Paulo, onde, na última quinta-feira o aparato repressor do Estado atacou de forma odiosa, deixando vários manifestantes e repórteres feridos.
Num país em que a saúde e a educação pública são sucateadas para atender os interesses de mercado, o salário da maioria da população não cobre as necessidades mensais das famílias, e fica cada vez mais claro para todos que os governantes eleitos periodicamente, estão a serviço dos grandes capitalistas, voltando às ações dos governos para satisfazer o aumento dos lucros à custa do sofrimento do povo, a exemplo dos gastos exorbitantes na construção de grandes estádios, enquanto o direito à moradia é sonegado ao se privilegiar o direito a propriedade, da mesma forma que o direito de ir e vir através do transporte que deveria ser público e gratuito para acessar tanto o trabalho como cultura e lazer, suas tarifas são elevadas para atender os interesses dos empresários. Coincidentemente, esse setor invariavelmente financiam as campanhas eleitorais e nesse contexto, os protestos da sociedade organizada é a forma mais legitima de por fim a esse estado de coisa.
Nesse sentido, repudiamos a violência da policia militar a serviço dos governantes e patrões contra o povo e, nos somamos aos que ousam lutar por um país melhor.

Executiva da APEOESP de SBCampo, 19/06/2013

Reduzir a Maioridade Penal não é a Solução para Combater a Violência!


Temos visto nos últimos dias principalmente quando ocorre uma tragédia de violência urbana praticada por menores, o recrudescimento da campanha pela redução da maioridade penal, apontada pela mídia, por setores sociais conservadores e até mesmo por segmentos desavisados da classe trabalhadora, como a solução para o problema da violência na sociedade capitalista.
Na verdade não é esse o caminho mais eficaz para o combate à violência, pois esta é na verdade a principal coluna de sustentação sobre a qual está assentada a sociedade de classes. O recurso ao uso da força por parte da classe dominante para conter os trabalhadores integra a história humana como bem observou Marx no Manifesto Comunista: “homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, burguês da corporação e oficial, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em constante antagonismo entre si, travaram um luta ininterrupta, umas vezes oculta, outras abertas, uma luta que acabou sempre com uma transformação revolucionária de toda sociedade ou com o declínio comum das classes em luta”.(Marx e Engels – O Manifesto do Partido Comunista - Obras Escolhidas, Tomo I. Lisboa: Avante. Moscou: Edições Progresso, 1982.
Por outro lado, a redução da maioridade caso ocorresse se confrontaria com um quadro caótico, pois o Brasil tem atualmente, segundo o mestre em direito penal Jeremias Moretti Prudente, quase 500 mil presos, dos quais 56% condenados e cumprindo pena e 44% presos em regime provisório, aguardando julgamento de seus processos. A capacidade é de cerca de 320 mil presos. Fica evidenciado um déficit no sistema prisional de cerca de 180 mil vagas. Sabemos que o índice de crimes cometidos por menores é pequeno: “apenas 2 em cada grupo de mil adolescentes que se envolvem em crimes /.../ não podemos estender a todos os jovens o rancor por uma marca que não é de todos” (Instituto não à violência), .porém o aumento desse número só agravaria o caos em que se encontra o sistema prisional, que aprofunda o embrutecimento e não contribui para a recuperação dos presos.
Por outro lado, segundo o mesmo estudo, temos atualmente cerca de 500 mil mandados de prisão expedidos e que não são cumpridos, o que mostra que a campanha pela redução da maioridade penal é uma retórica sem objetividade prática, já que condenar é uma coisa prender é outra, na medida em que o poder público não tem interesse em investir para construir presídio e abrir novas vagas. Existe ainda a pendência legal, uma vez que esse tema integra as chamadas cláusulas pétreas da Constituição Federal, só podendo ser alterado se uma nova Constituição for convocada, questão impossível de ocorrer na conturbada conjuntura atual.
Ao invés de punir e prender, devemos efetivamente investir e acreditar na juventude,elevando o PIB para 10% na educação, construindo mais salas de aulas, valorizando os educadores, pagando salário estudantil  e apostar da  educação como fator de libertação e não na reacionária proposta de punir, penalizar e confinar jovens na escola do crime que se transformaram as instituições de menores em nosso país, que não educa nem recupera ninguém para a vida social e comunitária.
Como se vê, não tem nenhuma justificativa essa campanha pela redução da maioridade penal, por isso nós da APEOESP – Subsede São Bernardo do Campo somos contrários e iremos realizar debates de conscientização de que nossa juventude precisa de educação, cultura e lazer e não de perseguição e violência.

Executiva Regional da APEOESP de São Bernardo do Campo
Junho de 2013



domingo, 16 de junho de 2013

Querem silenciar a juventude, criminalizar os movimentos sociais e obstruir o direito a informação.

Querem silenciar  a juventude, criminalizar os movimentos sociais  e obstruir o direito a informação.

A juventude brasileira mais uma vez  parte para a ofensiva na defesa intransigente dos direitos sociais, exigindo a revogação do  aumento das  passagens, moralidade na política pública,  contra a corrupção nas  construções das obras para a copa do mundo, além da implícita agenda  pela imediata mudança   e destruição da opressão capitalista.
A força repressora do aparato estatal se manifesta impiedosamente, investindo contra os direitos mínimos que até a constituição conservadora de 1988   assegura, como  o direito de ir e vir , de livre  manifestação  e de se opor  a degradante condição de vida da classe trabalhadora. 
A repressão é abjeta e tem gerado verdadeira comoção na população que não suporta mais conviver com o sempre ameaçador  silêncio da ditadura. A repressão tem efeito catalisador e coeziona todo sentimento de solidariedade aos lutadores sociais que se contrapõem a força repressiva do Estado.
Presenciamos verdadeira guerra campal acompanhado do espetáculo midiático que sempre toma partido ao lado dos opressores.
Até o momento contabilizam-se centenas de presos pelo país, numa grande ofensiva pela criminalização dos lutadores sociais e dos movimentos organizados.     Pessoas são agredidas e violentadas pela sanha da policia militar fiel cumpridora de ordens do poder constituído.
Atos e mais atos estão agendados e avança a consciência de classe contra toda  essa patifaria que há mais de 500 anos domina nosso país.
 Longe de silenciar a juventude que vigorosamente  enfrenta, resiste e aponta caminhos, mesmo causando algum tipo de desconforto coletivo diante da ofensiva do aparato repressor do estado capitalista, a luta e o enfrentamento  revigora e aponta perspectiva  histórica de ruptura da ordem vigente , a médio  e longo prazo.
Outro episódio metafórico foi o tiro no olho  da jornalista a serviço da grande  imprensa, que foram alvejados com balas de borrachas, numa espécie de tentativa de cegar e obstruir o livre direito de  registrar os fatos como eles de fato aconteceram.  São “balas planejadas e direcionadas” com objetivo claro de impedir a divulgação dos fatos no calor dos acontecimentos. “Cegar a imprensa” por mais  tendenciosa que  ela seja,é retornar ao período das trevas e  de  obscurantismo, repelidos e sepultados  historicamente pelos trabalhadores.
  Estamos em plena ação e cada vez mais fortalecidos pelo elevado grau de sensibilidade que vem sendo demonstrado pelos trabalhadores em luta e pela solidariedade sempre bem vinda nesses momentos de ebulição.         
O avanço das lutas reflete o descontentamento interno como o aumento da inflação, do preço dos alimentos, dos juros, do esgotamento de políticas compensatórias, levando um exército de famélicos institucionalizados a exigirem emprego e não dependência permanente das benesses do governo, além de um basta à corrupção generalizada que tomou conta dos poderes existentes no país.
O manifesto comunista escrito por Marx e Engels em 1848, afirma que a história da sociedade ao longo de sua existência, inconfundivelmente expressa a efetiva e permanente luta de classe, cada vez mais antagônica entre a burguesia e o proletariado.
Conforme podemos constatar, ler, reler e comparar, o  conteúdo  do manifesto comunista continua absolutamente atualizado, inclusive com o emblemático chamado: trabalhadores do mundo inteiro uni-vos.

Avançar a Luta Socialista é preciso!

Aldo Santos, coordenador da apeoesp de São Bernardo do Campo, presidente da Associação dos Professores de Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo, da APROFFIB  e  militante do Psol.



Che Guevara não foi apenas um guerrilheiro heróico...


A memória e a tradição dos oprimidos

 Che Guevara não foi apenas um guerrilheiro heróico, um combatente que deu a vida pela libertação dos povos da América Latina, um dirigente revolucionário que - feito sem precedentes na história - deixou todos os seus cargos para voltar a pegar na espingarda contra o imperialismo. Foi também um pensador, um homem de reflexão, que nunca deixou de ler e de escrever, aproveitando qualquer pausa entre duas batalhas para pegar na caneta e no papel. O seu pensamento torna-o um dos mais importantes renovadores do marxismo na América Latina, talvez o mais importante depois de José Carlos Mariátegui.

Michael Löwy
Curiosamente, a maioria das biografias do Che recentemente publicadas não dão conta deste aspecto essencial da sua personalidade. Até os autores que manifestam simpatia pela sua figura não entendem ou menosprezam a sua obra marxista. Por exemplo, no belo livro de Paço Ignacio Taibo II, os escritos do Che por ocasião da discussão sobre a lei do valor são postos de lado como "um labirinto de citações" inspirado por um "marxismo bíblico". Quanto ao jornalista francês Pierre Kalfon, considera o apaixonante ensaio "O Socialismo e o Homem em Cuba" como "um monte de fórmulas", inspiradas por "um dogmatismo de outras épocas", quer dizer, pela "logomaquia marxista tradicional"!
Ora se se ignora ou se despreza o pensamento de Che, as suas ideias, os seus valores, a sua teoria revolucionária, o seu marxismo crítico, como se pode entender a coerência da sua vida, os motivos essenciais da sua acção, a inspiração político-moral da sua prática, o fogo sagrado que o movia?
Guevara não chegou ao marxismo pela experiência da própria revolução; pelo contrário, tentou muito cedo decifrar essa revolução recorrendo a referências marxistas, e assim foi o primeiro a captar plenamente o significado histórico-social da revolução cubana, proclamando, em Julho de 1960, que esta "descobriu também, pelos seus próprios métodos, os caminhos que assinalou Marx". 1 Mas muito antes, em Abril de 1959, ele já previa o rumo que ia tomar o processo cubano, depois da queda da ditadura de Batista: trata-se, dizia o Che numa entrevista com um jornalista chinês, de "um desenvolvimento ininterrupto da revolução", até abolir "o sistema social existente" e os seus "fundamentos económicos". 2
De 1959, até à sua morte, o marxismo do Che evoluiu. Ele afasta-se cada vez mais das ilusões iniciais acerca do método soviético de socialismo e do estilo soviético - quer dizer, estalinista - do marxismo. Nos seus escritos percebe-se de maneira cada vez mais explícita, sobretudo a partir de 1963, a busca de um modelo alternativo, a tentativa de formular outra via para o socialismo, diferente dos paradigmas oficiais do "socialismo realmente existente". O seu assassinato pelos agentes da CIA e os seus sócios bolivianos em Outubro de 1967 vai interromper um processo de maturação política e de desenvolvimento intelectual autónomo. A sua obra não é um sistema fechado, um discurso acabado que tem resposta para tudo. Sobre muitas questões - a democracia na planificação, a luta contra a burocracia - a sua reflexão é incompleta.
O marxismo de Che distingue-se das variantes dominantes na sua época. É um marxismo antidogmático, ético, pluralista, humanista, revolucionário. Alguns exemplos permitem ilustrar estas características.
Antidogmático: Marx, para o Che, não era um Papa favorecido com o dom da infalibilidade. Nas suas "Notas para o estudo da ideologia da Revolução cubana" (1960), ele sublinha: mesmo sendo um gigante do pensamento, o autor de O Capital tinha cometido erros que se podem e devem criticar. Por exemplo, em relação à América Latina, a sua interpretação de Bolívar, ou a análise do México que ele faz com Engels "dando por estabelecidas inclusive certas teorias das raças ou das nacionalidades inadmissíveis hoje". 3
Mais grave que os erros de Marx são os fenómenos de dogmatização burocrática do marxismo no século XX: em várias ocasiões Guevara queixa-se da "escolástica que travou o desenvolvimento da filosofia marxista" - uma evidente referência ao estalinismo - e que inclusive impediu sistematicamente o estudo do período de construção do socialismo. 4
Ético: A acção revolucionária é inseparável de certos valores éticos. Um dos exemplos é o tratamento aos prisioneiros de uma guerrilha: "Uma clemência o mais absoluta possível com os soldados que vão combater cumprindo, o pensando cumprir, o seu dever militar. (...) Os sobreviventes devem ser deixados em liberdade. Os feridos devem ser cuidados com todos os recursos possíveis"5. Um incidente da batalha de Santa Clara ilustra ocomportamento do Che: a um companheiro que propõe que se execute um tenente do exército feito prisioneiro, o ocmandante Guevara responde: "Pensas que somos como eles?"6
A construção do socialismo é inseparável de certos valores éticos, contrariamente ao que defendem as concepções economicistas - de Estaline a Charles Bettelheim - que só consideram "o desenvolvimento das forças produtivas". Na famosa entrevista com o jornalista Jean Daniel (Julho de 1963) o Che dizia, no que já era uma crítica implícita ao "socialismo real": "O socialismo económico sem a moral comunista não me interessa. Lutamos contra a miséria, mas ao mesmo tempo contra a alienação. (...) Se o comunismo passa por alto os factos da consciência, poderá ser um método de repartição, mas já não é uma moral revolucionária".7
Pluralista: Mesmo que o Che nunca tenha chegado a formular uma concepção acabada da democracia socialista, defendia a liberdade de discussão no campo revolucionário e o respeito à pluralidade de opiniões. O exemplo mais taxativo é a sua resposta - num relatório de 1964 aos seus companheiros do Ministério da Indústria - à crítica de "trotskismo" que lhe lançaram os soviéticos: "A este respeito, creio que ou temos a capacidade de destruir com argumentos a opinião contrária, ou devemos deixá-la expressar-se... Não é possível destruir uma opinião com a força, porque isso bloqueia todo o desenvolvimento livre da inteligência. Também do pensamento de Trotsky podemos tomar uma série de coisas, mesmo se, como penso, se tenha enganado nos seus conceitos fundamentais, e se a sua acção ulterior tenha sido errada..."8
Revolucionário: Durante anos e décadas, o marxismo serviu na América Latina de justificação a uma política reformista de subordinação do movimento operário a uma aliança com a suposta "burguesia nacional", com vista a uma suposta "revolução democrática", nacional e antifeudal". Na sua "Mensagem à Tricontinental" (1966) Guevara cortou o nó górdio que atava os explorados de mãos e pés: "Não há mais mudanças a fazer: ou revolução socialista ou caricatura de revolução".9
Humanista: A leitura de Max por Che é totalmente diferente da vulgata estruturalista, "anti-humanista teórica", althusseriana, que tanto se difundiu na América Latina nos anos 60 e 70. A crítica do capitalismo - sociedade na qual "o homem é o lobo do homem" - a reflexão sobre a transição para o socialismo, a utopia comunista de um homem novo: todos os temas centrais da obra marxista do Che têm o seu fundamento no humanismo revolucionário. Na sua conversa com os jovens comunistas em 1962, Guevara insistiu que o revolucionário deve "colocar sempre os grandes problemas da humanidade como problemas próprios", quer dizer, "sentir-se angustiado quando se assassina um homem em qualquer canto do mundo e para sentir-se entusiasmado quando nalgum canto doo mundo se levanta uma nova bandeira de liberdade". Mais além dos erros tácticos ou mesmo estratégicos, o compromisso pessoal do Che com a revolução no Congo e na Bolívia, com o risco da sua vida, é a tradução nos factos destas palavras.
O mundo - e a América Latina - mudaram muitíssimo nestes últimos 30 anos. Não se trata de voltar atrás e procurar nos escritos de Che a resposta a todos os nossos problemas actuais. Mas a verdade é que os povos continuam, hoje como ontem, sob o domínio do imperialismo; que o capitalismo, na sua forma neoliberal, continua a produzir os mesmos efeitos: injustiça social, opressão, desemprego, pobreza, mercantilização dos espíritos. Pior: nunca no passado o grande capital financeiro multinacional exerceu um poder tão esmagador sobre o conjunto do planeta. Nunca, como agora, conseguiu o capitalismo afogar todos os sentimentos humanos nas "águas glaciais do cálculo egoísta". Por isso precisamos, hoje mais do que nunca, do marxismo do Che, de um marxismo antidogmático, ético, pluralista, revolucionário, humanista.
No século XXI, quando já estiverem esquecidos os ideólogos neoliberais que hoje ocupam a cena política e cultural, as novas gerações lembrar-se-ão ainda do Che, do seu combate e das suas ideias.
II
Segundo Walter Benjamin, na sua tese Sobre o Conceito de História (1940), as forças da rebelião dos oprimidos têm as suas raízes na memória dos vencidos, dos ancestrais caídos na luta. A América Latina é um exemplo impressionante desta regra: as revoltas e as insurreições populares durante o século XX e até hoje inspiraram-se nas figuras de José Marti, Emiliano Zapata, Augusto Sandino, Ernesto Che Guevara. Lutadores vencidos, que caíram com as armas nas mãos e se transformaram, para sempre, em grãos de futuro semeados na terra latino-americana, estrelas no céu da esperança popular.
Este livro de Nestor Kohan é muito mais que uma homenagem a Ernesto Guevara: é uma importante contribuição ao debate marxista na América Latina, a partir de uma leitura humanista e revolucionária dos escritos do médico-guerrilheiro argentino. Não se trata de uma obra sistemática, mas sim de uma colecção de ensaios, conferências, entrevistas, que abordam múltiplaos aspectos do pensamento do Che e da sua herança no movimento revolucionário latino-americano (Robi Santucho, Miguel Enríquez). Esta diversidade, esta pluralidade de posições e de temas, é precisamente o que faz o interesse do livro, a sua riqueza, a sua vitalidade.
Ao mesmo tempo, é evidente a unidade, a coerência deste conjunto de trabalhos: todos têm por fio condutor a filosofia da praxis, o marxismo humanista, a perspectiva revolucionário-socialista de Guevara. E em vários discute-se o que é, creio, uma das suas contribuições mais importantes: a formulação de uma via nova para o socialismo, que não seja "decalque e cópia" (para retomar a fórmula de Mariátegui) da experiência soviética. A sua concepção - combatida como "utópica e perigosa" pelo partidário Estaline (e de Althusser) Charles Bettelheim, mas sustentada por Ernest Mandel, o principal teórico e dirigente da Quarta Internacional - acerca da contradição entre o plano e o mercado é inseparável, como muito bem defende Néstor, do seu humanismo teórico, do seu desejo de libertar os indivíduos da alienação e da "jaula invisível" das leis económicas mercantis.
Analisando vários escritos económicos do Che recentemente publicados, e dialogando com Orlando Borrego, Néstor permite-nos conhecer melhor a evolução do seu pensamento nos últimos anos (1964-67), o seu interesse pelas posições da Oposição de Esquerda (Preobrajensky, Trotsky), a sua rejeição dos "Manuais" soviéticos, a sua busca de novas soluções, a sua intuição segundo a qual a URSS ia acabar por restaurar o capitalismo.
No título do seu livro 10, e num dos ensaios, Néstor defende a actualidade das ideias - e do combate - internacionalista radical do Che para o "movimento dos movimentos" nascido em Seattle em 1999: mais além do capitalismo e do brutal domínio imperialista, "um outro mundo é possível", baseado nos valores da solidariedade, da igualdade e da liberdade que constituem o socialismo.
O que dá todo o valor singular a este livro é a sua maneira de associar o compromisso militante com a herança revolucionária e marxista do Che, e uma reflexão teórica profunda sobre questões como a filosofia da práxis, o conceito de alienação, o estruturalismo, o determinismo, o pós-modernismo.
Podemos criticar uma ou outra formulação de Néstor, ou estar em desacordo com uma ou outra posição - por exemplo, sobre a relação entre democracia e socialismo em Cuba - mas são livros como este que nos ajudam a implementar a tarefa que Walter Benjamin destinava ao pensamento revolucionário: salvar a tradição dos oprimidos do conformismo que tenta apoderar-se dela.
Paris, 6 de Abril de 2005
1"Ao Primeiro Congresso Latino-americano de Juventudes", discurso de 28 de Julho de 1960, em Ernesto Che Guevara, Obras 1957-1967, La Habana, Casa de las Américas, 1970, vol. 2, p. 392. Citaremos adiante esta edição como Casa.
2 E.Guevara, Selected Works, Cambridge, MIT Press, 1970, p. 372.
3 Casa, vol. 2, p.416.
4 Casa, vol. 2, pp. 416, 190. Num discurso de Abril de 1962 sobre Escalante e a sua tentativa de estalinização do partido revolucionário cubano, Guevara sublinha a relação íntima entre afastamento das massas, burocratismo, sectarismo e dogmatismo. Em Ernesto Guevara, Obra revolucionaria, México, Era, 1967, p.333.
5 Che Guevara, "La guerra de guerrillas", Casa, vol. 1, p. 46.
6 Citado em Paco Ignacio Taibo II, Ernesto Guevara, connu aussi comme le Che, Paris, Payot, 1997, p.299.
7 Em L'Express, 25 de Julho de 1963, p.9.
8 Che Guevara, "Il piano i gli uomini", Il Manifesto n° 7, deciembre del 1969, p.37.
9 Casa vol. 2, p. 589. É impressionante o paralelo com a tese de José Carlos Maraitegui em 1929: "À América do Norte, plutocrática, imperialista, só é possível opor eficazmente uma América Latina o Ibérica, socialista. (...) O destino destes países, dentro da ordem capitalista, é o de simples colónias". (J.C.Mariategui, El proletariado y su organización, México, Grijalbo, 1970, pp. 119-121)
10 Na sua primeira edição impressa, este livro apareceu com o título com o título Ernesto Che Guevara: Otro mundo es posible. A esse título faz referência no seu prólogo Michael Löwy. [Nota de N.K.]